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Mononucleose

Aula cedida pela Prof. Lessandra Michelin (UCS-RS)


INTRODUÇÃO

• Primeiros relatos 1889: febre glandular.


• Em 1920 denominada de mononucleose infectuosa.
• Em 1923: descrição das alterações hematológicas.
• Em 1932: diagnóstico sorológico.
• Em 1968: Vírus Epstein-Barr.
ETIOLOGIA
• EPSTEIN-BARR VÍRUS PERTENCE A FAMÍLIA HERPESVIRIDAE
TIPO 4 (HHV-4).
• DNA.
• INFECTA LINFÓCITOS B COM PROLIFERAÇÃO
LINFOCÍTICA E SECREÇÃO DE IMUNOGLOBULINAS.
EPIDEMIOLOGIA
• Alta prevalência em colegiais e militares.
• Menos comum em idosos.
• Afeta igualmente todos os grupos étnicos e ambos os
sexos.
• Não há variação sazonal.
• Faixa etária entre 15 e 25 anos.
• Entre estudantes de nível médio, a incidência é de
12%/ano.
• No Brasil, 50 a 70% das crianças de até 10 anos e adultos
jovens possuem anticorpos para EBV.
• A evidência sorológica de infecção primária ocorre em >
90% dos adultos.
• A infecção por EBV é restrita aos seres humanos.
• Relação soroepidemiológica entre EBV, linfoma de Burkitt
e carcinoma nasofaríngeo.
TRANSMISSÃO

• A transmissão do EBV ocorre principalmente por


contato com secreções de orofaringe contendo o
vírus.
• O contágio pode ser direto, através de um beijo ou
indireto, via perdigotos ou objetos contaminados.
• Transfusão de sangue e derivados e transplante de
órgãos e tecidos.
• O leite materno também pode conter o vírus, mas
esta é uma rota incomum de transmissão vertical.
• Secreções do trato genital.
EBV

• Período de incubação: 30 a 50 dias (10 a 14 dias


nas crianças);
• Sucedido período prodrômico: disseminação do
vírus que dura 4 a 5 dias.
• Pródromos: cefaléia, mal – estar e fadiga.
• Evolução lenta.
• Infecção aguda após 7 a 14 dias dos pródromos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS.

• Primeira semana: sintomas leves a moderados.


• Odinofagia nos primeiros dias de intensidade
moderada com piora progressiva até o 7º dia.
• Amigdalite exsudativa cinza-esbranquiçada (50%).
• Eritema macular ou papular róseo no tronco e nas
extremidades proximais.
• Congestão nasofaríngea com edema palpebral.
• Fotofobia.
• Linfonodos muito aumentados, firmes, tensos e
dolorosos.
• Esplenomegalia (50%).
• Hepatite anictérica. Sinal de
• Pneumonia.
Hoagland
EXAMES LABORATORIAIS

• Leucopenia ou leucocitose.
• Linfócitos MUITO AUMENTADOS (50%)!
• LINFÓCITOS ATÍPICOS (15%)!!

PCR, VSG, TGO, TGP,


BILIRRUBINAS, FA
PLAQUETOPENIA,
EXAMES LABORATORIAIS

• Testes não – específicos: Monoteste, Reação de


Paul-Bunnell, Teste de hemolisina, Spot Test.

• Reações sorológicas específicas:


Imunofluorescência indireta IgG e IgM para EBV
(infecção latente); início replicação (anticorpo para
antígeno precoce – EA); final replicação
(imunofluorescência indireta para antígeno do
capsídeo viral - VCA).

• PCR
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• CITOMEGALOVÍRUS;
• TOXOPLASMOSE;
• HIV;
• RUBÉOLA;
• ADENOVÍRUS;
• HEPATITE A E B;
• ESTREPTOCOCCUS;
• DIFTERIA.
• ANGINA DE PLAUT-VICENT.
• LINFOMA.
PATOLOGIA E PORCENTAGEM DE CASOS EBV POSITIVOS

❑ Mononucleose infecciosa >99%


❑ Leucoplasia pilosa oral >95%
❑ Doenca de Hodgkin (todos os subtipos) 40%
❑ Doenca de Hodgkin (relacionada a AIDS) >95%
❑ Linfoma não Hodgkin (todos os subtipos) 5%
❑ Linfoma não Hodgkin (relacionado a AIDS) 40%
❑ Linfoma de Burkitt (Africa) >95%
❑ Linfoma de Burkitt (America do Norte) 20%
❑ Linfoma de Burkitt (relacionado a AIDS) 30%
❑ Carcinoma de nasofaringe (Asia) >99%
❑ Carcinoma de nasofaringe (America do Norte) 75%

FONTE: (GULLEY & TANG, 2008)


• SINTOMÁTICOS.
TRATAMENTO • AINES.
• CORTICÓIDE QUESTIONÁVEL.
• REPOUSO.
• ACICLOVIR NÃO APROVADO.

OBS: AMPICILINA E AMOXICILINA:


ERUPÇÃO MACULOPAPULAR 90%
COMPLICAÇÕES
• Encefalopatia tóxica.
• Guillain-Barré.
• Síndromes Linfoproliferativas.
• Ruptura Baço.
• Anemia hemolítica.
• Miocardite.
• Pericardite.
• Obstrução vias aéreas superiores.
PROFILAXIA
• NÃO TEM VACINA.
• NÃO HÁ NECESSIDADE DE ISOLAMENTO.
• INTERRUPÇÃO DA CADEIA DE TRANSMISSÃO.
• DOAÇÃO DE SANGUE SOMENTE APÓS 6 MESES DO
INÍCIO DOS SINTOMAS.
CITOMEGALOVIROSE
AULA CEDIDA PELA
PROFª LESSANDRA MICHELIN
CITOMEGALOVÍRUS

• Herpes vírus humano (HHV-5). Família dos Herpesviridae


• Infecção latente frequente.
• 30 a 90% dos adultos imunocompetentes apresentam
anticorpos IgG CMV + (soropositivos para CMV).
• Quando um indivíduo introduz o vírus em casa, 50% dos
moradores apresentarão soroconversão em 6 meses.
• As taxas de soro-prevalência de anticorpos variam de 40 a
60% nos países do hemisfério Norte, enquanto que na África e
América Latina observam-se taxas de soroprevalência que
variam de 80 a 100%.
CITOMEGALOVÍRUS

• Latência prolongada com viremia em níveis reduzidos.


• Infecção ativa: imunossuprimidos, gestantes, congênita.
• Possui replicação intra-celular.
• Facilmente inativado por fatores físico-químicos.
• Vida média a 37 graus é de 45 minutos.
• Único reservatório: homem.
• Período de Incubação de 4 a 12 semanas (antígeno já
detectado e IgM detectável).
• O CMV é considerado um dos vírus mais termolábeis,
sendo totalmente inativado a 56°C por 30 minutos, pelo
pH menor que 5, pela exposição ao éter a 20% por duas
horas e pela luz ultravioleta por cinco minutos.
FORMAS DE
TRANSMISSÃO
• Sêmen;
• Secreções vaginais;
• Saliva;
• Urina;
• Transmissão horizontal: sangue e órgãos;
• Transmissão vertical;
• Leite materno;
• Fezes;
• Sangue.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

• Linfonodomegalia, FEBRE, mal-estar, dores


articulares e cansaço, além de aumento do
volume do fígado e/ou do baço e exantema
maculopapular.
• NÃO TEM EXSUDATO AMIGDALIANO.

Prolongada (> 10 dias)


TRANSPLANTE

• A infecção ativa pelo citomegalovírus após


transplante de órgãos apresenta alta prevalência;
está associada a episódios de rejeição ao enxerto,
à ocorrência de outras infecções oportunistas e a
razoável letalidade.
• Acredita-se que o órgão transplantado seja o
principal veículo do CMV e outros vírus após o
transplante.
• A maioria das infecções pelo CMV ocorre dentro
dos primeiros 90 dias após o transplante, sendo
excepcional a ocorrência após o sexto mês.
PADRÕES EM TRANSPLANTADOS

1. Infecção Primária: indivíduo soronegativo para o CMV


se infecta com o vírus presente na forma latente, em
células de um doador soropositivo.
2. Reativação: o receptor do transplante, previamente
infectado pelo CMV (soropositivo antes do
transplante), sofre reativação do vírus latente, após o
transplante.
3. Re-infecção: indivíduo soropositivo recebe um órgão
de um doador soropositivo (mas apresentando uma
cepa do vírus diferente daquela do doador) e o vírus
ativado é o procedente da cepa doada.

Evidências de replicação viral e sintomas clínicos nos transplantados


são vistos dentro de um a quatro meses após a cirurgia
CMV DISSEMINADO

• Transplantados de rins, fígado, medula ou coração.


• Portadores de síndrome de imunodeficiência
adquirida (AIDS).
• Quimioterapia antineoplásica, especialmente para
tratamento de linfomas e leucemias.
• Um dos fatores que mais têm contribuído para o
aumento de ocorrência de infecções por CMV é o
emprego de medicamentos imunossupressores.
CMV CONGÊNITO

1. Prevalência: 0,2 a 2,6%


2. Infecções primárias em gestantes 1 a 4%, levando à
infecção do feto em 40 a 50% dessas gestantes.
3. Reativação ou re-infecção: 1% (infecção fetal).
4. Anticorpos maternos não conferem proteção contra a
infecção congênita.
5. Pior: infecção na primeira metade da gestação.
6. Assintomático;
7. 10% sintomáticas (grave): icterícia colestática,
hepatoesplenomegalia, microcefalia, coriorretinite,
calcificações cerebrais periventriculares, PIG, púrpura,
plaquetopenia, deficiência visual e auditiva.
INFECÇÃO PERINATAL

• Adquiridas no periparto até 3 semanas pós-natal.


• Transmissão: durante parto, transfusão materno-fetal,
aspiração de líquido amniótico, contato pele, mucosa
gástrica e ocular com sangue e secreções ou fezes
maternas.
• Aleitamento materno, mas não há restrição.

❑Gravidade da infecção depende da carga viral.


CMV E HIV

• Oportunista.
• CD4< 50.
• RETINITE FOCAL NECROTIZANTE por CMV 28 a 35%
AIDS - > amaurose.
• Complicações visuais: visão embaçada, flashes de
luz, escotomas, perda da visão central.
• ESOFAGITE, COLITE (20%), PNEUMONITE, HEPATITE,
ENCEFALITE MICRONODULAR DIFUSA OU
VENTRICULO ENCEFALITE.
RETINITE POR CMV

QUEIJO COM KETCHUP


ESOFAGITE CMV
DIAGNÓSTICO

• Exames citológicos e histopatológicos: As técnicas


citológicas para identificação do CMV podem ser
realizadas em lavados, secreções, aspirados de
tecidos. O diagnóstico baseia-se no encontro de
inclusões citoplasmáticas no material examinado.
• Isolamento do vírus: cultura.
• Sorológicos: Elisa, imunofluorescência,
radioimunoensaio e imunoensaios enzimáticos.
• Antigenemia para CMV.
• Hibridização DNA e PCR.
BIOQUÍMICA E ANATOMOPATOLÓGICO

• LEUCOPENIA E PLAQUETOPENIA.
• ANEMIA HEMOLÍTICA.
• COLESTASE (ICTERÍCIA COLESTÁTICA).
• ALTERAÇÃO FUNÇÃO HEPÁTICA.

CÉLULAS DE
INCLUSÃO
CITOMEGÁLICA
TRATAMENTO

➢Indicado para imunodeprimidos e no


comprometimento neurológico por CMV:
• Ganciclovir: 5mg/kg/dose 12/12h por 14 dias
(diluído em SF, correr em 1h);
• Foscarnet: 90mg/kg/dose 12/12h por 14 dias;
• Cidofovir: 5mg/kg por semana por 2 semanas.
Em infecção congênita ou perinatal, o tratamento é
controverso.

• TEMPO TRATAMENTO:14 A 21 DIAS.


• PROFILAXIA SECUNDÁRIA: RETINITE CMV SEMPRE.
PREVENÇÃO

• DOADORES SORONEGATIVOS PARA RECEPTORES


SORONEGATIVOS.
• CUIDADO TRANSFUSÃO SANGUÍNEA. DOADOR
SORONEGATIVO OU PRODUTOS SANGUÍNEOS SEM
LEUCÓCITOS.
• ADMINISTRAÇÃO PROFILÁTICA DE GANCICLOVIRou
VALACICLOVIR EM TRANSPLANTADOS.
• VACINAS? MULHERES SORONEGATIVAS.

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