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Rev Bras Anestesiol

1995; 45: 1: 65 - 74

Cuidados Per e Pós-Operatórios no Paciente


com Lesão Encefálica
1
Nelson Mizumoto,TSA

Mizumoto N - Perioperative Care of Patients with Brain Injury

KEY WORDS: SURGERY: neurologic

pós o ato anestésico-neurocirúrgico, a de- A AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA


A mora do despertar é conseqüência do efeito
anestésico ou do manuseio cirúrgico sobre o A) Alteração orgânicas - Devem ser procura-
encéfalo lesado? das, pois quando presentes fornecem da-
Ambas podem ocorrer conjuntamente. dos que indicam como lidar com os
Nesta situação é difícil discernir qual das duas parâmetros anatomo-fisiológicos para
é a principal causa da depressão neurológica. que não agrave a lesão encefálica.
Esta questão deve ser elucidada antes de qual-
quer intervenção terapêutica, pois o tratamento 1) Pressão de perfusão encefálica (PPE) e
baseado no diagnóstico incorreto pode agravar o fluxo sangüíneo encefálico (FSE) - Os
a lesão encefálica. Para reduzir a agressão a- mecanismo que regulam o FSE são mo-
dificadas pela hipertensão arterial crôni-
nestésica e também a agressão cirúrgica sobre
ca 1-3. O encéfalo possui mecanismo de
o SNC, é melhor escolher os fármacos a serem
autorregulação que mantém o FSE cons-
utilizados após saber com exatidão o que está tante apesar da variação da pressão ar-
ocorrendo no sistema nervoso central (SNC) terial.Isto só é possível quando a pressão
patológico. Supõe-se que tanto as alterações arterial varia entre o limite inferior (50
fisio-farmacológicas provocadas pela anestesia mmHg) e o limite superior (150 mmHg)
quanto a manipulação cirúrgica podem agravar da curva de autorregulação 2,4-6. Com a
a lesão encefálica. Além disso, as patologias hipertensão arterial crônica estes limites,
pré-existente que não estão localizadas no SNC inferior e superior, são deslocados para
também podem contribuir para agravar a lesão. valores maiores. Isto significa que, nos
Portanto, é fundamental identificar estas altera- pacientes com hipertensão arterial sistê-
ções na avaliação pré-anestésica. mica crônica, a pressão arterial de 60-70
mmHg pode causar isquemia no encéfa-
1 Supervisor em Neuroanestesia do Hospital das Clínicas da Faculdade
lo, dificultando o despertar da anestesia.
de Medicina da Universidade de São Paulo Se existem sintomas da isquemia ence-
fálica, causada por hipotensão postural,
Correspondência para Nelson Mizumoto
R Frederico Guarinin 125/173-B -Morumbi que são observadas quando se solicita
05713-460 - São Paulo - SP ao paciente deitado que se levante rapi-
damente,é melhor contra-indicar o posi-
© 1995, Sociedade Brasileira de Anestesiologia cionamento sentado para a cirurgia, pois

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a lesão encefálica pode ser agravada ram o diagnóstico etiológico 10. Isto difi-
pela incapacidade do sistema cardiovas- culta a escolha da terapia correta, pois a
cular de manter a pressão arterial. Além terapia pode ser totalmente diferente
disso, nesta posição, a embolia aérea conforme o agente causal.
pode sobrevir com a abertura de siste- As arritmias cardíacas podem ocorrer
mas venosos e causar instabilidade he- com o manuseio do hipotálamo, do bulbo
modinâmica,que associada a menor e do tronco cerebral, e com o manuseio
reatividade cardiovascular evolui para de pares cranianos, por agressão do
colapso hemodinâmico. No paciente encéfalo no trauma craniano, por hiper-
idoso, além da lesão encefálica locali- tensão intracraniana e por hipocalemia
zada, pode existir doença cerebrovascu- após uso de diurético.
lar isquêmica generalizada que ainda 3) Patologias pulmonares - As alterações
não foi diagnosticada. Existindo essa pulmonares que dificultam as trocas dos
possibilidade, a hipocapnia deve ser evi- gases sangüíneos com certeza dificulta-
tada pois causará isquemia encefálica rão a anestesia. Além do encéfalo agredi-
global grave e dificultará a recuperação do ser muito mais suscetível a hipoxia, a
neurológica após a cirurgia 2,7-9. Como o hiperventilação é necessária para obter
valor da PaCO2 aumenta com o envelhe- hipocapnia e redução da PIC. É impres-
cimento, é interessante obter os valores cindível que se obtenham as melhores
dos gases sangüíneos antes de instalar condições pulmonares(bem como as car-
a ventilação controlada. diovasculares) para submeter o paciente
2) Patologias cardiovasculares descom- à cirurgia.A pressão intratorácica ele-
pensadas - Podem reduzir a pressão de vada necessária para ventilar adequada-
perfusão encefálica, quando reduz a mente os pulmões aumenta a estase
pressão arterial (PAM) ou aumenta a venosa e a PIC, e reduz o débito cardíaco
11
pressão intracraniana (PIC). Se ne- , finalmente resultando na diminuição
cessário, além do ECG, outros exames da pressão de perfusão encefálica. Algu-
como ecocardiograma, holter, mas vezes, o aumento da PIC e/ou a
angiografia das coronárias são solici- lesão de hipotálamo causam edema agu-
tados para auxiliar na interpretação da do neurogênico de pulmão 12,13. Uma das
função cardíaca. A insuficiência coronari- medidas para o tratamento do edema
ana pode evoluir para infarto agudo do agudo neurogênico de pulmão é a ins-
miocárdio no momento que se realiza a talação de ventilação com pressão posi-
hipotensão arterial induzida, freqüente- tiva ao final da expiração (PEEP).
mente utilizada para reduzir o sangra- Entretanto, a PEEP aumenta a pressão
mento. O aumento de extrassístoles venosa central e causa estase no seg-
durante a anestesia pode ocorrer nos mento cefálico, o que por sua vez, au-
pacientes que já possuem disritmia pre- menta ainda mais a PIC. É difícil de
via. Em ambas as situações o débito decidir se a PEEP deve ser instituída ou
cardíaco pode diminuir abruptamente e não, pois se o edema agudo neurogênico
piorar a isquemia encefálica. Na insufi- estiver comprometendo a PaO2, cau-
ciência cardíaca congestiva, além da re- sando hipoxia, o encéfalo também sof-
dução da pressão arterial, ocorre rerá. As vezes, na posição sentada, a
aumento da pressão venosa central que pressão positiva ao final da expiração
ingurgita as veias intracranianas e (PEEP) de alguns centímetros de água
aumenta a PIC. pode ser utilizada para aumentar a PaO2
As lesões no encéfalo e o manuseio de ou minimizar a incidência de embolia aé-
determinadas estruturas podem causar rea venosa, desde que não haja reper-
alterações cardiovasculares que masca- cussão importante na PIC e não exista

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comunicação entre as câmaras direita e absorção de água nos túbulos contor-


esquerda do coração, que facilitariam a nados distais do rim, gerando hipovo-
embolia arterial 14. A gasometria e as lemia, hipernatremia, hiperosmolaridade
provas de função pulmonar orientarão a e hemoconcentração. A outra também
característica da ventilação mecânica e resulta da agressão ao neuro-eixo, mas
se o paciente deverá permanecer in- causa secreção inapropriada de hormô-
tubado após a cirurgia. nio antidiurético (SIHAD) 19,20, que retém
É importante que se tenha em mente que água no organismo, resultando em hiper-
no período per e pós-operatório do pa- volemia, hiponantremia com quantidade
ciente com lesão encefálica, com relativa de sódio corpóreo normal e hipocalemia.
freqüência,os sistemas respiratório e car- Mais recentemente, descobriu-se que o
diovascular serão manipulados para se encéfalo pode produzir fator natriurético
19,21
obter condições encefálica mais apro- , que em alguns casos de hemorragia
priadas. meníngea promove redução da volemia
4) Lesão encefálica com hemiplegia - De- e hiponantremia através do aumento de
vido a falta de estímulos eferentes prove- eliminação de sódio pela urina. Esta al-
nientes do SNC, três a quatro dias após teração hidro-eletrolítica causada pela li-
a instalação da hemiplegia inicia-se o beração de fator natriurético também
aumento da população de receptores ni- causa hipotensão no momento da indu-
cotínicos pós-sinápticos. Até o sexto mês ção anestésica.
após a instalação da hemiplegia, a des- As correções das alterações hidro-ele-
polarização da succinilcolina pode trolícas devem ser realizadas tão logo
causar liberação de grande quantidade sejam diagnosticadas, com reposição
de potássio intracelular provocando arrit- adequada de água e eletrólitos. No caso
mias ou até mesmo parada cardíaca 15,16. de Diabetes insipidus associa-se vaso-
Os relaxantes competitivos não causam pressina sintética.
despolarização e, portanto não causam A hipovolemia pode surgir em alguns pa-
hipercalemia. O grau de curarização não cientes com hemorragia meníngea por
deve ser avaliado utilizando o estimu- rotura de aneurisma. A causa é atribuída
lador de nervo periférico no membro plé- à anemia associada à desidratação.
gico 17. Com o aumento de receptores Como desidratação concentra o sangue
nicotínicos pós-juncionais no membro a anemia pode não se manifestar nos
sem atividade muscular, é necessário exames laboratoriais. Após a hemorragia
uma quantidade maior de curare para intracraniana, a exacerbação do estímulo
manter o bloqueio mioneural, o que re- simpático causa vasoconstrição periféri-
sulta numa avaliação inadequada que ca e mantém a pressão arterial, evitando
pode induzir a excesso de relaxante mus- que a hipotensão arterial se manifeste
cular. com a hipovolemia. Porém, esta manifes-
5) Lesão encefálica e o estado volêmico - ta-se na indução quando as drogas anes-
A lesão de algumas estruturas do tésicas causam vasodilatação periférica.
encéfalo estão associadas a alterações Então, a hipotensão é corrigida inicial-
importantes da volemia. mente com a infusão rápida de volume e
A agressão no neuro-eixo hipotálamo- se necessário vasopressor. O importante
hipofisário pode evoluir para duas patolo- é manter a pressão de perfusão cerebral
gias distintas. Uma delas é a redução de para não agravar a lesão encefálica.
liberação de vasopressina pela neuro- 6) Vasoespasmo cerebral - Após a hemor-
hipófise que causa diabetes insípidus ragia no aneurisma cerebral roto, pode
(DI) 18. Esta patologia depleta água livre surgir uma constrição da artéria cerebral
através da diurese, pela redução da re- nas proximidades do aneurisma. Este es-

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pasmo ocorre com maior freqüência en- hipotensão arterial, pois a pressão de
tre o quinto e o décimo dia após o san- perfusão será reduzida mais ainda.
gramento.Neste período evita-se A hipertensão arterial deve ser evitada
hipotensão arterial para não comprome- desde a indução da anestesia até após a
ter ainda mais o fluxo sangüíneo na oclusão definitiva do aneurisma com o
artéria lesada. O mecanismo de autor- clipe. Qualquer surto de hipertensão ar-
regulação na artéria em espasmo está terial pode acarretar em ressangramento
comprometido, de modo que o limite in- que pode ser fatal, ou na protrusão do
ferior desta curva é deslocado para valo- encéfalo para fora do crânio após a aber-
res maiores. A hipotensão arterial acima tura da dura-máter. Esta protrusão é cau-
de 50 mmHg normalmente manteria o sada pela hemorragia ou pelo aumento
fluxo, mas em vigência do vasoespasmo do volume sangüíneo nos vasos sem rea-
causa hipofluxo sangüíneo. tividade.
Existem escalas, baseadas em parâ-me- O hematócrito é mantido abaixo de 40%,
tros neuroclínicos, como a escala de Bot- para reduzir a viscosidade sangüínea e
terell ou a escala modificada de Hunt e melhorar o fluxo sangüíneo nos capilares
Hess, nas quais se estima o risco cirúrgi- do encéfalo 22-27.
co. Estas escalas são graduadas de I a 7) Trauma crânio-encefálico (TCE) - O
V.Quanto maior a gravidade do caso mais paciente com este tipo de trauma pode
reservado é o prognóstico do paciente. estar sujeito a: a) hipoxia e hipercapnia
por agressão ao tórax e pulmões; b)
Classificação dos pacientes com aneurismas intracranianos con- hipertensão arterial e disritmias cardía-
forme o risco cirúrgico
cas pela descarga adrenérgica; c) hipo-
Grau Critério tensão arterial por hemorragia aguda de
I Assintomático; ou cefaléia mínima e discreta rigidez outros órgão ou trauma raquimedular as-
de nuca
II Cefaléia moderada para grave; rigidez de nuca;
sociado que evolui para bloqueio sim-
sem déficit neurológico; exceto paralisia de nervos pático; e d) hiperglicemia pela
cranianos neoglicogenólise. Todas essas irregulari-
III Sonolência; confusão e déficits focais leves dades devem ser corrigidas antes e/ou
IV Estupor; hemiparesia moderada para grave; durante a anestesia.
possibilidade de descerebração iminente e
distúrbios vegetativos A hipertensão intracraniana (HIC) pode
V Coma profundo; descerebração rígida; aparência ser um dos estímulos que aumenta a
moribunda pressão arterial. A craniotomia descom-
prime e reduz a HIC e diminui o estímulo
Aparentemente o encéfalo ainda preser- para manter a hipertensão arterial. Neste
va certa integridade vascular nos pacien- instante pode surgir a hipotensão arterial
tes em grau I e II e possibilita a utilização brusca e agravar a isquemia encefálica,
de um certo grau de hipotensão arterial principalmente se existir concomitante-
durante a cirurgia. Nos paciente grau III, mente a hipovolemia. Portanto, a volemia
IV e V não é possível reduzir a pressão deve ser corrigida adequadamente e a
arterial,pois o fluxo sangüíneo é precário, PIC reduzida antes da descompressão.
por vasoespasmo ou aumento da PIC. Se necessário, drogas vasopressoras
Além disso, a tomografia mostra indícios devem ser administradas tituladamente.
de hipertensão intracraniana, como: ven- Aparentemente, a infusão de manitol
trículos inundados com sangue, ventrícu- para reduzir a PIC pode provocar des-
los dilatados,cisternas basais obstruídas, tamponamento de hemorragia intracrani-
apagamento dos sulcos cerebrais, ede- ana que estava tamponada pelo aumento
ma cerebral. Esses aspectos tomográfi- da PIC e causar novo ressangramento.
cos mostram que não poderá ocorrer Isto ocorre quando o período entre o

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efeito do manitol, reduzindo o volume sivas, causando hipoxia encefálica, por


encefálico, e a craniotomia descompres- outro o excesso desses fármacos poten-
siva é muito demorado. Mas, quando a cializa a ação dos anestésicos e dificulta
craniotomia é iminente, o manitol não o despertar. Por sua vez, o uso crônico
terá tempo de causar novo aumento da de anticonvulsivante como barbitúricos e
PIC com outro ressangramento, pois benzodiazepínicos causam resistências
neste instante a craniotomia já terá sido à alguns anestésicos endovenosos.
realizada. Maior quantidade de anestésicos pode
Nos casos de hipertensão intracraniana ser necessária no paciente com indução
moderada a grave (PIC - 25 a 40 mmHg), enzimática, neste caso, a associação de
a pressão arterial não deve ser menor anestésicos inalatórios ajuda a manter o
que 85 mmHg para que a pressão de plano adequado. A utilização de lido-
perfusão permaneça acima de 60 mmHg. caína por via venosa prévio à intubação
Estes valores são válidos para os pacien- traqueal para diminuir a taxa metabólica
tes normais. O hipertensos arteriais e a PIC 32-35 deve ser precedida de an-
crônicos devem ser mantidos em valores estésico com propriedade anticonvulsi-
maiores conforme o grau de hipertensão. vante para que não desencadeie crise
Porém, evita-se a hipertensão arterial, epilética 36.
pois com a reatividade cerebrovascular 2) Bloqueadores de canal da cálcio - A
comprometida o fluxo sangüíneo passa a nimodipina, em infusão venosa contínua,
aumentar conforme o aumento da é utilizada às vezes para evitar o va-
pressão arterial. Como este aumento soespasmo após hemorragia por rotura
ocorre com a vasodilatação encefálica, o de aneurisma cerebral 37,38. Entretanto,
volume sangüíneo encefálico também parece que a nimodipina não tem eficácia
aumenta e agrava a hipertensão intracra- totalmente comprovada para o
niana. tratamento do vasoespasmo. Este blo-
Pesquisa-se a existência de lesão na col- queador de canal de cálcio, que atua
una vertebral antes de se manusear o fundamentalmente nos vasos encefáli-
paciente, pois a lesão medular causa cos, também tem discreta ação nos va-
hipotensão arterial por bloqueio sim- sos periféricos 39. Deste modo, em
pático. vigência da nimodipina, a anestesia deve
ser induzida com cautela para evitar hipo-
B) Uso de medicação - A prescrição de fárma- tensão arterial importante, que se surgir
cos específicos para o tratamento da deve ser corrigida com volume e/ou va-
lesão antes da cirurgia pode modificar o sopressor, conforme o estado volêmico
planejamento anestésico. É importante do paciente. É interessante observar que
saber como esses fármacos atuam, pois pode ser difícil avaliar o plano anestésico
podem aumentar ou diminuir o efeitos através da alteração da freqüência
dos anestésicos. cardíaca e da pressão arterial, pois a
nimodipina pode causar certo grau de
1) Medicações anticonvulsivantes - Como bloqueio hemodinâmico 40.
a crise convulsiva aumenta o metabo- 3) Diuréticos - A extração da água do
lismo encefálico e, portanto, o fluxo encéfalo com diurético reduz a pressão
sangüíneo e volume sangüíneo ence- intracraniana 41-44. Entretanto, provoca
fálico 28,29, as drogas devem ser admin- alterações hidro-eletrolíticas importan-
istradas profilaticamente quando a lesão tes, como a hipovolemia, hiperosmolari-
encefálica pode gerar foco epilético 30,31. dade, hiponantremia, hipernantremia e
Se por um lado a carência dessas medi- hipocalemia 41,45. Como conseqüência
cações pode desencadear crises convul- dessas alterações podemos encontrar

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disritmias cardíacas, hipotensão arterial, neurológica. Para que não haja esse ede-
alteração do nível de consciência e algu- ma, evita-se a hiperglicemia, que quando
mas vezes crises convulsivas. presente é tratada progressivamente. A
Com a administração periódica de di- hiperglicemia, que ocorre antes da is-
uréticos, o sangue concentra-se e a he- quemia encefálica e hipoxia tissular, obri-
matimetria sugere um valor irreal da ga o consumo da glicose através do ciclo
quantidade de hemácias circulantes. As- anaeróbico, acumulando ácido lático.
sim, o valor do hematócrito pode estar Essa acidose agrava a lesão no neurô-
dentro dos limites da normalidade, mas a nio, piorando o prognóstico neurológico
48
anemia estar presente e associada a . Além disso, nos pacientes diabéticos
hipovolemia por desidratação. Se isto existem outros fatores que exacerbam a
ocorrer, uma hipotensão arterial impor- lesão da isquemia, como redução da de-
tante pode surgir no momento da indução formação das hemácias nos capilares,
anestésica. A correção desta hipotensão autorregulação encefálica comprome-ti-
é realizada com infusão rápida de vol- da, aumento da viscosidade sangüínea e
ume. As soluções utilizadas são cris- da adesividade das hemácias nas células
talóides (Ringer e cloreto de sódio 0,9%), endoteliais 49.
colóides e, se necessário, hemoderi- Eventualmente, o uso crônico de corticói-
vados. A solução glicosada só é in- des causa síndrome de Cushing. Além da
fundida se necessário. Se a hipotensão hiperglicemia, outras repercussões sur-
arterial persiste, após a infusão de vol- gem como manifestação clínica desta
ume pode se associar vasopressor de síndrome. Devemos ter cautela com: a)
modo titulado, para restaurar a pressão maior sangramento intra-operatório cau-
arterial. Procura-se evitar a redução da sado pela hipertensão arterial e fragili-
osmolaridade plasmática que causa dade capilar; os ß-bloqueadores podem
edema encefálico. ser utilizados para reduzir a pressão ar-
4) Corticóides - Os pacientes com tumor terial; b) menor necessidade de curare
cerebral são freqüentemente medicados devido à atrofia muscular; e c) cuidado
com corticóides para reduzir o edema com a mobilização do paciente para evi-
encefálico e a PIC 46,47. A hiperglicemia tar fraturas patológicas, devido à mobili-
aparece com essa medicação e deve ser zação de cálcio do ossos.
tratada para evitar maior agressão ao Uma vez prescrito, o corticóide deve ser
encéfalo. A glicose plasmática atravessa mantido no período pré-operatório, pois
a membrana da célula nervosa conforme a supressão aguda pode causar falência
o gradiente químico,equilibrando-se. da córtex adrenal.
Portanto, a concentração de glicose den- 5) Anti-arrítmicos e anti-hipertensivos - A
tro da célula nervosa também está ele- estabilidade hemodinâmica durante a
vada durante a hiperglicemia. É pos-sível cirurgia é fundamental. Quando ne-
que o consumo da glicose intracelular cessário, a hipotensão arterial induzida
esteja reduzido por causa da menor taxa deve ser programada, evitando-se as
de metabolismo quando o neurônio está variações bruscas de pressão arterial.
lesado. Acredita-se, então, que cria-se Para isso é importante manter as medi-
um gradiente osmótico entre o fluído in- cações anti-arrítmicas e anti-hipertensi-
tracelular e intersticial ao reduzir a glice- vas no período pré-operatório, e às vezes
mia com o uso de hipoglicemiantes. A ajustá-las durante a anestesia. Entre-
maior osmolaridade intracelular ’’puxa" tanto, determinados bloqueadores
água para dentro causando edema in- cardiovasculares, (ex: ß-bloqueadores)
tracelular, o que aumenta a pressão in- ao impedir o aumento da freqüência
tracraniana e agrava a evolução cardíaca ou pressão arterial, dificultam a

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avaliação adequada do plano anestésico cardíaco, altera a relação Qs/Qt reduzindo a


através da variação hemodinâmica. PaO2, e aumentam a diferença alvéolo-arterial
de oxigênio e a resistência periférica. A pressão
CUIDADOS INTRA-OPERATÓRIO arterial pode ser mantida com aumento da re-
sistência periférica, mas no momento que se
É importante obter todas as informa- administram drogas vasodilatadoras, como os
ções necessárias através da monitorização do anestésicos, a pressão arterial reduz-se abrup-
paciente com lesão encefálica. tamente. Esta hipotensão é inicialmente tratada
A monitorização básica em ECG, pres- com a infusão de volume em se necessária a
são arterial, freqüência cardíaca e oximetria de administração de vasopressores.
pulso é imprescindível. Não obstante, essa mo- Os acessos venosos devem ser calibro-
nitorização fornece mais dados importantes co- sos, principalmente em patologias encefálicas
mo: a)o ECG detecta arritmias cardíacas que estão sujeitas à grande perda sangüínea
causadas por estimulação do SNC 10 ; b) é me- durante a cirurgia. O cateter venoso central é
lhor utilizar a pressão arterial invasiva na hipo- introduzido quando existe probabilidade de em-
tensão arterial induzida e na coleta de gases bolia aérea ou falência cardíaca intra-operató-
sangüíneos; e c) a oximetria de pulso também ria. Quando a condição cardíaca já é crítica, o
auxilia no diagnóstico de hipotensão arterial, cateter de Swan-Ganz deve ser utilizado duran-
hipovolemia e hipotermia. te a cirurgia e no período pós-operatório.
A leitura de determinados transdutores A temperatura monitorizada é a obtida
de pressão arterial varia conforme a altura. De- o mais próximo possível do SNC. O termômetro
vem ser fixados sempre no nível do encéfalo. através da fossa nasal mede a temperatura
Observar que, na posição sentada, quando a mais próxima do hipotálamo,que é a mais reco-
distância vertical entre o coração e a parte mais mendada, exceto se existir fratura da base de
elevada da cabeça mede 40 cm, corresponde a crânio. O termômetro no meato acústico tam-
uma variação de 30 mmHg. Portanto, a pressão bém fornece a temperatura do SNC, porém exis-
de perfusão ao nível da cabeça será 30 mmHg te o risco de perfuração do tímpano. É
menor que a pressão registrada com o transdu- importante lembrar que, se por um lado a hipo-
tor ao nível do coração. Se a diferença não é termia reduz o metabolismo encefálico, que é
corrigida, o valor da pressão arterial será utili- bom durante a isquemia, por outro lado o des-
zado de maneira indevida e causará isquemia pertar da anestesia passa a ser mais prolon-
encefálica. gado, pois o neurônios estão inativos. Além
A monitorização do CO2 eliminado na disso, a hipotermia exagerada causa alterações
expiração com a capnografia fornece valores hidro-eletrolíticas e ácido-base que também di-
que estão intimamente correlacionados com o ficultam o despertar.
CO2 arterial, e auxilia no diagnóstico de embolia É preciso interpretar corretamente as
aérea venosa, obstrução das vias aéreas, con- alterações do débito urinário para discernir a
gestão pulmonar e descurarização. etiologia da variação da diurese, pois as
A pressão intratorácica é monitorizada terapias são distintas. O aumento da diurese
constantemente, pois se está muito aumentada aparece com o uso de diuréticos, hipervolemia,
prejudica o retorno venoso do encéfalo e au- natriurese e diabetes insípidus. A redução da
menta a PIC. Quando o paciente é posicionado diurese ocorre com hipovolemia, desidratação,
sentado, para cirurgias realizadas na região da hipotensão arterial e secreção inapropriada de
fossa posterior, lobo occipital ou coluna cervi- HAD.
cal, aparecem efeitos cardio-pulmonares impor- A indução anestésica deve obedecer
tantes 50. Diminuem o retorno venoso e o débito aos seguintes preceitos: 1) evitar queda da

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pressão arterial; 2) evitar aumento da PIC; 3) zação da PIC podem ser necessários para aux-
reduzir a PIC através da hipocapnia, sem iliar a avaliação neurológica. Eventualmente,
causar isquemia encefálica; 4) utilizar drogas em algumas situações nas quais o estresse do
que não aumentem o metabolismo encefálico; despertar precoce é prejudicial ao paciente, po-
5) utilizar drogas que reduzem a PIC; 6) com os de-se optar por postergar o despertar para a
anestésicos halogenados preceder com hipo- unidade de terapia intensiva. A agitação psico-
capnia; 7) evitar o enflurano e a quetamina; 8) motora, a hipertensão arterial e a tosse pioram
a lidocaína pode ser utilizada para reduzir a as condições do encéfalo e até aumentam o
PIC; 9) evitar hiperglicemia; 10) evitar anemia edema encefálico ou causam hemorragia intra-
aguda intra-operatória; e 11) conhecer bem a craniana.
patologia neurológica no que concerne às al- A manutenção da intubação traqueal
terações de fluxo sangüíneo, autorregulação e pode ser necessária no período pós-operatório.
integridade da barreira hemato-encefálica, an- Os motivos são os mais diversos: a) necessi-
tes da escolha da técnica anestésica. dade de hiperventilar para obter hipocapnia; b)
O posicionamento da cabeça deve paciente com obesidade mórbida; c) co-existên-
sempre estar acima do nível do coração para cia de patologia pulmonar ou cardíaca grave; d)
facilitar a drenagem venosa. Evitar rotação, paciente idoso; e e) excesso de anestésico.
flexão ou extensão demasiada do pescoço, que Entretanto, a necessidade de manter o paciente
dificultam o retorno venoso da cabeça. intubado nem sempre significa que ele deva
Antes de manusear o paciente com estar inconsciente e não cooperativo.
lesão encefálica causada por trauma, a possi- Anteriormente acreditava-se que todos
bilidade de luxação ou fratura da coluna verte- os pacientes submetidos a neurocirurgia de-
bral deve ser descartada. Se ocorre lesão da veriam ser mantidos hipovolêmicos e
medula espinhal surge a hipotensão arterial por desidratados para reduzir o edema e a PIC ou
bloqueio simpático, que pode agravar a lesão prevenir a hemorragia intracraniana. Atual-
encefálica por isquemia 51,52 . mente sabemos que discreta hipovolemia e, em
Assim como a hipotensão arterial deve algumas vezes, normovolemia é a condição
ser evitada,para não reduzir a pressão de perfu- adequada no período pós-operatório. Os
são encefálica,a hipertensão arterial não de-ve pacientes submetidos a procedimentos como a
ocorrer no paciente com autorregulação com- exérese de tumor ou a ressecção de mal-for-
prometida.O aumento da pressão arterial sobre mação artério-venosa são mantidos em estado
os vasos encefálicos plégicos aumenta a vo- de volemia discretamente negativo nas primei-
lemia intravascular e,portanto,aumenta a PIC. ras horas após a cirurgia. A hipertensão arterial
não deve ocorrer para que não haja hemorragia
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO no leito da ressecção ou o inchaço de vasos
encefálicos plégicos.
Todos os cuidados necessários anteri- Por outro lado, nos aneurismas cere-
ormente são também indispensáveis no período brais a hipervolemia e discreta hipertensão ar-
pós-operatório. Existem algumas peculiarida- terial são instituídas após a clipagem do
des no período pós-operatório conforme a pa- aneurisma, para aumentar o fluxo sangüíneo na
tologia encefálica. artéria com vasoespasmo, e até profilati-
É sempre interessante despertar o pa- camente antes que o espasmo se instale 53,54 .
ciente ao final da cirurgia, para realizar a avalia- Este estado cardiovascular hiperdinâmico é
ção neurológica mais acurada com a também mantido no período pós-operatório e,
cooperação do paciente.Se isto não é possível, se necessário, drogas inotrópicas positivas (do-
novos exames de neuro-imagem e/ou monitori- pamina,digital e dobutrex) podem ser utilizadas.

72 Revista Brasileira de Anestesiologia


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CUIDADOS PER E PÓS-OPERATÓRIOS NO PACIENTE COM
LESÃO ENCEFÁLICA

A hiponatremia deve ser corrigida com of positive end-expiratory pressure ventilation


reposição de sódio, pois alterações hidro-ele- (PEEP) on cerebral blood flow and cerebrospinal
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