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Problema 1 – Corrimento vaginal,

infecções e exames
OBJETIVOS: ✓ O pH é entre 4 e 4,5 (mantido pela produção
de ácido lático);
1. Entender o fluxo vaginal normal na mulher, no
➔ Na pós menopausa o pH chega a 6 pela
menacme, na gestação e na pós-menopausa.
diminuição da produção dos ácidos láticos
2. Estudar as alterações na secreção cérvico-
✓ Possui consistência flocular, cor branca e se
vaginal na mulher, com ênfase na etiologia e
acumula no fundo de saco posterior.
no tratamento.
3. Pesquisar sobre a evolução das lesões de Fluxo vaginal normal no menacme:
baixo grau e de alto grau do colo uterino.
Menacme é considerado o período entre a primeira e
4. Discutir a importância dos exames
última menstruação da mulher. Ou seja, é o período
preventivos na mulher, as principais
de fertilidade da mulher, localizando-se entre a
indicações e os principais achados
menarca e a menopausa.
(colpocitologia oncótica, colposcopia,
ultrassonografia pélvica, pélvica transvaginal, O muco cervical é uma secreção produzida no colo do
das mamas e da tireoide, mamografia e útero pelo epitélio glandular das criptas cervicais, que,
densitometria óssea). por ação hormonal, apresenta transformações
características ao longo do ciclo menstrual, o que
FLUXO VAGINAL:
possibilita a identificação do período fértil por meio
Fluxo vaginal normal na mulher: da auto-observação das mudanças do muco cervical.

O corrimento vaginal é uma manifestação clínica Muco inicial: O muco cervical, no início do ciclo, é espesso,
comum referida pela mulher. Fisiologicamente, a grumoso, dificultando a ascensão dos espermatozoides pelo
região da vulva e da vagina apresenta quantidade canal cervical.
variável de secreção em mulheres em idade Muco transicional: É translúcido, levemente elástico em
reprodutiva, a qual é composta por secreções vulvares maior quantidade, que se afina.
das glândulas sebáceas (Bartholin e Skene), Muco fértil: O muco fértil é transparente, elástico,
transudato da parede vaginal, células vaginais e escorregadio e fluido, semelhante à clara de ovo.
cervicais esfoliadas, líquidos endometriais e
microrganismos e seus respectivos produtos
metabólicos.

Caracteriza-se por ser assintomática, com


predominância da flora aeróbica em relação à
anaeróbica (10:1).

Os microrganismos presentes nessa secreção


produzem ácido lático e peróxido de hidrogênio que
inibem o crescimento de bactérias oportunistas. Além
disso, há a produção de leucócitos inibidores da
protease, o que acaba protegendo a parede vaginal
de agentes inflamatórios e infecciosos.

*OBS: A secreção vaginal fisiológica apresenta


variações cíclicas de acordo com o ciclo menstrual!

Portanto:

✓ A flora vaginal predominante é aeróbica


(média de 6 espécimes diferentes);
*OBS: Em mulheres em idade reprodutiva, *OBS: O sistema imunológico também está alterado
geralmente a flora vaginal normal consiste na gestação, com a imunidade celular suprimida,
predominantemente em Lactobacillus spp. A diminuindo a atividade de linfócitos T e propiciando a
colonização por essa bactéria mantém o pH vaginal proliferação exagerada de vírus, fungos (como
dentro da normalidade (3,8 a 4,2) e, por isso, previne Cândida albicans) e bactérias (como Gardnerella
o supercrescimento de bactérias e fungos vaginalis). Por outro lado, há o aumento da imunidade
patogênicos. não específica e da acidez vaginal.

O fluxo vaginal (muco cervical) vai mudando ao longo Fluxo vaginal normal na pós-menopausa:
do ciclo menstrual. Veremos a seguir:
É natural que nessa fase da vida da mulher, quando os
Fase pré-ovulatória: Ao término da menstruação, ovários deixam de produzir o hormônio estrogênio, a
pode começar uma fase seca ou com secreção igual e produção de muco cervical diminua, o que deixa a
contínua na aparência e na sensação que dura, em vagina mais seca. Na menopausa, ele se torna mais
geral, dois, três, ou mais dias. espesso e o cheiro pode ter alterações.
Fase ovulatória: O muco, inicialmente esbranquiçado, Essa fase é caracterizada pela supressão do hormônio
turvo e pegajoso, vai se tornando mais elástico e estrogênio. Essa redução é responsável por grande
lubrificante, podendo-se puxá-lo em fio. O último dia parte das alterações no epitélio vaginal, que persistem
de sensação de umidade lubrificante chama-se Ápice. até o fim da vida, exceto se for indicado tratamento.
Somente quando o muco desaparece ou retorna à Dentre os efeitos da diminuição dos níveis de
aparência pegajosa, com sensação de secura, é que se estrógenos, podemos citar:
identifica que o dia anterior foi o Ápice, indicando que
✓ Diminuição da espessura do epitélio vaginal,
a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer
com perda das camadas superficiais;
até aproximadamente 48 horas.
✓ Perda do enrugamento vaginal;
Fase pós-ovulatória: Na 4ª noite após o dia Ápice a ✓ Diminuição e estreitamento do canal vaginal,
mulher entra no período de infertilidade, que dura com perda da distensibilidade;
mais ou menos duas semanas. ✓ Redução das secreções vaginais;
✓ Aumento do pH vaginal (≥ 5).
EFEITOS HORMONAIS NO MUCO CERVICAL:
*OBS: ocorre ressecamento, dispaurenia e infecções
Mudanças na qualidade e quantidade do muco cervical são
utilizadas para predizer ovulação. vaginais e urinárias recorrentes.

Na fase imediata pós-menstrual, quando os níveis de ALTERAÇÕES NA SECREÇÃO CÉRVICO-


estrogênio estão baixos e, no período pós-ovulatório, já sob VAGINAL:
influência da progesterona, o muco cervical apresenta-se
espesso, viscoso e em menor quantidade. Alterações na secreção vaginal são, geralmente,
Entre o 8º dia do ciclo e a ovulação, pelo aumento dos níveis
decorrentes de infecções e desequilíbrios hormonais.
de estrogênio, a quantidade de muco aumenta, diminui a
Antes de estudarmos as principais infecções que
viscosidade e eleva a concentração de água em relação aos
outros componentes. Assim, no meio do ciclo, o muco provocam alterações patológicas no corrimento
cervical apresenta-se na forma propícia para a vaginal, é fundamental compreendermos a
espermomigração. Nesse período, o muco torna-se composição da flora vaginal normal:
transparente e filante e, por suas características elásticas, é
chamado de spinnbarkeit. A composição habitual da flora vaginal em mulheres
inclui a presença de aeróbios gram-positivos
(Lactobacillus acidophilus, Staphylococcus epermidis e,
Fluxo vaginal normal na gestação:
ocasionalmente, Streptococcus agalactiae) e gram-
Durante a gestação, ocorre aumente da negativos (Escherichia coli), anaeróbios facultativos
vascularização e da atividade glandular da vagina, o (Gardnarella vaginalis, Enterococcus), anaeróbios
que resulta em aumento da secreção vaginal, que estritos ou obrigatórios (Prevotella spp., Bateroides
assume um aspecto leitoso por conter células spp., Peptostreptococcus spp., Ureaplasma
epiteliais descamadas. O pH vaginal torna-se mais urealyticum, Mycoplasma hominis) e fungos com
ácido pela ação dos lactobacilos sobre o glicogênio destaque para a Candida spp. A Candida é um fungo
acumulado nas paredes vaginais, com grande gram-positivo, dimorfo, saprófita do trato genital e
produção de ácido lático.
gastrointestinal, que pode se multiplicar, tornando-se *OBS: A via sexual não é a principal forma de
patogênico em condições específicas. transmissão da VB.

A espécie bacteriana que predomina na flora vaginal é Tratamento:


o Lactobacillus sp. Eles representam 90% das
Todas as mulheres sintomáticas devem ser tratadas,
bactérias presentes na flora normal de uma mulher
incluindo gestantes.
sadia em idade reprodutiva e respondem pelo pH
ácido que inibe o crescimento de bactérias nocivas à
mucosa vaginal.

Vulvovaginites e vaginoses infecciosas:


Agora, vamos estudar as principais infecções que
provocam alterações no corrimento vaginal:

Vaginose Bacteriana:

É um conjunto de sinais e sintomas resultantes de um


desequilíbrio da flora vaginal, que culmina com uma
diminuição dos lactobacilos e um crescimento
polimicrobiano (aumenta de 100 para 1.000 vezes) de
bactérias anaeróbias estritas e anaeróbias
facultativas (Gardnerella vaginalis). Candidíase vulvovaginal:

*OBS: é importante ressaltar que todos os fatores que É uma infecção da vulva e da vagina causada por um
fazem diminuir a quantidade de oxigênio nos tecidos fungo do gênero Candida, gram-positivo. Ela é capaz
e, portanto, o seu potencial de oxirredução, de se proliferar em ambiente ácido, apesar da ação
favorecem a infecção por anaeróbios estritos. dos lactobacilos.

A Gardnarella vaginalis predomina na VB! Aproximadamente 85% dos casos são atribuídos à
Candida albicans, e sua maior prevalência é explicada
Quadro clínico: por sua maior capacidade de aderência às células
vaginais. Além disso, ela é capaz de se reproduzir em
Cerca de metade das mulheres com VB é
ambiente ácido.
assintomática. O sintoma mais típico é a queixa de
odor fétido, semelhante a “peixe podre”. Este odor A via sexual não constitui a principal forma de
desagradável se agrava durante a menstruação e transmissão! Ela é considerada como uma doença
durante o coito. Em ambas as situações, o pH se torna “eventualmente de transmissão sexual”, pois esse
mais alcalino, o que facilita a volatização das aminas fungo é encontrado na vagina em cerca de 30% das
(cadaverina, putrescina e trimetilamina) produzidas mulheres sadias e assintomáticas.
pelos patógenos.
A candidíase é a segunda causa mais comum de
O corrimento vaginal é fluido, homogêneo, branco corrimento vaginal, representando 23% dos casos de
acinzentado (mais comum) ou amarelado (raro), vulvovaginites.
normalmente em pequena quantidade, e pode
formar microbolhas. A presença de sintomas Fatores de risco:
inflamatórios, como dispaurenia, irritação vulvar e ✓ Gravidez;
disúria, é exceção. A parede vaginal é de aparência ✓ Uso de contraceptivos com altas doses de
normal e não eritematosa. estrogênio;
✓ Terapia de reposição hormonal somente com
estrogênio;
✓ Dm (descompensada);
✓ Obesidade;
✓ Hábitos de higiene e vestuário inadequados;
✓ Contato com substâncias alérgenas e/ou
irritantes (perfumes, desodorantes etc);
✓ Uso de DIU.
Quadro clínico: ✓ Tioconazol creme a 6% – um aplicador (5 g) à
noite, por 7 dias; ou óvulos 300 mg – uma
Depende do grau de infecção e da localização do
aplicação à noite, dose única; OU
tecido inflamatório. Os sinais e sintomas listados
✓ Nistatina 100.000 UI – um aplicador à noite, ao
abaixo podem se apresentar isolados ou associados:
deitar-se, por 14 dias.
✓ Prurido vulvovaginal: é o principal sintoma.
A via oral deve ser reservada para os casos de
Possui intensidade variável, de leve a
candidíase resistente ao tratamento tópico:
insuportável, que piora à noite e é exacerbado
pelo calor local; ✓ Fluconazol, 150 mg, VO, dose única; OU
✓ Queimação vulvovaginal; ✓ Itraconazol, 200 mg, VO, a cada 12 horas, por 1
✓ Dor à micção (disúria); dia.
✓ Dispaurenia;
Gestantes/nutrizes:
✓ Corrimento branco, grumoso, inodoro e com
aspecto caseoso (“leite coalho”); ✓ Miconazol creme a 2% – um aplicador (5 g) à
✓ Hiperemia e edema vulvar; noite, ao deitar-se, por 7 dias; OU
✓ Escoriações de coçadura; ✓ Nistatina 100.000 UI – um aplicador à noite, ao
✓ Fissuras e maceração da vulva; deitar-se, por 14 dias; OU
✓ Vagina e colo recobertos por placas brancas ✓ Clotrimazol também é uma opção para gestantes
ou branco acinzantadas, aderidas à muscosa. e nutrizes.
O início do quadro é súbito. Tricomoníase:

É uma infecção causada por um protozoário flagelado


denominado Trichomonas vaginalis, anaeróbio
facultativo, que possui os seres humanos como os
únicos hospedeiros conhecidos.

Na maioria dos casos, a tricomoníase encontra-se


associada a outras doenças de transmissão sexual,
além de facilitar a transmissão do HIV.

A sua transmissão é quase unicamente sexual.

Tratamento: Quadro clínico:

Orientações: Os homens são geralmente portadores assintomáticos


e, em linhas gerais, comportam-se como vetores.
Orientar medidas higiênicas:
Entretanto, algumas vezes podem desenvolver um
✓ uso de roupas íntimas de algodão (para melhorar quadro de uretrite não gonocócica, epididimite ou
a ventilação e diminuir umidade na região prostatite.
vaginal);
As mulheres também podem ser assintomáticas,
✓ evitar calças apertadas;
especialmente pós-menopausa. No entanto, o que
✓ retirar roupa íntima para dormir
chama atenção para o diagnóstico com certeza é a
Medicações: sintomatologia. A queixa mais comum é corrimento
(35% dos casso), normalmente abundante, amarelo
A primeira escolha é a via vaginal: ou amarelo-esverdeado (mais comum), mal cheiroso e
✓ Miconazol creme a 2% – um aplicador (5 g) à bolhoso. O pH vaginal é maior que 5 (normalmente
noite, ao deitar-se, por 7 dias; OU entre 5 e 6), o que se observa em 70% dos casos.
✓ Clotrimazol creme a 1% – um aplicador (5 g) à Na tricomoníase, o eritema vulvar ou escoriação não
noite, ao deitar-se, por 7 dias; ou óvulos 100 mg – são comuns. Por outro lado, são frequentes sinais
uma aplicação à noite, ao deitar-se, dose única; inflamatórios na vagina, como: ardência, hiperemia e
OU edema. Algumas pacientes referem dispaurenia
superficial e prurido vulvar ocasional. De forma bem
menos corriqueira, este protozoário como acometer a
uretra e a bexiga, desencadeando disúria, polaciúria e Gestantes/Nutrizes:
dor suprapúbica.
Via oral (independentemente da idade gestacional e
nutrizes):

✓ Metronidazol, 2 g, VO, dose única; OU


✓ Metronidazol, 250 mg, VO, a cada 8 horas, por
sete dias; OU
✓ Metronidazol, de 400 a 500 mg, via oral, a cada 12
horas, por sete dias

Cervicites e uretrites:

Um achado altamente específico da tricomoníase Clamídia e Gonorreia:


exige memorização: colpite focal ou difusa Os agentes etiológicos mais frequentes são Neisseria
caracterizada por um “colo em framboesa” ou “colo gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Eles infectam
em morango”. Ele ocorre devido a dilatação capilar e o epitélio granular e são responsáveis pela
hemorragias puntiformes. Essa alteração é vista a olho endocervicite purulenta.
nu em apenas 2% dos casos, mas na colposcopia é
evidente em até 90%. Há evidências científicas da associação desses dois
agentes etiológicos com os seguintes fatores:

✓ Mulheres sexualmente ativas com idade


inferior a 25 anos;
✓ Novas ou múltiplas parcerias sexuais;
✓ Parcerias com IST;
✓ História prévia ou presença de IST;
✓ Uso irregular de preservativo.

A Neisseria gonorrhoeae é um diplococo Gram-


negativo intracelular com tropismo pelo epitélio
colunar e transicional do trato geniturinário, além de
Ao teste de Schiller, observa-se intensa colpite focal e ser capaz de infectar conjuntiva e articulações. A
difusa. Nos casos difusos, o teste de Schiller apresenta Chlamydia trachomatis é um bacilo Gram-negativo
tipicamente o colo uterino em “pele de onça” ou de intracelular obrigatório com tropismo pelas células
aspecto “tigroide”. epiteliais da conjuntiva, uretra, endocérvice e trompa.
Tratamento: Quadro clínico:
Deve ser sistêmico, pois o tratamento tópico não Clamídia:
atinge níveis terapêuticos nas glândulas vaginais e na
uretra. A maioria dos casos, 90%, é assintomática, mas pode
cursar com corrimento uretral ou vaginal
✓ Metronidazol, 2 g, VO, dose única; OU mucopurulento e disúria. Ao exame especular, pode-
✓ Metronidazol, de 400 a 500 mg, VO, a cada 12 se encontrar cervicite com saída de secreção
horas, por sete dias; OU purulenta através do canal endocervical, colo frtável e
✓ Metronidazol, 250 mg, VO, a cada 8 horas, por dor à palpação. Cerca de 1/3 das pacientes não
sete dias; OU tratadas podem evoluir para doença inflamatória
✓ Secnidazol, 2 g, VO, dose única; OU pélvica (DIP). podendo levar a gravidez ectópica.
✓ Tinidazol, 2 g, VO, dose única. infertilidade e dor pélvica crônica.

Quando ocorre na gravidez. é associada ao aumento


do risco de trabalho de parto prematuro. baixo peso
do recém-nato e mortalidade perinatal. Por esse
motivo, todas as gestantes devem ser rastreadas para
clanúdia.
Gonorreia: Segunda escolha:

Embora a maioria das mulheres seja assintomática, ✓ Espectrinomicina, 2 g IM, dose única OU
quando há sintomas, a mulher queixa-se de ✓ Ampicilina 2 ou 3 g + Probenecida, 1 g, VO, dose
leucorreia, diSúria ou polaciúria, sangramento única OU
irregular. sinusiorragla, dor pélvica, prurido e ardência ✓ Cefixima, 400 mg, dose única
vulvar. Ao exame especular, há exudato cervical
Clamídia:
purulento, com edema, hiperernia e friabilidade.
✓ Azitromicina, 1 g, VO, dose única; OU
A hiperemía dos orifícios das glândulas de Skene
✓ Doxiciclina, 100 mg, VO, 2x/dia, por 7 a 10 dias.
constitui a mancha de Sanger, que é considerada
patognomônica da gonococia crônica. A infecção pode ALTERNATIVA:
ascender do colo para o trato genital superior, por via
canalicular, levando à doença inflamatória pélvica ✓ Eritromicina estearato, 500 mg, VO, a cada 6
(DIP). horas, por 7 dias; OU
✓ Eritromicina estearato, 500 mg, VO, a cada 12
*OBS: em ambas, quando sintomáticas, as queixas horas, por 14 dias; OU
mais frequentes são corrimento vaginal, sangramento ✓ Ofloxacina, 200 mg, VO, a cada 12 horas, por 7
intermenstrual ou pós-coito, dispaurenia e disúria. dias; OU
✓ Ofloxacina, 400 mg, VO, 1x, por 7 dias OU
MANEJO:
✓ Tetraciclina, 500 mg, VO, a cada 6 horas, por 7
Devido ao grande número de mulheres assintomáticas e a dias.
baixa sensibilidade das manifestações clínicas nas cervicites,
“na ausência de laboratório, a principal estratégia de GESTANTES/NUTRIZES:
manejo das cervicites por clamídia e gonorreia é o
tratamento das parcerias sexuais de homens portadores de Primeira escolha:
uretrite”.
✓ Azitromicina, 1 g, VO, dose única.
DIAGNÓSTICO:
Segunda escolha:
O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por C.
trachomatis dever ser feito por biologia molecular e/ou ✓ Amoxiciclina, 500 mg, VO, a cada 8 horas, por 7
cultura. Para diagnóstico da cervicite gonocócica, proceder à dias; OU
cultura em meio seletivo, a partir de amostras endocervicais
e uretrais.
✓ Eritromicina estearato, 500 mg, VO, a cada seis
horas, por 7 dias OU
✓ Eritromicina estearato, 500 mg, VO, a cada 12
Tratamento: horas, por 14 dias.
Gonorreia: ATENÇÃO!
✓ Ciprofloxacina, 500 mg, VO, dose única (não - TODOS os parceiros dos últimos 60 dias devem ser
recomendado para menores de 18 anos); OU tratados com dose única;
✓ Ceftriaxona, 500 mg IM, dose única.
- Devido à possibilidade de coinfecção e
ALTERNATIVA: desenvolvimento da doença infecciosa pélvica,
✓ Cefotaxima 1.000 mg, IM, dose única; OU justifica-se o tratamento combinado de clamídia e
✓ Ofloxacina, 400 mg, dose única; gonorreia em TODOS os casos;
✓ Cefixima, 400 mg, dose única; OU - Notificar IST
✓ Espectrinomicina, 2 g IM, dose única; OU
✓ Ampicilina, 2 ou 3 g + Probenecida, 1 g, VO, dose
única; OU
✓ Tianfenicol, 2,5 g, VO, duas doses, a cada 12
horas.

GESTANTES/NUTRIZES:

Primeira escolha:

✓ Ceftriaxona, 500 mg IM, dose única


COLPOSCOPIA

Antes de dar seguimento ao conteúdo, é importante relembrar como é feito o exame colposcópico:

É o estudo do colo do útero com o uso do colposcópio, dotado de lentes que possibilitam aumento de 6 a 40 vezes. É um exame
importante para se identificar lesões pré-cancerosas e malignas do colo do útero, facilitando a realização de biopsia guiada.

O exame se inicia com a introdução do espéculo vaginal; após esse passo, limpam-se a vagina e o colo do útero para poder realizar os
seguintes testes:

→ Teste de Schiller: tem a finalidade de demarcar áreas de epitélio escamoso cervico-vaginal, que é rico em glicogênio e, portanto,
adquire uma coloração marrom-escuro. Áreas pobres em glicogênio adquirem uma tonalidade de amarelo suave, caracterizando um teste
de Schiller positivo.

→ Teste do ácido acético: consiste na embrocação do colo do útero, da vagina e da vulva com solução de ácido acético a 5%. As áreas com
intensa atividade nuclear são coradas de branco, que deverão ser biopsiadas;

→ Teste de Collins (vulvoscopia): esse exame pode ser realizado com o auxílio do colposcópio. Compreende a aplicação do azul de
toluidina na vulva. As lesões que ficarem coradas de azul são consideradas para a biopsia dirigida;

Sistematização dos Aspectos Colposcópicos:

→ Aspectos normais: → Aspectos anormais:


✓ Epitélio Escamoso Normal; ✓ Epitélio Branco;
✓ Epitélio Colunar; ✓ Mosaico;
✓ Transformação atípica; ✓ Pontilhado;
✓ Leucoplasia;
✓ Vasos Atípicos;
LESÕES DE COLO UTERINO:
COLO UTERINO: Lesão Intraepitelial de Baixo Grau (LSIL/NIC I):
Vamos revisar a composição do colo uterino para Representa a manifestação citológica da infecção
melhor compreensão das lesões: causada pelo HPV, altamente prevalente e com
O colo uterino possui uma forma cilíndrica e potencial de regressão frequente, especialmente em
apresenta uma parte interna, que constitui o mulheres com menos de 30 anos.
chamado canal cervical ou endocérvice, e uma parte As recomendações variam para as pacientes com
externa que mantém contato com a vagina e é lesões de baixo grau. Pode-se fazer:
identificada como ectocérvice.
✓ Encaminhamento imediato para a
A endocérvice é revestida por uma camada única de colposcopia;
células cilíndricas produtoras de muco (epitélio ✓ Repetição da citologia em intervalos variáveis,
colunar simples), enquanto que a ectocérvice é com encaminhamento para a colposcopia
revestida por um tecido de várias camadas de células caso o resultado subsequente mantenha LSIL
planas (epitélio escamoso estratificado). Entre esses ou apresente outras atipias;
dois epitélios, encontramos a JEC (junção ✓ Realização do teste de detecção de DNA-HPV,
escamocolunar), que é uma linha que pode estar com encaminhamento para a colposcopia
tanto na ecto quanto na endocérvice, dependendo da caso resultado seja positivo.
situação hormonal da mulher.
Recomendações: mulheres com diagnóstico
Na infância e no período pós-menopausa, geralmente citopatológico de LSIL devem repetir o exame
a JEC situa-se dentro do canal cervical. No período da citopatológico em 6 meses na unidade de atenção
menacme, fase reprodutiva da mulher, geralmente a primária. Processos infecciosos ou atrofia genital
JEC situa-se ao nível do orifício externo ou para fora identificados devem ser tratados antes da coleta. Se a
desse e recebe o nome de ectopia ou eversão. citologia de repetição for negativa em dois exames
Nessa situação, o epitélio colunar fica em contato com consecutivos, a paciente deve retornar à rotina de
um ambiente vaginal ácido, hostil a essas células. rastreamento citológico trienal na unidade de
Assim, suas células se transformam em outras mais atenção primária. Se uma das citologias subsequentes
adaptadas para este ambiente: células escamosas. no período de 1 ano for positiva, encaminhar para
isso dá origem a um novo epitélio situado entre os unidade de referência para colposcopia.
epitélios originais, chamado de zona de À colposcopia, caso sejam encontrados achados
transformação. Nessa região ocorre a formação dos anormais no colo do útero, a biópsia deve ser
cistos de Naboth. realizada. Presente NIC II/III ou CA deve-se seguir a
A ZT é responsável pela transformação do epitélio conduta específica. Caso seja NIC I, a paciente deverá
colunar em estratificado pavimentoso. Portanto, é ser mantida em seguimento citológico. Quando
na ZT que se localizam mais de 90% das lesões presentes achados menores, a biópsia poderá ser
precursoras ou malignas do colo do útero. dispensada, considerando-se outros achados como
idade menor que 30 anos, rastreamento prévio
negativo e ausência de história de doença cervical
pré-invasiva (NIC II/III). As pacientes não submetidas
à biópsia devem fazer seguimento com citologia em
12 meses até dois exames seguidos negativos.
Na ausência de achados colposcópicos anormais no Pós-menopausa:
colo e na vagina, é recomendado repetir a citologia. A
Em razão da deficiência de estrogênio, apresentam
nova citologia deverá ser realizada a cada 6 meses em
alterações celulares no colo uterino e na vagina, que
mulheres com mais de 30 anos ou anualmente em
podem acarretar em resultados falso-positivos da
mulheres de até 30 anos. Caso o citopatológico seja
citologia. A terapia por meio do estrogênio tópico
negativo em dois exames consecutivos, a mulher deve
melhora a qualidade desse exame.
retornar ao rastreamento trienal. Mantido o
diagnóstico citopatológico de LSIL, a mulher deverá Portanto, mulheres na pós-menopausa com
ser mantida em seguimento citológico até que os diagnóstico de LSIL devem ser conduzidas como as
exames retornem à normalidade. Na persistência de demais mulheres, mas a segunda coleta deve ser
LSIL por 24 meses, a mulher deve ser reencaminhada precedida de tratamento da colpite atrófica (atrofia
para a colposcopia. decorrente da redução de estrogênio), quando
presente.
Situações especiais:
Imunossuprimidas:
Mulheres de até 25 anos:
As evidências de maior prevalência de lesões
Nesta faixa etária existem evidências de maior
precursoras e CA nessas mulheres têm levado a
incidência, maior probabilidade de regressão de LSIL e
recomendações de que, diante de qualquer
raridade de lesões invasivas, o que vem norteando a
anormalidade citológica, devem ser encaminhadas
recomendação de condutas mais conservadoras.
imediatamente à colposcopia.
Observou-se regressão da LSIL em 60% dos casos num
Quando indicado o tratamento, ele deve ser
período de 12 meses e de até 92% em 3 anos.
excisional.
a alta prevalência de infecção pelo HPV em
adolescentes exclui a utilização de testes de detecção Lesão Intraepitelial de Alto Grau (HSIL; NIC II/III):
de DNA-HPV na prática assistencial. Cerca de 90% das Cerca de 70 a 75% das mulheres com laudo
infecções por HPV na adolescência são transitórias, e citopatológico de lesão intraepitelial escamosa de alto
o HPV não é mais detectado em até 2 anos. grau apresentam confirmação histopatológica deste
grau de doença e em 1 a 2%, de carcinoma invasor.
Recomendações: mulheres com até 25 anos, caso
tenham sido submetidas ao exame citopatológico e *OBS: Os procedimentos excisionais são denominados
apresentem alterações citológicas compatíveis com de excisões dos tipos 1, 2 ou 3, a depender da
LSIL, devem repetir a citologia em 3 anos. Caso se profundidade de tecido que é acometido pela lesão, a
mantenha essa atipia, deverão manter seguimento qual é determinada pela Zona de Transformação (ZT
citológico trienal. No caso de novo exame normal, tipos 1, 2 ou 3).
reiniciar rastreamento aos 25 anos. A qualquer
momento, caso apresentem citologia com alterações
mais graves, deverão ser encaminhadas à colposcopia.

Diante de um diagnóstico de NIC I, o tratamento deve


ser evitado e mantido o seguimento citológico trienal
até que completem 25 anos. A partir desta idade,
devem ser conduzidas como as demais mulheres.
Métodos excisionais não estão indicados antes dos
25 anos.

Gestantes:

As alterações fisiológicas que acontecem durante a


gestação podem dificultar a interpretação dos
achados, requerendo maior experiência por parte dos
colposcopistas. Recomenda-se que a colposcopia não
deve ser realizada durante a gestação de mulheres
com LSIL. Qualquer abordagem diagnóstica deve ser
feita após 3 meses do parto.
A regressão da NIC III também tem sido observada
nessa população e tem motivado recomendações
mais conservadoras (eletrocauterização, crioterapia,
laser).

Gestantes:

A colposcopia pode ser realizada em qu7alquer época


da gestação. A biópsia pode ser realizada com
segurança, não havendo riscos de eventos adversos
sobre a gestação, existindo apenas maior
probabilidade de sangramento. As lesões de alto grau
detectadas durante a gestação possuem risco mínimo
Recomendações: mulheres que apresentarem laudo
de progressão para invasão e algum potencial de
citopatológico de HSIL deverão ser encaminhadas
regressão após o parto. A biópsia deve ser realizada
para a colposcopia. A repetição da citologia é
quando a colposcopia demonstrar um achado
inaceitável como conduta inicial.
sugestivo de invasão.
Quando a colposcopia mostrar-se inadequada devido
Pós-menopausa:
a processos inflamatórios ou qualquer situação que
inviabilize a sua realização, esta deverá ser realizada A conduta aqui é a mesma citada na LSIL.
assim que possível.
Imunossuprimidas:
Na presença de achados maiores, JEC visível (ZT tipos
Esse grupo de pacientes possui maior risco de
1 ou 2), lesão restrita ao colo do útero e ausente
desenvolver lesão intraepitelial escamosa cervical e
suspeita de invasão ou doença glandular deverá ser
de apresentar maior frequência de recidiva após o
realizado o “ver e tratar”, ou seja, excisão tipo 1 ou 2,
tratamento.
de acordo com o tipo de ZT.
A conduta inicial é o encaminhamento para a
Na colposcopia com JEC não visível ou parcialmente
colposcopia, e a investigação deverá ser a mesma já
visível (ZT tipo 3) e achados maiores, deverá ser
descrita para mulheres imunocompetentes.
realizada excisão tipo 3. Em mulheres jovens, todos os
esforços para tentar expor a JEC devem ser EXAMES:
empreendidos.
Colpocitologia oncótica:
Na colposcopia com JEC visível e achados menores,
deve-se realizar a biópsia. Quando o resultado da O exame citopatológico é conhecido popularmente
biópsia for compatível com NIC II/III, realizar excisão como exame preventivo.
tipo 1 ou 2 conforme a ZT. Se a biópsia for negativa ou No Brasil, o método usado é o convencional, que
apresentar NIC I, deve-se repetir a citologia e a emprega a espátula de Ayre e a escova endocervical
colposcopia em 6 meses a contar do dia da realização ou citobrush. A combinação da espátula e da escova é
da biópsia e adotar conduta específica de acordo com o método mais eficiente para diminuir a porcentagem
o novo laudo citopatológico. de falso-negativos. A técnica de coloração para
Situações especiais: citopatologia mais utilizada é a de Papanicolaou.

Mulheres até 25 anos:

Esta população apresenta elevada prevalência de


infecção pelo HPV, no entanto, mostra baixa
incidência de HSIL e de carcinoma invasor.

Estudos mostram que a história natural da NIC II nesta


população está muito próxima daquela da NIC I. em
doze meses de seguimento da NIC II em adolescentes
e mulheres jovens, é observada probabilidade de
regressão em torno de 60% em alguns estudos, mas
pode chegar até 75% em 3 anos de seguimento.
Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve no diagnóstico das lesões precursoras e nas fases mais
submeter-se ao exame preventivo periódico, incipientes do câncer invasor.
especialmente as que têm entre 25 e 59 anos (de
Qual a ação do ácido acético?
acordo com o Ministério da Saúde. A Febrasgo
preconiza idade entre 25 e 64 anos). Inicialmente, o O ácido acético coagula as proteínas citoplasmáticas
exame deve ser feito anualmente. Após dois exames do epitélio alterado. Portanto, quanto mais proteínas,
seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando mais esbranquiçada fica a lesão. Este processo
resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito esconde a congestão do tecido conjuntivo. Por esta
a cada três anos. razão, é importante observar antes do ácido acético
se há áreas avermelhadas que denotam
É a principal estratégia para detectar lesões
neovascularização e se as mesmas tornam-se brancas
precocemente e fazer o diagnóstico do câncer bem no
após a ação do ácido acético (30-40 segundos após).
início, antes que a mulher tenha sintomas.
Qual a ação do lugol?
A mulher não pode estar menstruada no dia da coleta.
O lugol é uma solução iodo-iodetada, cuja aplicação
Situações especiais:
tem a finalidade de corar o epitélio. Ele cora o
Mulheres de até 24 anos: glicogênio das células, tornando-as mais escuras
quanto maior o teor dessa substância. As células
Devido à baixa incidência de câncer, mas alta
normais do colo são ricas em glicogênio e tornam-se
incidência de infecção por HPV com remissão
mais escuras, enquanto as células alteradas, que
espontânea, não é recomendada a realização de
possuem baixo teor de glicogênio, são as que não se
exame citopatológico.
coram pelo lugol.
Gestantes:
O que é Teste de Schiller?
Podem ser submetidas ao exame, sem prejuízo para a
Este teste consiste na embrocação do colo uterino
sua saúde ou à do bebê.
com o lugol. A finalidade deste teste é identificar
Pós-menopausa: áreas de epitélio escamoso desprovidas de glicogênio,
que assumiram tonalidade suave de amarelo,
Recomenda-se estrogenioterapia prévia antes da denominado “amarelo-mostarda” com limites nítidos
repetição da citologia ou colposcopia e contornos caprichosamente recortados à
Imunossuprimidas: semelhança de mapa geográfico. Em contraposição, o
restante do epitélio escamoso, rico em glicogênio,
A colposcopia é indicada já a partir do primeiro exame apresentará coloração marrom-escuro.
alterado devido a maior evolução de lesões
precursoras. O teste é positivo quando o iodo é negativo
(coloração amarelo-mostarda).
Colposcopia:
O teste é negativo quando o iodo é positivo
Consiste na visualização do colo uterino através do (coloração marrom-escuro).
colposcópio, após a aplicação de ácido acético a 5%
(entre 3 e 5% de acordo com o Manual do Ministério
da Saúde) e lugol.

Os achados colposcópicos normais são o epitélio


escamoso original, o epitélio colunar e a zona de
transformação.

As variações de espessura, contorno, relevo, cor do


epitélio e alterações vasculares constituem os
elementos de avaliação colposcópica que as definem
como alterações maiores e menores. O método
permite a identificação da área acometida, sua
extensão, orienta o local da biópsia e contribui para
planejar o tratamento adequado. Além disso, é eficaz
→ Aspectos normais:

✓ Epitélio Escamoso Normal;


✓ Epitélio Colunar;
✓ Transformação atípica;

→ Aspectos anormais:

✓ Epitélio Branco;
✓ Mosaico;
✓ Pontilhado;
✓ Leucoplasia;
✓ Vasos Atípicos;

USG pélvica:
Para a realização da US da pelve pela via abdominal, é
necessário que a bexiga esteja suficientemente
repleta, o que possibilita afastar as alças intestinais e,
dessa forma, cria uma janela acústica para avaliação
do útero e anexos. Quando a bexiga ultrapassa o
fundo uterino, considera-se a repleção da bexiga
adequada.

A ultrassonografia pélvica é utilizada para diagnosticar


e auxiliar no tratamento das seguintes condições:

✓ Anormalidades na estrutura anatômica do


útero, que podem ser congênitas ou
provocadas por endometriose, pólipos
endometriais, cistos e miomas uterinos, por
exemplo;
✓ Prolapso uterino (quando os músculos
pélvicos não conseguem mais sustentar o
útero, levando à perda da mobilidade
uterina);
✓ Gravidez ectópica (gravidez que ocorre fora Entre as condições e alterações que o ultrassom
do útero, geralmente nas tubas uterinas, transvaginal pode identificar estão:
também chamadas trompas de Falópio ou
✓ Malformações no útero, como útero bicorno
apenas trompas);
ou septado;
✓ Doença inflamatória pélvica (DIP) e outros
✓ Miomas ou pólipos uterinos;
tipos de inflamação;
✓ Cistos nos ovários;
✓ Presença e localização de um dispositivo
✓ Infecção pélvica;
contraceptivo intrauterino (DIU);
✓ Endometriose;
✓ Problemas menstruais;
✓ Gravidez ectópica (fora do útero).
✓ Sangramento pós-menopausa;
✓ Monitoramento do desenvolvimento dos USG das mamas:
folículos ovarianos nos tratamentos de
reprodução assistida; O ultrassom das mamas serve para detectar
✓ Punção folicular (aspiração dos folículos alterações mamárias variadas e identificar nódulos,
maduros) nos tratamentos por FIV cistos, secreções nos mamilos, espessamento do
(fertilização in vitro); tecido mamário e entre outros.
✓ Acompanhamento do desenvolvimento fetal O exame é indicado para:
durante a gravidez;
✓ Incontinência urinária. ✓ Pacientes jovens que tenham percebido
alteração palpável nas mamas;
USG pélvica transvaginal: ✓ Pacientes com alterações presentes na
Para a realização do exame pela via transvaginal, o mamografia;
único preparo é a bexiga vazia, pois realizar o exame ✓ Pacientes que possuem histórico familiar de
com a bexiga cheia afasta o fundo uterino e o câncer de mama;
endométrio do transdutor, dificultando o exame. ✓ Para avaliação pré-cirúrgica para implantar
silicone;
✓ Pacientes que não podem realizar exames
com radiação ionizante, como gestantes.

É realizado a partir dos 40 anos em pacientes com


mamas densas e risco intermediário; e a partir dos 25
anos em pacientes de alto risco.

O rastreamento do câncer de mama pela


ultrassonografia (US) apresenta limitações,
principalmente pela baixa capacidade em detectar
microcalcificações agrupadas.

A sensibilidade da mamografia para detecção do


câncer de mama declina significativamente com o
aumento da densidade mamária. A adição do
rastreamento ultrassonográfico pode aumentar a
detecção de tumores pequenos em um número mais
significativo do que o acréscimo do exame clínico.
Preconiza-se, portanto, a ultrassonografia como
Possui as mesmas indicações da USG pélvica, servindo complementar à mamografia quando necessária, e
como um complemento na investigação de SOP e não como rotina.
avaliação da reserva ovariana. USG da tireoide:
É muito utilizado para a confirmação da gestação, A ultrassonografia de tireoide é importante, pois pode
assim como para a detecção de sinais de aborto e diagnosticar lesões focais (nódulos) benignas e
para monitorizar os batimentos cardíacos do bebê. malignas, e avalia a presença de linfonodos (gânglios)
e glândulas salivares. Também é usada para selecionar
os nódulos que devem ser puncionados e guiar a
punção aspirativa. Além disso, o exame contribui para pareada pela idade e sexo), ambas expressas em
a detecção das principais doenças da tireoide: desvio-padrão (DP).
hipertireoidismo e hipotireoidismo, doença de Graves,
No ano de 1994, a OMS estabeleceu o diagnóstico
tumores, bócio, nódulos e cistos.
densitométrico para mulheres na pós-menopausa de
Mamografia: acordo com os limiares de T-score.

A mamografia é o método de eleição para


rastreamento do câncer de mama, por ser o único
adequadamente testado para a finalidade de reduzir a
mortalidade em pacientes assintomáticas.

A sensibilidade da mamografia varia enormemente


com a densidade mamária: 76% a 98% em mamas
gordurosas e apenas 30% a 64% em mamas As principais indicações para a realização do exame
extremamente densas, aumentando são:
significativamente a ocorrência de câncer de intervalo
nesse segundo grupo.

VDRL, FTA-Abs, anti-HIV, anti-HCV, anti-HBs, HBsAg:


VDRL e FTA-Abs:
A mamografia, como forma de rastreamento do
câncer, é indicada para mulheres acima dos 40 anos, Os testes laboratoriais sorológicos para o diagnóstico
anualmente, como recomendação da nossa instituição de sífilis podem ser divididos inicialmente em não
e da Sociedade Brasileira de Mastologia. O Ministério treponêmicos e treponêmicos, devendo ser
da Saúde recomenda a cada dois anos entre os 50 e interpretados à luz da história clínica, particularmente
69 anos. se houve exposição sexual de risco, e do exame físico

Mulheres que possuem risco aumentado, ou seja, A sorologia não treponêmica (VDRL) é indicada para o
pacientes com casos de câncer de mama antes dos 50 diagnóstico e seguimento terapêutico, haja vista sua
anos em parentes próximos como mãe e/ou irmã ou propriedade de ser passível de titulação. Tendem a se
com histórico familiar de câncer de mama bilateral, tornar não reagentes após o tratamento; por isto são
câncer de ovário ou câncer de mama masculino, utilizados no seguimento. Embora o VDRL costume
devem começar o acompanhamento médico a partir apresentar queda progressiva nas titulações após o
dos 30 anos de idade. tratamento, ele ainda pode resultar reagente, em
títulos menores, por longos períodos, sem que esta
Densitometria óssea: positividade signifique que a infecção não tenha sido
curada; são os casos de cicatriz sorológica
A densitometria óssea é o exame mais utilizado na
prática clínica para diagnóstico, monitoração e Na sífilis em atividade a doença apresenta,
investigação clínica do paciente com osteoporose. habitualmente, altos títulos de VDRL (maiores ou
iguais a 1/16).
Nela, a DMO é descrita como um valor absoluto em
g/cm2, Tscore (comparação da massa óssea do A sorologia treponêmica (FTA-abs) corresponde a
indivíduo testado com a média da massa óssea de testes específicos, úteis para confirmação diagnóstica.
uma população adulta jovem saudável) e Z-score A sensibilidade dos testes treponêmicos na sífilis
(comparação da massa óssea do indivíduo testado adquirida é de 84% na fase primária, de 100% nas
com a média da massa óssea de uma população fases secundária e latente, e de aproxmadamente
96% na sífilis terciária. O FTA-abs não é útil para
seguimento após realização do tratamento, pois os
anticorpos específicos podem permanecer detectáveis
indefinidamente, podendo significar uma infecção
tratada anteriormente.

Anti-HIV:

O exame anti-HIV só será eficiente pelo menos 30 dias


após o comportamento de risco. O período é
necessário para que o organismo comece a produzir
anticorpos contra o vírus — o que será detectado no
teste. Caso o exame ocorra antes do prazo, na
chamada janela imunológica, o resultado pode ser
negativo mesmo que a pessoa esteja infectada.

Caso a pessoa tenha contado com o vírus, ela não


precisa esperar os anticorpos se manifestarem para
começar o tratamento. Nesses casos, o Ministério da
Saúde recomenda que a Profilaxia Pós-Exposição de
Risco (PEP) tenha início até 72 horas após a exposição,
que incluem casos de violência sexual, relação
desprotegida e acidentes ocupacionais.

Anti-HCV:

As sociedades médicas recomendam que todas as


pessoas com 40 anos ou mais realizem este exame,
pelo menos uma vez na vida, independente de terem
ou não algum sintoma. Caso o exame anti-HCV venha
reagente, este resultado indica que a pessoa já teve
contato com o vírus da Hepatite C.

Anti-HBs, HBsAg:

O anti-HBs é um anticorpo específico contra o vírus da


Hepatite B, que aparece no início da fase de cura e
permanece positivo por toda a vida. A vacina para
hepatite B também estimula a produção de anti-HBs.

O HBsAg é a substância presente na superfície do


vírus da hepatite B que pode ser detectada em exame
de sangue de pessoa infectada. Assim, o exame HBsAg
positivo indica infecção pelo vírus da hepatite B. Se
persistir alterado por 6 meses, o indivíduo é
considerado portador de hepatite B crônica.

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