Você está na página 1de 17

Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 1

Patologia das Mamas

• Aspectos histológicos relevantes


o Ductos
o Lóbulos
o Estroma

o Temos o ducto coletor principal (5), o qual vai se ramificando


até chegar no Lóbulo.
o No lóbulo temos a Unidade Terminal Ducto Lobular (UTDL),
essa estrutura é composta por uma dupla camada de células
mioepiteliais e células epiteliais (luminais), isso é importante
pois as alterações benignas da mama preservam essa dupla
camada
o Já as alterações malignas, perdem a camada mioepitelial
o Essa estrutura de dupla camada se inicia desde o Ducto coletor e se estende até as UTDL ↓
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 2

• Alterações do desenvolvimento

o Amastia
▪ Ausência completa de formação de uma ou ambas as mamas, inclusive do mamilo
▪ Muito rara
▪ Associada a outras malformações
o Hipoplasia
▪ Uni ou bilateral
▪ Rara
▪ CONGÊNITA: associada a síndromes como Turner e Polland
▪ ADQUIRIDA: pode ocorrer em mulheres que receberam radiação na região mamária na infância ou
adolescência
o Macromastia ou Hipertrofia mamária
▪ Crescimento excessivo da mama
▪ Pode causar dorsalgia e alteração postural
▪ HIPERTROFIA JUVENIL OU VIRGINAL:
• Resposta exagerada a estimulação hormonal durante a puberdade
• Uma ou ambas as mamas ficam grandes e pêndulas
• Quando o volume não se reduz nos anos subsequentes -> mamoplastia
o Ectopia e remanescentes da linha mamária
▪ Anomalias mais comuns do desenvolvimento
▪ Tecido ectópico: linfonodos axilares e ao longo da linha mamária, sendo a parede torácica e a vulva os
sítios mais comuns.
▪ POLIMASTIA: mamas supranumerárias
▪ POLITELIA : mamilos supranumerários
▪ Podem ocorrer, com ou sem parênquima glandular subjacente, ao longo de toda a linha mamária, da
axila até a região perineal.
▪ O tecido ectópico sofre influência das alterações hormonais do ciclo menstrual e pode ser acometido
pelas mesmas doenças que acometem a mama eutópica
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 3

• Alterações Inflamatórias
o Mastite aguda da lactação
▪ Primeiras semanas de amamentação
▪ Infecções por staphilococus aureus e Streptococos
▪ Aumento do volume da mama: edema, congestão e exsudato neutrofílico
▪ Tratamento: antibiótico e drenagem completa do leite
o Mastite crônica inespecífica
▪ Rara
▪ Etiologia:
• Desconhecida
• Resultado de mastite aguda com resolução incompleta
• Tuberculose – necrose caseosa + destruição do parênquima
• Micoses (paracoccidioidomicose, histoplasmose, actinomicose)
• Sífilis
• Idiopática (mecanismos auto-imunes)
o Esteatonecrose
▪ Necrose do tecido adiposo (a mais comum)
▪ Associada a biopsia, radiação ou traumatismo
▪ Clínica:
• Massa palpável, endurecida, irregular, com retração da pele e do mamilo
▪ Macroscopia
• Amarelada, firme com áreas hemorrágicas e císticas contendo material oleoso
▪ Microscopia
• Áreas de hemorragia recente, necrose e exsudato neutrofílico
• Macrófagos xantomatosos
• Células gigantes tipo corpo estranho
▪ Tratamento:
• Autolimitado
• Cura por fibrose, encistamento e calcificação
o Ectasia ductal
▪ Acomete ductos grandes subareolares
▪ Mulheres peri e pós menopausa
▪ Clinica
• Descarga papilar serosa, sanguinolenta ou amarelada
• Massa palpável, dolorosa ou não
▪ Microscopia
• Dilatação progressiva de grandes ductos
• Ruptura dos ductos: infiltrado inflamatório linfoplasmocitário + macrófagos + fibrose
• Fibrose pode causar retração do mamilo
• Presença de microcalcificações nos ductos dilatados (mamografia)
o Granuloma por silicone
▪ Os implantes podem provocar uma reação inflamatória local por ser um corpo estranho, que vai resultar
em uma cápsula fibrosa ao redor da prótese, podendo algumas vezes comprimi-la e causar uma
deformidade estética
▪ Microscopia:
• Reação granulomatosa do tipo corpo estranho
• Pode ter extravasamento do silicone
• Macrófagos fagocitando o material extravasado, além de linfócitos e Plasmócitos
• Silicone no interior das células gigantes
• Não há estudos que comprovem associação do silicone com risco aumentado para câncer de
mama, porém há relatos de surgimento de doenças auto-imunes e linfoma de cél. Anaplásicas!
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 4

• Alterações mamárias não proliferativas (alterações fibrocísticas)


o Clínica
▪ Massas nodulares, irregulares
▪ Massa palpável ou descarga papilar
▪ Mulheres 30-45 anos
o Patogênese
▪ Desequilíbrio na resposta a estimulação hormonal cíclica e involução senil
▪ Alteração fisiológica versus doença clínica
• Intensidade das alterações
• Persistência
▪ Não estão associadas a aumento de risco para carcinoma

o Cistos
▪ Pequenos cistos formados pela dilatação dos lóbulos e podem
coalescer para formar grandes cistos
▪ Cistos íntegros:
• Líquido turvo, semitranslúcido, de coloração marrom ou azul
“cúpula azulada”
• Recobertos por epitélio atrófico plano ou por células apócrinas
metaplásicas
▪ Calcificações (comuns): detectadas pela mamografia

o Fibrose
▪ Aumento no estroma conjuntivo denso extra e intralobular
▪ Os cistos frequentes se rompem, liberando seu conteúdo no estroma adjacente
▪ Resultado: inflamação crônica + fibrose = aspecto nodular na palpação da mama

o Metaplasia apócrina
▪ Células com abundante citoplasma eosinofílico e granuloso, com núcleos redondos, regulares, nucléolo
evidente
▪ Parte do citoplasma de projeta como microgotículas de secreção para a luz ductal

o Adenose
▪ É definida pelo aumento no número de ácinos por lóbulo
▪ Dupla camada (característica benigna)
▪ Comum na gravidez
▪ Em mulheres não grávidas pode ocorrer como uma alteração focal
▪ Calcificações são ocasionais ao longo dos lumens
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 5

• Alterações mamárias proliferativas sem atipias


o São lesões caracterizadas pela proliferação de células epiteliais, sem atipias
o Estão associadas a um pequeno aumento no risco de carcinomas subsequentes em qualquer mama
o São detectadas como densidades mamográficas, calcificações ou achados incidentais de biópsia realizada
por outro motivo
o Essas lesões não são clonais e geralmente não estão associadas a mutações
o São preditoras de risco, provavelmente não são precursoras de carcinoma

o Hiperplasia epitelial
▪ Os ductos e lóbulos mamários normais são revestidos por uma dupla camada de células mioepiteliais e
células luminares
▪ A hiperplasia epitelial é definida pela presença de mais de duas camadas celulares
• Aumento no número de células luminais e mioepiteliais, preenchendo e distendendo ductos e lóbulos
▪ Luzes irregulares podem frequentemente ser observadas na periferia das células em proliferação
▪ Achado incidental (biopsia por outra razão)

o Adenose simples
▪ Aumento do número de ácinos ou dúctulos por unidade lobular, resultando em aumento do tamanho do
lóbulo
▪ O número de ácinos por ducto terminal está aumentado no mínimo duas vezes
▪ O arranjo lobular normal está mantido

o Adenose esclerosante
▪ É uma lesão lobulocêntrica em que os ácinos proliferados são distorcidos por fibrose do estroma
intralobular, resultando em dúctulos alongados e comprimidos
▪ O ácino está comprimido e distorcido nas porções centrais da lesão, mas caracteristicamente dilatado na
periferia.
▪ Células mioepiteliais são usualmente proeminentes
▪ A fibrose estromal pode comprimir completamente as luzes criando um aspecto de cordões sólidos ou
camada dupla de células repousando em um estroma denso
▪ O padrão histológico por vezes simula um carcinoma invasor

o Papilomas
▪ Os papilomas são compostos por múltiplas ramificações com eixos fibrovasculares centrais, cada um
tendo um eixo de tecido conjuntivo revestido por células luminares e mioepiteliais
▪ O crescimento ocorre dentro de um ducto dilatado
▪ Grandes papilomas ductais são usualmente solitários e situam-se nos seios lactíferos do mamilo
▪ Pequenos papilomas ductais são comumente múltiplos e localizados profundamente ao longo do
sistema ductal
▪ Mais de 80% dos papilomas de grandes ductos produzem descarga papilar
▪ Tumor de grandes ductos mamários, determinando derrame papilar seroso/sanguinolento
▪ Macroscopia
• Projeção única ou múltipla, do tipo arborescente para
cavidades císticas
▪ Microscopia
• Proliferações fibrovasculares com revestimento pro células
mioepiteliais e epiteliais
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 6

o Ginecomastia
▪ Aumento da mama masculina
▪ Pode ser: unilateral ou bilateral
▪ Única lesão benigna vista com alguma frequência em mamas masculinas
▪ Apresentação:
• Botão subareolar aumentado
• Pode simular uma mama feminina adolescentemicroscopia
▪ Morfologia:
• Aumento da deposição de tecido conjuntivo colagenoso
• Hiperplasia do epitélio de revestimento dos ductos
• A formação dos lóbulos é rara
▪ Causa
• Desequilíbrio entre o estrogênico que estimula o tecido mamário e o andrógeno que neutraliza
esses efeitos
▪ Faixa etária: Por hiperestrogenismo: qualquer idade
▪ Diagnóstico diferencial: Raros casos de carcinomas da mama masculina

• Alterações mamárias proliferativas com atipias


o A hiperplasia atípica é uma proliferação clonal, que tem algumas, mas não todas, características histológicas
necessárias para o diagnóstico de carcinoma in situ
o Está associada com o aumento moderado do risco de carcinoma
o Hiperplasia ductal atípica
▪ Está presente em 5% a 17% dos espécimes de biópsia realizadas para a investigação de calcificações
o Hiperplasia lobular atípica
▪ É um achado incidental, presente em menos de 5% dos materiais de biópsia

o Hiperplasia ductal atípica


▪ É reconhecida pelas suas semelhanças histológicas com o carcinoma ductal in situ (cdis).
▪ Proliferação relativamente monomórfica das células regularmente espaçadas, às vezes com espaços
cribiformes.
▪ É distinguida do cdis por ser limitada em extensão e preencher apenas parcialmente os ductos

o Hiperplasia lobular atípica


▪ Proliferação de células idênticas àquelas do carcinoma lobular in situ (clis) mas as células não preenchem
ou distendem mais de 50% dos ácinos em um lóbulo
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 7

• Carcinoma de mama
o Neoplasia maligna visceral mais frequente em mulheres
o Uma das principais causas de morte por câncer
o Brasil:
▪ Câncer de mama é o 2° mais incidente entre a população feminina
o Raro em mulheres com <25 anos
o Aumento da incidência pós 30 anos
o Idade média ao diagnóstico:
▪ brancas: 61 anos
▪ hispânicas: 56 anos
▪ afro-americanas: 46 anos

o Formas de detectar o carcinoma:


▪ Nódulo palpável
▪ Anormalidades mamográficas
▪ Achado histológico incidental
▪ Investigação de derrame papilar
o Carcinoma ductal in situ (cdis)
▪ Raramente é palpável
▪ Quase sempre detectado na mamografia

o Fatores de risco:
▪ Sexo feminino (99%)
▪ Mutações hereditárias
• 5% a 10% dos ca de mama ocorrem em paciente com mutações hereditárias nos genes
supressores de tumores
▪ Parentes em primeiro grau com ca de mama
• 15% a 20% das mulheres com ca de mama, tem um parente de 1° grau acometido,
• Mas não portam a mutação genética relacionada ao câncer de mama
▪ Raça/etnia
• Variação na frequência dos genes do câncer de mama entre os grupos étnicos
• Mutações brca1 e brca2 são mais frequentes nas populações judaicas de linhagem étnica
ashkenazi
▪ Idade
• Risco aumenta no decorrer da vida da mulher
• Pico: 70-80 anos
▪ Menarca
• Menarca com menos de 11 anos
o Aumenta em 20% o risco de carcinoma
• Menopausa tardia também aumenta o risco (maiores quantidades de ciclos menstruiais)
▪ Idade no nascimento do primeiro filho
• Gravidez a termo antes dos 20 anos: diminui pela metade o risco (gravidez é fator protetor)
▪ Doença mamária benigna
• Biopsia anterior com diagnóstico de hiperplasia atípica ou alterações proliferativas aumenta o
risco de carcinoma invasivo
▪ Carcinoma de mama contra-lateral ou carcinoma de endométrio
• Carcinomas mamários e endometriais têm como fator de risco a exposição prolongada à
estimulação estrogênica
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 8

▪ Exposição estrogênica
• Reposição hormonal da menopausa aumenta o risco para carcinoma de mama
• Fatores protetores:
o Redução do estrogênio endógeno por ooforectomia
o Fármacos que bloqueiam os efeitos do estrogênio ou sua formação
▪ Diminuem o risco de tumores re-positivos
▪ Densidade mamária
• Mulheres com mamas muito densas na mamografia tem 4x a 6x mais riscos de desenvolverem
carcinoma
▪ Exposição à radiação
• Radiação torácica secundária à:
o Tratamento de câncer
o Exposição a bomba atômica
o Acidentes nucleares
▪ Dieta
• O consumo moderado ou pesado de álcool aumenta o risco.
▪ Obesidade
• Risco diminuído em mulheres obesas abaixo dos 40 anos
o Resultado da associação a ciclos anovulatórios e baixos níveis de progesterona na fase tardia do ciclo.
• Risco aumentado para mulheres obesas pós-menopausadas
o Síntese de estrogênio nos depósitos de gordura.
▪ Exercícios
• Pequeno efeito protetor em mulheres que praticam atividade física
▪ Amamentação
• Quanto mais tempo a mulher amamentar, maior a redução do risco
▪ Tóxicos ambientais
• Pesticidas organoclorados
o Podem ter efeito estrogênico em humanos
▪ Influência geográfica:
• O risco de câncer de mama aumenta em imigrantes nos estados unidos a cada geração.
o Os fatores responsáveis por esse aumento incluem fatores de risco modificados
▪ história reprodutiva (número e tempo de gestações)
▪ amamentação
▪ dieta
▪ obesidade
▪ atividade física
▪ fatores ambientais

o Etiologia:
▪ O câncer de mama é uma proliferação clonal que se origina de células com várias mutações genéticas
que são adquiridas por influência de exposições hormonais e ou genes suscetíveis herdados
▪ Carcinomas mamários podem, portanto, ser divididos em:
• Casos esporádicos: relacionados à exposição hormonal
• Casos hereditários: associados a mutações germinativas.
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 9

o Câncer de mama hereditário


▪ 12% dos casos de câncer de mama
▪ Herança de um gene ou mais genes suscetíveis
▪ Probabilidade de etiologia hereditária:
• parentes de primeiro grau afetados
• idade precoce
• múltiplos cânceres
• membros da família com tipos específicos de câncer
▪ Genes importantes e de maior suscetibilidade no câncer de mama familiar
• brca1
• brca2
• tp53
• chek2
▪ As mutações do brca1 e do brca2 são responsáveis por:
• 80%-90% dos casos de câncer de mama hereditário de “gene único”
• 3% de todos os cânceres de mama
▪ O restante dos genes suscetíveis conhecidos é responsável por menos de 10% dos cânceres de mama
hereditários
▪ BRCA1:
• Carcinoma pouco diferenciado
• Características medulares
o padrão de crescimento sincicial
o limites expansivos
o resposta linfocitária
• Biologicamente semelhantes aos tumores do tipo “basal”
o re- negativos
o her2-negativos
▪ BRCA2:
• Carcinoma pouco diferenciado
• São mais re-positivos que os brca1

o Câncer de mama esporádico


▪ Principais fatores de risco:
• Relacionados a exposição hormonal:
o gênero
o idade de menarca e menopausa
o história reprodutiva
o amamentação
o estrogênios exógenos
▪ Fatores ambientais:
• Exposição à radiação
• Exposição à substâncias químicas com efeitos semelhantes ao estrogênio

• Classificação dos carcinomas mamários:


o Quase todas as neoplasias da mama (>95%) são adenocarcinomas que se originam a partir do
ducto/sistema lobular na forma de carcinomas “in situ”
o No momento do diagnóstico pelo menos 70% terá infiltrado a membrana basal
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 10

o Carcinoma Ductal in situ (CDIS)


▪ O CDIS é uma proliferação clonal de células epiteliais malignas, limitada aos ductos e lóbulos pela
membrana basal
▪ O termo “ductal” foi utilizado para descrever essa lesão porque quando envolve os lóbulos, o ácino
expandido assume uma aparência que lembra pequenos ductos
▪ Apresentam células mioepiteliais
▪ CDIS pode se disseminar pelo sistema ductal e produzir lesões extensas, envolvendo um setor inteiro da
mama
▪ Mulheres com CDIS de alto grau ou extensos tem maior taxa de progressão para carcinoma invasivo
▪ A mastectomia para CDIS é curativa em 95% das pacientes
▪ A conservação da mama resulta em um leve aumento do risco de recorrência.
▪ Os principais fatores de risco para recorrência são:
• grau
• tamanho
• margens
▪ Aspectos morfológicos

▪ Comedocarcioma (pior subtipo)


• É caracterizado pela presença de massas sólidas de células pleomórficas com núcleo
hipercromático de “alto grau” e áreas de necrose central
• As membranas das células necróticas comumente calcificam
• Mamografia: microcalcificações agrupadas ou lineares e ramificadas
• Fibrose periductal concêntrica e inflamação crônica são comuns
• Lesões extensas são algumas vezes palpáveis como uma área de vaga nodularidades
• As calcificações podem estar associadas a necrose central, porém mais comumente se formam em
secreções intraluminais.

▪ CDIS Cribiforme:
• Tem os espaços intraepiteliais uniformemente distribuídos e regulares na forma (como um
cortador de biscoito)
▪ CDIS Sólido
• Preenche completamente os Espaços Envolvidos
▪ CDIS Papilífero
• Cresce Nos Espaços Ao Longo Dos Eixos Fibrovasculares Que Tipicamente Carecem Do
Revestimento Celular Mioepitelial Normal
▪ CDIS micropapilífero
• É Reconhecido Pelas Protrusões Bulbares Sem Eixos Fibrovasculares, Frequentemente Arranjadas
Em Complexos Padrões Intraductais
▪ CDIS com microinvasão
• É diagnosticado quando existe uma área de invasão pela membrana basal para o estroma,
medindo não mais que 0,1 cm.
• A microinvasão é mais comumente vista em associação com comedocarcinoma.
• Se apenas um ou poucos focos de microinvasão estão presentes, o prognóstico é muito similar ao
do CDIS
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 11

▪ Doença de Paget
• É uma rara manifestação de câncer de mama (1- 4% dos casos)
• Apresentação
o Erupção eritematosa unilateral com uma crosta escamosa
o Presença de prurido é comum
o Pode ser confundida com eczema
• Mecanismo
o As células malignas (células de paget) se estendem do cdis
dentro do sistema ductal, via seios galactíferos, para a pele
do mamilo, sem atravessar a membrana basal

▪ Doença de Paget do mamilo


• Biópsia do mamilo ou preparados citológicos do exsudato
• Presença de massa palpável em 50% a 60% das mulheres com doença de paget
o Quase todas têm um carcinoma invasivo subjacente.
o O carcinoma é, em geral pouco diferenciado
• A maioria das mulheres sem massa palpável tem somente CDIS.
• O prognóstico da doença de paget depende das características do carcinoma subjacente

o Carcinoma Lobular in situ (CLIS)


▪ É uma proliferação clonal de células dentro de ductos e lóbulos que crescem em uma maneira não coesa,
geralmente devido a perda de proteína de adesão tumoral e-caderina
▪ As células do CLIS e do carcinoma lobular invasivo são idênticas
▪ O termo lobular foi usado para descrever essa lesão porque a células se disseminam, mas não altera os
espaços envolvidos e, portanto, a arquitetura lobular subjacente é preservada
▪ É sempre um achado incidental de biópsia,
▪ Não está associado a calcificações ou reações estromais que produzem densidades mamográficas
▪ É bilateral em 20% a 40% dos casos
▪ É mais comum em mulheres jovens
▪ Com 80% a 90% dos casos ocorrendo antes da menopausa

▪ Morfologia:
• População uniforme
• Células com núcleo oval ou arredondado, envolvendo ductos e lóbulos
• Falta da e –caderina = forma arredondada, sem coesão com as células adjacentes
• As células não formam espaços cribiformes ou papilares
• Não envolve a pele dos mamilos
• Necrose e atividade secretora não são vistas no CLIS clássico

▪ Imunohistoquímica
• Quase sempre expressa RE e RP
• Não se observa superexpressão do HER 2
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 12

o Carcinomas invasivos (infiltrantes)


▪ Podem ser divididos com base em características morfológicas ou moleculares
▪ Morfologicamente:
• 1/3 pode ser classificado em tipos especiais
• O restante é agrupado na categoria “sem outra especificação” (soe)

▪ Carcinoma invasivo, sem outras especificações (ductal invasivo)


• Aparência macroscópica e mamográfica:
o Variável
o Depende da reação estromal ao tumor
• Ao corte:
o São brancacentos, foscos e espiculados
• Menos comumente:
o Nódulos aparentemente bem circunscritos, com escassa reação estromal
• Carcinomas maiores podem invadir o músculo peitoral e fixar-se à parede torácica ou invadir a
derme e causar ulcerações na pele

• Carcinoma Inflamatório
o Causa: extensa invasão e obstrução dos linfáticos dérmicos por células tumorais.
o Clínica:
▪ Linfedema
▪ Espessamento da pele
▪ Aspecto de casca de laranja
o Macroscopia:
▪ Mama intumescida, eritematosa
o Carcinoma subjacente
▪ Frequentemente é difusamente infiltrativo
▪ Tipicamente não forma uma massa palpável
Prognóstico: ruim

• Todos os tipos de carcinomas invasivos são graduados pela classificação de nottingham


o Grau I: bem diferenciado
▪ Padrão tubular
▪ Núcleos pequenos, arredondados
▪ Baixo índice proliferativo

o Grau II: moderadamente diferenciado


▪ Padrão: formações tubulares + grupamentos sólidos + células isoladas
▪ Núcleos com grau maior de pleomorfismo
▪ Índice mitótico intermediário

o Grau III: pouco diferenciado


▪ Padrão: ninhos desorganizados + grupamentos sólidos
▪ Núcleos aumentados e irregulares
▪ Índice mitótico alto + áreas de necrose
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 13

• Classificação molecular

▪ Carcinoma Lobular Invasivo


• Perda bialélica da expressão do cdh1- gene que codifica a e-caderina
• Carcinoma pouco coeso com pouca resposta desmoplásica
• Morfologia:
o Massa irregular
o Padrão infiltrativo difuso com mínima reação desmoplásica
o Presença de células tumorais infiltrativas, não coesas,
o Não exibe formação tubular
• Imunohistoquímica:
o Re-positivo
o Perfil de expressão que lembra os carcinomas luminais
• Disseminação metastática:
o Peritônio
o Retroperitônio
o Leptomeninges
o TGI
o Ovário e útero

▪ Carcinoma Mucionos ou Colóide


• Macroscopia:
o Macio ou elástico
o Consistência e aspecto de gelatina pálida azul-acinzentada
o Bordas abauladas ou circunscritas
• Microscopia:
o Células tumorais dispostas em ninhos e pequenas ilhas dentro de grandes lagos de mucina
• Imunohistoquímica:
o Re-positivo
o Perfil de expressão que lembra os carcinomas luminais
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 14

▪ Carcinoma Tubular
• Morfologia
o Exibe exclusivamente túbulos bem formados
o Pode ser confundido com lesão esclerosante benigna
o Focos apócrinos são típicos
o Pode ter calcificações intraluminais

o
Estão frequentemente associados à:
▪ Atipia epitelial plana
▪ Hiperplasia lobular atípica
▪ CLIS
▪ CDIS
• Imunohistoquímica
o Re-positivo
o Perfil de expressão que lembra os carcinomas luminais

▪ Carcinoma Papilífero
• Morfologia
o Apresenta Papilas Reais, Com Eixo Fibroconjuntivo Vascular Recoberto Por Células Tumorais
• Imunohistoquímica
o Re-positivo
o Perfil de expressão que lembra os carcinomas luminais

▪ Carcinoma Apócrino
• Morfologia
o Células semelhantes àquelas que revestem as glândulas sudoríparas
o Células com núcleos arrendodados, nucléolo proeminente e amplo citoplasma eosinofílico,
ocasionalmente granular
• Imunohistoquímica
o Expressam HER2

▪ Carcinoma Medular
• Macroscopia
o Nódulo bem circunscrito, macio
o Mínima desmoplasia estromal
• Microscopia
o Ninho sólido
o Composto por grandes células, com núcleos pleomórficos e nucléolo proeminente
o Figuras de mitose frequentes
o Infiltrado linfoplasmocitário (moderado à intenso)
o Bordas abauladas- não infiltrativas
• Imunohistoquímica
o RE- NEGATIVO
o HER2- NEGATIVO
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 15

o Fatores prognósticos e preditivos:


▪ O prognóstico depende:
• Características biológicas do carcinoma (tipo histológico ou molecular)
• Extensão da disseminação do câncer ao diagnóstico
▪ Tumores com metástase à distância ou carcinomas inflamatórios:
• Prognóstico ruim

▪ Relacionados a extensão da neoplasia:


• Carcinoma invasivo x carcinoma in situ
• Metástase à distância
• Metástases linfonodais:
o Fator prognóstico mais importante
o Sobrevida livre de doença em 10 anos:
▪ Sem envolvimento ganglionar: 70%-80%
▪ Um ou três linfonodos positivos: 35%- 40%
▪ Dez ou mais linfonodos positivos: 10%- 15%
• Tamanho tumoral
o Risco de metástases linfonodais aumenta com o tamanho do tumor primário
• Doença local avançada
o Carcinomas que invadem a pele ou musculatura esquelética são usualmente grandes e difíceis
de tratar cirurgicamente
• Carcinoma inflamatório
• Invasão vascular e linfática

▪ Relacionados a biologia do tumor


• Subtipo molecular
• Tipos histológicos especiais
o Subtipos metaplásico e micropapilar: pior prognóstico
• Grau histológico
• Índice de proliferação
• Receptores de estrogênio e progesterona
o 80% dos carcinomas re-positivos e rp-positivos respondem à manipulação hormonal
• HER2
o A superexpressão de her2 está associado a baixa sobrevida
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 16

• Tumores estromais
o Tumores bifásicos de origem estromal intralobular
o Tipos:
▪ Fibroadenoma
▪ Tumor filoide

o Fibroadenoma
▪ Tumor benigno mais comum da mama feminina
▪ Acomete mulher entre 20-30 anos
▪ Frequentemente múltiplos e bilaterais
▪ Mulheres jovens:
• Massa palpável
▪ Mulheres idosas
• Densidade mamográfica ou calcificações agrupadas
▪ Componente epitelial
• Responde ao estímulo hormonal
• Podem exibir um aumento típico na gestação
▪ Macroscopia:
• Tamanho: <1,0cm à tumores grandes que ocupam a maior parte da mama
• Bem circunscritos
• Branco-acinzentados
• Elásticos

▪ Microscopia:
• Estroma delicado
• Frequentemente mixóide
• Epitélio pode ser:
o Envolvido pelo estroma: padrão pericanalicular
o Comprimido ou distorcido: padrão intracanalicular
• Mulheres idosas:
o Estroma hialinizado
o Epitélio atrófico
Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 17

o Tumor Phyllodes (Filoide)


▪ Faixa etária:
• Sexta década de vida
• (10 a 20 anos depois da idade pico para fibroadenoma).
▪ Detecção:
• Maioria: massas palpáveis
• Mamografia (alguns poucos casos)
▪ Morfologia:
• Tamanho: varia de poucos centímetros a lesões maciças envolvendo toda a mama
• As maiores lesões geralmente têm protrusões bulbosas, devido à presença de nódulos de estroma
proliferativo cobertos por epitélio
▪ Comportamento:
• Os tumores filoides devem ser excisados com amplas margens ou por mastectomia, para evitar
recorrência local.
• A dissecção dos linfonodos axilares não está indicada porque a incidência de metástases
linfonodais é excessivamente pequena.
• A maioria é de tumores de baixo grau que podem ter recorrência local, mas raramente
metastizam.
• Raras lesões de alto grau se comportam agressivamente, com frequentes recorrências locais e
metástases hematogênicas distantes em cerca de um terço dos casos.
• Somente o componente estromal metastiza.
▪ Diagnóstico diferencial:
• Os tumores filoides são distinguidos dos fibroadenomas baseado:
o Celularidade
o Taxa mitótica
o Pleomorfismo nuclear
o Crescimento excessivo do estroma
o Bordos infiltrativos
• Lesões de baixo grau parecem fibroadenomas, mas são mais celulares e contêm figuras mitóticas
• Lesões de alto grau podem ser difíceis de serem distinguidas de outros sarcomas de tecidos moles
e podem ter foco na diferenciação mesenquimal
• Tumores filoides recorrentes são frequentemente de um grau mais alto que a lesão atual.

Você também pode gostar