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Lesões intraepiteliais cervicais e câncer de colo

uterino
(MedCurso)

LIE e câncer de colo de uterino - histologia do colo

● Ectocérvice: epitélio escamoso;


● Endocérvice: epitélio glandular/colunar simples;
● As alterações citológicas mais comuns dizem respeito ao epitélio escamoso, até
porque ele é o que está mais exposto;
● JEC: epitélio metaplásico:
○ A JEC é um ponto dinâmico,isto é, muda ao longo da vida. Para mulheres na
menopausa, a JEC fica mais escondida.
○ Onde mais se encontra lesão (o HPV infecta células basais em áreas em que
o epitélio é mais frágil).
● Devido ao avanço do epitélio escamoso sobre o epitélio glandular (metaplasia
escamosa), este pode ser obstruído, acarretando a formação de pequenos cistos,
denominados cistos de Naboth (processo fisiológico) → o cisto de Naboth marca
metaplasia escamosa.

Fatores de risco para lesões precursoras do colo uterino

● Infecção pelo HPV → o HPV é necessário mas não é suficiente para


desenvolvimento de ca de colo;
● Coitarca precoce;
● Múltiplos parceiros sexuais;
● ISTs;
● ACO oral combinado:
○ Estrógeno e progesterona aumentam a proliferação celular e a
vulnerabilidade ao DNA-HPV. Também aumentam a concentração de
citocinas inflamatórias.

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○ Paciente esquece da dupla proteção (uso de preservativo);
● Tabagismo;
● Baixa imunidade;
● Multiparidade;
● Desnutrição;
● Má higiene genital;
● Baixo nível socioeconômico;
● Radiação ionizante.

Prevenção Primária

● Evita a contaminação pelo HPV;


● Abstinência sexual;
● Uso de preservativos: protege até 70%, mas não garante proteção total;
● Vacinação contra o HPV.

Vacina anti-HPV

● Mais oncogênicos: 16 e 18;


● Condilomas genitais: 6 e 11;
● Partículas semelhantes a vírus (VLP), portanto, não possuem poder infectante;
● Bivalente:
○ HPV 16/18 (fabricante);
○ 3 doses: 0,1 e 6 meses.
● Quadrivalente:
○ HPV: 6/11/16/18;
○ 3 doses: 0,2 e 6 meses (fabricante).
● Atualização MS em 2016:
○ HPV quadrivalente (HPV4);
○ Apenas 2 doses: 0-6 meses → o MS omitiu a dose de 2 meses, porque alguns
trabalhos demonstram que 2 doses já possuem boa imunogenicidade;
○ Feminino: 9 aos 14 anos.
○ Lembrar que: pacientes podem buscar serviços privados de imunização até
os 45 anos para receberam imunização.

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● Sexo masculino: 11 aos 14 anos;
● Imunossuprimidos (transplantes de órgãos sólidos, transplantes de MO, pacientes
oncológicos, pacientes com HIV) - jun/2022:
■ 3 doses: 0-2-6 meses (recomendação do fabricante);
■ Meninas: entre 9 e 45;
■ Meninos: entre 9 e 45 anos;
■ Requer prescrição!

Prevenção Secundária/Diagnóstico

● Prevenção secundária: diagnóstico e tratamento;


● Tripé da avaliação das alterações cervicais:
○ 1º → anamnese + exame físico + citologia;
○ 2º → colposcopia;
○ 3º → biópsia dirigida (BD) + estudo histopatológico.

Anamnese e exame físico

● Clínica:
○ LIE iniciais: as pacientes podem ser assintomáticas ou ter sinusorragia
(sangramento ao coito);
○ Quadros avançados: dor, corrimento fétido, SUA (metrorragia);
● Exame especular + toque vaginal/retal. O toque retal faz parte do estadiamento do
câncer de colo.

Colpocitologia (Papanicolau)

● Rastreamento: coleta dupla (ectocérvice/endocérvice) - MS;


● Periodicidade:
○ 1x/ano e, após 2 exames negativos, a paciente começa a coletar a cada 3
anos;
○ Entre 25 a 64 anos, após sexarca. Em determinadas situações, em que a
paciente já iniciou a vida sexual antes dos 25, o profissional faz a coleta. No
entanto, essa não é a recomendação do MS, visto que quanto mais nova a

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paciente, maior a chance de pequenas alterações resolverem de forma
espontânea.
○ Situações especiais:
■ Gestante: igual (faz parte da rotina pré-natal);
■ Paciente com HIV: assim que a paciente iniciar a vida sexual, pode
começar a coletar, não precisa esperar até os 25 anos → 6 em 6
meses no primeiro ano, se 2 normais, passa para anual, isso se o
CD4 estiver alto. Se CD4 < 200, manter semestral, até corrigir o CD4,
visto que em situação de baixa imunidade, há maior risco de evolução
rápida para um carcinoma invasor. Nunca passar para trienal.
■ Paciente VIRGO (paciente que ainda não iniciou a vida sexual): não
coletar!;
■ Mulheres com > 64a que nunca coletaram: realizar 2 exames com
intervalo de 1 a 3 anos. Se ambos negativos, dispensar exames
adicionais;
■ Mulheres tratadas de NIC 2, 3 ou câncer: manter controles anuais
após alta.
● Rastreamento em mulheres entre 20-24 anos:
○ Baixa incidência de ca invasor;
○ Evitar morbidade obstétrica e neonatal;
○ Rastreamento pouco eficiente ou ineficiente.
● Como coletar?
○ Coleta da ectocérvice: usar a chanfradura maior da espátula de Ayre, rodar
360º, depositar na lâmina;
○ Coleta endocervical: escovinha, rodar 360º.

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Como conduzir?

● LIE-BG (LSIL [inglês]): Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau:


○ Baixo potencial oncogênico;
○ Controle citológico: repetir em 6 meses se paciente ≥ 25a ou 3a se
paciente ≤ 25a (nessa, a conduta é dar tempo para a lesão ser resolvida →
alto índice de regressão espontânea) .
● ASC-US: Atipia Escamosa Celular de Significado Indeterminado possivelmente não
neoplásica (Atypical Squamous Cells of Undetermined Significance)
○ Controle citológico: 6 meses (≥30a) ou 12 meses (25-29a) ou 3a (<25a);
○ A atrofia pode gerar um ASC-US, portanto, se é uma paciente pós
menopausada, antes de repetir o exame, aplicar creme de estrogênio. Se for
atrofia, não virá ASC-US novamente.
● OBS: Paciente vivendo com HIV com LIE-BG ou ASC-US →colposcopia direto;
● ASC-H: Atipia Escamosa Celular Alta chance de ser maligno:
○ Colposcopia;
● AGC (AGUS): Atipia glandular:
○ colposcopia → avaliação do canal.
● LIE-AG (HSIL): Colposcopia;
● AOI: Atipia de Origem Indefinida: Colposcopia.
● Se, o exame especular sugere câncer → colposcopia + biópsia (preciso do resultado
histopatológico);

Colposcopia + biópsia dirigida

● Colposcopia: visão armada do colo uterino;


● A biópsia é para confirmação diagnóstica;
● A colposcopia lança mão de substâncias que são importantes para realçar
determinados achados:
○ Ácido acético: coagula as proteínas citoplasmáticas do epitélio alterado
(muita produção de proteínas) → quanto + alteração mitogênica a paciente
apresentar, + acetobranca ficará a região alterada. Não é só o fato de a

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região ficar acetobranca que imporá a biópsia: a qualidade da imagem que te
direcionará à necessidade de biópsia ou não;
○ Teste de Schiller (iodo/lugol): trofismo pelo glicogênio. No epitélio normal, há
muito glicogênio, por isso ele cora pelo lugol (fica amarronzado → iodo +/
schiller - ). Se o epitélio não cora (iodo -/ schiller + ), é porque há baixo
glicogênio, já que este está sendo consumido.
● Gestante: BD só na suspeita de invasão!
● Achados sugestivos de carcinoma invasor:
○ Vasos atípicos + superfície irregular + erosão/ulceração.

Estudo histopatológico

● Neoplasias Intraepiteliais Cervicais (NIC);


● Câncer de colo uterino.

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