(1) A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae e pode afetar a pele e nervos periféricos, evoluindo de forma crônica. (2) Sua classificação depende da carga bacteriana e resposta imune, variando entre as formas paucibacilar e multibacilar. (3) Suas manifestações clínicas variam de lesões hipocrômicas a eritematosas, com alterações de sensibilidade e espessamento neural.
(1) A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae e pode afetar a pele e nervos periféricos, evoluindo de forma crônica. (2) Sua classificação depende da carga bacteriana e resposta imune, variando entre as formas paucibacilar e multibacilar. (3) Suas manifestações clínicas variam de lesões hipocrômicas a eritematosas, com alterações de sensibilidade e espessamento neural.
(1) A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae e pode afetar a pele e nervos periféricos, evoluindo de forma crônica. (2) Sua classificação depende da carga bacteriana e resposta imune, variando entre as formas paucibacilar e multibacilar. (3) Suas manifestações clínicas variam de lesões hipocrômicas a eritematosas, com alterações de sensibilidade e espessamento neural.
Hanseníase terminada ou incaracterística PROF. FLÁVIO ▪ Evolui para cura ou para forma dimorfa ou borderline (tipo peculiar de pacientes imunologicamente instáveis, que agrega INTRODUÇÃO características dos dois polos) É a doença causada pelo Mycobacterium leprae, • Paciente multibacilar acometendo principalmente pele e/ou nervos peri- o Evolução inicial para polo tuberculoide (be- féricos. Evolui de forma crônica com períodos de nigno) ou virchowiano (maligno) já de início agudização. ▪ Polo tuberculoide: predomina resposta Th1 Pode afetar qualquer órgão que possua macrófagos, (celular) → Mitsuda + e baciloscopia - exceto o SNC. ▪ Polo virchowiano: predomina resposta Th2 (humoral) → Mitsuda - e baciloscopia + Ou seja, a resistência ou suscetibilidade à infecção DEFINIÇÃO depende da capacidade inata do macrófago fa- A OMS define como caso de hanseníase a pessoa gocitar o M. leprae. A maior característica da forma que apresentar 1 ou mais características: virchowiana é a incapacidade do macrófago em rea- • Lesão de pele com alteração da sensibilidade lizar essa lise, gerando a célula de Virchow (macró- • Acometimento de nervos com espessamento fago repleto de M. leprae). neural, acompanhado ou não de alteração de OBS.: Anticorpos específicos praticamente só se sensibilidade e/ou força muscular formam nas formas bacilíferas. Pode haver diagnóstico de hanseníase sem le- sões cutâneas → hanseníase neural pura! CLASSIFICAÇÃO • Baciloscopia positiva para M. leprae → mas ba- ciloscopia negativa não exclui o diagnóstico Operacional Madrid (1953) Paucibacilar Indeterminada EPIDEMIOLOGIA (baciloscopia – e Mitsuda +) Tuberculoide Multibacilar Dimorfa A doença é endêmica de países subdesenvolvidos, sendo a Índia o país com maior incidência, seguida (baciloscopia + e Mitsuda -) Virchowiana do Brasil, seguido da Indonésia. Sua prevalência caiu drasticamente com o adento da MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS poliquimioterapia (PQT) no início de 1980. HANSENÍASE INDETERMINADA (1): costuma ser a É mais comum em pessoas socialmente excluídas fase inicial da doença, caracterizada por máculas hi- (80% não têm ensino médio completo) e entre 30 e pocrômicas ou eritemato-hipocrômicas com hipoe- 60 anos, e não possui predileção por sexo. stesia. São poucas lesões, com bordas bem ou mal definidas. Não há localização preferencial, mas em TRANSMISSÃO crianças, é mais comum em face e MMII. A principal fonte de transmissão é a via aérea supe- • Diagnósticos diferenciais: pitiríase alba, pitirí- rior do doente bacilífero: a infectividade é alta, mas ase versicolor, nevo hipocrômico, nevo anê- a patogenicidade é baixa (a maioria evolui para cua mico, vitiligo, eczemátide, dermatite seborreica, espontânea ou infecção leve). A transmissão ocorre hipocromias e acromias residuais por contato direto, mas também pode ocorrer de HANSENÍASE TUBERCULOIDE (2): lesões de as- forma indireta. O principal sítio de inoculação é a mu- pecto papuloso ou tuberoso, agrupadas em placas cosa nasal, além de soluções de continuidade da (não máculas, porque têm relevo), bem delimitadas, pele, porque o bacilo não penetra a pele íntegra. com borda mais elevada. São únicas ou pouco nu- O bacilo se reproduz a cada 15 dias, o que justifica merosas. A hipo/anestesia é precoce e sempre o longo período de incubação. ocorre – o dano neural é maior no polo tubercu- loide do que no polo virchowiano (quando se destrói o bacilo, que está no nervo, se lesa o nervo). ETIOPATOGENIA • Sinal da raquete: nervo espessado que forma Existe correlação nítida entre a imunidade inata es- um trajeto a partir de uma lesão cutânea pecífica e a apresentação clínica da doença: • Diagnósticos diferenciais: dermatofitose, psorí- ase, dermatite seborreica, lúpus eritematoso dis- • Paciente paucibacilar coide, sífilis secundária e terciária o Boa imunidade celular → eliminação dos baci- los, sem haver doença HANSENÍASE DIMORFA OU BORDERLINE (3): le- COMPLICAÇÕES sões infiltradas anulares, com borda interna nítida e externa apagada (“em queijo suíço”). Podem ter le- REAÇÃO HANSÊNICA sões com características de ambas as formas vircho- Corresponde a fenômenos agudos que interrom- wiana e tuberculoide. pem a evolução crônica da doença. Pode ocorrer an- HANSENÍASE VIRCHOWIANA (4): lesões eritema- tes, durante ou depois o tratamento, e em qualquer toinfiltrativas com bordas mal definidas; em geral, uma das formas clínicas, exceto na hanseníase inde- são simétricas e localizadas em todo o corpo; nódu- terminada e nas formas polares da doença. los e tubérculos costumam ocorrer. • Na face, produz a fácies leonina Tipo 1 (reação reversa) • Ocorre madarose bilateral (queda do 1/3 ex- Aumento súbito da imunidade mediada por célu- terno da sobrancelha) las (reação de hipersensibilidade tardia) – isso ex- • Sua anestesia é mais tardia, sendo “em luva” ou plica sua ocorrência como SIR do HIV. “em bota” As lesões cutâneas se tornam mais • Diagnósticos diferenciais (os mesmos da forma eritematosas, intumescidas, edema- dimorfa): leishmaniose anérgica, sífilis secundá- tosas e infiltradas, podendo até ulcerar. ria, farmacodermias, lúpus eritematoso sistêmico, xantomatose, neurofibromatose, lipomatose e A ocorrência de lesões na região de linfoma cutâneo troncos nervosos ou em áreas perioftál- micas são preditores de maior gravi- o As alterações neurológicas devem ser diferen- dade. ciadas de alcoolismo, diabetes, escleroder- mia, artrite reumatoide etc. A hanseníase tuberculoide reacional possui 2 tipos de quadros: TIPO NODULAR INFANTIL (5): variante da hansení- ase tuberculoide, que acomete crianças de 1 a 4 • Se instala agudamente com exacerbação das le- anos. É caracterizada por lesão tuberonodular, não sões preexistentes e/ou surgimento de novas nódulo. • Ocorre inicialmente (abre o quadro de hansení- ase com reação) FORMA NEURAL PURA (NEURÍTICA): corresponde à ausência de lesões dermatológicas, e ocorre em to- TRATAMENTO: corticoide com retirada gradual dos os sexos e em qualquer faixa etária. após desaparecimento dos sintomas + tratamento profilático de estrongiloidíase + prevenção de oste- • Confirmação diagnóstica: biópsia de nervo sensi- oporose + manutenção da PQT, se estiver usando. tivo superficial FORMA HISTOIDE DE WADE: nódulos endurecidos, hipercrômicos, elevados na pele; mais comum em Tipo 2 (eritema nodoso hansênico) recidivas. Corresponde a “queloides” sem história Alteração da imunidade humoral (reação por imu- de trauma. nocomplexos circulantes). Acomete as formas virchowi- ana e dimorfo-virchowiana. Ocorrem pápulas, nódulos e pla- cas dolorosos, na pele normal, distribuindo-se universalmente pelo corpo, com preferência a (1) (2) superfícies extensoras e face. O quadro pode, algumas vezes, ser de eritema multiforme-símile, com manifesta- ções sistêmicas (febre, mal-estar, hiporexia), orquio- epididimite, glomerulonefrite, miosite etc. TRATAMENTO: talidomida; em mulheres em idade fértil, na qual ela é contraindicada, pode-se usar cor- (2) (3) ticoide. • Em caso de reações oculares graves, orquite, eri- tema nodoso necrótico ou acometimento de troncos nervosos, fenômeno de Lucio e nefrite, deve-se associar talidomida + corticoide
(4) (5) Fenômeno de Lucio
É um processo trombótico-oclusivo de trombose de pequenos vasos da derme, re- sultando em ulceração da epiderme. Carac- teriza-se por máculas eriteamatopurpúricas que evoluem formando escaras castanhas finas, • Descartar outras doenças principalmente em pés, pernas, mãos e antebra- • Pesquisar sensibilidade térmica, dolorosa e tátil ços. Pode-se realizar também palpação dos nervos, a Varia de um quadro discreto, com poucas lesões, a procura de espessamento. quadros graves que chegam a óbito. Pode ocorrer na hanseníase de Lucio e no polo virchowiano. EXAMES COMPLEMENTARES Sua inclusão como um tipo de reação é discutível, pois é uma manifestação inicial, que cede à PQT e Auxiliam na classificação que orienta o tratamento. não recorre. • TESTE DE MITSUDA o Não é útil para diagnóstico: os pacientes MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS com doença mais grave (polo Th2) têm resul- tado negativo (imunidade celular ruim) Podem ocorrer antes mesmo das lesões cutâneas, o Avalia imunidade celular ao M. leprae mas são mais frequentes as perda progressiva de sensibilidade (térmica, dolorosa e então tátil). ▪ É positivo no polo tuberculoide e nega- Pode haver hiperestesia nas reações hansênicas. tivo no polo virchowiano O acometimento se restringe aos nervos periféricos, o Negativo se < 5 mm cujo espessamento pode ser até palpado. ▪ Reação precoce ou de Fernandez (48- 72h após): eritema e induração local ▪ Reação tardia (28 dias após) o A positividade/negatividade não implica alte- rações da resposta do paciente a testes com outros antígenos, como tricofitina, histoplas- mina, PPD ou substâncias sensibilizantes • TESTE DA PILOCARPINA o Pingam-se iodo e amido de milho, e então pi- locarpina para provocar sudorese; se houver sudorese, a mistura se cora de azul; se não APARELHO GENITAL houver (hanseníase), não se cora No polo virchowiano, pode haver atrofia bilateral • TESTE DA HISTAMINA dos testículos, resultando em esterilidade e, tardia- o Após pingar histamina e fazer pequenos furi- mente, disfunção erétil. Pode haver também gineco- nhos na pele, espera-se a tríplice reação de mastia. Lewis – surgimento de eritema, eritema reflexo Nas reações de tipo 2, pode haver orquioepididi- e pápula urticária mite. o Não ocorre eritema reflexo (vasodilatação) na hanseníase, apenas na área sã, porque há le- são da inervação do vaso OLHOS • BACILOSCOPIA Pode ocorrer lesão de duas formas: o Realizada com linfa de pelo menos 4 locais (ló- • Invasão primária (afeta córnea, conjuntiva, es- bulos das orelhas e/ou cotovelos + lesões cu- clera, corpo ciliar e íris) tâneas, se houver) • Secundária ao comprometimento nervoso (cera- o O índice baciloscópico varia de 0 a 6 e repre- tite, úlcera de córnea, lagoftalmo – enfraqueci- senta a quantidade de bacilos no esfregaço mento do m. orbicular, com alterações funcionais ▪ IB = 0 → paucibacilar da pálpebra) ▪ IB > 0 → multibacilar o Importante: nas formas virchowiana e di- COINFECÇÃO COM HIV morfa, como os macrófagos não eliminam A incidência da hanseníase não é aumentada em bem os bacilos mortos, o paciente pode se PVHIV, ao contrário da TB. manter positivo após a alta O HIV E A HANSENÍASE SE INFLUENCIAM MI- • HISTOPATOLÓGICO DE LESÃO/NERVO NIMAMENTE O tratamento do HIV não deve ser modificado du- TRATAMENTO rante o manejo da hanseníase. Pacientes paucibacilares Inclui pacientes com as formas tuberculoide e in- DIAGNÓSTICO determinada. É eminentemente clínico. Diante do paciente com • Dapsona + rifampicina 6 doses em até 9 meses máculas hipocrômicas, devemos: o Rifampicina 600mg/mês (administração su- • Verificar se há sudorese e pelos pervisionada) o Dapsona 100mg/mês (administração supervi- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL COM REAÇÃO: crité- sionada) + 100mg/dia (autoadministração) rios clínicos + critérios laboratoriais (baciloscopia) + prova terapêutica com tratamento da “reação”. Pacientes multibacilares • Critérios clínicos de RECIDIVA EM PB: dor no tra- jeto de nervos, novas áreas com alteração de sen- Inclui as formas virchowiana e dimorfa. sibilidade, lesões novas e/ou exacerbação de le- • Dapsona + rifampicina + clofazimina 12 doses sões anteriores que não respondem ao trata- em até 18 meses mento com corticosteroide, por pelo menos 90 o Rifampicina 600mg/mês (administração su- dias pervisionada) • Critérios clínicos de RECIDIVA EM MB (maioria): o Dapsona 100mg/mês (administração supervi- lesões cutâneas e/ou exacerbação de lesões an- sionada) + 100mg/dia (autoadministração) tigas, novas alterações neurológicas que não res- o Clofazimina 300mg/mês (administração super- pondem ao tratamento com talidomida e/ou cor- visionada) + 50mg/dia (autoadministração) ticosteroide nas doses e prazos recomendados, A negativação baciloscópica é mais relacionada à aumento do índice baciloscópico com relação ao carga bacilar inicial e à capacidade de clearance índice da alta ou baciloscopia positiva naqueles dos macrófagos, não ao tempo de tratamento. Mais previamente negativos importante do que a quantidade de bacilos é a sua Exceto nos casos de resistência, a PQT deve ser rei- qualidade (índice morfológico) → os bacilos granu- niciada com as mesmas drogas. losos são inviáveis. OBS.: Devido a dificuldades na confiabilidade da CRITÉRIOS DE CURA baciloscopia, pode-se estabelecer como multibaci- lares os pacientes com 5 ou mais lesões. • PAUCIBACILAR: fim das 6 doses em até 9 meses • MULTIBACILAR: fim das 12 doses em até 18 me- ses; se não houver melhora clínica na 12ª dose, SITUAÇÕES ESPECIAIS encaminha-se para avaliação e repetição do tra- • MULHERES EM IDADE FÉRTIL: cautela pois a ri- tamento com mais 12 doses fampicina reduz a eficácia dos ACO • GESTAÇÃO: não contraindica a PQT o Em caso de intolerância à dapsona, ao invés PROFILAXIA de ofloxacino ou minociclina (1ª substituição • Diagnóstico e tratamento precoce em não gestantes), usa-se clofazimina + rifam- • Vacina BCG intradérmica em contatos intrado- picina miciliares assintomáticos (independentemente • LACTAÇÃO: não contraindica a PQT de o caso ser PB ou MB) • HANSENÍASE NEURAL PURA: deve ser tratada o Caso não tenha cicatriz de BCG ou tenha ape- como PB ou MB, conforme a carga bacilar nas uma → 1 dose o Caso tenha 2 cicatrizes de BCG → expectante EFEITOS ADVERSOS OBS.: A não cultivabilidade do M. leprae dificulta a • RIFAMPICINA: hepatite, síndrome pseudogri- elaboração de vacinas. pal, trombocitopenia, rash cutâneo, choque e in- OBS.: É necessário examinar a família mesmo do suficiência renal paucibacilar, porque, por mais que ele não trans- • DAPSONA: gastrite, acrocianose, anemia hemolí- mita, ele pode ter pego a doença de um multibacilar. tica, metemoglobinemia, fotodermatite, sín- drome de Stevens-Johnson, dermatite esfoliativa, eritrodermia, síndrome sulfona e neuropatia mo- tora periférica. • CLOFAZIMINA: pigmentação da pele e mucosas, ressecamento da pele que pode evoluir para icti- ose, dor abdominal e diminuição da peristalse • TALIDOMIDA: teratogenicidade, constipação intestinal, trombose, neuropatia sensitiva, edema unilateral e sonolência
RECIDIVAS São raras em pacientes regularmente tratados e, em geral, ocorrem após 5 anos; a recidiva por resis- tência medicamentosa é precoce, em até 3 anos da alta.
Desempenho da ecografia mamária na identificação do tumor residual pós-quimioterapia primária e a concordância entre a aferição ultrassonográfica e histopatológica
Manhãs de Propósito: Um ritual matinal simples pra você fazer em qualquer lugar do mundo, aumentando a produtividade, diminuindo a ansiedade e melhorando a saúde