Você está na página 1de 19

Ações de Enfermagem na

Prevenção do Sarampo

Prof. Iací Proença Palmeira


Aspectos Epidemiológicos: O sarampo é uma
doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave,
transmissível, muito contagiosa e muito comum na
infância. A viremia causada pela infecção, provoca
uma vasculite generalizada, responsável pelo
aparecimento das diversas manifestações clínicas.
Ocorrem perdas consideráveis de eletrólitos e
proteínas, gerando o quadro expoliante
característico da infecção. Além disso, as
complicações infecciosas contribuem com a
gravidade do sarampo, particularmente em crianças
desnutridas e menores de 1 ano de idade. A doença
ocorre principalmente no inverno e na primavera.
Agente Etiológico:
gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae

Reservatório e Fonte de Infecção: o


homem. A principal fonte de infecção é o próprio
doente
Modo de Transmissão: é transmitido
diretamente de pessoa a pessoa, através das
secreções nasofaríngeas, expelidas ao tossir,
espirrar, falar ou respirar. Essa forma de transmissão
é responsável pela elevada contagiosidade da
doença. Tem sido descrito, também, o contágio por
dispersão de gotículas com partículas virais no ar,
em ambientes fechados como, por exemplo, escolas,
creches e clínicas.
Período de Incubação
Geralmente de 10 dias (variando de 7 a 18 dias),
desde a data da exposição até o aparecimento da
febre e cerca de 14 dias até o início do exantema.

Período de Transmissibilidade
4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema, até
4 dias após. O período de maior transmissibilidade
ocorre durante os períodos prodrômico e inicial
exantemático: 2 dias antes e 2 dias após o início do
exantema. O vírus vacinal não é transmissível.
Aspectos Clínicos
O vírus se instala nos seios nasais ( 1 ) para 1
se reproduzir e depois ir para a corrente 2
sanguínea.
3
A indisposição que antecede a doença tem
duração de 3 a 5 dias e caracteriza-se por:
hipertermia, mal estar, coriza(2), anorexia
conjuntivite e tosse.
Nesse período podem ser observadas na face
interna das bochechas as manchas brancas
(Koplik) que são características da doença

O exantema maculopapular começa na


região retroauricular, espalhando-se para a
face, pescoço( 3 ) , MMSS, tronco e MMII. A
febre persiste com o aparecimento do
exantema, o qual, juntamente com a febre,
desaparece no 3° dia com descamação fina.
A persistência da febre nesse período é
sinal de complicação.
Quadro Clínico
a) Período Prodrômico ou catarral: dura 6 dias:
febre alta; tosse produtiva; coriza, conjuntivite e
fotofobia. As lesões da mucosa da boca e a faringite
contribuem para a dificuldade de ingestão. Os
linfonodos cervicais estão pouco aumentados. Nas
últimas 24 horas do período, surge na altura dos pré-
molares (região gemiana), o sinal de Koplik,
difundindo-se depois para toda a mucosa oral. Sua
duração é curta (dois dias antes do exantema) e,
após o aparecimento deste, regride rapidamente;
b) Período Exantemático ou de estado : é o
período mais marcante da virose; acentuam-se os
sintomas catarrais e a febre, com prostração e
surgimento do exantema característico. O rash
exantemático é maculo-papular, de cor avermelhada,
e inicia-se, de maneira descendente no sentido
céfalo-caudal, a partir da face, alcançando
progressivamente tronco e membros (no 1º dia, surge
na região retroauricular e face; no 2º dia, no tronco; e
no terceiro, nas extremidades, persistindo por 5 ou 6
dias). Também chamado de exantema morbiliforme,
é caracterizado pela presença de maculo-pápulas
eritematosas irregulares, deixando espaço de pele
são entre uma lesão e outra, tendendo a confluírem
em algumas regiões formando placas.
c) Período de Convalescença ou de
descamação furfurácea: após atingir os
membros, o exantema começa a regredir e inicia-se
o período descamativo: as lesões hiperpigmentam-se
e tornam-se escurecidas, surgindo descamação fina,
lembrando farinha (daí o nome furfurácea). Junto
com a regressão do exantema, ocorre queda da febre
e diminuição das manifestações catarrais, podendo
persistir por um período mais longo a tosse.
Complicações
As complicações sistêmicas
geralmente se instalam no
período exantemático,
embora a encefalite possa
ocorrer após o 20º dia; a
morte por desnutrição e as
infecções que a ele se
superpõem podem surgir 1 ou
2 meses após. As
complicações podem advir
do próprio vírus ou devido às
infecções secundárias,
como: otite média, laringites,
laringotraqueobronquiolites,
pneumonias, bronquites e
diarréias.
Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial: ELISA (IgM e
IgG); isolamento do vírus em cultura de células de
material colhido do orofaringe (até o 3º dia), sangue e
da urina (até o 7º dia), a partir do início do exantema.

Diagnóstico Diferencial
Doenças exantemáticas febris aguda; rubéola;
escarlatina; varicela; exantema súbito; dengue;
enteroviroses; escabiose; sífilis secundária, etc.
Vigilância Epidemiológica
Desenvolver atividades de vacinação
de rotina, em massa e de vigilância
ativa da doença, visando sua
erradicação.
Definição de Casos
a) Suspeito - Todo paciente que, independente da
idade e da situação vacinal, apresentar febre e
exantema maculopapular, acompanhados de um ou
mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou
coriza e/ou conjuntivite.
b) Confirmado - Todo caso suspeito e que foi
comprovado como um caso de sarampo, a partir de,
pelo menos, um dos critérios: Exame “reagente” ou
“positivo para IgM” e a análise clínico-epidemiológica
indicar ser um caso de sarampo.
Fluxograma para definição de caso

Caso Confirmar o caso:


Laboratório ou
Suspeito vinculação
epidemiológica.
Medidas de Controle
1) Vacinação Contra o Sarampo: É a principal
medida de controle. Esquema básico: uma dose da
vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba)
.aos 12 meses de idade e um reforço na faixa etária
de 4 a 6 anos.
Vacinação de Bloqueio: é indicada quando
ocorre um ou mais casos de sarampo numa
comunidade. A vacinação dos contatos (bloqueio dos
contatos) fundamenta-se no fato de que a vacina
consegue imunizar o suscetível em prazo menor que
o período de incubação da doença, desde que seja
administrada até, no máximo, 72 horas após o
contágio, porém se a vacinação de bloqueio não foi
realizada dentro das 72 horas, deverá ser
implementada o quanto antes pois se trata de uma
oportunidade de se vacinar suscetíveis que não
receberam a vacina em rotina ou campanhas de
vacinação. A vacinação de bloqueio deve ser
desencadeada pela notificação de casos suspeitos
numa comunidade. É feita de forma seletiva de
acordo com a faixa etária de 6m a 39 anos.
Medidas de Controle
Situações em que se recomenda o adiamento
da vacinação: tratamento com imunodepressores
(corticoterapia, quimioterapia, radioterapia, etc).
Adiar até 3 meses após o uso pela possível
inadequação da resposta imunológica e vigência de
doença aguda febril grave.
Medidas em Caso de Surtos: um surto é a
ocorrência de 3 ou mais casos associados
epidemiologicamente num município, bairro ou
qualquer área delimitada (creche/escola, orfanato,
alojamento de: construção civil, de sem terras,
quartel, prisão, domicílio, fábrica, etc), num período
de 30 dias. A investigação das áreas de maior
freqüência do caso deve ser obrigatória na busca
ativa de novos casos e a vacinação dos suscetíveis
deve ser implementada para conter o surto.
D)Isolamento de Casos: no plano individual, o
isolamento domiciliar ou hospitalar dos casos
consegue diminuir a intensidade dos contágios.
Deve-se evitar, principalmente, a freqüência a
escolas ou creches, agrupamentos, ou qualquer
contato com pessoas suscetíveis, até 4 dias após o
início do período exantemático. O impacto do
isolamento de doentes é relativo como medida de
controle, porque o período prodrômico da doença já
apresenta elevada transmissibilidade do vírus e, em
geral, não é possível isolar os doentes a não ser no
período exantemático. Portanto, deve haver a
vigilância dos contatos por um período de 21 dias.

Você também pode gostar