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MONONUCLEOSE

INFECCIOSA
FLORA MESTRE PASSINI
INTERNA DO 5º ANO – MEDICINA UEL
APRESENTAÇÃO DE ARTIGO
MI 2018
FONTES E CRITÉRIOS
DE SELEÇÃO
• Busca eletrônica: Medline, Scopus, Google Scholar, Cochrane.
• Termos utilizados na pesquisa: “infectious mononucleosis”,
“glandular fever”, “Epstein-Barr virus”, “corticosteroids” e
“aciclovir”.
• Apenas artigos em inglês.
• Excluídos estudos realizados com foco principal em crianças
• Prioridade a meta análises, revisões, ensaios clínicos randomizados
e artigos relacionados ao EBV
• Examinados guidelines produzidos pelo CDC e pelo NICE, assim
como registros de ensaios clínicos randomizados dos EUA, Reino
Unido e União Europeia
INTRODUÇÃO
• Presente na comunidade e no ambiente hospitalar
• Os pacientes comumente apresentam-se com dor de garganta
e pensam ser necessário uso de antibiótico
• Importância de conhecer o curso clínico da doença e suas
complicações; educação adequada aos pacientes

• O OBJETIVO dessa revisão é auxiliar aqueles que


encontram a MONONUCLEOSE INFECCIOSA na
prática clínica entre adolescentes e adultos
O QUE É MONONUCLEOSE
INFECCIOSA (MI)?
• Síndrome não genética, definida pela TRÍADE
CLÁSSICA:

(1) FEBRE
(2) FARINGITE
(3) LINFADENOPATIA CERVICAL

* Linfocitose também está presente


O QUE CAUSA ESSA DOENÇA?

• EPSTEIN-BARR VÍRUS (EBV)


90% dos casos

Outros agentes:
− CMV
− Herpes vírus humano 6
− Toxoplasma gondii
− HIV
− Adenovírus
CID-10
• B27: Mononucleose infecciosa

• B27.0: Mononucleose pelo vírus herpes gama (EBV)


• B27.1: Mononucleose por CMV
• B27.8: Outras mononucleoses infecciosas
• B27.9: Mononucleose infecciosa não especificada

• Obs.: Outras denominações: febre glandular, angina


monocítica, doença de Pfeiffer, doença de Filatov, doença do
beijo
EPSTEIN-BARR VÍRUS (EBV)
• Herpes vírus 4
o HBV-1 – distribuição mundial; HBV-2 África Equatorial
• Mais de 90% dos adultos infectados ao redor do
mundo
• Parasita eficaz
• Infecção latente
• Integração do vírus ao ciclo de vida dos linfócitos B
• Persistência de baixa replicação viral
TRANSMISSÃO E
INFECTIVIDADE
• Secreções faríngeas (principalmente SALIVA)
• Contágio baixo a moderado, dependendo da carga
viral
• Necessário contato íntimo
• Infecção em crianças: más
condições de higiene e
aglomerados humanos
TRANSMISSÃO E
INFECTIVIDADE
• A presença do EBV nas secreções do trato genital de
ambos os sexos, juntamente com relatos de úlceras
genitais em pacientes com MI, implica que o EBV
possa ser sexualmente transmissível
• A transmissão vertical parece ser incomum
• Já se documentou a transmissão do agente etiológico
por transfusão sanguínea e transplante de medula
óssea
TRANSMISSÃO E
INFECTIVIDADE
• Em grupos com baixas condições socioeconômicas, a
maioria das pessoas terá adquirido o vírus até a
ADOLESCÊNCIA
• As manifestações clínicas da MI ocorrem em cerca
de 70% dos adultos e adolescentes infectados
• A imunidade pelo EBV, em crianças, é adquirida, via
de regra, sem o desenvolvimento das manifestações
clínicas típicas da MI, por razões ainda não
compreendidas
CURSO CLÍNICO
• Período de incubação: 4-7 semanas
• Geralmente resolução espontânea em 2 a 4 semanas
(20% pode persistir com dor de garganta)
• Reativações: são comuns entre pacientes ID e raras
em pacientes imunocompetentes – associação c/ dçs
linfoproliferativas
• Infecção crônica: rara e grave; cronicidade e
reincidência dos sintomas, ocasionalmente associada
ao desenvolvimento de linfoma
COMO É FEITO O
DIAGNÓSTICO?
1) SINAIS E SINTOMAS
• 1% dos pacientes que apresentam inflamação na garganta

• Sintomas prodrômicos não específicos: febre, mal-estar e calafrios

• Deve-se suspeitar de mononucleose em todos os pacientes com a


tríade (presente em 98% dos casos):
FEBRE + FARINGITE + LINFADENOPATIA CERVICAL

• Linfadenopatia: pode ser proeminente em cadeia cervical anterior e


posterior
1) SINAIS E SINTOMAS
Outros:

• Petéquias em palato (25-50%)


• Esplenomegalia (8%)
• Hepatomegalia (7%)
• Icterícia (6-8%)
• Exsudato esbranquiçado em orofarínge
2) EXAMES LABORATORIAIS
A) INESPECÍFICOS:

• LINFOCITOSE (aumento de 50% - 10% atípicos)

• Aumento transitório de TRANSAMINASES (80-90%)


Obs.: Retornam aos valores normais em torno de 20d

• TROMBOCITOPENIA (comum)
• ↑ BT (40%)
• PROTEINÚRIA / HEMATÚRIA (incomuns)
2) EXAMES LABORATORIAIS
B) ESPECÍFICOS

• TESTE DO ANTICORPO HETERÓFILO (+) em


1-2s
• SOROLOGIAS (+) na 1ªs
EBV-VCA igM/igG (antígeno do capsídeo viral)
EBV-EBNA IgG (antígeno nuclear)
EBV-EA-D IgG (early antigen)
• PCR
• CARGA VIRAL (CV)
RESPOSTA DOS ANTICORPOS

AOS ANTÍGENOS DO EBV


GRÁVIDAS OU GRUPOS
DE RISCO PARA O HIV

• Solicitar testes adicionais:


− Citomegalovírus
− HIV
− Toxoplasmose
COMO É FEITO O
TRATAMENTO?
1. REPOUSO
2. HIDRATAÇÃO
3. ANALGÉSICOS
4. ANTIPIRÉTICOS

• ACICLOVIR: CONTROVERSO
Alguns ensaios recentes encontraram uma melhora significativa do
quadro clínico quando administrado em pacientes graves com
comprometimento respiratório
Não existem evidências que suportem seu uso de rotina

• Valaciclovir , ganciclovir: mais estudos são necessários


E OS CORTICOIDES?
• Devem ser considerados em casos de EMERGÊNCIA
RESPIRATÓRIA!!!

• Complicações pelo uso de corticosteróides no tratamento de


mononucleose infecciosa são conhecidos: celulite peritonsilar,
agudização de DM, sequelas neurológias, etc

• Mal-estar intenso, trombocitopenia grave, anemia hemolítica autoimune,


cardite, pneumonite intersticial linfóide, derrame pleural e edema cerebral .
• Prednisona 60 a 80mg, 2-3d, seguida de redução gradual de 10 mg/d por 1-
2 semanas
PRECAUÇÃO DE CONTATO?
• Durante a infecção ativa, é necessário tomar alguns
cuidados: etiqueta de tosse, higiene das mãos,
evitar o beijo e evitar compartilhar alimentos e
utensílios

• Como a maioria dos adultos é + p/ EBV, precauções


de contato especiais não são necessárias na maioria
dos casos
COMPLICAÇÕES
• Neurológicas (1-5%): encefalite, meningoencefalite,
convulsões, neurite óptica, perda auditiva sensorial súbita,
paralisia facial idiopática, Síndrome de Guillain-Barré

• Hematológicas: anemia hemolítica (3%), trombocitopenia (25-


50%), anemia aplásica, pancitopenia, agranulocitose

• Outras (raras): miocardite, pericardite, pancreatite, PNM


intersticial, rabdomiólise, complicações psicológicas, como a
Síndrome da Alice no País das Maravilhas (Síndrome de Todd)
QUANDO REFERENCIAR O PACIENTE P/ UM

SERVIÇO SECUNDÁRIO OU TERCIÁRIO?

a. Comprometimento das vias aéreas


b. Suspeita de ruptura esplênica
c. Falha nos tratamentos de suporte
d. Pacientes imunossuprimidos ou pós-transplante
e. Pacientes com mononucleose infecciosa, mas
negativos para anticorpos do EBV
OUTRAS DISCUSSÕES
A MI PODE LEVAR À SÍNDROME

DA FADIGA CRÔNICA?

• Conceito: fadiga + alterações musculoesqueléticas +


sintomas cognitivos por pelo menos 6 meses com
prejuízo funcional
• CONTROVERSO: cerca de 10% reportam fadiga,
porém, sem critérios da síndrome
• É IMPROVÁVEL que a mononucleose infecciosa
pelo EBV esteja relacionada à Sd. da fadiga
crônica
QUANDO É RECOMENDADO
VOLTAR AOS ESPORTES?
• Risco de ruptura esplênica
• Esportes extenuantes, de contato ou associados a
aumento da pressão intra-abdominal podem aumentar
o risco
• Retorno após algumas semanas, a depender da fonte:
3, 4, 8 e até 24 semanas
• Realização de USG seriada
• Recomendações individualizadas para atletas
ESCLEROSE MÚLTIPLA
• A MI aumenta o risco de esclerose múltipla
• Risco > naqueles infectados com o EBV entre 20-30
anos
• Presença do EBV em 100% de casos de esclerose
múltipla: sugere-se que o vírus seja um PRÉ-
REQUISITO!
• Vacina, em teoria, poderia erradicar a EM
• Tem sido sugerida a exposição de crianças a infecção
pelo EBV antes da adolescência
EXISTE RISCO AUMENTADO DE CÂNCER?

• Associação bem estabelecida do EBV com Linfoma


de Burkitt, em crianças, e carcinoma de nasofaringe

• A associação da MI por EBV e Linfoma de Hodking


tem sido estabelecida por diversos estudos
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas
e parasitárias : guia de bolso. 8. ed. Brasília, pp. 323-325, 2010.

LENNON P, CROTTY M, FENTON JM. Infectious


mononucleosis. BMJ 2015; 350:h1825 doi: 10.1136/bmj.h1825

OLIVEIRA JL, FREITAS RT, ARCURI LJ e col. O vírus


Epstein-Barr e a mononucleose infecciosa. Rev Bras Clin Med.
São Paulo, 2012 nov-dez; 10(6):535-43.

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