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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE – ESA


PATOLOGIA ESPECIAL II

Acadêmico: Rodrigo Zanardo Escossio


Matrícula: 2012020037

PATOLOGIA DO COLO DO ÚTERO

1) O que é a junção escamocolunar (JEC)?


É a junção onde acaba o epitélio escamoso estratificado que recobre a vagina e o
colo do útero e começa o epitélio colunar que reveste o útero e o colo do útero de maneira
interna – uma vez que as células do epitélio glandular possuem uma morfologia
semelhante a colunas ou prismáticas. Essa junção nas mulheres que estão na fase
reprodutiva, menstruando, altera muito de lugar, ficando um tempo mais interno e outro
mais externo seguindo de acordo com o período do ciclo menstrual. E é na maioria das
vezes sobre a JEC que se inicia os casos de displasia cervical, que são consideradas lesões
pré-malignas, e é importante porque nela, por traumas ou alterações hormonais, há sempre
um acúmulo de células imaturas. Essas células imaturas são metaplásicas (tecido normal
que surge de um local que não é natural para elas, então elas se adaptam). Este é o ponto
fraco do colo do útero. É aqui que ocorre o câncer do colo do útero.

2) O que é a zona de transformação?


Durante o desenvolvimento, o epitélio colunar secretor de muco da endocérvice
funde-se com o revestimento epitelial escamoso da ectocérvice na abertura do cérvix.
Com o início da puberdade, a junção escamocolunar muda, permitindo que o epitélio
colunar apareça na ectocérvice. As células colunares expostas, no entanto, sofrem
metaplasia escamosa, formando justamente uma região denominada zona de transição,
que é o local onde os carcinomas invasivos do colo do útero se desenvolvem e variam de
focos microscópicos de invasão estromal até tumores exofíticos macroscopicamente
visíveis.
FIGURA 1: Desenvolvimento da zona de transformação cervical.
Fonte: ROBBINS, 2013.

3) O que é cervicite?
A cervicite são condições inflamatórias do colo do útero, muito comuns e estão
associadas ao corrimento vaginal purulento, podendo ser classificada como infecciosa ou
não infecciosa, embora a classificação seja difícil devido à presença da flora vaginal
normal, incluindo aeróbios e anaeróbios vaginais, estreptococos, estafilococos,
enterococos e Escherichia coli. A cervicite muitas vezes chama a atenção por um exame
de rotina ou por leucorreia. O exame de cultura do corrimento deve ser interpretado com
cautela porque (como mencionado anteriormente) os microrganismos comensais estão
sempre presentes. Apenas identificar vírus conhecidos é útil.

4) Qual a frequência do carcinoma do colo do útero?


O carcinoma de células escamosas da genitália feminina é um câncer muito raro
que geralmente ocorre em mulheres com mais de 60 anos de idade, com fatores de risco
semelhantes aos associados ao carcinoma do colo do útero. O câncer do colo do útero é o
terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Para o ano de 2022 foram estimados
16.710 casos novos, o que representa uma um risco considerado de 15,38 casos a cada
100 mil mulheres (INCA, 2021).

5) Discuta os fatores de risco para o carcinoma do colo do útero.


Podemos abordar de acordo com a literatura, que os fatores de risco para o
carcinoma cervical estão relacionados à exposição ao HPV, como idade jovem na
primeira relação sexual, múltiplos parceiros sexuais e outros fatores como tabagismo e
imunodeficiência. Quase todos os carcinomas cervicais são causados por infecções por
HPV, especialmente os tipos 16, 18, 31 e 33 de alto risco; A vacina contra o HPV é eficaz
na prevenção da infecção pelos tipos 16 e 18 do HPV. O HPV expressa as proteínas E6 e
E7 que ativam os supressores tumorais p53 e Rb, respectivamente, levando à proliferação
celular e à supressão da apoptose induzida por danos no DNA. A perda do gene LKBI
também foi implicada. Nas displasias cervicais de alto grau (NIC II e III), o HPV é
integrado ao genoma da célula hospedeira. Nem todas as infecções por HPV progridem
para NIC III ou carcinoma invasivo. O período de incubação para doenças invasivas é
geralmente de 10 anos ou mais. Em geral, o risco de progressão é proporcional ao grau
de displasia.

6) Como se diagnostica o carcinoma do colo do útero?


O diagnóstico das lesões pré-cancerosas e cancerosas é feito pelo exame de
Papanicolau, pela colposcopia - que permite a visualização do colo do útero e da vagina
com lentes de aumento - e pela biópsia do tecido do colo do útero. O exame de
Papanicolau é uma ferramenta de triagem muito eficaz para detectar displasia e carcinoma
do colo do útero, e reduziu bastante a incidência de carcinoma do colo do útero.

7) Como são o rastreamento e prevenção do câncer do colo do útero?


As lesões cervicais pré-cancerosas estão associadas a anormalidades no preparo
citológico (exame de Papanicolau) que podem ser detectadas muito antes de qualquer
anormalidade ser observada em um exame completo. A detecção precoce de alterações
displásicas é o motivo de um exame de Papanicolau (PAP), onde as células são removidas
da área de alteração e examinadas ao microscópio. A recém-introduzida vacina
quadrivalente contra o HPV para os tipos 6, 11, 16 e 18 é altamente eficaz na prevenção
de infecções por HPV e, portanto, espera-se que reduza significativamente a frequência
de verrugas genitais e câncer cervical. Apesar de sua eficácia, a vacina não substitui a
necessidade de rastreamento do câncer do colo do útero - a maioria das mulheres em risco
já está infectada, e a vacina protege apenas alguns dos muitos sorotipos oncogênicos do
HPV.

8) Defina neoplasia intraepitelial cervical (NIC).


São transformação que começam nas camadas mais profundas do epitélio e
continua nas camadas externas. As células do tipo basal, geralmente limitadas à camada
profunda, passam para as camadas seguintes e, no caso de displasia grave (também
chamada NIC III ou carcinoma in situ), ocupam toda a espessura do epitélio. Além disso,
os núcleos tornam-se maiores e variam em tamanho, a cromatina é mais densa, há perda
das relações nucleocitoplasmáticas e do arranjo normal do epitélio em camadas. A mitose,
geralmente restrita à camada basal, também é observada nas camadas supra basais,
mesmo em células bem diferenciadas. A NIC geralmente começa com displasia de baixo
grau (NIC I) e progride para displasia moderada (NIC II) e depois displasia grave (NIC
III) ao longo do tempo, no entanto, foram relatadas exceções e alguns pacientes já
apresentam NIC III quando a condição é diagnosticada pela primeira vez.

9) Explique a figura abaixo. A relação entre a prevalência de HPV e a idade.

A relação da prevalência da HPV com a idade se inicia de maneira elevada a partir


dos 10 ano, e essa taxa só aumenta com o passar dos anos, uma vez que a mulher começa
a ter relações sexuais. Logo, até os 25 anos, 45 % das mulheres já possuem infecção por
HPV, sendo esse pico de idade é entre os 25 e 32 anos. Porém, a prevalência começa a
regredir, pois as mulheres começam a procurar tratamento e posteriormente ficam
curadas. Então o sistema imune está destruindo o vírus do HPV e se tornado resistente,
de modo que as próximas infecções por HPV, o sistema imune irá destruir.

10) Sistemas de classificação de lesões pré-malignas. Por que a classificação atual é


de lesão intraepitelial escamosa de baixo grau e lesão intraepitelial escamosa de alto
grau?
Atualmente, é utilizado os termos Lesão Intraepitelial De Baixo ou
Intraepitelial De Alto Grau, onde a Antiga classificação, que não é mais utilizada –
Neoplasia Intracervical Epitelial (NIC), pelo fato de que a denominação neoplasia
intracervical é errada, uma vez que neoplasia é uma alteração irreversível no DNA da
célula, e essa condição de NIC é reversível. Durante toda década de 90, no NIC, as lesões
pré-malignas eram classificadas em leve, moderada, severa e carcinoma in situ. Na qual
a Lesão de baixo grau correspondia ao NIC I: ⅓ do epitélio que tinha sido acometido; a
Lesão de alto grau ao NIC II e assim por diante. Nas lesões de baixo e alto grau, não há
mais acúmulo de glicogênio.

FIGURA 2: Na primeira imagem podemos observar o epitélio norma, enquanto na


segunda imagem o epitélio com uma lesão de baixo grau.
Fonte: ROBBINS, 2013.

11) As lesões intraepiteliais escamosas sempre progridem para carcinoma invasivo?


Justifique.
As lesões intraepiteliais escamosas têm a maior incidência entre as idades de 45 e
10-15 anos após o diagnóstico de NIC, de acordo com a literatura, a progressão de NIC
para carcinoma invasivo é variável e imprevisível, e requer infecção por HPV e mutações
em genes como LKB. Os fatores de risco para progressão incluem tabagismo e infecção
pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), achados recentes sugerem que a vigilância
imunológica desempenha um papel no diagnóstico da NIC. Embora os fatores de risco
possam ajudar a distinguir os pacientes que tendem a progredir de NIC para carcinoma,
a única maneira confiável de monitorar o curso da doença com exame físico regular e
biópsia de lesões suspeitas.

12) O que é coilócito?


Os coilócitos ou atipia coilocitótica é como são denominadas as células com
núcleos rugosos, em aparência de uva passa, de formas irregulares, com halo claro ao
redor do núcleo, e que estão bastante presentes em lesões de baixo grau. Elas são uma
reação patognomônico de infecção por HPV, na qual as células são empurradas para a
periferia, onde conforme a lesão vai progredindo e as células vão se diferenciando, os
coilócitos vão desaparecendo, pelo fato de não existir mais infecção por HVP.

13) Quais são os aspectos histopatológicos do carcinoma de colo de útero invasivo?


O carcinoma invasor composto por células semelhantes às células do epitélio
escamoso, em questões histopatológicas, os esfregaços são caracterizados pela presença
de células escamosas extremamente discarióticas associadas com diátese (células
inflamatórias, sangue e restos celulares necróticos). Também há enorme presença de
fragmentos ou microbiópsias, onde as células discarióticas podem ser pequenas (e de
difícil identificação) ou grandes com citoplasma queratinizado e formatos celulares até
mesmo bizarros. As alterações cromatínicas são mais acentuadas que no SIL. Nucléolos
podem estar presentes.

FIGURA 3: Na imagem podemos observar uma lâmina histopatológica de um carcinoma


de colo de útero invasivo com células escamosas extremamente discarióticas.
Fonte: Cancer Screening at IARC, 2022.
14) Como o carcinoma do colo do útero se dissemina?
Todo e qualquer carcinoma relacionado ao colo do útero está associado a infecção
por HPV (Papiloma Vírus Humano), vírus com elevado potencial oncogênico.
Inicialmente, ao chegar ao colo do útero, o vírus infecta as células basais (que estão
sempre se multiplicando), sendo esse um dos motivos de ser difícil pegar HPV na pele
(para que o vírus chegue à célula basal, em outros tecidos, é necessário haver uma lesão,
solução de continuidade, que o leve até lá). O DNA do vírus irá integrar com o DNA da
célula basal hospedeira, a célula basal começa a produzir uma série de proteínas virais e
haverá também a replicação viral, e posteriormente uma vez infectada, a célula continua
se multiplicando e vai sofrendo alterações em sua morfologia. No início das alterações,
acomete-se ⅓ do epitélio, sendo esse o inicio da infecção, as alterações vão progredindo,
até acometer ⅔ e assim por diante. Após determinado período, rompe a membrana basal
e invade a lâmina própria – quando invade é um câncer invasor. Porém, para chegar nesse
estágio de câncer microinvasor, são necessários 10 anos, pois a progressão é muito lenta
e é importante medir a invasão, pois perto da membrana basal há muitos microvasos e, se
o câncer invadir muito, ele chega a um vaso grande e pode liberar êmbolos metastáticos.

REFERÊNCIAS

KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K; ASTER, Jon C. Robbins – Patologia Básica. Trad.
Cláudia Canoa et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

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