Você está na página 1de 68

MENINGITES

DEFINIÇÃO

MENINGITE

Inflamação da Aracnóide, Pia-Máter e Líquido


Cefalorraquidiano, estendendo pelo espaço Sub-
Aracnóide no Encéfalo
Introdução
Inflamação das meninges
Meningite

Inflamação do parênquima

CT
Encefalite

CT de Medicina de Urgência e Emergência


de Medicina Intensiva - CREMEC/CFM
Ambos: meningoencefalite

4
MENINGITES

▪ Causada por BACTÉRIAS, VÍRUS E FUNGOS.

▪ DOENÇA GRAVE, COM ALTA TAXA DE


MORTALIDADE E SEQUELAS.
DOENÇAS DO SNC
Vias de invasão

• Principais: hematogênica e nervos


(característica das infecções virais por herpes
simples, varicela zoster e raiva).

• Menos frequentes: infecções de ouvido ou dos


seios paranasais, lesão local, defeitos congênitos e
trato olfativo.
Epidemiologia

• Cerca de 20 casos / 100.000 habitantes

• Bacterianas mais no inverno

• Virais mais no verão

• 50% dos casos ocorrem em menores de 5 anos

• Maior risco – abaixo de 2 anos


SINAIS E SINTOMAS

• Aguda e fulminante ou subaguda

• Tríade: febre, cefaleia e rigidez de nuca

• Queda do nível de consciência

• Náuseas, vômitos e fotofobia

• Crises convulsiva - 20 a 40%


COMO SE APRESENTA

A tríade não está sempre presente

Em cerca de 44 % dos casos - sim

Febre encontra-se na maioria dos pacientes

Van de Beek D, de Gans J, Spanjaard L, et al. Clinical features and


prognostic factors in adults with bacterial meningitis. N Engl J Med
2004; 351:1849. 9
COMO SE APRESENTA

95 % dos casos apresentaram pelo menos dois dos


quatro sintomas

1. febre
2. cefaléia
3. rigidez de nuca
4. alteração do estado mental

10
Três síndromes concomitantes caracterizam a
apresentação clínica:

• Síndrome Toxêmica : febre alta, mal-estar geral, prostração e,


eventualmente, agitação psicomotora.

• Síndrome de irritação meníngea: Rigidez de nuca, sinal de


kerning, sinal de Brudzinski, sinal de desconforto lombar.

• Síndrome de hipertensão intracraniana: cefaleia holocraniana


intensa, náuseas, vômitos, fotofobia e confusão mental.
SINAIS MENÍNGEOS
QUADRO CLÍNICO
MENINGITE VIRAL X BACTERIANA
ASPECTOS CLÍNICOS
♦ Viral ♦ Bacteriana
• Início insidioso • Início rápido
• Sintomas gerais mais • Sintomas gerais mais
brandos - melhor importantes
condição clínica • “Olhar parado”, febre
• Presença de alta, hipoatividade e
conjuntivite, diarréia coma
• Aumento de parótidas • Manifestações
hemorrágicas e
exantema
SUSPEITA DE MENINGITE?

• Solicitar exames laboratoriais - hemograma

• Solicitar exames de imagem, se necessário.

• Realizar exame de líquor

• Iniciar antibioticoterapia empírica


Meningite
bacteriana
❖ Principais agentes etiológicos bacterianos

Microrganismo Faixa Etária


Escherichia coli, Streptococcus agalactiae Recém-
nascido

S. agalactiae, E. coli < 2 meses

Haemophilus influenzae, S. pneumoniae, Neisseria < 10 anos


meningitidis

N. meningitidis Adulto jovem

S. pneumoniae, N. meningitidis Adulto

S. pneumoniae, bacilos Gram-negativos, Idoso


L. monocytogenes, H. influenzae
Infecções do
SNC MENINGITE BACTERIANA
AGUDA

N. Meningitidis
DIPLOCOCO GRAM NEGATIVO

• Quadro abrupto
• Surto
epidemiológico
Infecções do
SNC MENINGITE BACTERIANA
AGUDA

Streptococcus pneumoniae
COCO GRAM POSITIVO

• Quadro evolutivo
• Doença invasiva
• Idosos
Haemophilus influenza tipo B (HiB) – s
BGN – bacilo gram negativo

• Crianças não vacinadas


• idosos
22
Meningite Bacteriana
Meningite aguda bacteriana: risco de vida tratamento
específico urgente!

❖ Mais graves e menos comuns do que a viral

❖Causada por vários agentes bacterianos

❖Até 1990 – Haemophilus influenzae tipo b (Hib)

Introdução da
vacina
Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis

Meningite Bacteriana -
Patogenia
• Ocorre quando fatores de virulência se sobrepõe ao mecanismo de
defesa do organismo.

• Primeiro, há colonização e adesão à mucosa, com conseqüente


invasão da mesma.

• Segundo,no espaço intravascular, a bactéria com sua cápsula


polissacarídica – fuga da resposta imune

• Terceiro, para atingir o SNC, as bactérias utilizam os pilli para cruzar


a barreira hemoliquórica.
Meningite Bacteriana -
Patogenia

• No liquor, a proliferação bacteriana é favorecida devido à quase

ausência de sistema imune

• Componentes da superfície bacteriana (peptideoglicano + ácido

teicóico do S.pneumoniae - resposta inflamatória no SNC e


rompimento da barreira hemo liquórica
MENINGITE BACTERIANA
- QUADRO CLÍNICO

• agitação, irritabilidade, fotofobia, anorexia, mialgia, artralgia,

taquicardia, hipotensão, rash cutâneo petequial ou púrpura,


edema de papila.

• <2 anos: faixa etária mais acometida (sinais meníngeos

costumam estar AUSENTES)


MENINGITE BACTERIANA
- QUADRO CLÍNICO

<3 meses: quadro inespecífico.


Porém, pode ser observado abaulamento de fontanela, convulsões e
rigidez nucal
Meningite Neonatal
❑ Neonatos: condições imunológicas imaturas.

❑ Agentes: S. agalactiae e E. coli

❑ Em muitos casos, causa sequelas neurológicas permanentes.


• Paralisia cerebral ou de nervos cranianos, epilepsia, retardo
mental ou hidrocefalia.

❑ Diagnóstico clínico difícil.


• Sinais inespecíficos
Quadro clínico - meningites

• Crianças< 1 ano – quadro inespecífico


• Criança – quadro clássico
• 25% dos pacientes – assintomáticos

Quadro clínico depende:

• Idade
• Agente
• Imunidade do paciente
MENINGITE BACTERIANA
AGUDA

Diagnóstico:

QUADRO CLÍNICO

Punção liquórica ***

Tc crâneo/ oftalmoscopia

Culturas
Tratamento - princípios
• Evitar atraso no antibiótico empírico

• Espectro adequado

• Epidemiologia de acordo com a idade / local / e história


clinica

• Uso de drogas bactericidas

• Drogas que penetram em SNC

32
MENINGITE BACTERIANA
AGUDA – tratamento empírico

Tunkel, A. R. Management of Bacterial Meningitis. 2004;


38:1267-1284
MENINGITE
MENINGOCÓCICA
MENINGITE MENINGOCÓCICA

• Diplococo gram negativo

• Neisseria meningitidis

• Coloniza a nasofaringe de pessoas sadias – no


entanto essa situação geralmente é transitória

• Em menos de 1% a bactéria consegue provocar a


doença
MENINGOCOCO
MENINGITE MENINGOCÓCICA
• Causa mais comum de meningite adquirida na comunidade

em adultos - SURTOS

• Rápida progressão para doença potencialmente fatal

• 100% letal em não tratados

• 10% em rapidamente tratados

• Tempo entre início da doença e tratamento efetivo


MENINGITE MENINGOCÓCICA
Acomete todas as faixas etárias
Maioria dos países apresentam picos: < 1 ano e
adolescentes
Maior incidência < 5 anos: principalmente lactentes: 3 a12
meses
Letalidade**: 9 a 12%; pode chegar a 40%
Cerca de 20% dos sobreviventes tem sequelas**
MENIGOCOCO

Indivíduos mais suscetíveis:

• Menores de 5 anos de idade (lactentes maior risco)

• Contatos íntimos de pessoas infectadas (familiares, creches,

militares)
NEISSERIA MENINGITIDIS

• Apresentam espessa cápsula de polissacarídeos

• São subdivididas em sorogrupos (de acordo com a cápsula)

• Existem 13 sorogrupos identificados,

• os mais patogênicos são A, B, C, Y e W135

• Notificação compulsória
PATOGENIA E IMUNIDADE

• Disseminação sistêmica

• Toxemia (liberação da toxina LOS – altamente

tóxica)
ENDOTOXINA LOS

• Presente na membrana externa

• A bactéria produz fragmentos de membrana em grande

quantidade e libera no espaço extracelular.

• A lesão vascular difusa (inflamação das paredes dos vasos,

coagulação vascular disseminada) é atribuída em grande


parte à ação da da toxina LOS.
RASH CUTÂNEO RELACIONADO A
DOENÇA MENINGOCÓCIA
SEMIOLOGIA

Meningococcemia
RASH
CUTÂNEO
CARACTERÍSTICAS

• Período de incubação: 2 a 10 dias

• Pode levar a óbito em 24 horas

• Reservatório: doente ou portador

• Vias de transmissão: aérea (gotículas)

• Período de transmissão: geralmente é interrompida 24 horas

após a antibioticoterapia eficaz

• ISOLAMENTO DO PACIENTE NO HOSPITAL


TRATAMENTO E PROFILAXIA

• Suspeita clínica – tratamento imediato

• Antibióticos via EV (ceftriaxona)

• Medidas de suporte - UTI

• Embora tratados, 5 a 10% dos pacientes – óbito

• Cerca de 10% ficam com sequelas


Seqüelas

▪ Surdez ou Hipoacusia em 10% dos casos;


▪ Cegueira
▪ Labirintite ossificante com perda auditiva;
▪ Retardo Neuropsicomotor
Quimioprofilaxia
Nas primeiras 24h do caso meningite meningocócica

Quando
• Contactantes do mesmo ambiente;
• Contatos de creches (adultos ou crianças)
• Contato prolongado ou com secreções orais
• Profissional que teve contato com secreção do paciente

Como

Rifampicina 300mg 12 em 12h por 02 dias


58
PATOGENIA E IMUNIDADE

O prognóstico num indivíduo exposto depende:

1. Capacidade da bactéria de colonizar a nasofaringe

2. Vacinas
TRATAMENTO E PROFILAXIA
• Vacinas são dirigidas contra Ag da cápsula e confere

proteção por tempo limitado (2-3 anos)

• As mais comumente empregadas são a bivalente (A e C) e as

tetravalentes (A,C,Y e w135).

• Proteção parcial – dificuldade de vacinas eficientes para

alguns sorotipos
Meningite viral
MENINGITE VIRAL
ASSÉPTICA

• Maior prevalência
• Melhor prognóstico

• Febre
• Dor de cabeça
• Rigidez na nuca
• Conjuntivite
• Diarreia
MENINGITE VIRAL – AGENTE
ETIOLÓGICOS

• Enterovírus - 80 - 90%

• Herpes simples
No período de 2003 a 2018, foram registrados, no
• EBV Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan), 155.539 casos confirmados de meningite viral
• Varicela zoster no Brasil, com 1.280 óbitos, resultando em uma taxa

• Vírus da caxumba de letalidade de 0,8%.

• Sarampo

• Arbovírus
Enterovírus
• Os enterovírus são mais comuns no verão e início de
outono causando a doença em jovens de até 15 anos.

• No Brasil, aparentemente os enterovírus são particularmente


freqüentes.

• A transmissão é tipicamente fecal-oral e o período de


incubação é de 3 até 6 dias.
MENINGITE VIRAL
Etiologia:

ENTEROVÍRUS

Diagnóstico:
Quadro Clínico
Líquor

Tratamento:
SINTOMÁTICO
CEFALÉIA: Perdurar semanas

CUIDADO: Fase Inicial Bacteriana


MENINGITE – OUTROS AGENTES
• Etiologia:

• Cryptococcus neoformans
• M. tuberculosis
• Treponema pallidum
• Taenia solium (cisticercose)
• Toxoplasma gondii
HIV – infecções em SNC
Toxoplasmose

Criptococose

Neurotuberculose

Neurossifilis

Bacteriana clássica
68
Viral

Você também pode gostar