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AULA 7) CLÍNICA: DII - Thaís

Ribeiro Garcia
CONCEITO

Dça inflamatória intestinal (DII) é um termo amplo para designar a Dça de Crohn (DC)
e a Retocolite ulcerativa (RCU). Ambas apresentam ETIOLOGIA IDIOPÁTICA e
devem ser diferenciadas das demais doenças que também promovem inflamação dos
intestinos (infecções, diverticulite, apendicite, enterite por radiação, medicamentos ou
toxinas, e vasculite intestinal).
Inflamação crônica do intestino, sendo que a RCU acomete somente o cólon e o reto
e a dça de Crohn pode acometer qualquer parte do TGI. Em ambas existem um
distúrbio na regulação da imunidade da mucosa intestinal, que justifica o surgimento de
um processo inflamatório espontâneo provavelmente direcionado contra os germes
da microbiota fisiológica

FISIOPATOLOGIA

A fisiopatogeneia da DII ainda não está totalmente esclarecida


Fatores: genéticos, ambientais, microbianos e imunológicos ⇒ Interligação entre
diversos fatores

Teoria da higienização: qto menor o contato da cça com bactérias, modifica-se a


microbiota intestinal, aumentando o risco de DII (”mais prevalente em países
desenvolvidos/ricos”)

O principal fator de risco comprovado para ambas as DII é uma história familiar
positiva (10-25% pacientes).

EPIDEMIOLOGIA

Presente em todo o mundo. Mais em comum em indivíduos que vivem em áreas


urbanas da América do Norte e Norte da Europa Ocidental X Comparação com regiões
em desenvolvimento como Ásia, África e América do Sul

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CLASSIFICAÇÃO DE MONTREAL: DII

DOENÇA DE CROHN/ ENTERITE REGIONAL ⇒ 3 critérios


(1) Idade do dx: A1: <16 anos; A2: 17-40 anos; A3: >40 anos
(2) Localização: local preferível = ceco e íleo terminal ⇒ L1: íleo terminal; L2: cólon;
L3: íleocólon; L4: GI superior (esôfago, estômago, duodeno)
(3) Comportamento (complicações): B1: não estenosante/não penetrante; B2:
estenosante; B3: penetrante (fístulas)
RETOCOLITE ULCERATIVA ⇒ mais simples 😃
E1: proctite (limitada ao reto); E2: colite esquerda (até a flexura esplênica); E3: colite
extensa (até o cólon transverso ou mais)

QUADRO CLÍNICO

DOENÇA DE CROHN
Pico de inicidência: 15-30 anos. Distribuição igual entre os sexos. Sintomas muito
variáveis: diarreia crônica (70%), geralmente sem sangue ou muco, dor abdominal
(70%) e emagrecimento (60%). Presença de fístulas: perianais (10-40%), entero-
enetéricas, entero-colônicas, entero-vesicais e entero-vaginais

Pode afetar qualquer segmento do TGI,


sendo mais comum no íleo terminal e
cólon proximal. O comprimento dos
segmentos atingidos é variável e as
lesões são separadas (salteadas).
Inicia como hiperemia e exulcerações
pequenas, tipo aftas, e, com o tempo, se
transforma em ulcerações

COLONOSCOPIA

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Manifestações extraintestinais: artralgias, esclerite, uveite, cegueira noturna, cálculos
biliares, cálculos renais, colangite esclerosante (4%, precisa de transplante de fígado)

💡 QC da dça de Crohn é muito semelhante ao da apendicite!!

RETOCOLITE ULCERATIVA

Pico de inicidência: 30-39 anos.


Distribuição: H=M. Sintomas: diarreia
muco-sanguinolenta (93%), dor
abdominal e perda de peso, urgência e
tenesmo (vontade intensa de evacuar,
mas a sensação é de não ocorrer
esvaziamento completo ou nem ocorrer a
evacuação)

Inflamação difusa, sem áreas salteadas

RCU leve: eritema, congestão e perda do padrão vascular

RCU moderada: erosões e friabilidade da mucosa

RCU grave: ulcerações profundas e sangramento espontâneo (às x volumosos)

Manifestações extraintestinais: basicamente as mesmas da dça Crohn, sendo que a


colangite esclerosante é mais comum na RCU

💡 (1) A RCU é uma doença EXCLUSIVA do Cólon;


(2) A RCU é uma doença EXCLUSIVA da Mucosa;
(3) A RCU é tipicamente “ascendente” e uniforme.

DIAGNÓSTICO

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Anamnese e exame físico bem feitos ⇒
História típica: “pcte jovem, com dor
abdominal, diarreia crônica e emagrecimento”. Mas pessoas de idade avançada tbm
podem apresentar DII.
Exames laboratoriais: hemograma, PCR, VHS

Colonoscopia: principal exame!!! Permite realização de biópsias. Fator limitador da


DC em delgado, nesses casos, temos a opção da cápsula endoscópica (EDA=
esôfago, estômago e delgado proximal)

Lembrar que essa cápsula endoscópica pode ficar presa em estenose, nos casos
de dça de Crohn.

TC ⇒ Trajetos de fístulas. RM ⇒
Superior a TC, além de não ter radiação 😃. US ⇒
Barato e ajuda descartar outros dx

Anatomopatológico ⇒ após colonoscopia com biópsia


TRATAMENTO

Objetivos: (1) induzir a remissão; (2) manter a remissão; (3) evitar complicações; (4)
qualidade de vida ⇒ Não temos cura!!!
DOENÇA DE CROHN

Corticoides de ataque: budesonida, prednisolona ⇒ Bons para induzir remissão,


mas não tão bons para manutenção!!! Retirar 5mg/semana (desmame)

Imunossupressores: azatioprina e 6-mercaptopurina ⇒ Para manutenção (resto


da vida)!!!

Anticorpo monoclonal: infliximabe (anti-TNF), adalimumabe, rituximabe,


vedolizumabe e ustequimumabe ⇒
Para manutenção (resto da vida)!!!

Abordagem tto Dça Crohn: (1) Step-up,


assim como fazemos na RCU; (2) Top-
down, em que começamos de cima para
baixo, já usando AC monoclonal
associado com imunossupressor

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💡 Ideal na dça Crohn é começar o top-down!!!

RETOCOLITE ULCERATIVA

Aminossalicilatos (efeito anti-inflamatório): sulfasalazina 500g, mesalazina 800mg


⇒ Vias adm: Oral (transverso para cima), Supositórios (dça limitada ao reto, p ex),
Enemas (cólon mais acima) ⇒ Dose de ataque. Se em 1 mês pcte melhorar, fazer
manutenção em 2 anos. Retirada com desmame

Sulfasalazina é quebrada em 5-ASA (efeito anti-inflamatório local) e metabólito


(que será inativado). O mesmo acontece para a mesalazina ⇒
Ou seja, tanto
faz tomar um ou outro. Maaas, a sulfasalazina dá mais náuseas e dor
epigástrica.

Inibidor Seletivo das JAKs: tofacitinibe

Dependendo da gravidade: corticoides, imunossupressores, anticorpos


monoclonais

Estratégia step-up para tto da RCU: de


baixo para cima = do mais leve para o
mais grave

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