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FUNÇÃO:
• Manter uma gestação é sua principal função.
• Secundariamente, tem-se a função de sustentação, além de alguns ligamentos se inserirem nele.
HISTOLOGIA:
• Ectocérvice: Epitélio escamoso.
o É aquilo que está por fora, normalmente observado no exame especular.
o Lembrar que a vagina é um ambiente ácido e essa acidez é necessária por uma questão de
proteção. Então, deve-se contar com um epitélio espesso, estratificado, escamoso. Por isso,
essa é a constituição da ectocérvice;
• Endocérvice: Epitélio colunar (glandular).
o É o epitélio que fica dentro, no canal endocervical. Essa região que está adentrando o canal
não tem necessidade de ter um epitélio tão espesso, já que nessa região não tem uma
agressão tão importante da acidez da vagina.
o Outro ponto importante de se lembrar é que é nessa região endocervical, onde se encontram
as glândulas, que é produzido o muco cervical. É esse muco que se consegue avaliar no
exame e que se avalia se a mulher está no período ovulatório;
• Junção escamo-colunar (JEC): Epitélio em metaplasia.
o É onde o epitélio escamoso acaba se juntando ao colunar. A vagina tem essa acidez
característica e à medida que o epitélio colunar que vem de dentro do canal endocervical vai
sendo exposto a essa situação, um epitélio simples vai se transformando em um estratificado.
Dessa forma, o epitélio dessa junção é chamado de epitélio em metaplasia. É importante
notar que essa situação de epitélio em metaplasia nessa região é fisiológico.
HPV
INTRODUÇÃO:
• É o papiloma Vírus Humano.
• Tem total relação com o CA de colo (professor diz 99% ou +). Praticamente não existe CA de colo
sem HPV. O HPV vai na região da JEC e faz essas transformações que podem evoluir para uma
neoplasia;
• Existem mais >200 subtipos descritos;
• Principais:
▪ Condilomas acuminados (verruga genital): HPV 6 e 11.
o Não são oncogênicos, são responsáveis pelas verrugas genitais;
▪ Oncogênicos: HPV 16 e 18.
FORMAS CLÍNICAS:
• Latente.
o Em dados epidemiológicos, 1 em cada 4 mulheres tem HPV. Se essa paciente está com seu
estado imunológico bom, o HPV ficará em sua forma latente, pode passar o resto da vida com
esse vírus que não terá repercussão nenhuma;
Se por algum motivo essa paciente tem algum comprometimento da imunidade pode desenvolver a
forma clínica ou subclínica:
• Clínica: condilomas acuminados (verrugas);
• Subclínica: *NIC* (rastreamento). O NIC é caracterizado dentro da forma subclínica e é nesse ponto
a importância do rastreamento.
ATENÇÃO: Em caso de paciente que já teve/tem HPV, pode ser feito o parto vaginal. Porém, em casos de
Condiloma acuminado muito grande que obstrui o canal do parto: cesariana!
b) MÉTODO/SINONÍMIAS: todos os nomes são possíveis de usar, não há um que esteja mais correto.
• Colpocitologia oncótica (CO);
• Papanicolau;
• Preventivo;
• Citopatológico do colo uterino (CP).
c) MATERIAIS E MÉTODOS:
• Espéculo (primeira imagem), espátula de aire (madeira), escovinha endocervical (citobrush), lâmina,
caixinha e o fixador (não está na imagem).
• Na lâmina de vidro, divide-se em dois. Encaixa-se a espátula de aire por fora do colo girando 360º
para coletar material da ECTOCÉRVICE e passa numa metade da lâmina. Depois, a escovinha é
introduzida no canal endocervical e faz um giro de 360º, coloca na outra metade lâmina e passa o
fixador. Assim, é mandado o material para avaliação.
• Hoje em dia o recomendado é uma coleta dupla: coletar da endocérvice e da ectocérvice.
Antigamente era recomendado uma coleta tripla: ectocérvice, endocérvice e fundo de saco da vagina;
mas estudos mostraram que esse material não tinha muito valor oncológico, sendo abolido.
e) SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Gestantes: sim! Muitos médicos não utilizam a escovinha nessa situação, preferem só coletar com a
espátula de aire, mas o problema de fazer isso é que a região onde surge os canceres é da JEC e
muitas vezes só com a espátula não pega essa região. Então pode e deve usar a escovinha (com
cuidado).
• Pacientes virgens: não! Se for uma paciente virgem, que tem uma relação com outra mulher e na
hora da penetração tem introdução de dedos e objetos, aí tem que fazer (individualizar a decisão).
Nessa situação existe o espéculo de virgem, que não abre tanto e permite a coleta nessa paciente.
SEMPRE perguntar da sexarca, é quase um crime fazer isso em paciente virgem.
• Histerectomia total por patologia benigna (tira o corpo e colo do útero, ex mioma) não! Lembrando
da condição dos dois últimos papanicolaus negativos em 5 anos. Antigamente ainda se coletava da
cúpula da vagina, hoje em dia não se aplica mais.
• Histerectomia total por CA: sim! Mas não é de rastreamento e sim de seguimento do câncer!
• Pacientes imunossuprimidas: semestral/anual. É importante notar que sempre tem condições pro
imunossuprimido. Isso acontece pois o HPV é mediado pela imunidade, então, se uma paciente é
imunossuprimida, a resposta do colo será deficiente. PORTANTO, pacientes imunossuprimidas: faz-
se a coleta semestralmente, se estiver tudo ok, faz anualmente e não de 3 em 3 anos.
Se a paciente for HIV + e o TCD4 tiver muito baixo, com valor abaixo de 200, ela vai ter que seguir
fazendo semestralmente. IMPORTANTE!!
Achados preocupantes
3. ASC-H: colposcopia + biópsia;
4. AGC: colposcopia + biópsia + avaliação endocervical (aqui vai avaliar por dentro também, pois as
células glandulares estão nessa parte e a colposcopia só analisa por fora. Para essa avaliação pode
utilizar uma cureta bem fina, número 0, para coletar material ou utilizar a escovinha, sem girar 360
dessa vez e faz movimentos mais agressivos para tentar tirar material);
5. Lesão intraepitelial de alto grau: colposcopia + biópsia.
✓ Tratamento? MS recomenda que, se o médico analisar uma imagem suspeita de coisa mais
grave na colposcopia, bem visível, ao invés dele tirar um pedaço para biópsia, ele já faz uma
conização, faz um tratamento dessa lesão. Não são todos os autores que concordam com
isso, a maioria faz colposcopia com biópsia.
ATENÇÃO:
DIAGNÓSTICO EM PATOLOGIA CERVICAL:
Faz-se o PAPANICOLAU (é uma citologia de rastreamento). Se alterado → COLPOSCOPIA + BIÓPSIA
(histológico). Obs: Fazer a biópsia se encontrar alteração na colposcopia.
COLPOSCOPIA
A imagem ao lado mostra um colposcópio ligado a um monitor, mas quando o avaliador está sozinho, não é
necessário o monitor, vê direto no aparelho. Ela é uma lente de aumento, aumenta em torno de 16x, então,
se consegue ter uma imagem muito nítida do colo uterino.
O que se deve fazer para identificar lesões é lançar mão de dois produtos: ácido acético e Teste de Schiller
(lugol).
• O ácido acético coagula proteínas de células alteradas. Lembrar que de câncer, a célula está
em alta taxa de mitose. Como ela está se replicando muito, tem muita proteína, quando coloca o
ácido acético ele coagula essas proteínas e na imagem vai se observar uma área branca –
EPITÉLIO ACETO BRANCO.
• Teste de Schiller: ao invés de colocar o ácido acético, coloca o lugol, que é uma substância
iodada. Aplica-se no colo, geralmente é uma substância meio preta/amarronzada e ele cora as
células que são ricas em glicogênio. Dessa forma, o ideal nesse teste é corar, pois o que se quer
é que as células sejam ricas em glicogênio. Se a célula não for rica em glicogênio, quer dizer que
ela está utilizando esse glicogênio para fazer replicação e ter uma neoplasia. SE NÃO COROU,
TEM QUE SE PREOCUPAR.
OBS: Professor responde uma pergunta dizendo que o ácido acético não é totalmente seletivo, pois senão
não precisaria de biópsia para confirmar.
Ainda, aponta que existem outros achados, mas o epitélio aceto branco é o mais comum. Os outros são:
• Existe um que se chama pontilhado, no meio da lesão branca é possível ver pontinhos vermelhos,
que também é preocupante.
• Outro achado é o mosaico, que é como se fossem figuras geométricas, em que você olha a imagens
bem esquisitas no colo: triângulos, retângulos, “lajotas de ruas de cidade pequena”.
• Leucoplasia, que, ao invés de ver a lesão branca, vê-se uma lesão branca em relevo.
• O pior achado é os vasos atípicos. Quando coloca o ácido acético, se vê as ramificações ali, quer
dizer que já tem uma neoangiogênese, ou seja, provavelmente um câncer crescendo ali.
Recapitulando, então, até o rastreamento com Papanicolau foi o médico clínico, não precisa ser especialista.
A partir do momento em que se identifica os achados preocupantes, daí encaminha para colposcopia com
biópsia, que normalmente é um especialista que atua.
Outra situação a se atentar é que se vier alterado o exame com achados não preocupantes e o de 6 meses
depois vier alterado de novo com achados não preocupantes, o médico solicita a colposcopia + biópsia.
ATENÇÃO:
• Lembrar - Papanicolau é citológico, de rastreamento. A biópsia mostra NICs, é histológico. Quando
uma paciente chega e fala que tem lesão de alto grau, o médico deve sempre perguntar qual exame
fez, pois, se foi Papanicolau e veio laudado assim, deve-se pedir colposcopia + biópsia. Se esse
laudo veio da biópsia, deve-se tratar com conização.
• Pode-se usar então lesão de baixo e alto grau aqui e no Papanicolau, com significados praticamente
iguais, porém, condutas diferentes.
• Confiar sempre na biópsia/histológico. Se Papanicolau veio como lesão de alto grau e o
histológico/biópsia vier como NIC I, confia na biópsia.
TRATAMENTO:
• NIC I: acompanhamento semestral por 2 anos.
Obs: +80% o corpo elimina sozinho, se persistir por 2 anos, indica a conização.
TIPOS DE HPV
• > 200 SUBTIPOS;
• 16 é o mais frequente/prevalente/+importante;
• 18 é o mais agressivo/relacionado a pior prognóstico.
QUADRO CLÍNICO
• Grande maioria é assintomático;
• Quando dá sintoma tem sinusorragia (sangramento após relação sexual) e corrimento com odor
fétido (quando tem necrose).
• Se tem dúvida quanto a ser menstruação, pega uma gaze e seca. Dessa forma, notará que o
sangramento não vem só do orifício, mas do colo como um todo.
• Se um dia observar um colo de uma paciente dessa forma, não perder tempo fazendo Papanicolau,
já faz uma biópsia, tira um pedaço com o que tiver no momento: Allis, tesoura curva fina. Não precisa
ser ginecologista, não precisa anestesiar, tira um pedaço, coloca no formol e manda para o
anatomopatológico.
DIAGNÓSTICO
• Não é clínico, tem que fazer BIÓPSIA.
• Faz-se o exame especular, se observar a tumoração no colo, faz biópsia (histológico).
• Lembrar que o ideal é pegar a mulher em estágio de NIC e não CA, pois o tratamento do CA é mais
agressivo. A evolução das NICs é lenta, mas muitas vezes a do câncer é de evolução rápida, por
isso, não deixar chegar a esse ponto.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Ectopia: o epitélio glandular que devia estar na parte de dentro, devido a
uma exposição ao estrogênio, acaba levando a uma inversão, então, ele
vem para fora. O vermelho da foto é o tecido glandular. Em pacientes que
usam pílula, gestantes, pode acontecer. Lembrar que o tecido colunar é
muito friável, fininho, então, à medida que o pênis encosta ali, pode sangrar.
Dessa forma, uma das queixas da paciente é sinusorragia. 10% das
mulheres tem ectopia, mas nem todas sangram pós relação, se sagrar, a
grande maioria das vezes será ectopia.
Para coletar o papanicolau aqui, é bem na transição do rosinha pro vermelho (no contorno), na JEC.
A ectopia é quase fisiológico, não é uma situação patológica, mas tem que fazer diagnostico
diferencial com câncer de colo.
TIPOS HISTOLÓGICOS
• Carcinoma epidermoide/ escamoso/ espinocelular (80%) – O HPV que vai estar relacionado a esses
tipos, geralmente, é o 16.
• Adenocarcinoma: pior prognóstico – o HPV que vai estar relacionado a esse tipo, geralmente, é o
18.
DISSEMINAÇÃO
• A principal é por contiguidade, ou seja, estruturas vizinhas;
• Também pode ter por via linfática e hematogênica.
• Órgãos que podem comprometer: principalmente PULMÃO e FÍGADO, mas também ossos, intestino.
ESTADIAMENTO (CLÍNICO)
Estadiamento é avaliar qual o comprometimento, qual o tamanho, a localização e ir classificando. O
estadiamento do CA de colo de útero ser clínico quer dizer que, diferente dos outros canceres ginecológicos,
aqui é clínico, pois todos os CA ginecológicos tem estadiamento cirúrgico. Um estadiamento clínico é com
toque retal ou ressonância magnética, não precisa operar a paciente para estadiar.
O estadiamento serve para direcionar o tratamento.
• I – Tumor restrito ao colo (IA 1, IA 2, ..., IB 1, ... aqui está bem simplificado);
• II A – 2/3 superiores da vagina;
• II B – invade paramétrio (estrutura de suspensão do útero, que fica ao lado do colo do útero). Daqui
para baixo o tumor se torna inoperável, ou seja, não opera mais o câncer.
• III A – 1/3 inferior da vagina;
• III B – Paramétrio até a parede pélvica ou comprime o ureter;
• III C – Linfonodos pélvicos paraórticos;
• IV – Metástases.
TRATAMENTO
• Tumor até 4 cm: Histerectomia (principalmente Wertheim-Meigs);
• Tumor >= 4 cm ou compromete paramétrio (IIB) ou metástase: quimioterapia + radioterapia.