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OBJETIVOS
1. Relembrar anatomia e a histologia do colo uterino;
2. Diferenciar lesões displásicas de carcinoma do colo uterino;
3. Descrever os principais fatores de risco do câncer do colo uterino;
4. Explicar a importância do exame preventivo do câncer do colo uterino.
5. Avaliar a importância das campanhas de prevenção do carcinoma de colo uterino;
6. Avaliar o alcance e a limitação da colpocitologia, colposcopia e biopsia;
7. Citar a epidemiologia do câncer de colo uterino.
ANATOMIA
O colo do útero é o terço inferior cilíndrico e relativamente estreito do útero, que tem comprimento aproximado de
2,5 cm em uma mulher adulta não grávida.
Para fins descritivos, é dividido em duas porções:
Uma porção supravaginal entre o istmo e a vagina , essa junta-se ao corpo muscular do útero ao nível do orifício
cervical interno.
Porção vaginal que se projeta para a parte superior da parede anterior da vagina, no entanto, sua metade superior
permanece acima da vagina. A porção vaginal se abre na vagina através de um orifício denominado de orifício
cervical externo.
A porção supravaginal é separada da bexiga urinária anteriormente por tecido conjuntivo frouxo e do reto
posteriormente pela escavação retouterina.
O colo uterino varia de tamanho e formato dependendo da idade da mulher, paridade e estado hormonal.
Em mulheres que já pariram, é volumoso e o orifício cervical externo apresenta-se como uma fenda larga,
entreaberta e transversa.
Em mulheres nulíparas, o orifício cervical externo assemelha-se a uma pequena abertura circular no centro
do colo uterino.
HISTOLOGIA
Camadas uterinas
Assim como o restante do útero ele apresenta as seguintes camadas:
O endométrio é a mucosa do útero;
O miométrio é a camada muscular espessa. É contínua com a camada muscular da tuba uterina e da vagina.
As fibras musculares lisas também se estendem nos ligamentos conectados ao útero
O perimétrio, a camada serosa externa ou revestimento peritoneal visceral do útero, é contínuo com o
peritônio pélvico e abdominal e consiste em mesotélio e em uma camada fina de tecido conjuntivo frouxo.
No entanto...
A mucosa cervical difere acentuadamente do restante do endométrio uterino pois:
Contém grandes glândulas ramificadas (Figura 23.20 e Prancha 98, página 893).
Não possui artérias espiraladas;
Sofre pouca alteração na sua espessura durante o ciclo menstrual e não é descamada durante o período da
menstruação.
Ciclo menstrual
No entanto, durante cada ciclo menstrual, as glândulas cervicais sofrem alterações funcionais importantes,
que estão relacionadas com o transporte dos espermatozoides no canal cervical.
A quantidade e as propriedades do muco secretado pelas células glandulares variam durante o ciclo
menstrual sob a influência dos hormônios ovarianos.
Na metade do ciclo, a quantidade de muco produzida aumenta em 10 vezes. Esse muco é menos viscoso e
parece fornecer ambiente mais favorável para a migração dos espermatozoides.
O muco cervical nos outros períodos do ciclo restringe a passagem dos espermatozoides para dentro do
útero.
Cistos de Naboth
O bloqueio das aberturas das glândulas mucosas resulta em retenção de suas secreções, levando à formação
de cistos dilatados no colo do útero, denominado cistos de Naboth.
Estes se desenvolvem com frequência, mas apenas serão clinicamente importantes se houver história de um
número grande de cistos que provoquem aumento acentuado do colo do útero.
Ectocervice:
Éctocervice: A porção do colo do útero que se projeta dentro da vagina. É revestida por epitélio escamoso
estratificado não queratinizado e contem glicogênio;
Este epitélio é nativo ao local formado durante a vida embrionária, que é denominado de epitélio escamoso
original ou nativo, ou pode ter sido recém-formado como epitélio escamoso metaplásico no início da vida de
adulta;
Camada basal: células basais arredondadas com grandes núcleos grandes de coloração escura e citoplasma
escasso
Em termos gerais, da camada basal à superficial, essas células sofrem um aumento de tamanho e redução do
tamanho nuclear.
Não há glândulas na ectocérvice
As células das camadas intermediária e superficial contêm grande quantidade de glicogênio em seu
citoplasma. A glicogenação das camadas intermediárias e superficiais é sinal da maturação e
desenvolvimento normais do epitélio escamoso. Maturação anormal ou alterada é caracterizada por uma
falta de produção de glicogênio.
A maturação do epitélio escamoso do colo uterino depende do estrógeno, o hormônio feminino. Se há falta
de estrógeno, não há maturação completa nem glicogenação.
Endocérvice
Endocérvice: Ocorre na zona de transformação. É revestido por epitélio colunar simples;
Por ter uma só camada de células, tem uma altura menor que o epitélio escamoso estratificado do colo
uterino.
O epitélio colunar não forma uma superfície achatada no canal cervical, mas é empurrado para dentro das
em múltiplas pregas longitudinais que se projetam na luz do canal, formando projeções papilares. Forma
várias invaginações na matriz do estroma cervical, resultando na formação de criptas endocervicais;
Junção escamocolunar
O ponto de união entre esses dois epitélios é chamado junção escamocolunar (JEC);
A junção escamocolunar apresenta-se como uma linha bem definida com um degrau, devido à diferença de
altura dos epitélios escamoso e colunar;
A localização da junção escamocolunar com relação ao orifício cervical externo é variável durante a vida da
mulher e depende de fatores como idade, estado hormonal, trauma ao nascimento, uso de
anticoncepcionais orais e certas condições fisiológicas como gravidez.
Zona de transformação
A zona de transformação constitui o local de transição entre o epitélio estratificado pavimentoso da vagina e
o epitélio simples colunar do colo do útero.
Durante a idade reprodutiva da mulher, está localizada fora do óstio externo
Antes da puberdade e depois da menopausa, a zona de transformação localizasse no canal cervical
A metaplasia escamosa: A substituição fisiológica do epitélio colunar evertido por um epitélio escamoso
recém-formado é denominada de metaplasia escamosa.
Uma resposta adaptativa e reversível à lesão persistente do epitélio, promovida por infecções crônicas.
Resulta de uma reprogramação das células-tronco epiteliais, que começam a se diferenciar em uma nova
linhagem celular.
Tipos de metaplasia:
Metaplasia escamosa imatura: Metaplasia escamosa imatura é a fase da metaplasia em que as células de
reserva ainda não terminaram de se diferenciar e estratificar. É onde surge a maioria das manifestações de
câncer cervical.
Em alguns casos, o epitélio pode permanecer imaturo, o que é considerado anormal e pode iniciar alterações
celulares que podem originar câncer. Embora esta complicação não seja muito frequente, pode ocorrer em algumas
pessoas devido a uma infecção pelo HPV, que pode infectar essas células escamosas imaturas e transformá-las em
células com anomalias.
Metaplasia escamosa madura: Já na metaplasia escamosa matura, o tecido imaturo pode alcançar a
maturidade, que já está completamente formado, tornando-se mais resistente às agressões, não havendo
risco de complicações.
Vascularização
O ramo superior da artéria uterina supre o corpo e o fundo, enquanto o ramo inferior irriga o colo do útero.
Tipos de câncer
A parte que está em contato com a vagina (a ectocérvice) é revestida por um epitélio escamoso (semelhante ao
da vagina), que pode dar origem ao câncer de células escamosas.
O epitélio da parte interna do colo de útero (endocérvice) é um epitélio glandular e pode dar origem a outro tipo
de câncer do colo uterino: o adenocarcinoma.
NIC: é uma alteração pré-cancerosa epitelial que geralmente precede o desenvolvimento de um câncer. Ela
fica evidente por muitos anos, por vezes décadas; Se divide em NIC 1, 2 e 3;
De modo geral, quanto maior o grau de NIC, maior a probabilidade de progressão; no entanto, alguns casos
não evoluem;
Alteração de nomenclatura: Como as decisões sobre o manejo do paciente são de dois níveis (observação
versus tratamento cirúrgico), esse sistema de classificação de três níveis foi recentemente simplificado para
um sistema de dois níveis:
NIC I = lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LIEBG)
NIC II e NIC III = lesão intraepitelial escamosa de alto grau (LIEAG).
Características histológicas:
Célula arredondada com vácuolos e núcleos periféricos e anormalidades nucleares como hipercromasia e
contornos nucleares irregulares
O padrão geral de maturação escamosa é preservado, e as figuras mitóticas são restritas às camadas de
células basais/parabasais.
Características citológicas:
Células do tipo superficial e intermediário, com citoplasma abundante, bem definido, isoladas ou dispostas
em pequenos agrupamentos;
Núcleos com mais de três vezes o tamanho de núcleos de células intermediárias normais.
Relação nucleocitoplasmática conservada ou levemente alterada.
Hipercromasia e leve irregularidade da borda nuclear.
Binucleação e multinucleação são comuns.
Os limites celulares estão bem-definidos e, normalmente, observa-se um fundo do esfregaço limpo.
NIC I: é caracterizado por alterações displásicas no terço inferior do epitélio escamoso e alterações coilocitóticas
( alterações induzidas por HPV) nas camadas superficiais do epitélio.
Na NIC 2
a atipia nuclear em toda a espessura do epitélio, mais significativa nas porções inferior e central;
Persistência da maturação escamosa com estratificação nas camadas mais superficiais;
Variação na célula e tamanho nuclear, heterogeneidade da cromatina nuclear e presença de mitoses acima
da camada basal que se estende para o terço médio do epitélio.
Na NIC 3
Atipia nuclear em toda a espessura do epitélio e maturação mínima ou ausente;
As figuras mitóticas são geralmente numerosas e podem se estender à superfície do epitélio;
Há variação ainda maior na célula e tamanho nuclear, heterogeneidade da cromatina, orientação
desordenada das células e mitoses normais ou anormais; essas alterações afetam praticamente todas as
camadas do epitélio.
Características histológicas:
É caracterizada pela perda de diferenciação celular nas camadas superiores do epitélio;
Sobreposição nuclear;
Perda da polaridade nuclear e atipia citológica significativa.
Esta atipia citológica inclui aumento da relação
nucleocitoplasmática, contornos nucleares irregulares e
cromatina grosseira.
Características citológicas:
Células do tipo metaplásico imaturo ou lembrando células
de reserva.
Células redondas ou ovais.
Citoplasma delicado, denso ou queratinizado.
Aumento do volume nuclear.
Elevada relação nucleocitoplasmática.
Irregularidades marcadas da borda nuclear.
Células isoladas, em agrupamentos planos ou dispostas em agrupamentos sinciciais (carcinoma in situ).
O HPV
O HPV é detectável por métodos moleculares em quase todos os casos de NIC e carcinoma cervical.
Duas cepas de alto risco de HPV, os tipos 16 e 18, são responsáveis por aproximadamente 70% dos casos de NIC
e carcinoma cervical.
Embora a infecção por HPV ocorra nas células escamosas mais imaturas da camada basal, a replicação do DNA
de HPV ocorre em células escamosas sobrejacentes mais diferenciadas.
Células escamosas nessa fase de maturação normalmente não replicam o DNA, mas as células escamosas
infectadas por HPV, sim, como consequência da expressão de duas oncoproteínas potentes codificadas no
genoma do HPV, chamadas E6 e E7.
As proteínas E6 e E7 ligam e inativam dois supressores tumorais críticos, o p53 e o Rb, respectivamente e, ao
fazê-lo, promovem o crescimento e o aumento da suscetibilidade a mutações adicionais que podem,
eventualmente, levar à carcinogênese;
Como mencionado adiante, várias lesões precursoras de alto grau de infecção por HPV não progridem para
câncer invasivo. A progressão de displasias cervicais para câncer do colo do útero tem sido atribuída a diversos
fatores, como estado imune e hormonal ou coinfecção com outros agentes sexualmente transmissíveis. Mais
recentemente, as mutações adquiridas somaticamente no gene supressor de tumor LKB1 foram identificadas em
mais de 20% dos cânceres cervicais.
Carcinoma in situ
Pode ser classificado como um tipo de lesão intraepitelial de alto grau, sendo NIC 3;
O carcinoma in situ é representado habitualmente pelo grande número de células primitivas, imaturas, que
podem variar de tamanho de caso a caso, porém sempre exibindo elevada relação nucleocitoplasmática. As
células podem se mostrar isoladas ou em agrupamentos sinciciais com bordas celulares indistintas e núcleos
desordenados, com sobreposição. A borda nuclear é irregular e pode ter uma aparência interrompida. Podem
ocorrer raras figuras de mitose anormais.
Nesse estágio, as células cancerosas estão somente na camada da qual elas se desenvolveram e ainda não se
espalharam para outras camadas do órgão de origem. A maioria dos cânceres in situ é curável, se for tratada
antes que progrida para a fase de câncer invasivo.
Carcinoma invasivo
O carcinoma escamoso compreende aproximadamente 75% dos tumores malignos do colo uterino. Representa o
segundo tipo mais comum de câncer entre mulheres no mundo e está associado a elevadas taxas de
mortalidade.
A infecção persistente pelo papiloma vírus humano (HPV) é o principal fator de risco para o desenvolvimento de
câncer de colo. Contudo, é necessária a atuação de cofatores, como imunossupressão e fumo, para que a
doença maligna se manifeste.
A evolução do carcinoma escamoso ocorre a partir de etapas precursoras, as chamadas lesões pré-cancerosas, já
discutidas anteriormente. As lesões de baixo grau podem progredir com o tempo para lesões de alto grau, e
finalmente as células neoplásicas podem romper a membrana basal invadindo o estroma subjacente (carcinoma
invasivo). Este caminho, contudo, não é obrigatório, e alguns tumores parecem não se iniciar como lesões de
baixo grau, evoluindo desde o início de lesões de alto grau.
O carcinoma escamoso francamente invasivo mostra no exame histopatológico ninhos de células neoplásicas
infiltrando o estroma além de 3 mm de profundidade a partir da membrana basal.
Quase todos os carcinomas do colo do útero são causados por infecções de HPV, particularmente os tipos de
HPV de alto risco 16, 18, 31 e 33; a vacina de HPV é eficaz na prevenção da infecção aos tipos de HPV 16 e 18.
O HPV expressa proteínas E6 e E7 que inativam os supressores de tumor p53 e Rb, respectivamente, resultando
em proliferação celular aumentada e supressão da apoptose induzida por dano.
Classificação:
Fatores de risco importantes para o desenvolvimento de NIC e carcinoma invasivo estão diretamente relacionados
com a exposição ao HPV e incluem:
Infecção pelo vírus do papiloma humano: O câncer do colo do útero está associado à infecção persistente
por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o HPV-16 e o HPV-18,
responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais e se relacionam a subtipo e carga viral, infecção única
ou múltipla;
Idade precoce na primeira relação sexual e múltiplos parceiros sexuais: Vários fatores relacionados ao
histórico sexual podem aumentar o risco de desenvolver o câncer de colo do útero. Esse risco está
provavelmente relacionado ao aumento das chances de exposição ao HPV, como se tornar sexualmente
ativo antes dos 18 anos, ter muitos parceiros sexuais, ou ainda, ter um parceiro considerado de alto risco
(com infecção pelo HPV ou que tenha muitos parceiros sexuais).
Tabagismo. Mulheres que fumam têm o dobro de probabilidade de desenvolver câncer de colo do útero em
relação àquelas que não fumam. Fumar expõe o corpo a muitos produtos químicos cancerígenos que afetam
outros órgãos além dos pulmões. Essas substâncias prejudiciais são absorvidas pelos pulmões e
transportadas pela corrente sanguínea por todo o corpo, além do que fumar torna as defesas do sistema
imunológico menos eficazes no combate a infecções pelo HPV.
Imunossupressão. Em mulheres portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV) uma lesão pré-
cancerígena do colo do útero pode evoluir para um câncer invasivo mais rápido do que o esperado.
Infecção por clamídia. A clamídia é um tipo relativamente comum de bactéria, transmitida pelo contato
sexual, que pode infectar o sistema reprodutivo. Essa infecção pode causar inflamação pélvica, levando a
infertilidade. A infecção por clamídia geralmente não provoca sintomas nas mulheres.
Pílulas anticoncepcionais. Existem evidências que fazer uso de contraceptivos orais por um longo período de
tempo aumenta o risco de desenvolver câncer de colo do útero, mas esse risco tende a desaparecer depois
de um tempo que a mulher pare de fazer uso dessa medicação. Entretanto, a questão se os benefícios do
uso das pílulas anticoncepcionais superam os riscos potenciais deve ser discutida entre a mulher e seu
médico.
Múltiplas gestações. Mulheres que tiveram 3 ou mais gestações têm um risco maior de desenvolver câncer
de colo do útero. Acredita-se que muitas dessas mulheres tenham relações sexuais desprotegidas, tornando-
as mais expostas ao HPV. Alguns estudos mostraram que alterações hormonais durante a gravidez, podem
tornar as mulheres mais suscetíveis à infecção pelo HPV ou desenvolvimento do câncer. Outro estudo
aponta que as mulheres grávidas podem ter sistemas imunológicos mais fracos, permitindo a infecção pelo
HPV e o desenvolvimento da doença.
Idade. Mulheres que tiveram a primeira gravidez com menos de 20 anos são mais propensas a ter câncer de
colo do útero do que as mulheres que engravidaram pela primeira vez após os 25 anos de idade.
Situação econômica. Muitas mulheres de baixa renda por não terem acesso adequado aos serviços de
saúde, não fazem o exame de Papanicolaou, logo não são rastreadas ou tratadas para pré-cânceres ou
cânceres de colo do útero.
Dieta. Mulheres com dietas pobres em frutas e vegetais podem ter um risco aumentado para desenvolver
câncer de colo do útero.
A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com
menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais
frequente.
Histórico familiar. Mulheres com parentes de primeiro grau (mãe ou irmã) que tiveram câncer de colo do
útero têm um risco maior de desenvolver a doença do que aquelas que não tem casos de doença na família.
Alguns pesquisadores suspeitam que alguns casos desta tendência familiar são causados por uma condição
hereditária que torna algumas mulheres menos capazes de combater a infecção pelo HPV do que outras. Em
outros casos, as mulheres da mesma família de uma paciente já diagnosticada têm um ou mais fatores de
risco não genéticos para a doença.
Existe uma fase pré-clínica (sem sintomas) do câncer do colo do útero, em que a detecção de lesões
precursoras (que antecedem o aparecimento da doença) pode ser feita através de um exame preventivo: o
Papanicolau;
Ele serve principalmente para encontrar lesões ou alterações do tecido uterino que indiquem a presença
do HPV, cuja infecção é responsável por praticamente todos os casos de câncer de colo de útero, ou seja
tem por objetivo prevenir a doença. Mas, pode também detectar a presença de algumas infecções
sexualmente transmissíveis;
Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura podem chegar a até 100%. Conforme a evolução
da doença, aparecem sintomas como sangramento vaginal, corrimento e dor.
ARTIGOS
Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal com abordagem quantitativa, realizado com mulheres
que trabalham no serviço de limpeza de uma instituição de ensino superior (IES) privada, localizada no
município de Maringá. Das 61 participantes do estudo apenas 8,20% declararam nunca ter realizado o
exame preventivo para a neoplasia do colo do útero (Grupo NR), enquanto que 26,23% realizaram há mais
de dois anos (Grupo R+2) e 65,57% realizaram há menos de dois anos (Grupo R-2).
Os dados referentes aos motivos que levaram as mulheres a realizarem o exame preventivo para o câncer do
colo do útero estão apresentados na Tabela 3. Nota-se que, para mulheres do grupo R+2, os principais
motivos que as levaram a fazer o exame foram: entender ser importante fazer (18,75%) e pela campanha
(18,75%). Já para aquelas do grupo R-2, os principais motivos foram porque entende ser importante fazer
(45%) e porque é um controle de problemas ou rotina (20%) Os resultados obtidos apontam que as mulheres
analisadas têm baixo conhecimento sobre a adesão ao exame preventivo e, muitas vezes, realizam o
procedimento sem a devida compreensão de sua importância.
Fizeram parte da amostra 150 mulheres entre 20 e 49 anos, residentes na Cidade de Santa Cruz/RN.
Referente aos familiares que tiveram câncer do colo do útero, percebe-se que a maioria foi a óbito por essa
patologia e, quanto à faixa etária das mulheres que tiveram câncer de colo do útero, a média é de 45,1
anos de idade.
COLPOCITOLOGIA
O QUE É O PAPANICOLAU?
O exame foi criado em 1940, com o objetivo de detectar células cancerosas no colo do útero. O nome
Papanicolau foi dado em homenagem ao médico grego Geórgios Papanicolau (1883-1962).
O Papanicolau é amplamente utilizado por médicos e especialistas, também é chamado de esfregaço
cervicovaginal ou colpocitologia oncótica.
COMO É FEITO?
O exame Papanicolau consiste na raspagem das células endocervicais e ectocervicais;
Esse procedimento é realizado por meio de três dispositivos de coleta: um espéculo (“bico de pato”),
espátula de Ayres e uma pequena escova.
1. Identifique as inicias da paciente e a data do nascimento no lado fosco da lâmina utilizando lápis grafite;
2. Introduza o espéculo, gire e abra-o lentamente e com delicadeza;
3. Colete a amostra ectocervical com a espátula de Ayre, girando 360° e a amostra endocervical girando a
escova 360°;
4. Fixe imediatamente o material na lâmina.
5. Realize o esfregaço de maneira a distribuir uniformemente o material em camada fina;
OBSERVAÇÕES
Para garantir um resultado preciso, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) no dia
anterior ao exame;
Evitar o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à
realização do exame;
É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado;
ACHADOS
Critérios Citomorfológicos:
Células escamosas maduras superficiais ou intermediárias comprometidas.
Aumento nuclear (2,5 a 3 vezes o tamanho do núcleo de uma célula intermediária normal).
Um pouco mais de quantidade de cromatina no núcleo: hipercromasia nuclear.
Borda nuclear lisa ou discretamente irregular.
Cromatina compacta.
Ausência de alterações nas células definitivas pelo HPV.
Critérios Citomorfológicos:
Aumento nuclear (1,5-2 vezes o tamanho do núcleo de uma célula metaplásica normal).
Aumento da relação nucleocitoplasmática- aumento do nucleo (maior que na célula metaplásica escamosa
normal).
Um pouco mais de quantidade de cromatina no núcleo: hipercromasia nuclear
Leve irregularidade nuclear.
Cromatina finamente granular uniformemente distribuída ou condensada.
COLPOSCOPIA
É um exame que permite visualizar a vagina e o colo do útero através de um aparelho chamado colposcópio.
Estes exames são grandes aliados no diagnóstico e tratamento do HPV, da vagina e do colo do útero.
A colposcopia é indicada nos casos de resultados anormais do exame de papanicolaou para se identificar as
lesões precursoras do câncer de colo de útero.
Este aparelho permite o aumento de 10 a 40 vezes do tamanho normal.
O exame é realizado no próprio consultório médico com a paciente na mesa de exame. Após colocar o
espéculo vaginal o médico examina a vulva, a vagina e o colo do útero com o colposcópio.
As características colposcópicas que permitem diferenciar entre uma zona de transformação anormal e normal
compreendem o seguinte: tonalidade de coloração das áreas acetobrancas; padrão superficial das áreas
acetobrancas; limite de separação entre as áreas acetobrancas e o restante do epitélio; características vasculares e
alterações cromáticas depois da aplicação de iodo.
O TESTE DE SCHILLER
O teste de Schiller tem a finalidade de demarcar áreas de epitélio escamoso cervico-vaginal, que é rico em
glicogênio e, portanto, adquire uma coloração marrom-escuro= TESTE NEGATIVO= SAUDAVEL
Áreas pobres em glicogênio adquirem uma tonalidade de amarelo suave, caracterizando um teste de Schiller
POSITIVO=POSSIVEL ALTERAÇÃO. Esta alteração não significa, necessariamente, a presença de lesão suspeita
de neoplasia, devendo ser correlacionada com a clínica e com outros exames como o citopatológico e a
colposcopia.
O teste de Schiller pode estar alterado em muitas situações de caráter e evolução benignos, como os cistos de
Naboth e as ectopias. As ectopias se apresentarão como áreas não coradas em contiguidade com o orifício cervico-
uterino.
Biópsia em Cone
Durante a realização da biópsia em cone, ou conização como é conhecida popularmente, é removido um
fragmento do tecido do útero em forma de cone.
Na maioria dos casos, este tipo de biópsia é utilizado como tratamento para a remoção completa de alguns
cânceres em estágio inicial e de muitas lesões pré-cancerosas.
A biópsia em cone não deixa as mulheres inférteis, mas em alguns casos quando há uma grande remoção de
tecido, pode causar um risco aumentado de parto prematuro.
7) Citar a epidemiologia do câncer de colo uterino.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados
16.590 novos casos de câncer de colo do útero no Brasil, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100
mil mulheres, ocupando a terceira posição.
Os pré-cânceres de colo do útero são diagnosticados com muito mais frequência do que o câncer de colo do
útero invasivo.
O câncer de colo do útero foi uma das causas mais frequentes de morte por câncer em mulheres. A taxa de
mortalidade por câncer de colo do útero caiu significativamente com o aumento do rastreamento da doença
através do exame de Papanicolaou. Mas isso não mudou muito nos últimos 10 anos.
O câncer de colo do útero pode ser diagnosticado em mulheres com idade entre 35 e 44 anos, sendo que a
idade média no momento do diagnóstico é aos 50 anos. Raramente se desenvolve em mulheres com menos
de 20 anos. Muitas mulheres mais velhas não percebem que o risco de desenvolver câncer de colo do útero
ainda está presente à medida que envelhecem. Mais de 20% dos casos de câncer de colo do útero são
diagnosticados em mulheres com mais de 65 anos. No entanto, esses cânceres raramente ocorrem em
mulheres que realizam exames regulares de rastreamento para câncer de colo do útero antes dos 65 anos.
O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais prevalente do mundo (estima-se que até 80% das
mulheres sexualmente ativas terão contato com ele até os 50 anos) e é o fator mais fortemente associado ao
câncer de colo de útero (sendo associado a 95% deles).
Com aproximadamente 570 mil casos novos por ano no mundo, é o quarto tipo de câncer mais comum
entre as mulheres, é responsável por 311 mil óbitos por ano, sendo a quarta causa mais frequente de
morte por câncer em mulheres. No Brasil, em 2020, são esperados 16.710 casos novos, com um risco
estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.
Na análise regional, o câncer do colo do útero é o primeiro mais incidente na região Norte (26,24/100 mil) e
o segundo nas regiões Nordeste (16,10/100 mil) e Centro-Oeste (12,35/100 mil). Já na região Sul (12,60/100
mil), ocupa a quarta posição e, na região Sudeste (8,61/100 mil), a quinta posição. Quanto à mortalidade, é
também na região Norte que se evidenciam as maiores taxas do país, sendo a única com nítida tendência
temporal de crescimento. O câncer do colo do útero é raro em mulheres até 30 anos e o pico de sua
incidência se dá na faixa etária de 45 a 50 anos. A mortalidade aumenta progressivamente a partir da quarta
década de vida, com expressivas diferenças regionais.