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ESPERMOGRAMA

ESPERMOGRAMA

Introdução à Espermograma

Objetivos:

Estudo do sêmen
Reavivar a utilidade do exame de sêmen
Fornecer o conhecimento necessário à correta interpretação do exame
espermograma.
ESPERMOGRAMA
ANÁLISE DO SÊMEN

A análise do sêmen é indicada em casos de infertilidade conjugal, avaliação e


controle do paciente pós-vasectomizado e avaliação de doenças testiculares e
penianas sobre a espermatogênese. O sêmen normal é uma mistura de
espermatozóides e secreções provenientes dos testículos e epidídimos, os
quais são misturados durante a ejaculação com secreções oriundas da
próstata, vesículas seminais e glândulas bulbouretrais. A composição final é
um líquido viscoso que forma o ejaculado.

Coleta do Material e Preparação do Paciente

 A amostra deve ser coletada após um período de abstinência sexual de


2 a 5 dias. O paciente deve ser instruído para evitar perda de material,
principalmente o 1º jato, que contém a maior concentração de
espermatozóides.
 Se a abstinência sexual for superior a 5 dias, aumenta o número de
formas imaturas, o número de espermatozóides mortos e o volume do
sêmen; se a abstinência sexual for inferior a 2 dias, diminui o volume do
sêmen e o número de espermatozóides.
 A amostra deve ser obtida por masturbação e ejaculada dentro de um
recipiente de boca larga de vidro ou plástico. Se for de plástico, deve-se
analisar os possíveis efeitos tóxicos sobre os espermatozóides. Deve-se
evitar temperaturas extremas (-20°C ou +40°C ).
 O frasco contendo a amostra deve ser identificado, contendo o nome do
paciente, o período de abstinência sexual, data e hora da coleta, o
nome do medicamento em uso.
 Duas amostras devem ser coletadas num período de 7 dias à 90 dias.
Se o resultado dessas duas análises for discrepante, análises adicionais
deverão ser realizadas.
 O ideal é coletar o material no laboratório, porém, se isso não for
possível, a amostra deve ser enviada ao laboratório dentro de no
máximo 1 hora após a coleta.
 Preservativos não devem ser usados na coleta, pois podem interferir
com a viabilidade dos espermatozóides.
 No caso da realização de uma avaliação microbiológica, o paciente
deve primeiro urinar e depois fazer assepsia das mãos e pênis antes de
ejacular num frasco esterilizado.
 Quando houver dosagem de frutose no sêmen, o paciente deve fazer
um jejum alimentar de 12 horas. Exames macroscópicos: Liquefação ou
coagulação, Volume, Aspecto, Cor, Viscosidade, pH.
 Tempo de duração da coagulação ou tempo de liquefação – TDC
Imediatamente após a ejaculação, o esperma transforma-se em gel
(coagulação) para facilitar a dispersão dos espermatozoides e protegê-
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los do contato com o pH vaginal ácido, isso se deve às proteínas
coagulantes presentes na secreção das vesículas seminais. Em
temperatura corpórea, a amostra seminal normal se liquefaz em até 60
minutos devido à ação das espermolisinas contidas na secreção
prostática. A liquefação do esperma é importante para a motilidade dos
espermatozoides.
.
Procedimento
Colocar a amostra em uma estufa a 37°C e verificar de 5 em 5 minutos
quando se inicia a liquefação, cronometrando, assim, o tempo que leva
para uma amostra se liquefazer totalmente.
A OMS estabelece que o tempo de liquefação de uma amostra normal
seja de até 60 minutos após a coleta do sêmen. Ocasionalmente, a
amostra pode não se liquefazer e, nesse caso, um tratamento adicional
é necessário para tornar a amostra analisável, deve-se, portanto, agitar
a amostra em um vortéx até a sua liquefação. A amostra de sêmen
pode apresentar alterações no TDC:

 Ausência de coagulação: ausência de fatores de coagulação:


agenesia ou obstrução dos ductos das vesículas seminais;
 Ausência de liquefação: ausência de fatores de liquefação:
agenesia ou afecções da próstata;
 Liquefação parcial: deficiência de fatores de liquefação
(próstata).

Volume

O volume seminal final é diretamente proporcional à quantidade de secreção


da próstata e das vesículas seminais, já que o volume proveniente dos
testículos e epidídimo é reduzido. Procedimento: medir o volume com proveta
ou pipeta graduada; Valor Normal: 2,0 a 5,0 ml; - Hipoespermia: vol. < 2,0 ml
Insuficiência ou ausência de abstinência sexual; Insuficiência vesicular
(Clamydia ou Mycoplasma); Baixos níveis séricos de testosterona; -
Hiperespermia: vol. > 5,0 ml Abstinência sexual prolongada; Tumores benignos
ou malignos próstato-vesiculares; - Aspermia: ausência de ejaculado
Agenesias; Alterações no controle neurológico da ejaculação.

Aspecto

Procedimento: o aspecto deve ser analisado após liquefação por simples


inspeção à temperatura ambiente. Amostra normal: aparência homogênea e
opaca Amostra anormal: aspecto heterogêneo por agregados protéicos de
consistência firme e incolor: períodos prolongados de abstinência sexual,
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diminuição dos níveis de testosterona, alterações nas concentrações de
espermolisinas, processos inflamatórios genitais, medicamentos.

Cor

Normalmente o sêmen é branco-opaco. A presença de leucócitos em grande


quantidade confere ao esperma uma cor amarelada, enquanto que a presença
de hemácias confere uma cor avermelhada. Outras tonalidades (esverdeado)
pode se dar devido ao uso de medicamentos.

Viscosidade ou Consistência

Procedimento: pode ser estimada através de uma pipeta de 5 ml, deixando o


sêmen sair da pipeta pela ação da gravidade e observando como isso se dá.
Viscosidade Diminuída: a amostra se desprende da pipeta em gotas;
Viscosidade Normal: a amostra se alongará em filetes com menos de 2 cm;
Viscosidade Aumentada: a amostra se alongará em filetes com mais de 2 cm
de comprimento.

pH

Procedimento: medir o pH do sêmen através de fita de pH. Valor Normal: 7,2 a


8,0 pH acima de 8,0: deficiência da glândula prostática pH abaixo de 7,2 :
deficiência das vesículas seminais Exames Microscópicos: motilidade;
vitalidade; contagem dos espermatozóides; contagem de leucócitos e
hemácias, morfologia dos espermatozóides; morfologia das células
germinativas imaturas.

Motilidade ou Motilidade de 1º Hora

Procedimento: homogeneizar a amostra em temperatura ambiente, colocar


10mL de sêmen em uma lâmina de vidro limpa e cobrir com uma lamínula.
Fazer 2 lâminas (fazer a média entre as lâminas). Se o número de
espermatozóides por campo variar consideravelmente, isto indica que a
amostra não está homogeneizada. Se o número de espermatozóides for muito
pequeno, deve-se centrifugar novamente a amostra. A avaliação da motilidade
deve ser realizada até 60 minutos após a coleta, observando os
espermatozóides em objetiva de menor aumento, rastreando 4 a 6 campos
para avaliar 100 espermatozóides, obtendo a porcentagem das categorias
classificadas abaixo: A – espermatozóides com motilidade rápida e progressiva
(para frente); B - espermatozóides com motilidade lenta e progressiva; C -
espermatozóides com motilidade não progressiva; D - espermatozóides
imóveis. VALOR NORMAL: Acima de 50% de espermatozóides em A + B
Acima de 25% de espermatozóides em A Astenospermia: abaixo de 50% das
categorias A + B Astenospermia extrínseca: devido a aumento da viscosidade;
Astenospermia intrínseca: nível baixo ou ausente de frutose.
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VITALIDADE

A vitalidade dos espermatozóides se reflete na proporção de espermatozóides


que estão vivos, determinados pela exclusão do corante. Baseia-se no princípio
de que a membrana plasmática danificada de uma célula morta permite a
passagem de certos corantes, o que não ocorre nas células vivas.
Procedimento: em um tubo de hemólise, misturar 20ml de sêmen e 1 gota de
eosina, esperar 30 segundos, colocar 2 gotas de nigrosina, homogeneizar e
confeccionar um esfregaço tipo sanguíneo, secar rapidamente (secador). Fazer
a leitura em imersão, contando 100 espermatozóides, os espermatozóides
vivos não se coram (brancos), enquanto os mortos coram-se em rósea. O
resultado é expresso em % de espermatozóides vivos. Valor Normal: acima de
50% de espermatozóides vivos Necrospermia: acima de 50% de
espermatozóides mortos. Ocorre na deficiência de frutose.

CONTAGEM DOS ESPERMATOZÓIDES

São contados apenas os espermatozóides maduros, com cauda.


Procedimento: fazer duas diluições em um tubo de hemólise, homogeneizar e
preencher a Câmara de Newbauer, contando nos 4 quadrantes laterais da
câmara. 1:20 - 20 ml de sêmen + 0,4 ml do líquido diluidor Resultado da
contagem multiplica por 50.000 1:200 - 20 ml de sêmen + 4,0 ml do líquido
diluidor Resultado da contagem multiplica por 500.000 Resultado final: média
aritmética entre as duas contagens. Valor Normal: acima de 20.000.000/ml
Oligozoospermia:

Quando o número de espermatozóides é menor que 20.000.000/ml A


oligozoospermia pode ser permanente (concomitante necrospermia e
astenospermia) e periódica (confirmado através de espermogramas seriados,
com intervalo de 2 semanas, durante o período de 3 meses) Causas: infecção
do trato genital, anomalias cromossômicas, alterações hormonais e pouca
abstinência sexual.

Azoospermia: ausência de espermatozóides no sêmen. Causas: são as


mesmas que causam oligozoospermia, além de agenesias gonodais.

CONTAGEM GLOBAL DE LEUCÓCITOS E HEMÁCIAS

A contagem de leucócitos e hemácias é realizada nos 4 quadrantes laterais da


Câmara de Newbauer, na ocasião da contagem de espermatozóides.
Procedimento: o procedimento é o mesmo para contar leucócitos/hemácias em
Hematologia. Na diluição 1:20, multiplica-se o resultado por 50. O valor é
expresso em mm³. Valor Normal de Leucócitos: até 1.000/mm³ Valor Normal de
Hemácias: até 1.000/mm³ Leucospermia: valor de leucócitos acima de
1.000/mm³
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➢ Eosinofilia de até 25%: processos auto-imunes;

➢ Neutrofilia: prostato-vesiculites agudas;

➢ Linfócitos e Monócitos: processos crônicos; Eritrospermia (sem alteração da


cor do sêmen) e Espermorragia (sêmen cor hemorrágica): processo infeccioso
em atividade, neoplasias ou sinal precoce de hipertensão arterial sistêmica.

MORFOLOGIA DOS ESPERMATOZÓIDES MADUROS

Espermatozóide normal: cabeça oval (o acrossoma ocupa uma área entre


40% - 70% da região cefálica), peça intermediária e flagelo normal.

Espermatozóides anormais: com defeitos na forma e tamanho da cabeça,


defeitos na peça intermediária e com defeitos da cauda. Procedimento:
confeccionar um esfregaço fino (tipo hemograma), secar a temperatura
ambiente e corar pela técnica de Leishmann ou de Papanicolaou. Observar em
imersão, e contar 200 espermatozóides, sendo o resultado relatado em % de
espermatozóides normais e espermatozóides anormais. A análise é
multiparamétrica, cada defeito mesmo que presente em um mesmo
espermatozóide deve ser computada separadamente. Valor Normal: acima de
50% de espermatozóides normais. Teratospermia: acima de 50% de formas
anormais. Causas: alterações na temperatura escrotal devido a varicocele e
hidrocele.

MORFOLOGIA DAS CÉLULAS GERMINATIVAS IMATURAS

Procedimento: no esfregaço do sêmen corado pela técnica de Leishmann,


observar as células da espermatogênese e relatar o resultado em
porcentagem. Valor Normal: Espermatócitos até 1% Espermátides até 3% As
células germinativas imaturas se desprendem dos tubos seminíferos por
processos patológicos como: varicocele, processos traumáticos, hidrocele,
tuberculose, seminoma, processos infecciosos agudos e crônicos. EXAME DO

SÊMEN DE PACIENTE VASECTOMIZADO:

Nas amostras colhidas pós-vasectomia, é importante verificar a presença de


espermatozoides. É um procedimento menos complicado que o da infertilidade,
pois a única avaliação é a presença ou ausência de espermatozoides. O tempo
necessário para a ocorrência da esterilidade completa pode variar de um
paciente para outro, por isso não é raro encontrar espermatozoides viáveis em
pacientes vasectomizados. Normalmente, as amostras são examinadas em
intervalos mensais que começam aos 2 meses após a vasectomia e continuam
até que 2 amostras mensais consecutivas dos espermatozoides no sêmen
indiquem a eficácia do método (vasectomia).

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