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PATOLOGIA BUCAL

Prof. Me. Érico Barros


LESÕES EPITELIAIS E
CANCERIZÁVEIS
LEUCOPLASIA
“Uma mancha branca ou placa que não pode ser caracterizada clínica
ou patologicamente como qualquer outra doença”
OMS, 1978

“São placas brancas de malignização possível após excluídas daquelas


que não transportam tal risco.”
Warnakulasuriya, J Oral Pathol Med. 2007;36:575-80
LEUCOPLASIA
O termo é estritamente clínico e não implica em uma alteração
histopatológica específica do tecido

O diagnóstico é dependente da aparência clínica e da exclusão de


outras doenças que se manifestam como placas brancas na mucosa
oral
Líquen plano
Queratose friccional
Estomatite nicotínica
Leucoedema
Nevo branco esponjoso
LEUCOPLASIA
A manifestação clínica acontece em decorrência de:
Espessamento da camada de queratina
Acantose – mascara a vascularização normal do TC

É considerada uma lesão POTENCIALMENTE MALIGNA


frequência de transformação maligna é maior do que a mucosa normal
LEUCOPLASIA
Incidência e Prevalência
Representa 85% das lesões potencialmente malignas da cavidade oral

Mais de um terço dos carcinomas orais apresentam leucoplasia em


estreita proximidade

A doença é diagnosticada com maior frequência atualmente do que no


passado, provavelmente devido a uma maior consciência entre os
profissionais de saúde
INCIDÊNCIA ESTIMADA
MORTALIDADE
LEUCOPLASIA
Etiologia
Ainda é desconhecida mas parece ser ÁLCOOL
multifatorial Exerce forte efeito sinérgico com o
tabaco no desenvolvimento do câncer
TABACO
É considerado o fator mais envolvido Evidências conflitantes se o uso isolado
está relacionado à leucoplasia
80% dos pacientes com LO são
fumantes e estes têm maior propensão Enxaguatórios bucais com 25% álcool –
em desenvolver a lesão lesões acinzentadas (não são
consideradas leucoplasias verdadeiras)
Tabaco sem fumaça causa placa branca
clinicamente distinta (queratose da
bolsa de tabaco)
LEUCOPLASIA
Etiologia
SANGUINÁRIA
Uso de dentifrícios ou colutórios
bucais com erva sanguinária podem
desenvolver LO denominada
queratose associada à sanguinária

80% desta população em


comparação a 3% da população
normal

O epitélio afetado pode demonstrar


displasia idêntica à observada em
outras leucoplasias
LEUCOPLASIA
Etiologia
RADIAÇÃO UV MICRORGANISMOS
Fator causal para leucoplasia do Vários foram implicados na etiologia
vermelhão do lábio inferior (queilite da leucoplasias
actínica)
Treponema pallidum – língua
Pessoas imunocomprometidas, tais enrijecida com extensa LO dorsal
como pacientes transplantados, são Candida albicans – coloniza a
especialmente propensas a queratina produzindo placa granular
desenvolver leucoplasia e carcinoma branca e vermelha
epidermóide no vermelhão do lábio
inferior HPV – papel incerto. Mais presente
em leucoplasias homogêneas
LEUCOPLASIA
Etiologia
TRAUMA*
Irritação mecânica produz lesão
branca superfície rugosa:
queratose friccional

São reversíveis após eliminação do


trauma e não há relatos de
transformação maligna
LEUCOPLASIA
Característica Clínicas
Afeta + pessoas com 40+ anos (homens)

70% das LO são encontradas no


vermelhão do lábio, na mucosa bucal e
gengiva

Língua, vermelhão do lábio e assoalho


representam 90% das LO que mostram
displasia ou carcinoma

Betel quid – mucosa jugal e comissura


LEUCOPLASIA
Característica Clínicas
Lesões únicas têm aparência clínica
variada

Leucoplasia leve
Leucoplasia homogênea (espessa)
Leucoplasia granular (nodular)
Leucoplasia verrucosa (verruciforme)
Leucoplasia verrucosa proliferativa*
Eritroleucoplasia
LEUCOPLASIA
Característica Histopatológicas
Espessamento da camada de
queratina (hiperqueratose) com
ou sem aumento da camada
espinhosa (acantose)

Hiperparaqueratose
Não há camada células granulares
Núcleos mantidos na queratina
Hiperortoqueratose
Há camada células granulares
Não há núcleos na queratina
LEUCOPLASIA
Característica Histopatológicas
Leucoplasia verrucosa exibe Displasia é encontrada em 5% a 25%
projeções papilares, pontiagudas, das LO
cristas epiteliais rombas
LVP variam de acordo com o estágio Núcleos e células aumentados
da lesão
Hiperqueratose indistinguível de LO Aumento relação núcleo-citoplasma
convencional Hipercromatismo
Proliferação papilar semelhante a LO
verrucosa Pleomorfismo celular
Mitose atípicas

Alterações começam na porção basal


do epitélio
LEUCOPLASIA
Característica Histopatológicas
O grau de displasia se relaciona
com a sua intensidade

Displasia epitelial leve


Displasia epitelial moderada
Displasia epitelial intensa
LEUCOPLASIA
Característica Histopatológicas
O grau de displasia se relaciona
com a sua intensidade

Displasia epitelial leve


Displasia epitelial moderada
Displasia epitelial intensa
LEUCOPLASIA
Característica Histopatológicas
O grau de displasia se relaciona
com a sua intensidade

Displasia epitelial leve


Displasia epitelial moderada
Displasia epitelial intensa
Carcinoma in situ
LEUCOPLASIA
Tratamento e Prognóstico
Por se tratar de um termo clínico, toda leucoplasia deve ser “biopsiada”
para obtenção de diagnóstico histopatológico e orientação sobre
tratamento
A biópsia deve ser realizada nas áreas clinicamente mais graves

LO com displasias moderadas/intensas devem ser removidas


completamente
LO leves/moderadas guiadas pelo tamanho e resposta a tratamentos
conservadores
LEUCOPLASIA
Tratamento e Prognóstico
Excisão cirúrgica, eletrocauterização, criocirurgia, ablação a laser
Taxas globais de recidivas variam de 10% a 35%

Leucoplasias verruciformes apresentam taxa de recidiva em torno de


80% (reintervenção)
Acompanhamento por longa duração

As LO sem displasias que não forem removidas devem ser avaliadas


clinicamente a cada 6 meses
LEUCOPLASIA
Tratamento e Prognóstico
As taxas de malignização das LO são inferiores a 2%/ano

Ocorre em torno de 2 a 4 anos após início da leucoplasia


Delgadas – raramente se tornam malignas
Espessas – 1% a 7% se tornam malignas
Verruciformes – 4% a 15% se tornam malignas
Eritroleucoplasias – 18% a 47% (28% média) se tornam malignas

São fatores adicionais ao risco de transformação maligna incluem, em


particular, leucoplasias na região ventrolateral da língua e assoalho de boca
exibem transformação maligna em 16% a 39% dos casos e 47% ocorrem em
mulheres
LEUCOPLASIA
Tratamento e Prognóstico
Quimioprevenção para leucoplasia oral tem sido tentada, mas permanece
experimental
Terapias à base de retinol reduziram ou eliminaram algumas lesões
leucoplásicas em estudos de curta duração
No entanto, até o momento, não existem evidências suficientes para apoiar a
eficácia destes tratamentos clínicos na prevenção da progressão de lesões
potencialmente malignas

Há muito interesse na identificação de alterações cromossômicas, genéticas


e moleculares que possam auxiliar na previsão do risco de transformação
maligna das leucoplasias
A gradação histopatológica da displasia permanece o método padrão para
predizer o risco de progressão à malignidade
ERITROPLASIA (ERITROPLASIA DE QUEYRAT)
É definida como uma mancha ou placa vermelha que não pode ser clínica ou
patologicamente diagnosticada como qualquer outra condição

Quase todas as eritroplasias verdadeiras demonstraram displasia epitelial,


carcinoma in situ, ou carcinoma epidermoide

Presume-se que as causas da eritroplasia sejam as mesmas daquelas


associadas ao carcinoma epidermoide

A incidência anual estimada para o carcinoma in situ comprovado


microscopicamente, que representa a grande maioria das eritroplasias, é de
1,2 por 100.000 habitantes nos Estados Unidos
ERITROPLASIA
Características Clínicas
Doença de meia-idade e adultos mais velhos, sem predileção por gênero
O assoalho bucal, língua e palato mole são os locais de maior envolvimento e
lesões múltiplas podem estar presentes

Uma mancha ou placa bem delimitada, eritematosa de consistência macia e


textura aveludada, assintomática e pode estar associada à leucoplasia

A biopsia é necessária para distinguir eritroplasia de outras condições com


uma aparência clínica semelhante, tais como mucosite não específica,
candidíase, psoríase ou lesões vasculares
ERITROPLASIA
Características Histopatológicas
90% das lesões eritroplásicas apresentam ao exame histopatológico
displasia epitelial intensa
carcinoma in situ
carcinoma epidermoide superficialmente invasivo

O epitélio deixa de produzir queratina e muitas vezes é atrófico, permitindo


assim que a microcirculação subjacente apareça, produzindo uma aparência
vermelha

O tecido conjuntivo subjacente demonstra com frequência inflamação


crônica
ERITROPLASIA
Tratamento e Prognóstico
Lesões vermelhas de mucosa oral (assoalho bucal e região ventrolateral
da língua) devem ser vistas com suspeita e biópsia precisa ser realizada

Postergar a biópsia se fonte de irritação for identificada e removida


(possibilita regressão de inflamação clinicamente similar)

O tratamento da eritroplasia é guiado pelo diagnóstico histopatológico

Recorrência e envolvimento multifocal são comuns. Dessa forma, é


sugerido longo período de acompanhamento
QUERATOSE DO TABACO SEM FUMAÇA
Nos Estados Unidos, de acordo com a National Survey on Drug Use and
Health de 2011, aproximadamente 3,2% das pessoas (ou 8,2 milhões
de indivíduos) com mais de 12 anos usam tabaco sem fumaça

Como parte dos objetivos da Healthy People 2020, o Departamento de


Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos estabeleceu uma meta
para reduzir a prevalência nacional do uso do tabaco sem fumaça de
2,3% para 0,3% entre os adultos e de 8,9% para 6,9% entre os
adolescentes
QUERATOSE DO TABACO SEM FUMAÇA
Características Clínicas
Uma das alterações locais mais comuns é a recessão gengival
assintomática na área de contato com o tabaco, podendo haver
destruição de osso alveolar

Cárie, destruição de superfície dentária, coloração amarronzada da


superfície em contato, halitose
QUERATOSE DO TABACO SEM FUMAÇA
Características Clínicas
É mais observada em homens adultos jovens e homens com mais de 65 anos
de idade

A queratose do tabaco sem fumaça se apresenta como uma placa branca ou


cinza envolvendo a mucosa em contato direto com rapé ou tabaco de mascar

O desenvolvimento da lesão é influenciado principalmente por


duração do hábito e também pela marca de tabaco usado
início precoce do uso de tabaco
total de horas de uso diário
quantidade de tabaco consumida diariamente
número de sítios rotineiramente utilizados para a colocação do tabaco
QUERATOSE DO TABACO SEM FUMAÇA
Características Clínicas
A mucosa alterada normalmente é fina e quase transparente, com
bordas indistintas

Apresenta-se macia e aveludada à palpação, quando esticada a mucosa


revela uma bolsa (bolsa de rapé)

A mucosa aparece fissurada ou ondulada

Ulceração e dor não estão associados


QUERATOSE DO TABACO SEM FUMAÇA
Características Histopatológicas
O histopatológico da queratose do tabaco sem fumaça não é específico

O epitélio pavimentoso apresenta hiperqueratose e acantose


Projeções anguladas e pontiagudas de paraqueratina podem ser vistas acima
ou nas camadas superficiais do epitélio

Deposição anormal de material eosinofílico amorfo é observado nas


glândulas salivares e no tecido conjuntivo subjacente

Displasia epitelial é incomum na queratose do tabaco sem fumaça e, quando


presente, normalmente é leve
QUERATOSE DO TABACO SEM FUMAÇA
Tratamento e Prognóstico
A biopsia é necessária apenas em lesões graves ou atípicas (brancura intensa, de
aparência clínica verruciforme, ulceração, formação de nódulos endurecidos ou
hemorragia)

O tratamento depende do diagnóstico histopatológico


Sem displasia, exige monitoramento e incentivo ao abandono do hábito

A cessação do hábito leva à aparência de mucosa normal (geralmente dentro de


duas semanas) em 98% das queratoses de tabaco sem fumaça que não são
intensamente brancas

Uma lesão que permanece após seis semanas sem contato do tabaco deve ser
considerada uma verdadeira leucoplasia e precisa ser biopsiada e tratada de acordo
QUEILITE ACTÍNICA
É uma condição potencialmente maligna do vermelhão do lábio inferior, resultante da
exposição crônica à luz UV

Exposição à luz UV pode produzir mutações em vários genes, tais como o gene supressor
de tumor TP53

Fatores de risco adicionais incluem


Pele clara
Idade avançada
Imunossupressão
Exposição ao arsênico
Anomalias genéticas (albinismo, xeroderma pigmentoso)

Tabagismo e imunossupressão podem aumentar probabilidade de evolução para CEC


QUEILITE ACTÍNICA
Características Clínicas
Raramente acomete pessoas Achados iniciais
abaixo de 45 anos de idade Atrofia (áreas lisas, manchadas e
pálidas)
Ressecamento e Fissuras do
Predileção gênero masculino 10:1 vermelhão no lábio inferior
Margem indefinida entre o
vermelhão e a pele
A lesão se desenvolve lentamente
Progressão
Eventualmente as lesões podem Áreas descamativas e ásperas
ulcerar, sugerindo evolução para Podem espessar formando lesões
carcinoma epidermóide leucoplásicas
QUEILITE ACTÍNICA
Características Histopatológicas
O epitélio pode exibir diferentes graus
de displasia. Geralmente há
hiperqueratose e o epitélio pode ser
atrófico ou acantótico

O tecido conjuntivo invariavelmente


demonstra uma faixa acelular amorfa,
basofílica, conhecida como elastose
solar, uma alteração do colágeno e
fibras elásticas induzida pela luz

Infiltrado inflamatório crônico e vasos


sanguíneos dilatados podem também
estar presentes.
QUEILITE ACTÍNICA
Características Clínicas
O epitélio pode exibir diferentes graus
de displasia. Geralmente há
hiperqueratose e o epitélio pode ser
atrófico ou acantótico

O tecido conjuntivo invariavelmente


demonstra uma faixa acelular amorfa,
basofílica, conhecida como elastose
solar, uma alteração do colágeno e
fibras elásticas induzida pela luz

Infiltrado inflamatório crônico e vasos


sanguíneos dilatados podem também http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-bucal/1_dpm.php#queilite-actinica
estar presentes.
QUEILITE ACTÍNICA
Tratamento e Prognóstico
Encorajar os pacientes a reduzir a exposição ao sol, usar protetor solar
e chapéu de abas largas mesmo que as alterações sejam irreversíveis

Áreas de endurecimento, espessamento, ulceração ou leucoplasia


devem ser biopsiadas para a exclusão de um carcinoma

Em casos clinicamente graves, sem transformação maligna evidente, a


vermelhectomia pode ser realizada
QUEILITE ACTÍNICA
Tratamento e Prognóstico
Tratamentos alternativos incluem ablação a laser de CO2 ou erbium:
YAG (Er: YAG), electrodissecção, crioterapia, 5-fluorouracil, imiquimode
tópico e terapia fotodinâmica

Acompanhamento a longo prazo é recomendado

Se for identificado um carcinoma epidermóide de lábio, deve ser


tratado como necessário
QUERATOACANTOMA
É uma proliferação epitelial autolimitante com uma forte semelhança clínica e
histopatológica a um carcinoma epidermoide bem diferenciado
Lesões cutâneas presumivelmente surgem do infundíbulo dos folículos pilosos
Lesões intraorais têm sido relatadas, embora raras

A causa exata é desconhecida. A associação com danos causados pelo sol é


sugerida, pois a maioria das lesões solitárias são encontradas na pele exposta ao sol
em adultos mais velhos
Potenciais fatores adicionais contribuintes incluem a exposição ao alcatrão, HPV,
imunossupressão, alguns fármacos, tatuagem e queimaduras ou outros
traumatismos.
Parece haver predisposição hereditária para lesões múltiplas
QUERATOACANTOMA
Características Clínicas
Predileção masculina e raramente Porção externa do nódulo com
surge antes 45 anos idade textura e coloração usual podendo
estar eritematosa
95% das lesões solitárias por
exposição ao sol; 8% envolvem borda Plugue central de queratina é
exterior do vermelhão dos lábios irregular, amarelado, marrom ou
preto com superfície verrucosa
Nódulo em forma de cúpula, séssil,
firme, bem demarcada, com plugue Assintomático podendo apresentar
central de queratina (ausente nas sensação leve de prurido
lesões intraorais)
QUERATOACANTOMA
Características Clínicas
Evolução Variantes
Fase de crescimento (1 a 2cm em 6 queratoacantoma gigante (maior do
semanas) que 2 a 3 cm de diâmetro)
Fase estacionária (6 semanas) queratoacantoma centrífugo marginado
Fase de involução (entre 6 a 12 meses) (caracterizada por um crescimento
contínuo periférico e cicatriz central)
queratoacantoma subungueal
(envolvendo o leito da unha)
queratoacantoma mucoso (incluindo as
regiões: oral, nasal, genital e ocular)

Essas variantes tendem a não


regredir.
QUERATOACANTOMA
Características Histopatológicas
Epitélio na periferia do tumor tem aparência normal

A cratera é preenchida por queratina e o epitélio prolifera em direção


ao TC

Migração de neutrófilos ou eosinófilos no epitélio formando


microabscesso

Lesões em regressão tornam-se planas e exibem faixa de fibrose


QUERATOACANTOMA
Tratamento e Prognóstico
Pela semelhança com o CEC, defende-se a excisão cirúrgica da lesão sem
esperar sua regressão espontânea
Recidiva entre 4% e 8% após excisão

Terapias alternativas como criocirurgia, eletrodissecção, terapia de laser,


injeção de quimioterápicos

Comportamento agressivo e transformação em carcinoma foram relatados


em uma pequena proporção de queratoacantomas (imunossuprimidos). Não
se descarta possibilidade de erro de interpretação histopatológica (devido à
estreita semelhança)
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Carcinoma Espinocelular
O carcinoma epidermóide representa mais de 90% das neoplasias
malignas orais
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
A etiologia é multifatorial A herança genética parece não ter
Fatores extrínsecos influência principal
Fumo
Álcool Vários CEC têm sido associados ou
Sífilis precedidos por uma lesão
Luz solar (vermelhão do lábio) potencialmente maligna
Fatores intrínsecos (leucoplasia)
Desnutrição geral
Anemia ferropriva
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
FUMO DE TABACO O risco também se eleva quanto
A proporção de tabagistas entre mais tempo uma pessoa fuma
os pacientes com carcinoma oral
(80%) é duas a três vezes maior do Estudos sugerem que fumar
que na população em geral charuto ou cachimbo está
associado a um risco semelhante
O risco combinado para o ou maior de câncer oral em
desenvolvimento de câncer bucal comparação ao tabagismo
é aproximadamente três vezes
maior entre os fumantes do que O risco mais elevado de todos é o
em não fumantes do tabagismo invertido
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
TABACO SEM FUMAÇA ÁLCOOL
O uso de tabaco sem fumaça nas A combinação álcool e tabaco é
culturas ocidentais pode aumentar o importante fator de risco para
risco de usuário crônico no desenvolvimento de câncer oral
desenvolvimento de carcinomas orais O etanol nas bebidas alcoólicas é
metabolizado em acetaldeído, que é um
Aproximadamente 50% de todos os conhecido agente cancerígeno
carcinomas orais em pacientes usuários
do tabaco sem fumaça ocorrem no sítio O álcool pode ajudar a solubilizar outros
em que o tabaco é colocado compostos carcinogênicos e aumentar a
permeabilidade do epitélio oral
Enxaguatórios bucais – estudos são
limitados e resultados inconsistentes
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
RADIAÇÃO
É sabido que a irradiação com raios X diminui a reação imune e induz
mutações cromossômicas

Radioterapia aumenta o risco para desenvolvimento de nova neoplasia


primária da boca. Efeito dose-dependente

Embora haja controvérsia sobre se as radiografias dentais podem


representar um risco elevado de desenvolvimento de diferentes neoplasias,
as imagens dentárias não estão associadas ao carcinoma oral
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
VITAMINAS / DEFICIÊNCIAS MINERAIS / DIETA
Deficiência de ferro (forma mais grave) está associada a um risco
elevado de CEC de esôfago

Deficiência de vitamina A está associada a uma queratinização


excessiva de pele e mucosas – sugere-se que vit A pode exercer papel
protetor/preventivo

Alguns estudos sugerem que as gorduras animais e a carne processada


ou salgada podem aumentar o risco de câncer oral
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
BACTÉRIAS
Estudos sugerem que as bactérias orais podem interagir com o tabaco
e o álcool (Streptococcus, Neisseria)

Alguns pesquisadores postulam a hipótese de que bactérias causadoras


de doenças periodontais podem induzir a produção de citocinas pró-
inflamatórias, aumentando a proliferação celular e inibindo apoptose

Sífilis terciária – risco 4x câncer dorso língua (devido aos agentes


arsênicos e metais pesados do tratamento obsoleto)
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
CÂNDIDA
A candidíase hiperplásica frequentemente é citada como uma condição potencialmente
maligna
É difícil tanto clínica como histopatologicamente a distinção entre uma verdadeira
candidíase hiperplásica e uma leucoplasia preexistente com candidíase sobreposta

Experimentalmente, algumas cepas de Candida albicans têm produzido lesões


hiperqueratóticas no dorso da língua de rato na ausência de qualquer outro fator
contribuinte
Em outros estudos, certas cepas têm mostrado produção de nitrosaminas, substâncias
químicas que têm sido implicadas na carcinogênese

Até o presente momento, a evidência sugere que esse papel é principalmente


circunstancial
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
VÍRUS ONCOGÊNICOS
EBV, HPV, HSV, HIV
O HPV, na verdade, é mais conhecido por seu papel no
desenvolvimento dos cânceres da região anogenital
Uma forte ligação entre HPV e carcinoma da orofaringe foi
estabelecida. Em contraste, apenas um pequeno grupo dos carcinomas
orais tem sido atribuída à infecção pelo HPV
Pacientes com neoplasias HPV-positivas frequentemente têm história
de tabagismo e alcoolismo
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Etiologia
IMUNOSSUPRESSÃO
A imunossupressão pode ser um fator causador do desenvolvimento de
algumas neoplasias malignas

Sem vigilância imunológica, acredita-se que as células neoplásicas não


possam ser reconhecidas e destruídas precocemente

Pessoas infectadas pelo HIV e aquelas que estão sob terapia


imunossupressora para neoplasias malignas ou transplante de órgãos têm
maior risco de desenvolver um carcinoma epidermóide de boca e outras
neoplasias de cabeça e pescoço, especialmente quando o tabagismo e
etilismo estão presentes
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Clínicas
Os pacientes com carcinoma epidermóide oral são na maioria homens,
muitas vezes mais velhos, que estavam cientes de uma alteração de quatro a
oito meses antes de procurar ajuda profissional

Na fase inicial de crescimento, a sensibilidade dolorosa é mínima

O carcinoma epidermóide de boca tem uma apresentação clínica variada


Exofítica (aumento de volume; vegetante, papilífera, verruciforme)
Endofítica (invasiva, escavada, ulcerada)
Leucoplásica (mancha branca)
Eritroplásica (mancha vermelha)
Eritroleucoplásica (combinação de áreas vermelha e branca)
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Clínicas
CARCINOMA DO VERMELHÃO DO Crescimento lento e paciente tem
LÁBIO ciência da lesão por 12-16 meses
Geralmente encontrado em pessoas antes do diagnóstico estabelecido
pele clara com exposição crônica à
radiação UV Menos de 2% de envolvimento
linfonodos – metástase é tardia
Associada à queilite actínica
Embora essa neoplasia seja
Quase 90% das lesões ocorrem no diagnosticada e tratada em um
lábio inferior estágio precoce, em um paciente
negligente, pode ocasionar
Ulceração endurecida, indolor, destruição considerável do lábio
crostosa, exsudativa <1cm quando
descoberta
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Clínicas
CARCINOMA INTRAORAL As lesões de assoalho são mais
prováveis de surgir a partir de
uma leucoplasia
Locais mais acometido são língua
(região lateral e ventral) e
assoalho Carcinomas gengivais são mais
comuns na região posterior de
mandíbula (feminino)
O carcinoma de língua responde
por 50% dos cânceres intraorais Carcinomas de mucosa jugal têm
taxa de recorrência alta variando
de 30% a 80%
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Clínicas
CARCINOMA OROFARÍNGEO No diagnóstico, o tamanho do
tumor é normalmente, maior do
que os outros citados
Palato mole, base da língua,
região tonsilar (70% a 80%),
parede posterior da faringe Proporção de metástase cervical e
distante também é maior
A maioria está associada ao HPV
Disfagia
Odinofagia
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Clínicas
METÁSTASE

Metástases colaterais e bilaterais


podem ser observadas

2% metástase à distância (pulmões,


fígado e ossos)

Não é evento precoce mas o


diagnóstico tardio leva a
complicações
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Clínicas
ESTADIAMENTO
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Clínicas
ESTADIAMENTO
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Histopatológicas
Caracterizado por ilhas e cordões de Existe frequentemente uma grande
células epiteliais malignas resposta inflamatória celular e a
necrose pode estar presente
Superficialmente invasivo ou
microinvasivo, no início A neoplasia pode induzir uma densa
fibrose (desmoplasia ou alteração
cirrótica) e a neoformação vascular
A invasão é representada pela extensão (angiogênese)
irregular epitélio neoplásico através da
membrana basal em direção ao tecido
conjuntivo As células neopásicas geralmente
mostram abundante citoplasma
eosinofílico com núcleos volumosos e
hipercromáticos e uma relação núcleo-
citoplasma aumentada
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Características Histopatológicas
A gradação histopatológica do A gradação é um processo de
carcinoma epidermoide é baseada certa forma subjetivo,
no grau de semelhança com dependendo da área do tumor
epitélio pavimentoso normal e a analisado e critérios individuais do
quantidade de produção de patologista na avaliação
queratina
Além disso, o estadiamento clínico
Escala de 3 pontos (I a III) tem melhor correlação com
Escala de 4 pontos (I a IV) prognóstico do que a classificação
microscópica
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Tratamento e Prognóstico
Carcinomas de vermelhão do lábio são detectados em uma fase mais
precoce e tratados por excisão cirúrgica

Casos avançados podem ser tratados por radioterapia definitiva ou


associada à quimiorradioterapia

No momento do diagnóstico, menos de 10% de todos os carcinomas de


vermelhão do lábio apresentam metástase (exceção ao CA lábio
superior – risco elevado metástase linfonodos regionais)
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Tratamento e Prognóstico
Para o carcinoma epidermoide intraoral, as lesões em fase inicial normalmente são
tratadas com cirurgia; a radioterapia pode ser uma alternativa para pacientes com
lesões inoperáveis

Lesões moderadamente avançadas costumam ser tratadas por cirurgia, seguida de


radioterapia associada à quimioterapia

Doença muito avançada ou casos em que a cirurgia resultaria em resultados


funcionais inaceitáveis podem ser tratados com radioterapia e/ou quimioterapia

Dissecção modificada radical do pescoço para os casos com envolvimento


linfonodos cervicais evidente (30% dos casos)
CARCINOMA EPIDERMÓIDE
Tratamento e Prognóstico
Para o carcinoma epidermoide de orofaringe
Doença inicial pode ser tratada por radioterapia ou cirurgia;
Diagnóstico tardio em estágio avançado - necessitam de terapia multimodal
envolvendo combinações de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia

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