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Morte Encefálica: Cuidados de Enfermagem com o

provável doador
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May 9, 2017

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A morte encefálica é a incapacidade do cérebro de manter as funções vitais do organismo,
como o paciente respirar sozinho, por exemplo. Um paciente é diagnosticado com morte
cerebral quando ele apresenta sintomas como ausência total de reflexos, sendo mantido
“vivo” somente com a ajuda de aparelhos, e é nesse momento que se pode fazer a doação
de órgão, se for possível.

Além de promover o transplante de órgãos, em caso de morte cerebral, os familiares


podem se despedir do paciente, o que pode trazer algum conforto. No entanto, crianças,
idosos e pessoas com problemas de coração ou que não podem se emocionar não devem
entrar em contato com este paciente.

O que pode causar Morte Encefálica


A morte encefálica pode ser causada por inúmeras causas, como por exemplo:

Traumatismo craniano;
Falta de oxigênio no cérebro;
Parada cardiorrespiratória;
Derrame (AVC);
Inchaço no cérebro,
Aumento da pressão intra craniana;
Tumores;
Overdose;
Falta de glicose no sangue.

Estas e outras causas levam ao aumento do tamanho do cérebro (edema cerebral), que
associado a impossibilidade de expansão devido ao crânio, leva à compressão, à
diminuição da atividade cerebral e à danos irreversíveis no sistema nervoso central.

Como o médico diagnostica a Morte Encefálica?


Um paciente é dito em morte encefálica quando apresenta ausência total de reflexos,
sendo sustentado somente pela ajuda de aparelhos. Assim, há ausência da respiração,
ausência de reação a estímulos dolorosos, pupilas não reagentes e eletroencefalograma
(EEG) isoelétrico (sem apresentar ondulações). Não deve haver hipotermia e
hipotensão. O paciente em morte encefálica pode, eventualmente, realizar movimentos
involuntários devidos à atividade reflexa medular.

O diagnóstico de morte encefálica fundamenta-se em exame clínico neurológico que


confirme a falência do tronco cerebral. Muitos países dispensam exames complementares,
mas outros os exigem. Os exames de eletroencefalograma, arteriografia, doppler,
cintilografia, etc., utilizados hoje em dia, usados isoladamente sem exame neurológico não
bastam para confirmar o diagnóstico.

Durante os testes de morte encefálica o ventilador e os demais medicamentos que mantêm


o indivíduo respirando e o coração batendo continuam a ser utilizados, mas não interferem
na determinação da morte encefálica. O exame clínico deve ter a causa conhecida do
estado de coma e o paciente não deve estar em condição que mascare ou interfira no
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exame clínico, como uso de drogas sedativas, distúrbios metabólicos ou hipotermia e não
deve ter resposta a estímulos verbais, visuais e dolorosos, mesmo se intensos. O exame
mostrará as pupilas fixas; não há reflexo oculocefálico ou corneano e os olhos ficam fixos
quando a cabeça é girada; também não há reflexo oculovestibular em ambos os ouvidos.
Em estado de morte encefálica o paciente não respira espontaneamente.

No Brasil, o protocolo que apura essas condições deve ser repetido por outro médico em
um intervalo mínimo de seis horas e é obrigatória a utilização de exames
complementares. Uma vez repetido o protocolo e obtendo-se o mesmo resultado, encerra-
se a fase clínica e passa-se aos exames complementares.

Como evolui a morte cerebral?


O paciente em morte cerebral pode ser mantido “vivo” pelo tempo que a família desejar,
enquanto os aparelhos médicos de sustentação se mantiverem ligados. Em geral, os
pacientes em morte cerebral evoluem em cerca de uma semana ou mais para parada
cardíaca espontânea, mesmo com a utilização de respiradores mecânicos e administração
da terapia convencional.

Uma vez feito o diagnóstico de morte encefálica, o indivíduo é declarado legalmente morto
e se ele manifestou em vida o desejo de doar seus órgãos ou se a família o expressou
posteriormente, os órgãos sadios então podem ser retirados. Se for o caso, é desejável
que ele tenha sido mantido por aparelhos pelo menor tempo possível.

Comportamento frente à Família


As famílias que estão diante de tragédias pessoais, vivendo a perda inesperada de entes
queridos, devem ser tratadas por profissionais treinados, através de equipes
interdisciplinares, com envolvimento permanente das equipes de psicologia e do serviço
social. As visitas abertas principalmente aos parentes de primeiro grau e outros casos a
serem estudados não interferem na dinâmica dos cuidados, muito pelo contrário.
Atualmente, protocolos como os do American Heart Association do Suporte Avançado de
Vida em Cardiologia, ACLS, estimulam, em alguns casos, a presença de algum membro
da família durante as tentativas de RCP.

A presença da família observando os cuidados ao paciente em ME, tanto possibilita a


abstração sobre o que é a ME, quanto a observação do empenho da equipe interdisciplinar
no acompanhamento do seu ente querido. Esse acompanhamento tende a funcionar como
um estímulo às autorizações para a doação de órgãos, quando os CNCDO são notificados
e entram em contato com as famílias.

Cuidados de Enfermagem com o provável doador


Um dos grandes problemas na manutenção dos potenciais doadores consiste em manter
parâmetros hemodinâmicos estáveis, com o propósito de tornar os órgãos viáveis, pois,
durante o processo de morte encefálica, ocorre uma série de alterações fisiológicas que
contribuem para a instabilidade do doador, tais como: hipotensão, diabetes insipidus,
hipotermia, hipernatremia, acidose metabólica, edema pulmonar e coagulação
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intravascular disseminada.

Para manter o controle dessas funções o mais próximo do normal, faz-se necessário o
registro e controle contínuo desses parâmetros. Sendo assim, as medidas empregadas
para a manutenção adequada dos órgãos para transplante incluem: a manutenção da
pressão arterial sistólica maior que 100 mmHg, diurese de 0,5 a 4 ml/kg/hora, pressão
venosa central (PVC) maior que 10 cmH2O, oximetria de pulso maior que 92%, PaO2
maior que 100 mmHg, frequência cardíaca de 60 a 120 batimentos por minuto e
hemoglobina maior que 10g/dl.

Além disso, é de suma importância a infusão de cristalóides e/ou colóides aquecidos e


drogas vasopressoras. O enfermeiro, junto a equipe de enfermagem, é responsável por
realizar, durante o período de manutenção, o controle e registro de todos os parâmetros
hemodinâmicos do potencial doador (PD). Contudo, é necessário conhecimento científico
acerca das repercussões fisiopatológicas inerentes à ME e dos cuidados necessários para
garantir as melhores condições funcionais possíveis dos órgãos e tecidos a serem
retirados e transplantados.

O cuidar de potenciais doadores de órgãos requer a manutenção de ventilação artificial,


pois há alteração na troca gasosa em decorrência do edema pulmonar neurogênico, do
trauma pulmonar, de infecção e das atelectasias. Aspirar secreção traqueal, sempre que
necessário, é medida que tem por finalidade viabilizar a respiração artificial com maior
eficiência e, consequentemente, melhor oxigenação tecidual. O objetivo e a manutenção
da saturação arterial de oxigênio superior a 90% com pressão parcial arterial superior a 60
mmHg e também a importância da manutenção da cabeceira elevada a 30º, higiene oral
adequada e mudanças periódicas de decúbito.

Aquecer o paciente, aferir a temperatura, colocar cobertor ou manta aquecida são


cuidados fundamentais, pois na morte encefálica há perda do centro termorregulador
hipotalâmico, desencadeando hipotermia que pode gerar a depressão do miocárdio, as
arritmias, a diminuição do transporte de oxigênio, o aumento da afinidade da hemoglobina
pelo oxigênio, a disfunção renal, a pancreatite e as coagulopatias. Aquecer os fluidos
endovenosos é cuidado que responde à necessidade de controlar a temperatura corporal.

Verificar e anotar a pressão arterial, observar tempo de enchimento capilar. Os sinais vitais
devem ser realizados em razão da disfunção cardiovascular, que se manifesta através de
severa hipertensão, seguida de hipotensão progressiva e, consequentemente,
hipoperfusão tecidual.

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