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Fisiopatologia:
A fisiopatologia das DII ainda não está bem definida, mas possui inflamação intestinal desencadeada por
algum componente endógeno ou ambiental, no individuo geneticamente suscetível.
A diferenciação entre RCU e DC é feita por critérios clínicos, radiológicos, endoscópicos e histológicos. [
Em 10-20% dos casos, não é possível, pelo menos num primeiro momento, classificar o paciente com DC ou
RCU. Tais indivíduos são classificados como portadores de "colite indeterminada".
DOENÇA DE CROHN
Conceito:
É uma doença inflamatória crônica granulomatosa não caseificante que pode acometer qualquer parte do
TGI, da boca ao ânus. O principal local de acometimento é o intestino delgado, com predominância no íleo
terminal (75% dos casos), metade desses tem envolvimento ileiocecal e 30-40% ileíte isolada.
Epidemiologia: bimodal
Possui picos entre 15- 25 anos e 55- 60 anos, é mais comum em brancos e judeus.
Patologia:
Caracteriza-se por uma inflamação transmural com padrão descontinuo ou “salteado”. Pode haver
acometimento macroscópico em diferentes locais ao mesmo tempo, isto é, separados por trechos de
mucosa normal.
Patrícia Felipus- Turma Pi- 8º período
A DC geralmente se inicia com a formação das úlceras aftoides: pequenas ulcerações da mucosa que,
caracteristicamente, se desenvolvem sobre as placas de Peyer, no intestino delgado, ou sobre aglomerados
linfoides no cólon. Estas ulcerações aftoides podem evoluir de duas maneiras.
Extensão lateral de forma linear, retilínea: quando várias úlceras progredindo retilineamente se
encontram, geralmente passam a separar áreas de mucosa normal, num aspecto de "pedras de
calçamento
Aprofundamento através das camadas da parede intestinal, resultando em fístulas para o
mesentério e órgãos vizinhos.
Granulomas não caseosos podem ser encontrados em até 30% dos casos de DC. Como não ocorrem na RCU,
o encontro desses granulomas em material de biópsia diferencia a DC da RCU.
Manifestações clínicas:
Diarreia crônica invasiva associada à dor abdominal
Sintomas gerais como febre, anorexia e perda de peso
Massa palpável no quadrante inferior direito
Doença perianal: fístulas enterocutâneas
Manifestações extraintestinais:
Lesões labiais e úlceras aftosas orais
Oftalmológicas: irite e episclerite
Pele: eritema nodoso e pioderma gangrenoso
Articulações: artrite de grandes articulações
Diagnóstico:
Depende de características clínicas, laboratoriais, endoscópicas e radiológicas condizentes com a doença
Hemograma: anemia e leucocitose
VHS e PCR: aumentados
Calprotectina: elevada
Radiografia: sinais de perfuração ou obstrução, como pneumoperitônio e dilatação de alças.
Como a doença pode atingir qualquer parte do tubo digestivo, pode ser feito endoscopia digestiva
alta e colonoscopia com biópsia, que podem evidenciar: úlceras aftoides, passando para lineareas,
com aspecto em paralelepípedo.
A ileocolonoscopia com biópsia é o exame de escolha para o diagnóstico de DC
Patrícia Felipus- Turma Pi- 8º período
Tratamento:
Como não há tratamento específico, o tratamento deve induzir e manter a remissão da doença, com o
mínimo de complicações.
Fase aguda: repouso no leito, suporte nutricional com terapia enteral/ parenteral, e suplementação
vitamínica, suporte emocional.
Tratamento medicamentoso:
1. Derivados do ácido 5-aminossalicílico (5-ASA): sulfassalazina, olsalazina e balsalazina
O ácido 5- aminossalicílico é um anti-inflamatório de ação TÓPICA na mucosa intestinal. Ele é prontamente
absorvido ao longo do delgado, porém não possui absorção colônica significativa. Podem ser usadas tanto
na indução da remissão quanto na manutenção da remissão.
Usada apenas na RCU
2. Glicocorticoides:
Os glicocorticoides devem ser usados apenas para a indução da remissão nas DII, visando a rápida melhora
da inflamação. Seu uso por períodos prolongados deve ser evitado. A dose é de 40 mg de prednisona com
reducação gradual.
A via intravenosa é reservada aos casos mais graves, aqueles onde a inflamação intestinal é intensa
(impossibilitando o uso da via oral) e, principalmente, quando existem sinais e sintomas de inflamação
sistêmica exuberante. As drogas comumente empregadas são a hidrocortisona e a metilprednisolona
(ministradas de 6/6h ou em infusão contínua)
5. Metronidazol:
É útil para doença do cólon, perianal, fístulas e abcessos. A dose é de 800 mg/d VO. Não é recomendado o
uso por mais de 4 meses devido a neurotoxicidade.
6. Ciprofloxacino:
O tempo de uso é de 6 semanas a 1 ano, sendo útil na doença perianal e ou quando não há resposta ao 5-
ASA. A dose é de 500 mg VO 2x/ dia
Patrícia Felipus- Turma Pi- 8º período
Tratamento cirúrgico:
É feito quando existem complicações da doença, como quadros obstrutivos, perfuração e hemorragia.
Como a DC é uma condição crônica e recidivante, a ressecção cirúrgica do intestino deve ser feita somente
quando inevitável (ex.: isquemia/necrose da parede), pois com o tempo (e múltiplas ressecções sucessivas)
aumenta o risco de "síndrome do intestino curto".
RETOCOLITE ULCERATIVA
Conceito:
Inflamação crônica da mucosa e submucosa colônica
Patologia:
Processo inflamatório na mucosa e submucosa. A lesão característica é no anatomopatológico são
microabcessos de cripta, a confluência dos abcessos acaba formando úlceras, as quais delimitam áreas de
mucosa normal, denominada pseudopólipos.
O acometimento inicia a partir do reto e continua em extensão, porém, restrito ao cólon.
Colite extensa: comprometimento inflamatório que se estende ao cólon transverso
Pancolite: quando há lesões além da flexura hepática.
Características:
A RCU é uma doença EXCLUSIVA do cólon;
RCU é uma doença EXCLUSIVA da mucosa;
A RCU é tipicamente "ascendente" e uniforme.
Patrícia Felipus- Turma Pi- 8º período
Quadro clínico:
A doença tem caráter contínuo, de distal para proximal, assim, o reto é sempre acometido.
Geralmente se apresenta como episódios de diarréia invasiva (sangue, muco e pus), que variam de
intensidade e duração, e são intercalados por períodos assintomáticos.
Sangramento retal
Mucorreia purulenta
Diarréia de longa duração
Diarréia sanguinolenta
Dor abdominal
Pancolite: diarréia mais pronunciada, febre, anorexia, perda de peso, taquicardia e hipotensão.
Diagnóstico:
Na RCU de longa evolução são comuns alterações da musculatura colônica, que, ao exame
radiológico se mostram com perda das haustrações e espessamento da musculatura lisa com
aspecto de "cano de chumbo".
Tratamento:
Medidas gerais: mesmas medidas que na DC, com reposição hidroeletrolítica, correção da anemia, nutrição
enteral ou parenteral, hidratação adequada.
Fase aguda:
Antibióticoterapia: aminoglicosídeo + metronidazol + ciprofloxacino
Corticoide: 40- 60 mg de prednisosa VO com retirada gradual ou hidrocortisona 100 mg IV em casos
muito graves
Patrícia Felipus- Turma Pi- 8º período
Fase crônica:
Retirada do corticóide
Sulfassalazina 2 – 4 g/d/VO associada a ácido fólico para evitar anemia macrocítica.
Azatioprina
Agentes biológicos
Tratamento cirúrgico:
A cirurgia é indicada para casos de intratabilidade por medidas clínicas. O tratamento cirúrgico é a ressecção
do cólon, que começa pelo reto.
A eliminação total da doença é obtida com a proctocolectomia total, porém tem como desvantagem a
ileostomia definitiva.