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Sífilis Congénita
Carla Zilhão1, Rui Almeida1, Clara Vieira1, Guilhermina Reis2, Margarida Guedes3
Quadro II
Achados clínicos na Sífilis Congénita
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE
Precoce Tardia (>2 anos)
CRIANÇAS COM MAIS DE UM MÊS
• Hepatoesplenomegalia (com ou sem • Bossas frontais
icterícia) DE IDADE
• Maxilares pequenos
• Hepatite Crianças com testes serológicos
• Nariz em sela
• Pancreatite reactivos para a Sífilis detectados após o
• Macrognatia
• Miocardite • Palato com arco elevado período neonatal obrigam a uma revisão
• Má-absorção GI • Dentes de Hutchinson* dos registos maternos (serologias), com
• Anemia (hemolítica não imune) (incisivos superiores em forma de mola) o intuito de distinguir uma Sífilis congénita
• Trombocitopenia • Molares em framboesa de uma Sífilis adquirida.
• Linfadenopatia generalizada • Fissuras periorais (rágadas) Se existir a possibilidade de se tratar
• Alterações ósseas • Derrames articulares bilaterais nos de uma Sífilis congénita, deve-se proce-
- periostite diafisária (ossos longos) membros inferiores (joelhos), articulação
- osteocondrite (distrofia metafisá- der a uma avaliação completa (incluindo
de Clutton
ria) que condiciona a pseudo-para- exame do LCR, exame oftalmológico,
• Sinal de Higouménakis (espessamento
lisia de Parrot ecografia transfontanelar, potenciais
da porção esterno-clavicular da clavícula)
- sinal de Wimberger (destruição • Tíbias em sabre auditivos evocados, etc.).
da região medio-proximal das • Escápulas aladas Qualquer criança com a possibili-
tíbias) • Queratite intersticial* dade de apresentar uma Sífilis congénita
• Lesões muco-cutâneas • Alterações neurológicas (diagnosticada após o primeiro mês de
- placas mucosas - atraso mental vida) ou com envolvimento neurológico
- máculas pigmentadas (condiloma - surdez do VIII par craneano* deve ser tratada com PNC G cristalina
lata) - hidrocefalia
- exantema maculo-papular ou aquosa, 50 000 U/kg/dose, IV, cada 4-6
- tabes juvenil
vesicobolhoso, que evolui para horas, durante 10 dias (5,6). Poderá
descamação ainda ser administrado uma dose única
- qualquer exantema inexplicável de PNC G benzatínica 50 000 U/kg, IM,
que atinja as palmas das mãos ou no fim do tratamento referido anterior-
as plantas dos pés mente.
- dermatite das fraldas intratável
• Rinite persistente
• Nefrite/Síndrome nefrótico
OUTROS ESQUEMAS TERAPÊU-
• Pneumonite (“pneumonia alba”)
• Alterações neurológicas TICOS
- invasão assintomática do SNC As crianças que manifestem alergia
- leptomeningite à PNC devem ser dessensibilizadas e
- meningovasculite crónica tratadas com PNC. Se se optar por um
- hidrocefalia antibiótico que não a PNC deve ser feita
- paralisia dos nervos craneanos uma monitorização rigorosa das
- enfarte cerebral serologias e de alterações do LCR, uma
- convulsões vez que não há dados concretos acerca
- hipopituitarismo
da eficácia de outros fármacos (p. ex.
• Anomalias oftalmológicas
- coriorretinite ceftriaxone).
- cataratas
- glaucoma/uveíte
• Má evolução estatoponderal SEGUIMENTO
• Febre Todos os RN seroreactivos (ou RN
Notas: A sublinhado os achados mais frequentes. (*)Tríade de Hutchinson. A queratite intersticial, com mãe seroreactiva na altura do parto)
a surdez e a articulação de Clutton podem representar um fenómeno de hipersensibilidade. devem ser examinados ao 1º mês de
vida; aos 2-3 meses devem ser reexa-
minados e testados serologicamente2,
devendo esta avaliação manter-se com
este intervalo de tempo (i.e. cada 2-3
meses) até que os testes se tornem não
reactivos ou que o título desça 4 vezes3.
2
A VDRL deve ser executada preferencialmente no mesmo laboratório dos exames anteriores. Os títulos de VDRL devem diminuir
3
Adescida do título 4 vezes é equivalente a uma redução de duas diluições (p. ex. de 1:16 para 1:4 diluições).
pelos 3 meses e devem ser não reactivos