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Revisão

SÍFILIS

1. Definição
Doença infecciosa causada pelo Treponema pallidum, de caráter sistêmico,
caracterizada por episódios de doença ativa (sintomáticos), interrompidos por
períodos de latência.

2. Epidemiologia

Estima-se uma prevalência de 3,5 milhões de novos casos de sífilis em todo


mundo anualmente, com destaque para os países em desenvolvimento. No Brasil,
foram notificado 87.593 casos de sífilis adquirida, 37.436 casos de sífilis em
gestantes e 20.474 casos de sífilis congênita em 2016. Destes casos, 185 evoluíram
para óbito. A maior proporção dos casos foi notificada na região Sudeste.
O modo de transmissão mais comum é o contato sexual com lesões infecciosas
(cancro, placa mucosa, exantema cutâneo ou condiloma plano), porém, a sífilis pode
ser adquirida também por contato pessoal não-sexual (principalmente contato com
sangue), transmissão vertical (mãe/feto) e transfusão sanguínea.

3. Fisiopatologia

O único hospedeiro natural conhecido para o T. pallidum é o ser humano, por


isso, e pelo fato de nunca ter sido cultivado em cultura, o conhecimento da patogenia
da sífilis é escasso e provém basicamente da observação da doença em humanos.

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Resumo de Sífilis 2

O T. pallidum penetra rapidamente nas mucosas íntegras ou em escoriações


microscópicas da pele e, em poucas horas, alcança os vasos linfáticos e sanguíneos,
provocando infecção sistêmica e focos metastáticos muito antes da lesão primária.
A lesão primária aparece no local de inoculação, persiste habitualmente por 4-6
semanas e cicatriza espontaneamente. O exame histopatológico revela infiltração
perivascular, principalmente por linfócitos TCD4+ e CD8+, plasmócitos e
macrófagos, com proliferação endotelial capilar e obliteração dos pequenos vasos
sanguíneos. A infiltração celular exibe um perfil de citocinas do tipo Th1 compatível
com a ativação dos macrófagos.
As manifestações generalizadas da sífilis secundária surgem habitualmente
cerca de 6-8 semanas após a cicatrização do cancro duro, no entanto, algumas
lesões secundárias podem aparecer na presença de cancro persistente, podem
surgir vários meses após a cicatrização ou podem não aparecer em nenhum
momento, passando para o estágio latente sem a manifestação das lesões
secundárias. As características das lesões cutâneas maculopapulosas secundárias
consistem em hiperceratose da epiderme, proliferação capilar com tumefação
endotelial do cório superficial, papilas dérmicas com transmigração de leucócitos
polimorfonucleares e, no cório mais profundo, infiltração perivascular por linfócitos T
CD8+ e CD4+, macrófagos e plasmócitos. Os treponemas são encontrados em
muitos tecidos, como o humor aquoso dos olhos e o líquido cefalorraquidiano (LCR).

4. Clínica

• Sífilis primária: manifestação clínica depende do número de treponemas


inoculados e do estado imunológico do paciente; caracteriza-se pelo surgimento
do cancro duro, após um intervalo de 10-90 dias da infecção (média 21 dias);
corresponde a uma lesão ulcerada, geralmente única e indolor, medindo 1-2cm,
com bordas bem delimitadas, endurecidas e elevadas; geralmente acompanhada
de linfadenopatia inguinal, móvel, indolor, sem sinais flogísticos; esse estágios
pode durar de 2-6 semanas e desaparecer de forma espontânea, independente
do tratamento.

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• Sífilis secundária: quadro clínico geralmente surge entre seis semanas e seis
meses após a infecção e duram, em média, entre 4-12 semanas; podem ocorrer
erupções cutâneas em forma de máculas (roséolas) e/ou pápulas,
principalmente no tronco, lesões eritemato-escamosas palmo-plantares (forte
indicação de sífilis secundária), placas eritematosas branco-acinzentadas nas
mucosas, lesões pápulo-hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas
(condiloma plano ou lata), alopecia em clareira, madarose, febre, mal-estar,
adinamia e mal-estar generalizado; nesse estágio, há presença significativa de
resposta imune, com intensa produção de anticorpos contra o treponema.
• Sífilis latente: se caracteriza pela ausência de manifestações clínicas e pode
durar de 3 a 20 anos; o diagnóstico só pode ser feito por testes sorológicos; é
dividida em recente (evolução < 1ano) e tardia (evolução > 1ano).
• Sífilis terciária: ocorre em, aproximadamente, em 30% das infecções não
tratadas, após um longo período de latência, podendo surgir entre 2-40 anos
depois do início da infecção; a sífilis nesse estágio se manifesta na forma de
inflamação e destruição tecidual. As principais lesões são as seguintes:
➢ Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter destrutivo.
➢ Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e
nódulos justa-articulares.
➢ Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma e estenosa de coronárias.
➢ Neurológicas: meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, atrofia do
nervo óptico, lesão do VII par, paralisia geral, tabes dorsalis (degeneração
lenta dos neurônios sensitivos) e demência.

* gomas sifilíticas: tumorações com tendência a liquefação.

5. Diagnóstico
• Pesquisa direta: pode ser feita através de microscopia de campo escuro
(sensibilidade de 74 a 86%), imunofluorescência direta, exame de material
corado, biópsias.

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• Testes imunológicos: são os mais utilizados na prática; para o diagnóstico devem


ser utilizados testes treponêmicos + testes não treponêmicos.
➢ Treponêmicos: detectam anticorpos específicos produzidos contra os
antígenos do T. pallidum;
Exemplos: testes de hemaglutinação e aglutinação passiva (TPHA), teste de
imunofluorescência indireta (FTA-Abs), quimioluminescência (EQL), ensaio
imunoenzimático indireto (ELISA), testes rápidos.
➢ Não treponêmicos: detectam anticorpos não específicos para os antígenos do
T. pallidum; podem ser quantitativos (titulação de anticorpos) ou qualitativos
(presença ou ausência de anticorpo).
Exemplos: VDRL, RPR (Rapid Test Reagin), TRUST.

6. Tratamento

• Sífilis primária, secundária e latente recente


Escolha: Penicilina G benzatina, 2,4milhões UI, IM, dose única (1,2milhão UI em
cada glúteo).
Alternativa: Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 15 dias (exceto gestantes) OU
Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 1x/dia, por 8-10 dias.
• Sífilis latente tardia ou de duração desconhecida e terciária
Escolha: Penicilina G benzatina, 2,4milhões UI, IM, dose única (1,2milhão UI em
cada glúteo), semanal, durante três semanas. (Dose total: 7,2 milhões UI).
Alternativa: Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 30 dias (exceto gestantes) OU
Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 1x/dia, por 8-10 dias.
• Neurossífilis
Escolha: Penicilina cristalina, 18-24 milhões UI/dia, IV, administrada em doses
de 3-4 milhões a cada 4 horas ou por infusão contínua, durante 14 dias.

Alternativa: Ceftriaxona 2g, IV ou IM, 1x/dia, por 10-14 dias.

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Referências bibliográficas

1. Goldeman L, Schafer AI. Goldman’s Cecil Medicine. 25th ed. Philadelphia: Elsevier
Saunders, 2016.
2. Kumar V, Abbas A, Fausto N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das
Doenças. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
3. Fauci AS, Braunwald E, Kasper DL, Hauser SL, Longo DL, et al. Harrison – Medicina
Interna. 17ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2008.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção
Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília, 2015.

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Resumo de Sífilis 6

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