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HPV e Câncer de Colo Uterino


COLO UTERINO NORMAL
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
• Órgão cilíndrico e muscular.
• Regiões:
▪ Ectocérvice: região externa, o que se observa na hora do papa
Nicolau, no exame especular;
▪ Endocérvice: está no canal endocervical, mais internamente.

FUNÇÃO:
• Manter uma gestação é sua principal função.
• Secundariamente, tem-se a função de sustentação, além de alguns ligamentos se inserirem nele.

HISTOLOGIA:
• Ectocérvice: Epitélio escamoso.
o É aquilo que está por fora, normalmente observado no exame especular.
o Lembrar que a vagina é um ambiente ácido e essa acidez é necessária por uma questão de
proteção. Então, deve-se contar com um epitélio espesso, estratificado, escamoso. Por isso,
essa é a constituição da ectocérvice;
• Endocérvice: Epitélio colunar (glandular).
o É o epitélio que fica dentro, no canal endocervical. Essa região que está adentrando o canal
não tem necessidade de ter um epitélio tão espesso, já que nessa região não tem uma
agressão tão importante da acidez da vagina.
o Outro ponto importante de se lembrar é que é nessa região endocervical, onde se encontram
as glândulas, que é produzido o muco cervical. É esse muco que se consegue avaliar no
exame e que se avalia se a mulher está no período ovulatório;
• Junção escamo-colunar (JEC): Epitélio em metaplasia.
o É onde o epitélio escamoso acaba se juntando ao colunar. A vagina tem essa acidez
característica e à medida que o epitélio colunar que vem de dentro do canal endocervical vai
sendo exposto a essa situação, um epitélio simples vai se transformando em um estratificado.
Dessa forma, o epitélio dessa junção é chamado de epitélio em metaplasia. É importante
notar que essa situação de epitélio em metaplasia nessa região é fisiológico.

HPV
INTRODUÇÃO:
• É o papiloma Vírus Humano.
• Tem total relação com o CA de colo (professor diz 99% ou +). Praticamente não existe CA de colo
sem HPV. O HPV vai na região da JEC e faz essas transformações que podem evoluir para uma
neoplasia;
• Existem mais >200 subtipos descritos;
• Principais:
▪ Condilomas acuminados (verruga genital): HPV 6 e 11.
o Não são oncogênicos, são responsáveis pelas verrugas genitais;
▪ Oncogênicos: HPV 16 e 18.

FORMAS CLÍNICAS:
• Latente.
o Em dados epidemiológicos, 1 em cada 4 mulheres tem HPV. Se essa paciente está com seu
estado imunológico bom, o HPV ficará em sua forma latente, pode passar o resto da vida com
esse vírus que não terá repercussão nenhuma;

Baixado por fernanda romagnoli (feer.romagnoli@gmail.com)


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Se por algum motivo essa paciente tem algum comprometimento da imunidade pode desenvolver a
forma clínica ou subclínica:
• Clínica: condilomas acuminados (verrugas);
• Subclínica: *NIC* (rastreamento). O NIC é caracterizado dentro da forma subclínica e é nesse ponto
a importância do rastreamento.

ATENÇÃO: Em caso de paciente que já teve/tem HPV, pode ser feito o parto vaginal. Porém, em casos de
Condiloma acuminado muito grande que obstrui o canal do parto: cesariana!

PREVENÇÃO CONTRA HPV


• Camisinha e vacinação são consideradas prevenção primária, ou seja, que tentam impedir o
surgimento da doença.
• Rastreamento já é secundária, que se caracteriza por fazer diagnóstico precoce;
• Existem atualmente no Brasil disponíveis duas vacinas:
▪ Bivalente – HPV 16 e 18;
▪ Quadrivalente ou tetravalente – HPV 6, 11, 16 e 18, se já houver a possibilidade, mesmo
que 6 e 11 não cause câncer, já faz a quadrivalente, pois verrugas genitais também são
prevalentes.

• Recomendações das vacinas:


▪ BULA: Idade dos 9 aos 26 anos no esquema de 3 doses. Esse esquema varia se for bi ou
tetravalente.
o Bivalente: 0, 1 e 6 meses;
o Quadrivalente: 0, 2 e 6 meses.
▪ MINISTÉRIO DA SAÚDE (quadrivalente): percebeu que a população dos 9 aos 26 anos é
uma população muito grande. Dessa forma, eles começaram a fazer escalonamento para
conseguir vacinar toda essa população. A maneira ideal de fazer essa vacina seria quando
essas pessoas não tiveram contato sexual ainda, por isso essa faixa etária. O esquema de
doses muda um pouco quando comparado a bula:
o Meninas: 9 aos 14 anos (2 doses). Faixa mais ampla pela gravidade do caso em
mulheres e para tentar abranger uma população maior;
o Meninos: 11 aos 14 anos (2 doses);
o Imunossuprimidos: 9 aos 26 anos (3 doses).

RASTREAMENTO DO CA DE COLO UTERINO


a) OBJETIVO:
• Diagnóstico precoce (prevenção secundária);
• Lembrar que é nesse momento que surgem as lesões precursoras, chamadas NICs – Neoplasias
Intraepiteliais Cervicais;
• O Crescimento dessas lesões é lento, alguns especialistas dizem que leva 7 anos para o
desenvolvimento de câncer. Por isso, hoje em dia não dá pra deixar essas lesões evoluírem para
câncer, pois o crescimento é muito lento e o rastreamento é extremamente eficaz.

b) MÉTODO/SINONÍMIAS: todos os nomes são possíveis de usar, não há um que esteja mais correto.
• Colpocitologia oncótica (CO);
• Papanicolau;
• Preventivo;
• Citopatológico do colo uterino (CP).

c) MATERIAIS E MÉTODOS:
• Espéculo (primeira imagem), espátula de aire (madeira), escovinha endocervical (citobrush), lâmina,
caixinha e o fixador (não está na imagem).
• Na lâmina de vidro, divide-se em dois. Encaixa-se a espátula de aire por fora do colo girando 360º
para coletar material da ECTOCÉRVICE e passa numa metade da lâmina. Depois, a escovinha é

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introduzida no canal endocervical e faz um giro de 360º, coloca na outra metade lâmina e passa o
fixador. Assim, é mandado o material para avaliação.
• Hoje em dia o recomendado é uma coleta dupla: coletar da endocérvice e da ectocérvice.
Antigamente era recomendado uma coleta tripla: ectocérvice, endocérvice e fundo de saco da vagina;
mas estudos mostraram que esse material não tinha muito valor oncológico, sendo abolido.

d) QUEM FAZ O RASTREAMENTO (Ministério da Saúde):


• Mulheres que já tiveram relação sexual com penetração.
o Se uma mulher de 40 anos nunca teve relação, não precisa coletar, pois o HPV é transmitido
por relação e mais de 99% dos canceres de colo são por HPV.
• 25 aos 64 anos.
• Após 2 anuais negativos consecutivos, fazer de 3 em 3 anos.
o Mulheres que já tiveram relação chega aos 25 anos e é coletado. Se der negativo, repete no
intervalo de um ano. Se der negativo novamente, entra de 3 em 3 anos (Lembrar do
crescimento lento).
• Como encerrar as coletas da paciente? Chega aos 64 anos, avalia-se os últimos 5 aos dessa
paciente. Se nos últimos 5 anos, tiver dois papanicolaus negativos, ela pode parar de coletar. É
usado 64 anos, pois após isso, a incidência é muita baixa de desenvolvimento de CA de colo
relacionada ao HPV.

Por que não é feito antes dos 25 anos?


Para responder essa pergunta, é importante
conhecer esse gráfico.
o A primeira curva representa a infecção
de HPV. As mulheres começam a se
infectar quando iniciam a vida sexual,
por isso eles colocam a média aos 15
anos e o pico aos 18 +/-, então vai ter o
máximo de infecção pelo HPV nessa
idade.
o Porém, nota-se que a curva começa a cair depois disso, que é o chamado clareamento. O
clareamento é quando a imunidade da paciente faz com que essa infecção seja eliminada.
Pode-se dizer, que 80% das mulheres que se infectam nessa faixa etária, conseguem eliminar
sozinhas com o próprio sistema. Se não coletar o Papanicolau, nem saberá que essa menina teve
HPV. Então, não se faz nessa faixa.
o A partir dos 25 anos, se essa mulher não eliminou o HPV, é pouco provável que eliminará depois,
por isso, é recomendado iniciar aqui.
o O problema de começar a fazer Papanicolau muito cedo, é que aumentaria o número de
procedimentos desnecessário. Por exemplo, um dos tratamentos dessas neoplasias é a conização,
que tira um pedaço do útero dessa paciente e quando ela engravidar terá o risco de ter um
Incompetência Istimocervical.
o Outra curva desse gráfico é a das NICs, que começa a ficar mais evidente na idade de 25 anos.
Então, antes dos 25 praticamente não tem NIC também. Mostrando outro motivo para não fazer antes
dos 25 anos.
o A curva de câncer começa a crescer nos 30 anos.

e) SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Gestantes: sim! Muitos médicos não utilizam a escovinha nessa situação, preferem só coletar com a
espátula de aire, mas o problema de fazer isso é que a região onde surge os canceres é da JEC e
muitas vezes só com a espátula não pega essa região. Então pode e deve usar a escovinha (com
cuidado).
• Pacientes virgens: não! Se for uma paciente virgem, que tem uma relação com outra mulher e na
hora da penetração tem introdução de dedos e objetos, aí tem que fazer (individualizar a decisão).
Nessa situação existe o espéculo de virgem, que não abre tanto e permite a coleta nessa paciente.
SEMPRE perguntar da sexarca, é quase um crime fazer isso em paciente virgem.

Baixado por fernanda romagnoli (feer.romagnoli@gmail.com)


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• Histerectomia total por patologia benigna (tira o corpo e colo do útero, ex mioma) não! Lembrando
da condição dos dois últimos papanicolaus negativos em 5 anos. Antigamente ainda se coletava da
cúpula da vagina, hoje em dia não se aplica mais.
• Histerectomia total por CA: sim! Mas não é de rastreamento e sim de seguimento do câncer!
• Pacientes imunossuprimidas: semestral/anual. É importante notar que sempre tem condições pro
imunossuprimido. Isso acontece pois o HPV é mediado pela imunidade, então, se uma paciente é
imunossuprimida, a resposta do colo será deficiente. PORTANTO, pacientes imunossuprimidas: faz-
se a coleta semestralmente, se estiver tudo ok, faz anualmente e não de 3 em 3 anos.
Se a paciente for HIV + e o TCD4 tiver muito baixo, com valor abaixo de 200, ela vai ter que seguir
fazendo semestralmente. IMPORTANTE!!

ACHADOS ANORMAIS DO EXAME DE PAPANICOLAU


Verde são achados que não preocupam num primeiro momento, em vermelho são achados preocupantes.
1. ASC-US
2. LIE-BG
3. ASC-H
4. AGC
5. LIE-AG

1. ASC-US: Atipias em células escamosas (ectocérvice) de significado indeterminado, possivelmente


não neoplásicas. Ou seja, tem uma pequena alteração, mas a conduta desse caso é apenas repetir
o papanicolau.
2. LIE-BG: Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL/ LIE-BG). Lesão que não é preocupante também,
só tem que repetir o exame.
Em livros mais antigos encontram-se a lesão de baixo grau como NIC 1, classificação de Richard.
Hoje, é a classificação de Bethesda que se utiliza. Não se recomenda no Papanicolau ser colocada
como NIC, NIC é só na biópsia e lesão de baixo grau é no Papanicolau. Porém, é uma correlação
com NIC 1.
3. ASC-H: Atipias em células escamosas em que não se pode excluir lesão de alto grau. Não repete o
Papanicolau, toma outra conduta.
4. AGC: Atipias em células glandulares de significado indeterminado. Requerem um tratamento mais
agressivo, não repete o Papanicolau.
5. LIE-AG: Lesão intraepitelial de alto grau (HSIL/ LIE-AG).

CONDUTA NOS ACHADOS ANORMAIS


Achados não preocupantes
1. ASC-US: repetir CO em 6 meses.
✓ Se a paciente tiver entre 25 e 30 anos: repetir CO em 1 ano, pois a lesão não é preocupante e o
sistema imune dessa mulher ainda é muito boa frente ao HPV.
2. LIE-BG: repetir CO EM 6 meses.
✓ <25 anos repetir CO em 3 anos, quando fizerem o Papanicolau nessa paciente (lembrar que não
é recomendado);
✓ Imunossuprimidos: colposcopia + biópsia.

Achados preocupantes
3. ASC-H: colposcopia + biópsia;
4. AGC: colposcopia + biópsia + avaliação endocervical (aqui vai avaliar por dentro também, pois as
células glandulares estão nessa parte e a colposcopia só analisa por fora. Para essa avaliação pode
utilizar uma cureta bem fina, número 0, para coletar material ou utilizar a escovinha, sem girar 360
dessa vez e faz movimentos mais agressivos para tentar tirar material);
5. Lesão intraepitelial de alto grau: colposcopia + biópsia.
✓ Tratamento? MS recomenda que, se o médico analisar uma imagem suspeita de coisa mais
grave na colposcopia, bem visível, ao invés dele tirar um pedaço para biópsia, ele já faz uma
conização, faz um tratamento dessa lesão. Não são todos os autores que concordam com
isso, a maioria faz colposcopia com biópsia.

Baixado por fernanda romagnoli (feer.romagnoli@gmail.com)


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ATENÇÃO:
DIAGNÓSTICO EM PATOLOGIA CERVICAL:
Faz-se o PAPANICOLAU (é uma citologia de rastreamento). Se alterado → COLPOSCOPIA + BIÓPSIA
(histológico). Obs: Fazer a biópsia se encontrar alteração na colposcopia.

COLPOSCOPIA
A imagem ao lado mostra um colposcópio ligado a um monitor, mas quando o avaliador está sozinho, não é
necessário o monitor, vê direto no aparelho. Ela é uma lente de aumento, aumenta em torno de 16x, então,
se consegue ter uma imagem muito nítida do colo uterino.

O que se deve fazer para identificar lesões é lançar mão de dois produtos: ácido acético e Teste de Schiller
(lugol).
• O ácido acético coagula proteínas de células alteradas. Lembrar que de câncer, a célula está
em alta taxa de mitose. Como ela está se replicando muito, tem muita proteína, quando coloca o
ácido acético ele coagula essas proteínas e na imagem vai se observar uma área branca –
EPITÉLIO ACETO BRANCO.
• Teste de Schiller: ao invés de colocar o ácido acético, coloca o lugol, que é uma substância
iodada. Aplica-se no colo, geralmente é uma substância meio preta/amarronzada e ele cora as
células que são ricas em glicogênio. Dessa forma, o ideal nesse teste é corar, pois o que se quer
é que as células sejam ricas em glicogênio. Se a célula não for rica em glicogênio, quer dizer que
ela está utilizando esse glicogênio para fazer replicação e ter uma neoplasia. SE NÃO COROU,
TEM QUE SE PREOCUPAR.

Descrição das lesões:


• Imagem 1: Faz como se fosse um relógio. Então, ali no meio dia observa-se uma área branca,
onde foi passado o ácido acético. Diante disso, o que se desconfia é que está acontecendo uma
replicação celular ali, tendo uma lesão. Com o
colposcópio identifica essa lesão e com a pinça retira
um pedaço bem no meio da região branca para a
biópsia.
• Imagem 2: Imagina-se que nessa lesão tenha sido
colocado o lugol. O normal é aquela região de cima,
corada, toda amarronzada. A área esbranquiçada
dessa figura o lugol não corou, então, irá se dizer que
é uma área iodo negativo (área de lesão, não é bom não corar). SE O IODO É NEGATIVO, O
TESTE DE SCHILLER É POSITIVO → pode ter lesão.

OBS: Professor responde uma pergunta dizendo que o ácido acético não é totalmente seletivo, pois senão
não precisaria de biópsia para confirmar.
Ainda, aponta que existem outros achados, mas o epitélio aceto branco é o mais comum. Os outros são:
• Existe um que se chama pontilhado, no meio da lesão branca é possível ver pontinhos vermelhos,
que também é preocupante.
• Outro achado é o mosaico, que é como se fossem figuras geométricas, em que você olha a imagens
bem esquisitas no colo: triângulos, retângulos, “lajotas de ruas de cidade pequena”.
• Leucoplasia, que, ao invés de ver a lesão branca, vê-se uma lesão branca em relevo.
• O pior achado é os vasos atípicos. Quando coloca o ácido acético, se vê as ramificações ali, quer
dizer que já tem uma neoangiogênese, ou seja, provavelmente um câncer crescendo ali.

• Imagem: Quando se passou o ácido acético ficaram essas áreas


esbranquiçadas, que é o epitélio aceto branco. Lembrar, então, que isso
aconteceu, pois no citoplasma dessas células tem muitas proteínas. E isso
acontece pois pode estar em intensa replicação.

Baixado por fernanda romagnoli (feer.romagnoli@gmail.com)


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Recapitulando, então, até o rastreamento com Papanicolau foi o médico clínico, não precisa ser especialista.
A partir do momento em que se identifica os achados preocupantes, daí encaminha para colposcopia com
biópsia, que normalmente é um especialista que atua.
Outra situação a se atentar é que se vier alterado o exame com achados não preocupantes e o de 6 meses
depois vier alterado de novo com achados não preocupantes, o médico solicita a colposcopia + biópsia.

NEOPLASIAS INTRAEPITELIAIS CERVICAIS (NIC)


• Nas biópsias podem aparecer os chamados NICs;
• Os NICs são lesões restritas ao epitélio. Isso quer dizer que não ultrapassou a membrana basal, não
tem capacidade de sofrer metástase. Lembrar que o que define câncer é quando ultrapassa a
membrana basal e pode sofrer metástase;
• São lesões precursoras, esse é o momento de atuação para não evoluir para câncer;
• São divididas em dois grupos:
▪ Lesões intraepiteliais de baixo grau: NIC I;
o Antigamente os patologistas já laudavam lesão de baixo grau (na
citologia/papanicolau) como NIC I. Hoje em dia não é recomendada, pois a definição
de NIC I é uma neoplasia intraepitelial que só acomete 1/3 do epitélio.
▪ Lesões intraepiteliais de alto grau: NIC II e NIC III.
o Se essa lesão começa a progredir e ocupar 2/3 do epitélio, já vai ser uma NIC II e se
ocupa o epitélio todo é NIC III, também chamado de carcinoma in situ. Não é um
câncer invasor ainda, pois não ultrapassou a MB.
o As vezes o patologista só coloca lesão de alto grau nesse exame histológico, daí o
médico sabe que é NIC II ou III e a conduta é a mesma paros dois.

ATENÇÃO:
• Lembrar - Papanicolau é citológico, de rastreamento. A biópsia mostra NICs, é histológico. Quando
uma paciente chega e fala que tem lesão de alto grau, o médico deve sempre perguntar qual exame
fez, pois, se foi Papanicolau e veio laudado assim, deve-se pedir colposcopia + biópsia. Se esse
laudo veio da biópsia, deve-se tratar com conização.
• Pode-se usar então lesão de baixo e alto grau aqui e no Papanicolau, com significados praticamente
iguais, porém, condutas diferentes.
• Confiar sempre na biópsia/histológico. Se Papanicolau veio como lesão de alto grau e o
histológico/biópsia vier como NIC I, confia na biópsia.

TRATAMENTO:
• NIC I: acompanhamento semestral por 2 anos.
Obs: +80% o corpo elimina sozinho, se persistir por 2 anos, indica a conização.

• NIC II e NIC III: conização (também chamada de excisão tipo 3).


Obs 1: Muitas vezes diagnostica-se essas lesões em pacientes que estão fazendo pré-operatório, por
exemplo, para fazer uma histerectomia por outra indicação. Então, a paciente tem uma outra indicação
dessa histerectomia e o médico ao fazer o exame identifica NIC II/NIC III, dessa forma, não se pode
fazer a histerectomia na paciente se não fez conização antes. Isso acontece porque, quando se faz a
biópsia, é retirado um pedacinho daquela região, mas o colo tem uma particularidade que, ao lado dessa
área que tem alteração mais tranquila, pode já ter uma lesão mais grave e, até mesmo, um câncer. Se
o médico fizer uma histerectomia simples, terá subtratado sua paciente, pois o tratamento depende do
estadiamento. Portanto, não se pode simplificar.
Obs 2: GRÁVIDAS: Situações em que se coletou o Papanicolau da gravida e veio lesão de alto grau,
espera finalizar a gravidez para seguir a investigação, pois o colo nesse período é um órgão que fica
mais amolecido, mais friável e mais sensível. À medida que fica mexendo, fazendo biópsia e conização,
aumenta a chance de torná-lo insuficiente ou incompetente (IIC). Portanto, na gravidez só faz biópsia e
tratamento se tiver uma suspeita forte de ser um câncer agressivo e invasivo, massa grande.
Muitas grávidas que tem NIC II e NIC III, após a gravidez, a lesão regride e não volta a ter mais,
principalmente em parto vaginal, em que o colo dilatou. Lembrar que o colo faz a dilatação total, some e
depois restabelece e pode voltar sem NIC II e NIC III.

Baixado por fernanda romagnoli (feer.romagnoli@gmail.com)


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A imagem ao lado mostra uma conização. A conização é retirar a JEC, que é a


região onde pode surgir os cânceres. Lembrar que pode deixar o colo
incompetente. Dessa forma, muitas pacientes quando vão engravidar, tem que
passar por um procedimento que chama circlagem, que é dar ponto no colo para
deixa-lo mais firme.

CÂNCER DE COLO UTERINO


FATORES DE RISCO
• HPV (99%): Transmissão sexual.
o Isso quer dizer que sexarca precoce, múltiplos parceiros, parceiros que teve múltiplas
parceiras.
• Multiparidade;
• Baixo nível socioeconômico;
• Tabagismo;
• Imunossupressão;
• Outras ISTs.

TIPOS DE HPV
• > 200 SUBTIPOS;
• 16 é o mais frequente/prevalente/+importante;
• 18 é o mais agressivo/relacionado a pior prognóstico.

QUADRO CLÍNICO
• Grande maioria é assintomático;
• Quando dá sintoma tem sinusorragia (sangramento após relação sexual) e corrimento com odor
fétido (quando tem necrose).
• Se tem dúvida quanto a ser menstruação, pega uma gaze e seca. Dessa forma, notará que o
sangramento não vem só do orifício, mas do colo como um todo.
• Se um dia observar um colo de uma paciente dessa forma, não perder tempo fazendo Papanicolau,
já faz uma biópsia, tira um pedaço com o que tiver no momento: Allis, tesoura curva fina. Não precisa
ser ginecologista, não precisa anestesiar, tira um pedaço, coloca no formol e manda para o
anatomopatológico.

DIAGNÓSTICO
• Não é clínico, tem que fazer BIÓPSIA.
• Faz-se o exame especular, se observar a tumoração no colo, faz biópsia (histológico).
• Lembrar que o ideal é pegar a mulher em estágio de NIC e não CA, pois o tratamento do CA é mais
agressivo. A evolução das NICs é lenta, mas muitas vezes a do câncer é de evolução rápida, por
isso, não deixar chegar a esse ponto.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Ectopia: o epitélio glandular que devia estar na parte de dentro, devido a
uma exposição ao estrogênio, acaba levando a uma inversão, então, ele
vem para fora. O vermelho da foto é o tecido glandular. Em pacientes que
usam pílula, gestantes, pode acontecer. Lembrar que o tecido colunar é
muito friável, fininho, então, à medida que o pênis encosta ali, pode sangrar.
Dessa forma, uma das queixas da paciente é sinusorragia. 10% das
mulheres tem ectopia, mas nem todas sangram pós relação, se sagrar, a
grande maioria das vezes será ectopia.
Para coletar o papanicolau aqui, é bem na transição do rosinha pro vermelho (no contorno), na JEC.
A ectopia é quase fisiológico, não é uma situação patológica, mas tem que fazer diagnostico
diferencial com câncer de colo.

Baixado por fernanda romagnoli (feer.romagnoli@gmail.com)


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TIPOS HISTOLÓGICOS
• Carcinoma epidermoide/ escamoso/ espinocelular (80%) – O HPV que vai estar relacionado a esses
tipos, geralmente, é o 16.
• Adenocarcinoma: pior prognóstico – o HPV que vai estar relacionado a esse tipo, geralmente, é o
18.

DISSEMINAÇÃO
• A principal é por contiguidade, ou seja, estruturas vizinhas;
• Também pode ter por via linfática e hematogênica.
• Órgãos que podem comprometer: principalmente PULMÃO e FÍGADO, mas também ossos, intestino.

ESTADIAMENTO (CLÍNICO)
Estadiamento é avaliar qual o comprometimento, qual o tamanho, a localização e ir classificando. O
estadiamento do CA de colo de útero ser clínico quer dizer que, diferente dos outros canceres ginecológicos,
aqui é clínico, pois todos os CA ginecológicos tem estadiamento cirúrgico. Um estadiamento clínico é com
toque retal ou ressonância magnética, não precisa operar a paciente para estadiar.
O estadiamento serve para direcionar o tratamento.
• I – Tumor restrito ao colo (IA 1, IA 2, ..., IB 1, ... aqui está bem simplificado);
• II A – 2/3 superiores da vagina;
• II B – invade paramétrio (estrutura de suspensão do útero, que fica ao lado do colo do útero). Daqui
para baixo o tumor se torna inoperável, ou seja, não opera mais o câncer.
• III A – 1/3 inferior da vagina;
• III B – Paramétrio até a parede pélvica ou comprime o ureter;
• III C – Linfonodos pélvicos paraórticos;
• IV – Metástases.

TRATAMENTO
• Tumor até 4 cm: Histerectomia (principalmente Wertheim-Meigs);
• Tumor >= 4 cm ou compromete paramétrio (IIB) ou metástase: quimioterapia + radioterapia.

Baixado por fernanda romagnoli (feer.romagnoli@gmail.com)

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