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DOENÇAS

INFECTO-CONTAGIOSAS

Prof. Enf. Doglas Gustavo Bauermann


DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS As doenças infectocontagiosas que vamos estudar estão sob
controle no Brasil, e mesmo consideradas erradicadas, alguns surtos localizados podem, eventualmente,
aparecer. Você sabia que desde o ano de 1975 há uma legislação que torna obrigatória para os
profissionais da saúde a realização de notificação compulsória, isto é, a comunicação de suspeita ou casos
confirmados de algumas doenças? Nesta lista encontram-se o tétano, difteria, e doenças exantemáticas
como o sarampo e rubéola (BRASIL,1975).
As doenças infectocontagiosas possuem agentes etiológicos, ou seja, microorganismos causadores e
que neste caso podem ser bactérias ou vírus.

Doenças causadas por bactérias:


tétano, coqueluche e difteria

Doenças causadas por vírus:


sarampo, rubéola e caxumba
TÉTANO
O tétano é uma doença causada por uma bactéria chamada Clostridium tetani, que contamina terra,
poeira, fezes (de animais ou humanas). Sua transmissão ocorre através de ferimentos superficiais ou
profundos com objetos contaminados.

Essa bactéria produz uma toxina que causa excitabilidade no sistema nervoso central e, devido a isso,
seus sintomas incluem espasmos ou contraturas musculares involuntária

Os sintomas se manifestam com febre baixa ou ausente, trismos (contratura da mandíbula), disfagia
(dificuldade de deglutição), opistótono ( contratura da região dorsal formando um arco com o corpo) e rigidez
no pescoço
Se a rigidez atingir a musculatura
postura de opistótono abdominal e o diafragma pode
trismos ocorrer insuficiência respiratória.
As crises são desencadeadas por
estímulos de luz, som, temperatura
e toque. Em geral, o paciente
mantém-se consciente e lúcido
(BRASIL, 201
TRATAMENTO
Para o tratamento a internação deve ocorrer em local com poucos ruídos e luminosidade e com temperatura
estável e, em casos graves, nas Unidades de Terapia Intensiva. A toxina do tétano pode ser neutralizada
utilizando-se o Soro Antitetânico (imunidade passiva).

Para a prevenção recomenda-se a vacina pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e


Haemophilus Influenzae tipo b) aos 2, 4 e 6 meses de vida. A partir dessa idade é utilizada a DTP (difteria,
tétano, coqueluche) e dT (difteria e tétano), com reforço a cada dez anos. Todo ferimento suspeito deve ser
lavado com água e sabão e, posteriormente, avaliado em uma unidade de saúde (BRASIL, 2020a)
TÉTANO NEONATAL
● O tétano neonatal é uma doença que acomete o recém-nascido nos primeiros 28 dias de vida, com maior
frequência na primeira semana após o nascimento e, por isso, também chamado de “mal dos 7 dias”.

● Os sintomas se apresentam com dificuldade de sucção, irritabilidade e choro constante. E a


contaminação, ocorre durante a manipulação do cordão umbilical ou dos cuidados inadequados do coto
umbilical, quando se utilizam artefatos ou instrumentos contaminados com esporos da bactéria
DIFTERIA
É uma doença transmissível aguda (também conhecida por crupe) causada por bacilo Corynebacterium
diphtheriae, que se aloja nas amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas e na
pele. A transmissão ocorre através de gotículas de secreção eliminadas por tosse, espirro ou ao falar.
A característica diferencial é a presença de placas branco-acinzentadas que se aderem nas amígdalas ou
estruturas vizinhas. A doença se manifesta por um mau estado geral do paciente, com prostração, palidez,
dor de garganta e febre. Nos casos mais graves, devido o envolvimento dos gânglios linfáticos, há aumento
do pescoço (pescoço taurino).

Dependendo do tamanho
e localização da placa,
pode ocorrer asfixia
mecânica aguda no
paciente
TRATAMENTO
O tratamento é feito com soro antidiftérico (imunidade passiva) e visa inativar a toxina circulante, o mais
rapidamente possível. Também pode ser necessário o uso de antibióticos, repouso, manutenção da
hidratação, nebulização e aspiração de secreções das vias aéreas (BRASIL, 2010).

Para prevenção utiliza-se,


também, a vacina pentavalente,
DTP (difteria, tétano, coqueluche)
ou dT (difteria e tétano) e o número
de doses e reforços depende do
histórico vacinal e idade
COQUELUCHE
● A coqueluche é uma doença bacteriana (Bordetella pertussis), transmissível pelo contato de gotículas
eliminadas por tosse, espirro ou ao falar.
● Essa bactéria compromete, especificamente, o aparelho respiratório (traqueia e brônquios) e se manifesta
por intensa tosse (tosse paroxística), acompanhada de um ruído característico, o guincho (som de silvo),
podendo ser seguida de vômitos.
● Demais sintomas iniciais são leves, como febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca.

TRATAMENTO
O tratamento antimicrobiano é capaz de erradicar o agente do organismo
em 1 ou 2 dias, reduzindo a transmissão da doença. Nos episódios
intensos da tosse, a criança deve ser colocada decúbito lateral para evitar
a aspiração de vômitos e ou de secreções.

Se ocorrer episódio de apneia


(parada da respiração) ou
cianose (coloração arroxeada)
deve-se aspirar a secreção nasal
e oral e utilizar oxigenoterapia
(BRASIL, 2010).
Assim como as demais doenças estudadas, é prevenível por vacinação: pentavalente, DT e DTP, dependendo
da idade e histórico vacinal. Gestantes devem fazer a vacina DTPa (acelular) pois protege de forma indireta
(passagem de anticorpos via transplacentária) a criança nos primeiros meses de vida até que complete o
esquema vacinal.
SARAMPO
O sarampo é uma doença infecciosa transmitida por vírus RNA, extremamente contagiosa, com diversas
manifestações clínicas. O contágio ocorre de pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas expelidas
ao tossir, espirrar, falar ou respirar.
A doença apresenta três períodos característicos:
1 - Período prodrômico: 2. Período exantemático: 3. Período de convalescença:
No início da doença, Exacerbação dos sintomas As manchas tornam-se
surge febre, tosse, coriza, com prostração e escurecidas e surge
conjuntivite, aversão à luz surgimento de erupções descamação fina, lembrando
(fotofobia) e o sinal de cutâneas de cor farinha.
Koplik – pequenas avermelhada
manchas brancas com
borda avermelhada que
aparecem na mucosa
bucal.
TRATAMENTO
Por ser uma doença de origem viral o tratamento visa a melhora dos sintomas. Os cuidados incluem a
hidratação e alimentação adequada, além de higiene ocular e das vias aéreas. Monitorar a piora dos
sintomas é importante, pois o sarampo pode levar a morte. Em crianças é comum a pneumonia, otite e
encefalites

O sarampo é uma doença reemergente no Brasil,


entre 2013 e 2015 ocorreram surtos decorrentes de
pacientes vindos de outros países, sendo registrados
neste período 1.310 casos da doença. A prevenção é
realizada por imunização com duas doses de vacina
tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), até os 29
anos e uma dose para indivíduos entre 30 e 49 anos
(BRASIL, 2020b)
RUBÉOLA
● Rubéola é uma doença exantemática (pois aparecem erupções na pele), causada por vírus. A
transmissão da Rubéola se dá pelo contato com secreções nasofarínge

● Seus sintomas incluem: febre baixa, exantemas e presença de linfadenopatias (ínguas). A metade
das infecções por rubéola não apresentam sinais ou sintomas e o ciclo da doença é limitado e
geralmente beni

● A importância da doença é quando ela ocorre em gestantes, o que pode levar a Síndrome da
Rubéola Congênita e resultar em aborto, natimorto ou malformações congênitas como cardiopatias,
surdez e catarata (BRASIL, 2010

● A doença não tem tratamento específico, apenas controle dos sintomas. A vacina tríplice viral
(sarampo, caxumba e rubéola) é a única forma de prevenir a ocorrência da rubéola
CAXUMBA
Parotidite aguda é o nome da doença conhecida como Caxumba, de origem viral, caracterizada por febre e
pelo aumento de uma ou duas das glândulas salivares (geralmente a parótida). A transmissão ocorre por
contato com gotículas de saliva de pessoas contaminadas
Costuma apresentar-se sob a forma de surtos, que acometem mais as crianças, contudo, é mais severa em
adulto
O tratamento consiste em repouso,
analgesia e uso de antiinflamatórios para Você já deve ter ouvido falar que
conter a inflamação. A vacinação está a caxumba pode “descer” e
indicada com a vacina tríplice viral causar infertilidade? Isto ocorre
(Sarampo, caxumba e Rubéola) aos 12 devido à semelhança das
meses de idade, com uma dose adicional glândulas e o vírus pode migrar
entre 4 e 6 anos (BRASIL, 2020) para testículos e epidídimo nos
homens (20-30% dos casos) e
para os ovários (5% dos casos)
nas mulheres. Se não tratada, a
inflamação pode causar, sim, a
infertilidade
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário vacinal 2020. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calend ario-vacinacao. Acesso em 26 de junho de 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


Epidemiológica.

Doenças infecciosas e parasitárias : guia de bolso. 8. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.
BRASIL.

Ministério da Saúde. Situação Epidemiológica do sarampo, 2020b. Disponível em:


https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/sarampo-situaca o-epidemiologica. Acesso em 27 de junho de 2020.

BRASIL. Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016. DISPONÍVEL EM:


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt02 04_17_02_2016.html#:~:text=DA%
20NOTIFICA%C3%87%C3%83O%20COMPULS%C3%93RIA- ,Art.,30%20de%20outubro%20de%201975.
Acesso em 27 de junho de 2020.

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