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FACULDADE DE ODONTOLOGIA

UNIVERSIDADE PAULISTA
FOUNIP

Patologia Bucal

Profa. Claudia Carrara Cotomacio


Lesões pré-cancerizáveis ou
pré-malignas
Leucoplasia, Eritroplasia e Queilite
actínica
Leucoplasia

“Placa branca ou mancha branca que não pode ser


caracterizada clínica ou patologicamente como
qualquer outra doença”
(Organização Mundial de Saúde)
Leucoplasia

• A coloração resulta de um espessamento superficial


de queratina, mascarando a coloração avermelhada
do conjuntivo adjacente
• Placa branca que não cede a raspagem, não
desaparece após remoção de possível agente causal
e não pode ser diagnosticada como nenhuma outra
patologia;
• Potencial de malignização;
Leucoplasia

• Causas:
- Tabaco: mais de 80% dos pacientes são tabagistas;
lesões podem diminuir ao cessar o hábito;
- Álcool: efeito sinérgico com o tabaco para
desenvolvimento de CEC;
- Radiação ultravioleta: associada à leucoplasia do
vermelhão do lábio – queilite actínica
- Treponema pallidum, HPV
Excluir antes a possibilidade de serem outras lesões que
possuem a mesma apresentação, como: líquen plano, morsicatio,
leucoedema, entre outras lesões brancas
Diagnóstico
Diferencial para
Leucoplasia

Verificar se a lesão desaparece após remoção do


trauma. Se desaparecer, é uma lesão traumática

Não há na literatura evidências de que


lesões traumáticas possam malignizar!
Leucoplasia
• Afeta pessoas com idade acima de 40 anos, homens
• Vermelhão do lábio, mucosa jugal e gengiva
• Leucoplasia fina: pode desaparecer ou ficar inalterada
• Para tabagistas que não alteram seus hábitos, podem
tornar-se espessas
• Algumas lesões apresentam projeções agudas ou
embotadas: leucoplasia verruciforme, ou verrucosa
Leucoplasia

Leucoplasia inicial ou delgada


Leucoplasia

Leucoplasia homogênea, espessa


Leucoplasia

Leucoplasia Verruciforme
Leucoplasia
• Histopatológico: Camada de queratina espessada do
epitélio de superfície (hiperqueratose), com ou sem
espessamento da camada espinhosa (acantose)
• A maioria das lesões leucoplásicas não apresenta displasia
Alterações displásicas

• Quando as alterações displásicas estão presentes, as


células apresentam:
– Células e núcleos aumentados
– Nucléolos grandes e proeminentes
– Núcleos hipercromáticos
– Células e núcleos pleomórficos (formato anormal)
– Atividade mitótica aumentada
– Figuras de mitoses anormas, entre outras
Alterações displásicas

• Grau de gravidade da displasia:


– Displasia epitelial leve (alterações limitadas às
camadas basal e parabasal)
• Pleomórfico:
alteração de forma
• Displasia:
alteração pode
acontecer na
forma, tamanho ou
organização de
um determinado
tecido/célula

Núcleos hipercromáticos e levemente pleomórficos


Alterações displásicas

• Grau de gravidade da displasia:


– Displasia epitelial moderada (envolvimento da
camada basal até camada espinhosa)

Até metade do epitélio: hipercromatismo nuclear,


pleomorfismo e aumento da densidade celular
Alterações displásicas

• Grau de gravidade da displasia:


– Displasia epitelial severa (envolvimento da
camada basal até nível acima da porção média do
epitélio)

Acentuado pleomorfismo, hipercromatismo e


figuras de mitose dispersas
Alterações displásicas

• Carcinoma in situ: alterações displásicas por


toda espessura do epitélio
Leucoplasia

• Tratamento: excluído outras hipóteses, realizar


biópsia; em casos não malignos, remoção cirúrgica
completa (se possível);
• Observar e acompanhar – risco de recidivas
• Quanto maior a displasia, maior risco de
transformação maligna

• Diagnóstico precoce é importante!


Eritroleucoplasia

• A leucoplasia pode tornar-se displásica, ou


invasiva, sem alteração na aparência clínica
• Algumas lesões podem passar a apresentar
manchas/placas avermelhadas – Eritroplasias
(células epiteliais tão atróficas que não
produzem queratina) – ERITROLEUCOPLASIA
ou LEUCOPLASIA MOSQUEADA
Eritroleucoplasia
Eritroplasia

• São manchas ou placas vermelhas que podem


aparecer em qualquer lugar da mucosa bucal
• Enquanto as leucoplasias raramente significam
uma lesão maligna, as eritroplasias já podem
apresentar um carcinoma in situ
• Diagnóstico precoce é importante!
Eritroplasia
Eritroplasia

• Adultos e idosos, sem predileção pra gênero


• Soalho da boca, língua e palato mole
• Macula ou placa eritematosa
• Geralmente assintomática
• Pode estar associada à leucoplasia (eritroleucoplasia)
Eritroplasia

• Histopatológico: apresentam displasias


epiteliais severas, carcinoma in situ, ou já
carcinoma de células escamosas superficial
• Ausência de produção de queratina e epitélio
atrófico ou hiperplásico
Eritroplasia

• Tratamento: Remover possível agente irritante


e esperar de 7-14 dias para observar se regride;
• Caso não regrida, realizar biópsia; em casos não
malignos, remoção cirúrgica completa (se
possível);
• Observar e acompanhar – risco de recidivas
Queilite Actínica

• Ocorre no vermelhão do lábio (inferior);


• Relacionada à exposição cumulativa aos raios solares
por um período longo, sem adequada proteção;
• Placa branca, erosões e ulcerações
• Similar à ceratose actínica (pele)
Queilite Actínica

• Acima dos 45 anos, homens


• Descamação, ulceração – ulceração pode
sugerir evolução para um carcinoma de
células escamosas em estágio inicial
Queilite Actínica
Queilite Actínica

• Histopatológico: acantose, marcante produção de


queratina, elastose solar
• Graus variados de displasia
Queilite Actínica

• Prevenção: uso de bálsamos e bloqueadores solares


nos lábios;
• Tratamento: Biópsia para excluir a transformação
maligna;
• Em casos graves não malignos, vermelhonectomia
pode ser realizada;
Leucoplasia, Eritroplasia, Queilite Actínica
Excluir antes possibilidade de trauma
Conduta:
• Realizar biópsia INCISIONAL;
• Em casos não malignos, remoção cirúrgica completa (se
possível);
• Observar e acompanhar – risco de recidivas: quanto maior a
displasia, maior risco de transformação maligna
• Queilite Actínica: Laser de CO2, eletrodissecção, aplicação
tópica de 5-FU, terapia fotodinâmica ou peeling químico.

Diagnóstico precoce é importante!


Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)

• Tumor maligno mais frequente da cavidade


bucal;
• Sua apresentação mais comum é de uma
úlcera com bordas elevadas, base endurecida
e fundo necrótico;
• Muitas vezes de longa duração e ausência de
dor
Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)
• Causas: Fumo, fumo associado à bebida, tabaco sem
fumaça, álcool, agentes fenólicos (indústrias), radiação,
vírus oncogênicos (HPV)...
• O carcinoma originada da queilite actínica por ter fator
etiológico diferente (radiação solar) é denominado
carcinoma de lábio
Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)

• Homens idosos
• Demora em buscar ajuda profissional
• Dor mínima na fase inicial
• Apresentações clínicas variadas: exofítica,
endofítica,
• Mais iniciais: leucoplásica, eritroplásica,
eritroleucoplásica
Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)

Com lesão leucoplásica


Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)

Com lesão eritroplásica


Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)

Lesão exofítica
Lesão endofítica
Carcinoma de lábio
Metástase

• Pode ocorrer principalmente pelos vasos


linfáticos para linfonodos cervicais
• Consistência firme, pétrea, indolor e
aumentado
• Estadiamento
Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)
• Histopatologico: surge a partir de um epitélio
de superfície displásico – ilhas e cordões
invasivos de células epiteliais malignas
• No carcinoma de lábio não esquecer da
presença da ELASTOSE SOLAR (agente
etiológico diferente: radiação solar)
Histopatológico:
• Ilhas de epitélio
maligno invadindo a
lamina própria;
células epiteliais
displásicas
Neoplasias - malignidade

Grau 1 Grau 2 Grau 3


Grau 4
Bem Moderadamente Pouco
Não diferenciado
diferenciado diferenciado diferenciado
Carcinoma Epidermoide
(de células escamosas, espinocelular - CEC)
• Biopsia incisional
• Tratamento: carcinoma in situ (lábios):
remoção total e acompanhamento;
• Casos mais severos (oncologista):
– Cirurgia;
– Quimioterapia;
– Radioterapia;
Evolução das lesões pré-malignas
Mucosa Normal
Leucoplasia
Delgada, lisa

• Hiperqueratose
• Linfócitos
ocasionais
Leucoplasia
espessa, fissurada

• Hiperqueratose
• Linfócitos
ocasionais
• Displasia
(leve/moderada)
Leucoplasia verrucifome,
granular

• Hiperqueratose irregular
• Cristas epiteliais bulbosas
• Linfócitos nº moderado
• Displasia moderada/severa
• Possível presença de Candida
albicans
Eritroleucoplasia

• Hiperqueratose irregular
• Cristas epiteliais bulbosas
• Atrofia epitelial
• Linfócitos numerosos
• Displasia severa
• Carcinoma in situ
Eritroplasia
Onde realizar a
Biópsia?
Velscope

• Auxilia a decidir sitio de biópsia

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4515810/
Biópsia

• Sempre biópsia INCISIONAL com suspeita de


malignidade
• Confirmando o diagnóstico de malignidade,
encaminhar o paciente para tratamento com
oncologista.
Sarcomas
Ou epidermoide
Neoplasias de Partes Moles
Definição - proliferação de células mesenquimais,
originárias de tecidos não epiteliais ou esqueléticos,
exceto das vísceras, cérebro e sistema linforeticular.

Epitélio

Nervo
Lâmina
Vaso
própria Fibroblasto

Submucosa Músculo
Gordura
Tipos de Câncer

Carcinomas - cél. epiteliais (90%)


Sarcomas - cél. Mesenquimais - RARO
Leucemias e Linfomas - cél. hematopoéticas
Etiologia

Genéticos
Síndrome de Li-Fraumeni
Neurofibromatose
Translocações

Agentes químicos - asbestos, arsênico, herbicidas


Imunossupressão - Sarcoma de Kaposi (HHV-8)
Leiomissarcoma (EBV)
Fibrossarcoma
• Origem: tecido fibroso (conjuntivo)
• Mais comum em extremidades - 10% em cabeça e
pescoço
• Crescimento lento
• Adultos jovens e crianças

Criança com um grande aumento


de volume no palato duro e rebordo alveolar superior.
Fibrossarcoma
• Alta celularidade
• Fascículos de células
fusiformes
• Numero variável de mitoses
• “Espinha de peixe”

Tratamento:
Excisão cirúrgica com ampla
margem
Recidiva - de 20 a 60%
Sobrevida de 5 anos - de 40 a 70%
Rabdomiossarcoma
Origem - musculatura esquelética
Cabeça e pescoço - 40% dos casos
1a. década de vida
Massa infiltrativa indolor de crescimento rápido
Boca - palato
Rabdomiossarcoma
Histologia
• Estágios da embriogênese do m. esquelético
• Rabdomioblastos redondos ou ovais com citoplasma
eosinofílico

Tratamento:
• Terapia multimodal - cirurgia + quimio (+radio)
• Sobrevida em 5 anos: 63%
Schwanoma maligno
• Sinonímia: neurofibrossarcoma, sarcoma
neurogênico, tumor maligno da bainha do nervo
periférico
• Massa expansiva, por vezes crescimento rápido
• Mais de 50% em pacientes com neurofibromatose
Adultos jovens - com NF 29 anos; sem NF 40 anos
• Mais comum: mandíbula, lábio e mucosa jugal,
• Difícil diagnóstico, padrões semelhantes aos outros
sarcomas
Schwanoma maligno/
Neurofibrossarcoma

http://www.revistas.usp.br/autopsy/article/vie
w/162867
Fotomicrografias do tumor. A - Arranjos celulares em feixes soltos, disposição
perivascular e áreas de aspecto mixoide. As células são alongadas, com bordas
mal definidas, e os núcleos são igualmente alongados e atípicos (HE, 400 ×). B -
Arranjos celulares em feixes com eventual arranjo em “espinha de peixe”, tipo
fibrossarcoma. Observe a presença de mitoses
Necessário IMUNOHISTOQUÍMICA para marcação de proteínas específicas

Fotomicrografias do tumor. A - Positividade ocasional de vimentina. B - Índice


proliferativo Ki-67. C - Negatividade para desmina.

Tratamento
• Cirurgia radical
• Radioterapia e quimioterapia
Sobrevida em 5 anos
• Com NF 16% • Sem NF 53%
Lipossarcoma
Origem: tecido adiposo
Segundo sarcoma mais comum no adulto
Coxa, retroperitônio e região inguinal
Adultos entre 40 e 60 anos
Massa mole, mal definida e de crescimento lento
Pescoço e bochecha
Lipossarcoma

Tratamento
Excisão radical - 50% rescidiva

Sobrevida em 5 anos
Depende do tipo histológico
57 a 70%
Em 10 anos 50%
Lipoblastos vacuolados com núcleo
pleomórfico – diversas formas

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