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Infecções Sexualmente

Transmissíveis

Infecções bacterianas

Professora. Martha Eleonôra


SÍFILES

Lues, Cancro duro ou


protossifiloma
SÍFILES ou LUES
DEFINIÇÃO

 Doença infectocontagiosa, de evolução sistêmica e crônica,


que ocorre por transmissão sexual ou outros contatos
íntimos. Pode ser transmitida da mãe para o feto
(transplacentária) ou durante o parto.

 Estima-se que mais de 900 mil novos casos por ano ocorram
no Brasil, e no mundo mais de 12 milhões por ano.

 Determina lesões na pele e mucosas, podendo


comprometer outros tecidos, particularmente o sistema
cardiovascular e nervoso. Apresenta manifestações clínicas
locais e sistêmicas.

De acordo com a evolução clínica pode ser :


RECENTE ( < 1 ano de evolução)
TARDIA (> 1 ano de evolução)
SÍFILES
• Causada pela espiroqueta Treponema pallidum – é uma
bactéria que não se cora pela técnica de Gram e nem
cresce em meios de cultivo artificiais.
• Sensível ao calor, detergentes e antissépticos comuns,
frágil para sobreviver em ambientes secos.
• É um patógeno exclusivo do ser humano
SÍFILES
SÍFILES

 Após inoculação, as espiroquetas multiplicam-se


localmente e invadem a corrente sanguínea e
linfática.

 Após período de incubação, que varia de 10 a 90


dias, em média 21-30 dias, surge no local de
inoculação a lesão primária , o cancro duro.

 Com 30 dias surge a adenopatia satélite

 O cancro duro e a adenite satélite são conhecidos


como sífiles primária
PROTOSSIFILOMA

 Após 21 a 30 dias da inoculação surge o cancro duro


ou protossifiloma, caracteriza-se por úlcera
geralmente única, circular ou oval, indolor, de fundo
liso e limpo, de bordos endurecidos, medindo de 1 a 2
cm. Pode haver adenopatia inguinal, bilateral,
indolor e sem sinais flogísticos.

 Se não tratado pode persistir por 30 a 90 dias,


involuindo espontaneamente, sem deixar cicatriz.
Cancro duro ou Protossifiloma
Cancro duro em cavidade oral
Sífiles Primária
• O diagnóstico nesta fase deve ser realizado
pela microscopia em campo escuro
Coleta do fundo da úlcera
SÍFILES SECUNDÁRIA
 A Sífiles secundária surge 4 a 6 semanas (50 a 180
dias) após o aparecimento do cancro duro e decorre
da disseminação linfática e hematogênica do
treponema.

 Todas as manifestações involuem espontaneamente,


sem deixar sequelas mesmo na ausência de tratamento,
iniciando o período da sífiles latente.

 As manifestações clínicas são mais exuberantes,


subdivide-se em gerais, tegumentares e linfáticas
SÍFILES SECUNDÁRIA

 Manifestações gerais: febre, cefaléia e artralgia.

 Manifestações cutâneas: roséola sifilítica, exantema


máculopapular disseminado, localizados no tronco,
palma das mãos e planta dos pés. Despapilamento da
língua, alopécia areata e condiloma plano nas regiões
anogenitais.

 Manifestações linfáticas: micropoliadenopatia


generalizada. O acometimento do linfonodo epitroclear
é patognomônico da doença.
SÍFILES SECUNDÁRIA
SÍFILES SECUNDÁRIA
máculas
SÍFILES SECUNDÁRIA

• Exantema pápulo-escamoso
SÍFILES SECUNDÁRIA
As pápulas podem sofrer processo de hipertrofia em
regiões de dobras ou atrito, como axilas, regiões anal e
genital, espaços interdigitais e sulcos mamários, formando
os chamados condilomas planos.
.
Condiloma plano – diagnóstico diferencial
com o condiloma acuminado (HPV)
Condiloma plano – diagnóstico diferencial
com o condiloma acuminado (HPV)
SÍFILES SECUNDÁRIA

• Alopécia areata ou em clareira


SÍFILES LATENTE
 A sífiles latente é aquela em que não se tem
nenhuma sintomatologia, porém com provas
sorológicas positivas, sem história pregressa de
tratamento. Silêncio Clínico da doença.

 Os portadores são infectantes

 Dura cerca de 3 a 20 anos, evolui para a cura


espontânea em 1/3 dos casos, ou progride para a fase
terciária.

 Pode já existir neurossífiles assintomática.


.
SÍFILES TERCIÁRIA

A sífiles tardia é aquela com mais de 1 ano de


evolução, após o período de latência variável, surge as
manifestações da sífiles terciária.

• Manifestações cutâneas
• Manifestações ósseas
• Manifestações cardiovasculares
• Manifestações neurológicas
SÍFILES TERCIÁRIA
 Forma Cutânea: Nódulos, gomas ou eritema terciário.

 Forma Óssea: Artrite, periostite e osteocondrite

 Forma Cardiovascular: atinge as paredes dos vasos, levando à


aortite, que pode evoluir para insuficiência aórtica, aneurismas e
estenose do óstio coronariano. Podem surgir gomas sifilíticas no
septo interventricular ou parede do ventrículo.

 Forma Nervosa: Processos inflamatórios e degenerativos das


meninges e do parênquima favorecendo a formação de
aneurismas vasculares, demência e paralisia geral progressiva.
Comprometimento com lesões nos cordões posteriores da medula
– tabes dorsalis - perda de equilíbrio e dores intensas.
SÍFILES TERCIÁRIA
As lesões cutâneas são os nódulos e as gomas,
circunscritos, profundos e destrutivos.
Goma sifilítica
Diagnóstico da Sífilis
• Deve ser feito em pacientes com sinais
e sintomas da doença e em pacientes que
façam parte de algum grupo de risco,
que incluem pacientes cujo parceiro foi
diagnosticado com sífilis recente,
pacientes infectadas pelo vírus HIV,
pacientes expostos a relação sexual
desprotegida, profissionais do sexo e
homens que fazem sexo com homens.
Diagnóstico da Sífiles

Cancro duro e lesões mucocutâneas

 Microscopia em campo escuro:


Pesquisa direta do Treponema pallidum por
bacterioscopia em campo escuro – identifica-se
as bactérias vivas e móveis.

 Imunofluorescência direta

 Impregnação pela prata ( técnica de Fontana-


Tribondeaux)
Pesquisa do Treponema pallidum
Pesquisa em Campo escuro Impregnação pela prata
Diagnóstico da Sífiles

Todas as fases da sífiles


Sorologias

 Não treponêmicas – VDRL ( mais usada),


TRUST e RPR

 Treponêmicas - FTA-Abs, MHA-TP e Elisa


Diagnóstico sorológico

Testes sorológicos não treponêmicos

Antígenos não específicos - VDRL


( Veneral Disease Research Laboratory)

 Reação de floculação para detecção de antígenos cardiolipínicos,


tem alta sensibilidade e baixa especificidade, pode se ter
resultados falso-positivos

 Positiva cerca de 3 a 6 semanas após o surgimento da lesão


primária.

 Pode positivar também na mononucleose, hanseníase, malária,


lúpus, leptospirose e globulinopatias.
VDRL
 O VDRL utiliza a cardiolipina como antígeno para
quantificar anticorpos específicos circulantes no soro
do paciente em diluições progressivas com solução
salina 1:1, 1:2, 1:4 e assim por diante.
 Quanto maior for a diluição reagente, maior é a
concentração dos anticorpos.
 Os níveis de anticorpos ascendem a partir da fase de
inoculação, detectáveis a partir de 4 a 6 semanas,
alcançam o ápice na fase secundária e declinam na fase
latente e terciária.
 Portanto, a concentração elevada de anticorpos não se
relaciona com o progresso da doença.
 Serve para diagnóstico e controle de cura da doença
Diagnóstico sorológico
Testes Treponêmicos
Antígenos específicos – FTA-Abs
(Fluorescent Treponemal Antibody Absorption)

 Pesquisa a absorção de anticorpos treponêmicos


fluorescentes
 O FTA-Abs IgM expressa a atividade da doença.
 O teste permanece positivo mesmo após o
tratamento, não servindo para controle de cura.
 Muitos laboratórios não fazem mais o FTA-Abs, então
solicitar como teste treponêmico.
VDRL FTA-Abs Interpretação

Títulos a partir de Dispensam a Sífiles - Indicado tratamento


1:16 realização de
testes
treponêmicos

Títulos fracamente Reativo Sífiles atual ou pregressa .


reativos ( até 1:8) Tratamento indicado se não há
tratamento prévio ou se ocorre
elevação dos títulos.

Títulos fracamente Não-reativo Resultado falso- positivo.


reativos (até 1:8) Posteriormente repetir novo
teste e observar a clínica

Não reativa Não há Ausência de Sífiles. Lembrar que


necessidade de as reações sorológicas só se
testes tornam positivas no final da fase
treponêmicos do cancro.
Diagnóstico da neurossífiles
 Análise do líquido cefalorraquidiano
Aumento das proteínas totais (> 40 mg/ml)
Linfocitose ( > 10/ campo)
VDRL positivo

Solicitar o líquor, quando:


 Sorologia permanece positiva mesmo após o
tratamento
 Suspeita de neurossífiles
 Controle de cura
Tratamento da Sífiles – CDC e MS
2015
Sífiles recente (primária/secundária)
e latente (até 1 ano)

Penicilina G Benzatina
2.400.000 UI por via IM em dose única
(1.200.000 UI aplicados em cada região
glútea)
Tratamento – CDC e MS/2015
SÍFILES TARDIA

Com mais de 1 ano de duração, incluindo-se


também os casos de sífiles latente ( com mais
de 1 ano).

PENICILINA G BENZATINA
2.400.000 UI, IM, por semana,
por 3 semanas.
( total de 7.200.000 UI ).
Tratamento – CDC - 2015

Tratamento alternativo: Alérgicos à penicilina

DOXICICLINA- 100mg,VO,12/12h por 14 dias, se


recente e 28 dias se sífilis latente( 1ª opção)

CEFTRIAXONA 1 a 2g, IV ou IM, 1x ao dia, por


10 a 14 dias

TETRACICLINA 500, VO, 6/6 h por 14 dias, se


recente e 28 dias, se sífilis latente
Tratamento – MS/ 2015
Tratamento alternativo:

DOXICICLINA- 100mg,VO,12/12h por 15


dias, se recente e 30 dias se sífilis
tardia
TETRACICLINA – 500mg, VO, 6/6h,
durante 30 dias, se sífilis tardia
CEFTRIAXONA 1g, IV ou IM, 1x ao dia,
por 8 a 10 dias
Tratamento da Neurossífiles –
CDC/MS - 2015
PENICILINA G CRISTALINA
3 - 4 milhões de unidades, IV, 4/4h por dia
durante 14dias ( 18-24 milhões de UI/dia)

Droga alternativa ( alérgicos a Penicilina):


CEFTRIAXONA 2g, IV ou IM, 1x ao dia / 10 a 14
dias
Reação de Jarish-Hersheimer

 Em decorrência da liberação de toxinas treponêmicas,


nas primeiras 24 horas após a primeira dose do
tratamento, principalmente na fase exantemática, os
pacientes podem apresentar uma reação febril,
artralgia, mialgia, cefaléia e piora transitória das
lesões.

 Cede com uso de antitérmicos e analgésicos.

 Há quem indique o uso de 12 mg de betametasona IM e


AAS 500 mg ,VO, antes da primeira dose do antibiótico
Controle de cura
 Exames sorológicos de controle após o
tratamento deve ser trimestral no 1º ano.

 Os títulos devem ser decrescentes. Títulos


baixos
( VDRL 1:2 ou 1:4 ) e exame do líquor negativo
são considerados cicatriz sorológica.

 Caso ocorra aumento dos títulos, o doente


deve ser novamente tratado
DOENÇA ULCERATIVA
GENITAL

CANCRO MOLE
CANCRO MOLE
 É uma DST, causada pelo Haemophilus
ducreyi, um cocobacilo gram-negativo

 Também chamado cancróide, cancro


venéreo, úlcera mole, cancro de Ducreyi,
cavalo

 Esse microorganismo pode ser encontrado


em mucosa oral e genital normais.

 É mais frequente no homem e a mulher pode


ser portadora assintomática
CANCRO MOLE
 Após o contágio, o cocobacilo penetra por uma
solução de continuidade no epitélio

 Período de incubação varia de 4 a 7 dias, quando


surge pápula avermelhada que após 24 a 48h,
forma úlcera dolorosa.

 Caracteriza-se por apresentar úlceras únicas ou


múltiplas, localizadas nos genitais e ânus, podem
ter localização extragenital por auto- inoculação
CANCRO MOLE

 As úlceras são dolorosas, amolecidas de


bordos irregulares e avermelhadas,
recobertas por secreção purulenta com odor
fétido (fundo sujo) Podem confluir formando
úlceras gigantes.

 Pode ocorrer enfartamento ganglionar ( bubão)


unilateral em 75% dos casos, doloroso, que
pode supurar e fistulizar por um único orifício
Cancro mole
Cancro mole - Bubão
Úlcera e Bubão fistulado
Cancro mole
Diagnóstico do Cancro mole
BACTERIOSCOPIA ( GRAM)
 Identifica-se os cocobacilos curtos, Gram-
negativos, dispostos em”paliçadas”, em
”cardume de peixes” ou em cadeia simples.

 O preparo da lâmina
deve ser em único sentido
para não alterar o arranjo
das bactérias.
Diagnóstico do Cancro mole

CULTURA: de difícil execução pelas condições


requeridas para crescimento do agente,
semear imediatamente pós coleta;

SOROLOGIA: ELISA, não distingue se a


infecção é recente ou antiga.

PCR, sensibilidade de 95%.


Tratamento do Cancro mole
CDC - 2015

AZITROMICINA : 1g, VO, dose única;

CIPROFLOXACINA : 500mg,VO, 12/12h /3 dias

CEFTRIAXONA: 250mg, IM, dose única;

ERITROMICINA : 500mg, VO, 8/8h por 7 dias


Esquema segundo as diretrizes
terapêuticas do MS/2015

1ª opção:
• AZITROMICINA 1g, VO, dose única ou
• CEFTRIAXONA 500 mg, dose única, IM

2ª opção
• CIPROFLOXACINA 500 mg, VO 12/12
horas, por 3 dias
Diagnóstico diferencial
Cancro duro Cancro mole
 Período de incubação –  Período de incubação –
21 a 30 dias 2 a 5 dias
 Lesão única  Lesões múltiplas
 Erosão ou ulceração  Ulceração
 Base dura ( infiltrado  Base mole (reação
linfoplasmocitário) purulenta)
 Fundo limpo,  Fundo sujo, purulento,
eritematoso, seroso anfractuoso
 Bordas planas  Bordas escavadas
 Adenopatia bilateral,  Adenopatia unilateral,
indolor, múltipla, não inflamatória, dolorosa,
fistulizante, ocorrendo única, fistulizante por
em quase 100% dos orifício, em 30 a 60%
casos dos casos.
Diagnóstico sindrômico
Cancro Duro Cancro Mole
 Penicilina G Benzatina  Azitromicina 1g ,VO,
2,4 milhões UI, via IM, dose única, ou
em dose única.
 Ceftriaxona 250 mg, IM,
OU dose única, ou

 Doxiciclina 100 mg, VO,  Ciprofloxacina 500mg


12/12 h por 14 dias VO, 12/12h por 3 dias,
ou
( alérgicos a Penicilina)
 Eritromicina 500 mg, VO
6/6h por 7 dias
LINFOGRANULOMA
VENÉREO

Doença de Nicholas-Favre
Linfogranuloma Venéreo
 DST também chamada de doença de
Nicholas-Favre-Durand, quarta moléstia,
poroadenite supurativa benigna, “mula”

 Doença de transmissão exclusivamente sexual

 É causada da pela Chlamydia trachomatis,


sorotipos L1, L2 e L3, bactéria Gram-
negativa de parasitismo intracelular
obrigatório.

 Caracteriza-se pela presença de grande


bubão inguinal.
Linfogranuloma Venéreo

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Penetra na pele ou mucosa através de solução de
continuidade (microerosões), iniciando o seu
parasitismo celular. Por possuir características
linfotrópicas, invade os linfáticos locais

 Após período de incubação de 4 a 21 dias, surge, no


local de penetração, uma pápula, pústula ou pequena
ulceração indolor que desaparece em poucos dias.
Linfogranuloma Venéreo
 Após um período que varia de 10 dias a 6 meses,
inicia-se a adenopatia inguinal, uni ou bilateral.
 Os linfonodos afetados associados ao processo
inflamatório , constituem o bubão, inicialmente
doloroso.
 Com a evolução da doença, o tumor aumenta,
absceda, apresentando pontos de flutuação.
Depois surgem vários orifícios (fistulas), por onde
se elimina a secreção purulenta (supuração em bico
de regador).
Linfogranuloma Venéreo
Linfogranuloma Venéreo

O comprometimento ganglionar, associado às


lesões cicatriciais, acarretam estenoses e
linfedemas importantes.
Na fase crônica pode acometer os lifonodos
pararretais, causando estenose do reto.
Podendo ocorrer proctite , retite, sangramento,
incontinência fecal ou obstipação, destruição
de tecidos com aparecimento de fístulas e
elefantíase da genitália.
Fístulas perianais do linfogranuloma
venéreo
Diagnóstico do Linfogranuloma Venéreo

 Imunofluorescência direta

 Elisa ou teste de fixação do complemento

 PCR ( Reação de cadeia de polimerase)


Amplificação de sequências de DNA da
clamídia, identifica o sorotipo envolvido.

 CULTURA em células de McCoy


Linfogranuloma Venéreo
• Considerar a opção de punção para esvaziamento do bubão
com agulha de grosso calibre.
• Incisão e drenagem são formalmente contraindicados
Linfogranuloma Venéreo
TRATAMENTO -CDC/2015

Recomendado:

• DOXICICLINA 100mg, 12/12h, 21 dias*

Alternativos:

• AZITROMICINA 1g VO, 1x/sem/ 3 semanas*


• ERITROMICINA 500mg, 6/6h, 21 dias

* Somente estes recomendados pelo MS/2015

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