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ATUALIZAÇÃO NO MANEJO DA SÍFILIS

Lécio Rodrigues Ferreira

Uso do Teste rápido (TR sífilis) para investigação de sífilis nas gestantes internadas
no pré parto ou atendidas no ambulatório de pré natal.
Considerando a epidemia de sífilis no Brasil e a sensibilidade dos fluxos de diagnóstico, recomenda-se
iniciar a investigação pelo teste treponêmico (ex.: TR Sífilis), que é o primeiro teste a ficar reagente. Dessa
forma, recomendamos a adoção dos fluxogramas abaixo para o manejo da sífilis em nossa instituição.

Figura 1. Fluxograma para manejo da sífilis com uso do TR Sífilis – gestante no pré parto para resolução de gestação

Figura 2. Fluxograma para manejo da sífilis com uso do TR Sífilis – gestante em acompanhamento pré natal
(ambulatório)

Av. Wanderley Taffo, nº 330 – Quintino Facci II - CEP 14070-250 – Ribeirão Preto – SP Fone: (16) 3962-
8200 - Fax: (16) 3962-8213
(*) Estágio Clínico
Sífilis Primária -> Manifestação clínica: Cancro duro (úlcera genital), Linfonodos regionais.
Tratamento: Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo).
Sífilis Secundária -> M. clínica: Lesões cutâneo-mucosas (roséola, placas mucosas, sifílides papulosas, sifílides
palmoplantares, condiloma plano, alopecia em clareira, madarose, rouquidão). Micropoliadenopatia, Sinais
constitucionais, quadros neurológicos, oculares, hepáticos.
Tratamento = tratamento da sífilis primária.
Sífilis Latente Recente (Duração da Infecção < 2 anos) -> M. clínica: Assintomática.
Tratamento = tratamento da sífilis primária.
Sífilis Latente Tardia (Duração da Infecção > 2 anos) -> M. clínica: Assintomática.
Tratamento: Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, 1x/sem (1,2 milhão UI em cada glúteo) por 3 semanas.
Dose total: 7,2 milhões UI.

Sífilis Terciária -> M. clínica: Cutâneas: lesões gomosas e nodulares, de caráter destrutivo; Ósseas: periostite, osteíte
gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares; Cardiovasculares: estenose de coronárias,
aortite e aneurisma da aorta.
Tratamento = tratamento de sífilis latente TARDIA.
Sífilis Terciária (Neurossífilis) -> M. clínica: meningite, gomas do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão
do sétimo par craniano, manifestações psiquiátricas, tabes dorsalis e quadros demenciais como o da paralisia geral.
Tratamento: Benzilpenicilina procaína 18-24 milhões UI, 1x/dia, EV, administrada em doses de 3-4 milhões UI, a cada
4 horas ou por infusão contínua, por 14 dias.
❖ A benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para tratamento adequado das gestantes. O intervalo
entre doses não deve ultrapassar 14 dias. Caso isso ocorra, o esquema deve ser reiniciado (WHO, 2016).

(**) Tratamento Adequado


Atualmente, para definição de resposta imunológica adequada, utiliza-se o teste não treponêmico não reagente ou
uma queda na titulação em duas diluições em até seis meses para sífilis recente e queda na titulação em duas diluições
em até 12 meses para sífilis tardia.
Para o seguimento do paciente, os testes não treponêmicos (ex.: VDRL/RPR) devem ser realizados mensalmente nas
gestantes e, no restante da população, a cada três meses no 1º ano de acompanhamento (3, 6, 9 e 12 meses). O
monitoramento mensal das gestantes e da população geral aos três e aos nove meses não tem o intuito de avaliar
queda da titulação, mas principalmente descartar aumento da titulação em duas diluições, o que configuraria
reinfecção/reativação e necessidade de retratamento da gestante e da parceria sexual.
Os testes treponêmicos (ex. testes rápidos, FTA-Abs, TPHA) permanecem quase sempre reagentes por toda a vida,
apesar de tratamento adequado. Entretanto, frente a achados clínico-epidemiológicos, na ausência de tratamento,
são indicativos de doença ativa. Ainda assim, os testes não treponêmicos devem ser solicitados para
acompanhamento sorológico.
Entende-se por tratamento inadequado o caso de parceiro(s) sexual(is) com sífilis sintomática ou com testes
imunológicos positivos não tratados ou tratados inadequadamente. As parcerias sexuais de casos de sífilis primaria,
secundária ou latente precoce podem estar infectadas, mesmo apresentando testes imunológicos não reagentes e,
portanto, devem ser tratadas presumivelmente com apenas uma dose de Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI,
IM, dose única.
Observações adicionais:
➢ Crianças nascidas de mulheres que têm história bem documentada de tratamento adequado para sífilis em
qualquer estágio clínico, anterior à gestação, sem aumento na titulação dos testes não treponêmicos
durante a gestação e sem fator de risco conhecido de reinfecção, não são consideradas expostas, e não
precisam ser investigadas para sífilis congênita.
➢ Conceito de criança exposta à sífilis: aquela nascida assintomática, cuja mãe foi adequadamente tratada e
que tem titulação teste não treponêmico até uma diluição maior que o materno (ex: RN 1/16 e mãe 1/8).
Ela deve fazer seguimento, mas não deve ser notificada nem tratada;
➢ Crianças assintomáticas, cuja mãe foi adequadamente tratada e que tem titulação do teste não
treponêmico menor que a mãe não necessitam investigação completa, com hemograma, líquor e
Radiografias.

Fonte: PCDT para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) – Ministério da Saúde 2018.
Disponível em:
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes

Av. Wanderley Taffo, nº 330 – Quintino Facci II - CEP 14070-250 – Ribeirão Preto – SP Fone: (16) 3962-
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