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Infecções Congênitas

ZTORCHS
IZABELA RIBEIRO
SANYA ROHEN
INFECÇÕES CONGÊNITAS
01 02 03
Toxoplasmose Rubéola Zika

04 05 06
Citomegalovírus Herpes HIV

07 08
Hepatite B e C Sífilis
CASO CLÍNICO 01
J. S. C., sexo feminino, nascida em 12/01/19 no HU-FURG, de parto cesáreo, pesando 3172g, 49 cm de altura e PC
35. A genitora, 18 anos, residente em São José do Norte, foi acompanhada durante a gestação na UBS local. O
acompanhamento pré-natal constituiu-se de oito visitas iniciadas no 1º trimestre da gravidez. Nesse período,
os exames de rotina apresentaram os resultados de VDRL NR; rubéola IgM negativo e IgG positivo; CMV IgM
negativo e IgG positivo; toxoplasmose IgM negativo e IgG negativo; HIV NR e HBsAg NR. No 3º trimestre da
gravidez, quando os exames foram repetidos, foi constatada a soroconversão para a toxoplasmose, IgM e IgG
positivas. Os demais parâmetros mantiveram-se inalterados. Após o diagnóstico de toxoplasmose materna,
primoinfecção, foi iniciado tratamento com espiramicina. Diante desse diagnóstico e estando a genitora na 36ª
semana de gestação, foi realizado parto cesáreo. Dois dias após o nascimento, os exames do LCR do RN
apresentaram os seguintes resultados: glicose – 37; proteínas – 94; Reação de Pandy – positiva; bacterioscopia –
negativa; exame ecográfico – normal e triagem neonatal, sem alterações; IgG anti-Toxoplasma gondii – positiva
e IgM anti-Toxoplasma gondii – negativa. Por outro lado, os resultados da sorologia materna para IgG e
IgM – anti-Toxoplasma gondii – foram ambos positivos. Com relação à sorologia da mãe, os resultados para
IgG – anti--Toxoplasma gondii – foi positivo e IgM anti-Toxoplasma gondii, positivo. No exame físico, a criança se
apresentava em bom estado geral.
17%
é o risco de transmissão no 1º trimestre de
gestação, com repercussões graves: óbito

25%
fetal ou neonatal

é a taxa de transmissão no 2º trimestre, o RN


pode apresentar manifestações subclínicas

65%
no terceiro trimestre com repercussões leves,
raramente apresenta quadro de parasitemia
TOXOPLASMOSE

CORIORRETINITE CALCIFICAÇÕES HIDROCEFALIA ATRASO


CEREBRAIS NEUROPSICOMOTOR

➔ Natimortalidade e morte neonatal (5%)


➔ Formas subclínicas (70%)
➔ Formas leves (20%)
➔ Formas graves: Neurológica (coriorretinite + alterações do LCR + anemia +
convulsões + calcificações cerebrais + hidrocefalia + microcefalia) e
Generalizada (icterícia + hepatoesplenomegalia + linfadenopatia + febre +
alterações do LCR + coriorretinite + anemia + petéquias + eosinofilia +
trombocitopenia + surdez neurossensorial)
TOXOPLASMOSE
TOXOPLASMOSE
DIAGNÓSTICO
GESTACIONAL
● Sorológico: IgG, IgM, avidez de IgG
● Alterações na USG fetal: hidrocefalia, calcificações cerebrais e hepáticas,
ascite, cardiomegalia, alterações placentárias
● Amniocentese: PCR

NEONATAL
● Específicos: Isolamento direto do parasita, teste de aglutinação ISAGA
(padrão-ouro), IgM, IgG, IgA, PCR, reação de Sabin Feldman
● Avaliação oftalmológica, neurológica e auditiva
● Imagem: Rx, USG, RM e TC de crânio, Rx de tórax, Ecocardio
● Oftalmoscopia, Audiometria com emissões otoacústicas (EOA) e potencial
evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE)
● Hemograma, perfil hepático e renal
● Análise de LCE
● Eletroencefalograma
TOXOPLASMOSE
TOXOPLASMOSE
TOXOPLASMOSE
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO: Fluxograma
TRATAMENTO
GESTACIONAL
● Espiramicina 1g 3x/dia
● Esquema tríplice (Sulfadiazina 3g/dia, Pirimetamina 50mg/dia, Ácido folínico
15mg/dia)
● Se coinfecção HIV e CD4 < 200: Sulfametoxazol + Trimetropim

NEONATAL
● Sulfadiazina 100mg/kg/dia VO a cada 12 horas nos 6 primeiros meses, após esse
período 1x/dia até completar 1 ano
● Pirimetamina 2mg/kg/dia VO a cada 12 horas por 2 dias, após esse período
1mg/kg/dia dose única por 6 meses, após 3x/semana (seg, qua, sex) até 1 ano
● Ácido folínico 15mg 3x/semana, mantendo-se por 1 semana após retirada da
pirimetamina, aumentar para 15mg/dia se neutropenia
● Prednisona (se proteínas no LCE igual ou superior a 1g/dL e/ou coriorretinite em
atividade) 0,5mg/kg/dose VO a cada 12 horas por 4 semanas, ou até proteína <
1g/dL ou melhora da coriorretinite
● Atovaquona
CASO CLÍNICO 02
Gestante 14s + 1d vem a sua consulta pré-natal de rotina trazendo exames. Relata ter ficado
assustada com resultado de um exame pois tinha dado positivo para rubéola e citomegalovírus. Estava
assustada e com medo do que isso poderia significar para ela e seu bebê. Além disso, durante a
consulta comentou sobre uma viagem que planejava fazer com sua família para o Nordeste. Você
prosseguiu com a entrevista clínica, identificou que se trata de um pré-natal de baixo risco, sem outras
queixas no momento. Realizou exame físico de rotina, sem particularidades. Abaixo, o resultado dos
exames que preocupavam a gestante.

Citomegalovírus: IgG 142,5 (VR reagente > 6,0) IgM 0,21 (VR não reagente < 0,85)

Rubéola: IgG 146 (VR reagente > 10,0) IgM 0,62 (VR não reagente < 1,20)

Quais orientações você daria a paciente?


RUBÉOLA

CATARATA SURDEZ MICROCEFALIA ATRASO MALFORMAÇÕES


CEGUEIRA NEUROSSENSORIAL NEUROPSICOMOTOR CARDÍACAS

➔ É uma infecção causada por vírus RNA, transmitida ao recém-nascido por via
transplacentária. A taxa de infecção fetal é em torno de 54% nas primeiras 8 semanas,
34% da 9ª a 12ª semana e de 10% da 13ª a 24ª semana de gestação. Cerca de 85% das
malformações aparecem quando a infecção ocorre nas primeiras 12 semanas, 54% da
13ª a 16ª semana e 25% no final do 2º trimestre.
RUBÉOLA - PREVENÇÃO
● Como medidas profiláticas é indicada a imunização ativa para mulheres
susceptíveis que não estejam grávidas ou imunização passiva com
gamaglobulina 0,55ml/kg IM para a mãe exposta susceptível.

● Esta medida pode reduzir as manifestações clínicas da rubéola na mãe em


80% os casos, porém não previne a infecção fetal.

● No caso de RN com diagnóstico confirmado, é indicado o isolamento de


contato durante o primeiro ano de vida em caso de internação.
RUBÉOLA - DIAGNÓSTICO
As alterações laboratoriais que podem se encontradas são:

● Bilirrubinas total e frações – aumento de BD;


● Enzimas hepáticas aumentadas;
● Hemograma com plaquetas– anemia e trombocitopenia;
● LCR – aumento da celularidade e proteínas;
● RX de ossos longos – padrão ósseo do fêmur desorganizado com estrias longitudinais
radiolucentes;
● Sorologia – ELISA de captura – IgM positivo;
● Inibição da hemaglutinação – aumento e persistência dos títulos de IgG por mais de 6
meses e títulos > que 4 vezes o materno indica infecção; IgM pode ser falso + ou -;
● Isolamento do vírus (orofaringe, líquor, urina e sangue);
● Resposta linfoproliferativa – diminuída.
RUBÉOLA - TRATAMENTO
● Não há tratamento específico. É obrigatório o acompanhamento multidisciplinar com
atenção especial à reabilitação da criança com retardo no desenvolvimento
neuropsicomotor e deficiências sensoriais.

MÉDICO TERAPIA
OCUPACIONAL

FONOAUDIOLOGIA FISIOTERAPIA
ZIKA VÍRUS
● O vírus Zika é um Flavivírus capaz de causar
infecção em humanos; o primeiro caso
diagnosticado no Brasil ocorreu no ano de 2015, na
Região Nordeste.
● A maioria das pessoas infectadas apresentará a
forma assintomática. Em pessoas sintomáticas, os
principais sinais e sintomas são rash cutâneo,
febre, conjuntivite, cefaleia, dores articulares e
mialgia.
● As anomalias congênitas associadas à infecção pelo
vírus Zika foram observadas logo após a entrada do
vírus no território nacional.
● A microcefalia foi o acometimento mais frequente
do SNC e desencadeou situação de alerta no Brasil
naquele momento, por ter sido considerado uma
Situação de Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional (2016).
ZIKA VÍRUS
● A principal medida de combate à infecção é a prevenção, com medidas de controle do vetor e
medidas protetivas individuais (uso de repelentes e de roupas com mangas longas e calças
compridas), de modo a diminuir a chance de picada pelo mosquito. Além do uso do preservativo.
Ainda não há vacinas para prevenir a infecção pelo vírus Zika e nem tratamento específico.
ZIKA VÍRUS
● Em áreas endêmicas, casais que desejam a concepção devem ser orientados quanto aos riscos
da infecção pelo vírus Zika e a possibilidade de malformações fetais.
● Para áreas endêmicas, a recomendação para uso contínuo do preservativo durante toda a
gestação deve fazer parte do aconselhamento durante as consultas de pré-natal.
● Até o presente momento, não há casos de transmissão por meio da reprodução assistida, mas se
recomenda que, nos tratamentos de fertilidade, os prazos acima citados sejam considerados.
● O diagnóstico precoce da infecção pelo vírus Zika na gestante, por meio de exames de detecção
do RNA viral mediante PCR e/ou sorologias, auxilia no rastreamento das gestações de alto risco.
Esses exames também são utilizados no seguimento especializado para a criança que tenha
nascido com alguma anomalia congênita.
CITOMEGALOVÍRUS (CMV)
Embora a maioria dos recém-nascidos seja assintomática ao nascimento, entre 5
e 15% podem ter anormalidades tardias meses a anos após o nascimento,
principalmente surdez neurossensorial, que pode ser bilateral em até 50% dos
casos.

PETÉQUIAS HEPATOESPLENOMEGALIA MICROCEFALIA E


TROMBOCITOPENIA ICTERÍCIA CALCIFICAÇÕES
COLESTASE PERIVENTRICULARES

RESTRIÇÃO DO CRESCIMENTO PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL


INTRAUTERINO
CMV - PREVENÇÃO
CMV - DIAGNÓSTICO
<- PADRÃO OURO

● Embora os testes sorológicos disponíveis comercialmente sejam os exames mais comumente solicitados,
eles têm papel limitado no diagnóstico da infecção congênita por CMV, pela baixa sensibilidade e
especificidade quando comparados ao isolamento viral.
● A detecção de IgM anti-CMV sérica no RN é sugestiva de infecção congênita por esse vírus, mas deve ser
sempre confirmada por meio de sua detecção na urina e/ou saliva.
● Por outro lado, a ausência de IgM anti-CMV não exclui o diagnóstico de infecção congênita. Dependendo
do teste sorológico utilizado apenas 30 a 80 % dos RN com infecção congênita confirmada pela detecção
viral apresentam teste IgM anti-CMV positivo ao nascimento.
● Com relação aos anticorpos IgG anti-CMV, a interpretação é difícil, porque a maioria das crianças recebe
esses anticorpos passivamente da mãe, pela elevada prevalência dessa infecção na população geral.
Testes sorológicos seriados podem demonstrar aumentos significativos dos títulos de anticorpos IgG, não
permitindo, entretanto, diferenciar a infecção congênita daquela que ocorreu após o nascimento.
CMV - INVESTIGAÇÃO
CMV - TRATAMENTO
CMV - POR QUE NÃO É ROTINA NO PRÉ-NATAL?
– Não existe uma vacina capaz de prevenir a infecção em gestantes soronegativas.

– Nas gestantes soropositivas é difícil diferenciar entre infecção primária e recorrência ou determinar
o tempo de infecção, que pode ter acontecido antes da gestação;

– Não há evidências de que o tratamento da infecção primária materna previna ou reduza sequelas da
infecção no feto;

– Apesar de a infecção do feto poder ser detectada, não há um método que mostre o desenvolvimento
ou não de sequelas importantes.

O Ministério da Saúde e a Febrasgo não recomendam o rastreamento de rotina do citomegalovírus nas


consultas de pré-natal da gestação, pois não há consenso quanto à efetividade do tratamento da
doença.
CASO CLÍNICO 03
RN do sexo masculino no 4ºdv, nascido de parto vaginal com bolsa rota no ato, capurro 39+1,
pesando 3120g, APGAR 9/9, apresenta quadro de irritabilidade e dificuldade para mamar. Em
aleitamento materno exclusivo desde o nascimento. Mãe refere “bolhas” na região genital, notadas dias
antes do parto. Ao exame físico, o RN apresenta as seguintes lesões orais:
HERPES-SIMPLES
● Transmissão intraútero, intraparto ou pós-natal
● Período de incubação: 2 a 20 dias

Maior risco se
primoinfecção

Taxa de transmissão
no parto vaginal chega
a 50%

Se infecção
recindivante:
3-5%
HERPES-SIMPLES: Manifestações clínicas

INFECÇÃO DO SNC
INFECÇÃO DE PELE, Encefalite: líquor com
OLHO E BOCA pleocitose e concentração
Vesículas, pápulas elevada de proteínas; com
eritematosas e pústulas, ou sem envolvimento de
que evoluem para crostas pele, olhos e boca
hemáticas

INFECÇÃO
DISSEMINADA
Hepatite, pneumonite e/ou
coagulação intravascular
disseminada, com ou sem
encefalite ou doença de pele

➔ Meningoencefalite herpética: instabilidade térmica, letargia, má aceitação alimentar, irritabilidade,


tremores, convulsões e fontanela anterior ampla
HERPES-SIMPLES: Manifestações clínicas
HERPES-SIMPLES: Diagnóstico e Tratamento
● Cultura de HSV ou PCR, exame do líquor
● Imunofluorescência de esfregaço das lesões
● Teste de Tzanck
● Aciclovir parenteral
➔ 20mg/kg/dose EV a cada 8h por 14 a 21 dias
➔ Se acometimento do SNC manter tratamento com Aciclovir VO,
300mg/m² 3x/dia por 6 meses
➔ Terapia de suporte: hidratação adequada, alimentação, suporte
respiratório, correção das anormalidades de coagulação e
controle das convulsões
● Terapia tópica para ceratoconjuntivite herpética
➔ trifluridina a 1%, pomada de vidarabina a 3% ou iododesoxiuridina
a 0,1% a cada 2 a 3 h, com máximo de 9 doses nas 24 h
● Prevenção: Aciclovir ou Valaciclovir VO nas últimas semanas de gestação;
cesariana se lesões genitais ativas
CASO CLÍNICO 04
Gestante de 38 semanas de idade gestacional dá entrada no centro obstétrico em trabalho de
parto e com a bolsa rota há mais ou menos 2 horas. Apresenta diagnóstico de infecção pelo HIV,
em uso irregular de TARV, não faz acompanhamento e não fez pré-natal. A mãe fez uso de
Zidovudina venosa no período periparto. O parto vaginal ocorreu sem intercorrências com
neonato do sexo feminino apresentando índice de Apgar 8 e 9 no primeiro e quinto minuto,
respectivamente, com peso de nascimento de 2.950 gramas.

Como realizar o manejo do RN na sala de parto?


HIV - Manejo do RN exposto de baixo risco
HIV - Manejo do RN exposto de alto risco
HIV - Cuidados imediatos pós-parto
● Clampeamento imediato do cordão umbilical
● Realize banho imediatamente após o nascimento com água corrente e
limpe com compressas macias sangue e secreções visíveis no RN
● Aspire delicadamente as vias aéreas do RN, evitando traumatismos em
mucosas
● Aspire delicadamente conteúdo gástrico de líquido amniótico com sonda
oral, evitando traumatismos
➔ se houver presença de sangue, realize lavagem gástrica com soro
fisiológico
● Coloque o RN junto à mãe o mais breve possível
● Iniciar 1ª dose do AZT solução oral nas primeiras 4h de vida
● Orientar não amamentação (cabergolina)
HIV - Esquema profilático e doses
HIV - Acompanhamento clínico
● Acompanhamento mensal até 6m e bimestral a partir do 1º ano
● A exclusão definitiva do diagnóstico de HIV na criança é baseada na presença de
todos os critérios abaixo:
➔ Pelo menos duas CV-HIV indetectáveis obtidas após suspensão da
profilaxia antirretroviral;
➔ Boas condições clínicas, bom desenvolvimento neuropsicomotor e sem
evidências de déficit imunológico;
➔ Uma sorologia anti-HIV não reagente realizada depois de 12 meses de
idade. Na presença de não soroconversão nesta idade, deve-se
aguardar até os 18 meses para nova coleta de anti-HIV
● A infecção pelo HIV pode ser excluída presumivelmente quando a criança não
está sendo amamentada, esteja assintomática e com imunidade normal, e com
pelo menos duas CV-HIV negativas, após o término da profilaxia antirretroviral
HIV - Orientações de alta
● Reforce a contraindicação ao aleitamento cruzado e o uso de leite humano com pasteurização
domiciliar
● Oriente sobre o direito da criança em receber a FI, pelo menos até completar 6 meses
● Anote no resumo de alta do RN informações sobre:
➔ Pré-natal
➔ Condições do nascimento
➔ Tempo de uso do AZT injetável na mãe
➔ Momento do início do AZT xarope e da NVP no RN, dose utilizada, periodicidade e data de
término
➔ Mensurações antropométricas, tipo de alimento fornecido à criança e outras
informações importantes relativas ao parto
● Preencha as fichas de notificação da “Criança exposta ao HIV” e envie ao núcleo de vigilância
epidemiológica competente
● Atente para as anotações feitas na carteira do RN referentes a dados relativos à exposição ao HIV
(comprometendo o sigilo). A caderneta da criança é um documento comumente manuseado pela
família e algumas vezes requerido no trabalho dos progenitores para liberação do salário-família e
para frequência à creche
● Referencie/contrarreferencie, com consulta agendada, para a Atenção Primária à Saúde (APS) e para
o serviço especializado do cuidado de pessoas vivendo com HIV
● Enfatize a importância de comparecer à consulta de acompanhamento da criança exposta ao HIV
HEPATITE B
● Transmissão intraparto (transplacentária em <2%)
● Risco de transmissão de 70 a 90%
● Em geral assintomática, mas pode causar doença crônica subclínica mais tarde
na infância ou idade adulta
● Quadro clínico: icterícia, letargia, má evolução ponderal, distensão abdominal e
fezes claras
● Diagnóstico sorológico
➔ HBsAg, HBeAg, anti-HBs, anti-HBe, quantificação do DNA do HBV no
sangue
● Hemograma, TGP, alfa-fetoproteína, USG hepática
● Raramente doenças graves podem provocar insuficiência hepática aguda e
necessidade de transplante
● Tratamento de suporte, vacina HAV
● Prevenção: imunização, Lamivudina ou Telbivudina no 3º tri
● A amamentação é liberada
HEPATITE B
● Se mãe HBsAg+: 1 dose de HBIG 0,5 mL IM + 1ª dose da vacina HBV nas primeiras
12 h de vida (2ª dose 1 a 2 meses e 3ª dose 6 a 18 meses após)
➔ se RN < 2kg, 1ª dose com 30 dias, 2ª dose 1 a 2 meses e 3ª dose 6 a 18
meses após
● Se mãe HBsAg desconhecido: 1ª dose da vacina HBV nas primeiras 12h de vida e
doses subsequentes
➔ se RN < 2 kg, 1 dose de HBIG 0,5 mL IM + 1ª dose da vacina HBV nas
primeiras 12 h de vida
➔ se RN ≥ 2 kg e mãe pode ser testada, IGHB pode ser adiada por até 7
dias na pendência de um teste materno positivo para HBsAg.
● Se mãe HBsAg-:1ª dose da vacina HBV nas primeiras 24h após o nascimento se
estão clinicamente estáveis e pesam ≥ 2 kg
➔ se RN < 2kg 1 dose no primeiro mês ou antes da alta
● Testar HBsAg e anti-HBs aos 9 e 15 meses para todos os neonatos nascidos de
mães HBsAg+
HEPATITE C
● Não há recomendação pelo Ministério da Saúde para testar hepatite C no
pré-natal
● Se mãe HCV+, 2% a 7% de chance de transmissão vertical
➔ coinfecção HIV aumenta o risco em 2x
● Intra-uterino vs. periparto?
● Não há recomendações sobre via de parto
● Assintomáticos, podem demonstrar apenas níveis elevados de
transaminases
● Leite materno produz ácidos graxos livres que destroem o envelope viral do
VHC
HEPATITE C
CASO CLÍNICO 05
Recém-nascido, sexo masculino, parto vaginal, com IG 39+8, pesando 3,375 kg, apgar
9/9. A mãe apresentou VDRL positivo no primeiro trimestre de gestação, com valor de 1/64.
No segundo trimestre esse resultado passou a ser 1/32. A mãe relata tratamento com três
doses do medicamento dado no posto e informa que seu parceiro foi também medicado. O
recém-nascido foi admitido ao alojamento conjunto em bom estado geral, recebendo
aleitamento materno exclusivo e com suas funções fisiológicas preservadas.
EXAME FÍSICO
Geral: bom estado geral, ativo, eupneico, afebril, resposta reflexa
presente, aleitamento materno com boa pega e sucção.

Cabeça: fontanelas normotensas e amplas.

Pulmonar: MV+ bilateralmente, SRA.

Cardíaco: BNF 2T RR SS.

Abdome: RHA +, globoso, indolor a palpação, SVM.

Extremidades: quentes e perfundidas, pulsos palpáveis e simétricos.

Reflexos: Reflexos de Moro, preensão palmar e plantar e sucção


preservados, Barlow e Ortolani negativo.
EXAMES COMPLEMENTARES
● Raio X de ossos longos: sem
alterações dignas de nota.

● Equipe da GO informa que o VDRL


materno é 1:32.

● VDRL do RN: 1:64


SÍFILIS NO PRÉ-NATAL
SÍFILIS CONGÊNITA - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
● Mães com sífilis primária ou secundária ou com sífilis adquirida nos últimos
quatro anos, não tratadas, representam o maior risco de prematuridade, morte
perinatal (18 a 40%) e infecção congênita (70 a 100%) quando comparadas
àquelas com sífilis latente adquirida há mais de quatro anos, em que o risco de
infecção congênita é de 23 a 40%.

HEPATOMEGALIA ANORMALIDADES RASH CUTÂNEO RINITE SIFILÍTICA


ICTERÍCIA ESQUELÉTICAS
SÍFILIS - HISTÓRIA MATERNA
● A avaliação inicial da criança exposta à
sífilis ou com sífilis congênita é
realizada especialmente na
maternidade/casa de parto,
considerando os seguintes aspectos:

› Histórico materno de sífilis quanto ao


tratamento e seguimento na gestação;

› Sinais e sintomas clínicos da criança (na


maioria das vezes ausentes ou inespecíficos);

› Teste não treponêmico periférico da criança


comparado com o da mãe (VDRL).
SÍFILIS - TESTAGEM DO RN
● Todos os RN nascidos de mãe com diagnóstico de sífilis durante a gestação, independentemente
do histórico de tratamento materno, deverão realizar teste não treponêmico periférico. O
sangue de cordão umbilical não deve ser utilizado, pois esse tipo de amostra contém uma
mistura do sangue da criança com o materno e pode resultar em testes falso-reagentes.
EXPOSIÇÃO À SÍFILIS… MAS:
● É esperado que os testes não treponêmicos das crianças declinem aos três meses de idade,
devendo ser não reagentes aos seis meses nos casos em que a criança não tiver sido infectada ou
que tenha sido adequadamente tratada. A falha no tratamento em prevenir a ocorrência de SC é
indicada por:

● Nesses dois casos, as crianças serão notificadas para sífilis congênita e submetidas à punção
lombar para estudo do LCR com análise do VDRL, contagem celular e proteína, devendo ser
tratadas durante dez dias com penicilina parenteral (a escolha do tratamento dependerá da
presença ou não de neurossífilis), mesmo quando houver histórico de tratamento prévio.
SÍFILIS
CONGÊNITA
E AGORA?
NEUROSSÍFILIS NA SC
A infecção do sistema nervoso central pelo T. pallidum, ou neurossífilis, pode ser sintomática ou assintomática nas
crianças com sífilis congênita.

A neurossífilis é de ocorrência mais provável em crianças que nascem sintomáticas do que nas assintomáticas; portanto,
o benefício do teste deve ser considerado, especialmente em razão da necessidade de internação para administração de
benzilpenicilina potássica/cristalina.

Acredita-se que a neurossífilis ocorra em 60% das crianças com sífilis congênita, com base na presença de alterações no
líquor, como reatividade no VDRL, pleocitose e aumento na proteinorraquia.
TRATAMENTO DA SÍFILIS CONGÊNITA
● O tratamento apropriado de sífilis congênita dentro dos primeiros três meses de vida é capaz de
prevenir algumas manifestações clínicas (não todas, como a ceratite intersticial e as
deformidades ósseas).
● Até o momento, não há evidências científicas da eficácia do uso da ceftriaxona no tratamento de
sífilis congênita e, portanto, reforça-se que essa medicação poderá ser utilizada como
alternativa somente em situações de indisponibilidade das benzilpenicilinas potássica
(cristalina) e procaína.
TRATAMENTO - SÍFILIS CONGÊNITA
● Na ausência de neurossífilis, a criança com sífilis congênita pode ser tratada com
benzilpenicilina procaína fora da unidade hospitalar, por via intramuscular; OU com
benzilpenicilina potássica/cristalina, com internação hospitalar.

● Como existem evidências de que os níveis de penicilina no líquor são menores com penicilina
procaína, é recomendado o uso de benzilpenicilina potássica/cristalina para os casos de
neurossífilis, com necessidade de internação hospitalar.
CASO CLÍNICO 05
Recém-nascido, sexo masculino, parto vaginal, com IG 39+8, pesando 3,375 kg, apgar
9/9. A mãe apresentou VDRL positivo no primeiro trimestre de gestação, com valor de 1/64.
No segundo trimestre esse resultado passou a ser 1/32. A mãe relata tratamento com três
doses do medicamento dado no posto e informa que seu parceiro foi também medicado. O
recém-nascido foi admitido ao alojamento conjunto em bom estado geral, recebendo
aleitamento materno exclusivo e com suas funções fisiológicas preservadas.

1. O tratamento materno foi adequado?

Tratamento não adequado


2. Hipótese diagnóstica do RN?

Sífilis congênita
3. Qual o tratamento para o RN?

Penicilina cristalina 50.000UI/kg IV 12/12h até 7 dias de vida, após 8/8h até 10 dia.
4. Necessita de acompanhamento pós alta?

Sim, deve ser acompanhado, mesmo o RN tratado adequadamente na maternidade,


algumas alterações tardias podem ocorrer.
REFERÊNCIAS
● Sociedade Brasileira de Pediatria. Toxoplasmose Congênita. Ano 2020.
● Protocolo elaborado pelo Grupo de Estudos em Toxoplasmose da Secretaria Estadual da Saúde do
Rio Grande do Sul. Toxoplasmose Congênita. Ano 2021.
● Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da prevenção da transmissão
vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília, DF. Ano 2019.
● Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas
com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília, DF. Ano 2020.
● Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Caderno de atenção básica ao recém-nascido de risco.
Ano 2018.
● Sociedade Brasileira de Pediatria. Noções sobre vírus, a doença e as potenciais complicações com
ênfase na microcefalia. Ano 2016.
● Ministério da Saúde. Vírus Zika no Brasil: A resposta do SUS. Ano 2017.
● MSD Manuals. Infecção neonatal pelo herpes-vírus simples. Ano 2020.
● Sociedade Brasileira de Pediatria. Consenso de cuidado com a pele do recém-nascido. Ano 2021.
● MSD Manuals. Infecção neonatal pelo vírus da hepatite B (HBV). Ano 2021.
Obrigada
pela
atenção!

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