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Revisão

DOENÇAS EXANTEMATICAS

1. Definição
Doença infecciosa nas quais a erupção cutânea é a característica dominante,
mas geralmente também apresentam manifestações sistêmicas. Na maioria das
vezes o diagnóstico é apenas clínico. A análise do tipo de lesão, dos sinais e sintomas
concomitantes e a epidemiologia permite inferir o diagnóstico etiológico sem a
necessidade de exames laboratoriais.
A grande maioria das doenças são viroses, mas também podem ser causadas
por bactérias, outros agentes infecciosos ou não, como doenças reumatologicas.

2. Fisiopatologia e Etiologia
SARAMPO

Doença infecciosa, contagiosa, causada por vírus, é rara nos primeiros anos
de vida. Apresenta um quadro mais grave quando há mal estado nutricional,
imunológico, tipo de exposição, condições socioeconômicas. Vírus infecta via aérea,
tecido pulmonar, linfócitos T e B.

Quadro clínico: É uma doença bifásica. Na fase prodrômica (3 dias antes do


exantema aparecer), pode haver febre de até 39,5oC, tosse produtiva, coriza e
hiperemia conjuntival, pode ser confundida com gripe, resfriado, com qualquer outro
processo viral inespecífico. Pode haver manchas de Koplik, manchas branco-
acinzentadas, geralmente na mucosa interna da boca, tipo peroladas que surgem 2
a 3 dias antes e mantêm-se presentes 2-3 dias após o surgimento do exantema. Não
é patognomônico apesar de ser muito sugestivo da doença. A fase exantemática,

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presença de exantema maculopapular, morbiliforme, com as máculas e pápulas,


confluente, centrífugo, alterando com pele intacta.

Transmissão: 2 semanas antes e 2 dias após exantema, é altamente contagiosa no


período prodrômico, geralmente ocorre por secreção respiratória. Período de
incubação de 11 dias.

Complicações: Otite media aguda (principal), pneumonia (principalmente por S.


aureus), laringotraqueobronquite, a encefalite e a pancefalite esclerosante
subaguda. Febre 4 dias após o exantema é considerada um sinal de alerta.

Diagnóstico: é clínico. Para toda doença exantemática é mandatório que se peça a


sorologia, e é o IgM que vai confirmar o diagnóstico. A notificação é compulsória.

Tratamento: é apenas de suporte, não existe antiviral.

Profilaxia: é feita a partir de 1 ano de idade, com a tríplice viral, e o reforço é feito
agora com a tetra viral.

Na suspeita de um paciente com sarampo, colhe-se o exame, faz a notificação


e deve fazer o bloqueio vacinal seletivo (em vizinhos e familiares nas primeiras 72h
após o contágio), aqueles pacientes que comprovadamente têm duas doses de
vacina não precisam ser vacinados. Em gestantes e imunossuprimidos deve-se usar
imunoglobulina humana até 6 dias após o contágio. Todo paciente internado deve
ficar em isolamento respiratório até o 5o dia do início do exantema.

RUBEOLA

Doença viral causada pelo togavírus e transmitida por via respiratória.

Quadro clínico: na fase prodrômica apresenta febre baixa, mal estar, artralgia,
mialgia e a fase exantemática. Na fase exantemática há exantema maculopapular,
róseo, mais brando, há uma distribuição craniocaudal; não há descamação, gânglios
retroauriculares e adenomegalia. Presença de enantema, “bolinhas” vermelhas em
região de palato e de úvula. A grande maioria dos casos não tem manifestação

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clínica. A intensidade dos sintomas esta diretamente relacionada à faixa etária.

Tratamento: de suporte. A profilaxia pós-exposição, com imunoglobulina, só está


indicada para as gestantes susceptíveis e expostas. A vacinação de bloqueio,
envolvendo o grupo de 6 meses até 39 anos de idade. Prevenção com tríplice viral 1
ano e reforço 4-6 anos

ROSÉOLA OU EXANTEMA SÚBITO

Herpes (HHV) 6 e 7 que provocam essa doença, e afeta principalmente


crianças pequenas, menores de 2 anos de idade, transmissão ocorre durante
período febril por via oral.

Quadro clínico: pacientes apresentam febre alta >39,5oC de inicio súbito que dura
por 3 dias, seguido de exantema, a criança se apresenta clinicamente estável
durante o curso da doença, ela não apresenta outros sintomas. O exantema é leve,
maculopapular, róseo, discreto, que dura de 2 a 3 dias. Se inicia na face, pescoço e
no mesmo dia se dissemina, predominando no tronco. Raramente vai ter
linfadenopatia, pode ter sintomas respiratórios, gastrointestinais. Deve se pedir
hemograma para descartar outras doenças, como dengue.

Tratamento: não há tratamento, é uma doença viral, quando desaparecer a febre


deve surgir o exantema e que a criança melhora em 2-3 dias.

ESCALARTINA

É muito mais comum no paciente entre 3 e 15 anos, muito raro em lactentes


por persistência de anticorpos maternos protetores. Cerca de 20% dos pacientes são
portador assintomáticos.

Quadro clínico: Quadro de dor de garganta e febre, que precede o exantema em 2


dias, inicia-se com vermelhidão no corpo, que começou pelo tronco, puntiforme,
áspero, que desaparecia à compressão. A língua da criança apresentou-se

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inicialmente com uma secreção espessa, esbranquiçada, posteriormente com vários


pontos vermelhos. Sete dias após o início do quadro há descamação da pele em
placas.

Sinais mais clássicos: sinal de Filatow (palidez perioral); sinal de Pastia


(intensificação desse exantema nas regiões de dobras); língua de framboesa (bem
característico, mas também pode ocorrer na doença de Kawasaki).

Escarlatina é causada por bactéria, o Estreptococos pyogenes ou beta-


hemolítico, que causa febre reumática, glomerulonefrite. Os sintoma são causados
pela toxina produzida pela bactéria. Geralmente a transmissão ocorre por via aérea,
o período que se transição é do inicio dos sintomas ate 24 a 48h do inicio de
atibioticoterapia.

Diagnóstico: basicamente clínico. Os testes para anticorpos no soro da fase aguda e


de convalescença, como a antiestreptolisina O (ASLO); são úteis e contribuem como
mais um dado presuntivo de infecção por estreptococo do grupo A, porém não têm
valor para o diagnóstico imediato ou tratamento da infecção aguda, pois a elevação
do título obtido após 2 a 4 semanas do início do quadro clínico é muito mais confiável
do que um único título alto. A cultura é o padrão ouro.
Tratamento: benzetacil (penicilina benzatina) ou amoxicilina, via oral. Macrolídeos e
azitromicina só são indicados em pacientes alérgicos. O objetivo de se tratar é evitar
as complicações tanto infecciosas, abscesso periamidagliano, choque tóxico e a
febre reumática.

ERITEMA INFECCIOSO

Doença causada pelo parvovírus humano, pode causar aplasia medular,


principalmente nos pacientes falcêmicos.

Quadro clínico: na fase prodrômica ocorre febre baixa, cefaleia, sintomas de IVAS e
linfadenopatia. Na fase Exantemática, a fase 1, ocorre 3 dias após os sintomas
iniciais e se caracteriza por exantema em face, em regiões maxilares (bochecha
esbofeteada); a fase 2, após 2 dias, ocorre pela disseminação para o tronco,

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extremidades proximais, e do aspecto rendilhado; e a fase 3, 2 semanas após o


desaparecimento do exantema, quando ocorre o surgimento da recidiva discreta em
tronco e membros, principalmente com sol, calor e estresse.

Transmissão: via oral ou secreção nasofaringea, quando aparece o exantema


não há mais chance de transmissão, e o tratamento não é mais realizado. Período
de latência de 4 a 14 dias, é uma doença benigna e autolimitada.

Tratamento: sintomático e raramente imunoglobulina endovenosa.

VARICELA

Quadro clínico: inicia com febre baixa, e após esse período surgem manchas
vermelhas na pele, iniciando na face e couro cabeludo. Sobre essas manchas
aparecem pequenas vesículas. O conteúdo das vesículas fica espesso, secando e
formando uma crosta. As lesões evoluem para tronco, membro, mucosa oral,
conjuntiva, conduto auditivo, genitália. Em uma mesma região você pode haver
várias lesões em situações diferentes, crosta, vesícula, bolha. Há comprometimento
tanto em mucosas quanto em pele.

Complicações: Infecções bacterianas secundárias, marcha atáxica (cerebelite),


ataxia cerebelar, encefalite, fasceite necrosante, pneumonia, síndrome de Reye,
manifestações hemorrágicas, síndrome da pele escaldada.

Obs.: Pacientes com neoplasia, transplantados, grávida, imunossupressos,


pacientes portadores de colagenoses, RN de 5- 10dias, prematuros <32s,
desnutrição severa, fibrose cística, adultos são suscetíveis a um quadro mais grave.

Tratamento: Sintomático, deve evitar salicilatos. Aciclovir oral para pacientes com
mais de 13 anos, segundo caso, doença crônica de pele ou pulmonar, usos de ctc
(dose não imunossupressora, ex.: asma), uso crônico de AAS. Pode ser usado venoso
em pacientes imunodeprimidos, varicela progressiva e recém-nascidos. A vacina,
pós-contato, pode ser feita até 72 horas em gestantes e recém-nascido que faz uso
de imunoglobulina.

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DOENÇA DE KAWASAKI

Doença com agente etiológico desconhecido, geralmente não acomete


crianças menores que 6 meses ou adulto.

Quadro clínico: pode apresentar febre alta (>39°C) por 5 dias, remitente (febre
continua com variações de temperatura maiores que 1 grau), irritabilidade,
conjuntivite bilateral não exudativa, alterações da cavidade oral (lábios
extremamente vermelhos, fissuras de lábios e cavidades oral, língua em morango);
alterações de extremidade: hiperemia de mãos e pés, edema dos dedos,
descamação lamelar e linfoadeneite unilateral > 1,5 cm
Diagnostico: eminentemente clinico. No hemograma podemos encontrar uma
anemia, leucocitose com desvio pra esquerda, trombocitose extrema (> 1milhao, por
volta da 2a semana). O PCR e VHS sobem muito rápido e se mantem alto durante
toda a doença).
Obs.: pode se fazer um ecococardiograma, pelo risco de aneurisma, fazer pelo menos
3 vezes (se não tiver aneurisma), ao fazer diagnostico, 2 a 3 semanas após o
diagnostico e ao final da doença (com VHS baixo).
Tratamento: AAS - dose anti-inflamatória 80 a 100mg/kg 6/6h; AAS, dose
antiagrenfante 3 a 5 mg/kg 1x dia 15 dias de inicio do tratamento 48h afebril;
imunoglobulina venosa 2g/kg por 12h (resposta rápida)

3. Clínica

Os períodos evolutivos são geralmente características comuns nas doenças


exantemáticas.
• Incubação: já houve o contato com o agente infeccioso, houve a infecção mas
não apresentou manifestações clinica. Mas o agente está replicando. Varia entre
1 e 3 semanas. Na maioria das vezes não está transmitindo (ha exceções)
• Pródromos: são inespecíficos, como uma síndrome gripal. Muitas podem
apresentar manifestações inicialmente respiratórias. A maioria das transmissões
são respiratórias. Obs.: Algumas doenças têm manifestações especificas.

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• Exantema: características próprias, ajudam no diagnostico


• Convalescência: geralmente não tem manifestações clinicas exuberantes. A
maioria guarda relação com o exantema (descamação ou escamação).

Obs.: A maioria das doenças exantemáticas surgem no sentido craniocaudal,


Importante identificar como começou o exantema: começou pela cabeça,
disseminou, em quanto tempo (24, 48h), é mais intensa centrífuga ou centrípeta.
Depois pode ocorrer descamação furfurácea, são poucas as doenças que vão
apresentar essa descamação.

Anamnese

Idade: prevalência varia de acordo com a idade. Ex.: roséola é característica de


crianças < 2 anos; a probabilidade do estreptococos pyogenes causar uma infecção
em uma criança abaixo de 3 anos é muito pequena, evitar antibioticoterapia
desnecessária.

Antecedentes de imunização: olhar o calendário vacinal.

Histórico de doenças prévias

Uso de medicações ou história de alergias

Dados epidemiológicos: viagem recente, exemplo paciente oriundo de fortaleza ou


recife com febre, conjuntivite, placa no corpo, pensar em sarampo.

Exame físico

Tipos de Exantemas

Exantema maculopapular: maioria das doenças exantemáticas

a. Morbiliforme (característico do sarampo, rubéola): formado por pequenas


máculas e pápulas de diversos tamanhos, avermelhadas, entremeadas com pele
sã.
b. Escalartiniforme: exantema difuso, eritematoso, puntiforme, vermelho vivo, sem

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solução de continuidade. Pode ocorrer na doença escarlatina, farmacodermia,


doença de Kawasaki, mononucleose.
c. Urticariforme: lembra muito a urticária aguda, erupção papulo-eritematosa de
contornos irregulares (Ex: dengue, chikunguya, zicavírus)

Exantema vesicular ou bolhoso Ex.: varicela (catapora), herpes zoster, herpes


simples.

Exantema purpúrico: apresentação na forma de púrpura ou petéquias. Tuberculose


e neoplasia são mais relacionadas a presença de derrame pericárdico.

Referências bibliográficas

1. Murtagh J. Murtagh J Ed. John Murtagh.eds. Murtagh's General Practice, 6e New York,
NY: McGraw-Hill.
2. Diagnóstico Diferencial das Doenças Exantemáticas, Sílvia Regina Marques e Regina
Célia Menezes Succi. Infectologia Pediátrica 1999, Capítulo 19, pág. 169. 2a edição,
Calil K. Farhat et al. Ed. Atheneu.
3. Vranjac, A. (2007). Escarlatina: orientações para surtos. Boletim Epidemiológico
Paulista, 4(46), 14–24. Retrieved from
http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
42722007001000003&lng=pt&nrm=iso
4. Lúcia Ferro / Sucupira. Pediatria de Consultório – 4º ed. 2000.

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