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Caso 1

Paciente do sexo feminino, 46 anos, dona de casa, procura o serviço de emergência devido a
uma cefaleia frontocciptal de forte intensidade que durou cerca de 1hora (dor de cabeça). Para
alem do mal-estar refere ter perturbações de sensibilidade na face nas mãos e dificuldade na
articulação de algumas palavras. Afirma não sentir febre ou calafrios.

Não vai ao médico há seis anos, mas refere que há muito tempo lhe foi recomendado um
acompanhamento de sua pressão arterial, porém não seguiu essa orientação. Apenas toma um
anticoncecional oral, sem orientação médica (usa o mesmo medicamento que a irmã).

Relata que o pai faleceu aos 54 anos por acidente vascular cerebral e que sua mãe teve um
infarto do miocárdio aos 56 anos, sendo ambos hipertensos.

Exame objetivo: A paciente é obesa, e está afebril e eupneica. Frequência cardíaca de 85 bpm
(acima); Pressão arterial de 180/100 mmHg (Hipertensão Grau III). A auscultação revela
murmúrio vesicular uniformemente distribuído, sem ruídos adventícios; ritmo cardíaco regular,
sem sopros; abdómen indolor, depressível, sem massas palpáveis. No exame neurológico, não
há sinal de comprometimento focal ou sinais meníngeos.

Notas:

Cefaleia Frontoccpitifal- a cefaleia é caracterizada por sensação de desconforto ou de dor


localizada na extremidade cefálica. Apesar de geralmente ser uma condição benigna, a
intensidade e/ou a frequência dos episódios podem causar incapacitação funcional.

AVC- acidente vascular cerebral resulta da lesão das células cerebrais, que morrem ou deixam
de funcionar normalmente, pela ausência de oxigénio e de nutrientes na sequência de um
bloqueio do fluxo de sangue (AVC isquémico) ou porque são inundadas pelo sangue a partir de
uma artéria que se rompe (AVC hemorrágico). Os isquémicos correspondem a cerca de 4/5 do
total. As células do cérebro morrem pouco tempo depois da ocorrência desta lesão. Contudo,
pode durar algumas horas se o fluxo de sangue não estiver completamente interrompido. Por
essa razão, é fundamental agir rapidamente de modo a minimizar as lesões cerebrais.

Infarto agudo do miocárdio – necrose miocárdica resultante de obstrução aguda de uma


artéria coronária. Os sintomas incluem desconforto torácico com ou sem dispneia, náuseas e
diaforese. O diagnóstico é efetuado por ECG e pela existência ou ausência de marcadores
sorológicos.

Eupneia- respiração normal, silenciosa e sem esforços

1. No atual quadro clínico identifique os sinais e sintomas mais relevantes para a


orientação do diagnostico.

Os antecedentes da paciente relativamente a quadros de doenças cardiovasculares (AVC e


enfarte do miocárdio). A cefaleia frontoccipital, pois uma dor de cabeça súbita e muito intensa
revela risco de AVC. A sensibilidade na Face, pois pode ficar assimétrica de uma forma súbita
com uma das pálpebras estarem descaídas (estes sinais poderão ser melhor percebidos se a
pessoa afetada tentar sorrir). Apresenta uma pressão arterial extremamente acima do normal
180/100mmHg, ou seja, é hipertensa. Dificuldade na articulação de algumas palavras: O AVC
pode afetar a nossa capacidade de falar, causando um discurso pouco percetível, ou até perda
de capacidade de falar. Assim sendo, peça à pessoa para repetir uma frase simples

2. A paciente apresenta alguns sinais de alarme?

Cefaleia frontoccipital, sensibilidade na Face e dificuldade na articulação de algumas


palavras.

3. Que procedimentos de curto prazo devem ser adotados?

O diagnóstico de AVC faz-se através de exames de imagem do cérebro, nomeadamente a


Tomografia Computadorizada (TC) do crânio (vulgarmente conhecida como TAC). Através deste
exame, não só podemos confirmar a presença de um AVC, como também distinguir entre AVC
isquémico (ou seja, provocado pela presença de um trombo ou obstrução de artérias do
cérebro) e AVC hemorrágico (causado por uma hemorragia cerebral).

O tratamento do AVC isquémico varia entre:

● Trombólise (destruição química do trombo através de medicamentos)


● Trombectomia (destruição mecânica do trombo através da utilização de um stent)
● Controlo da pressão arterial e uso de aspirina.

No AVC hemorrágico, o tratamento é mais limitado, passando pelo controlo da pressão


arterial e, eventualmente, cirurgia em casos específicos.

Tratamento Rápido: Nas situações isquémicas é, muitas vezes, possível minimizar os danos
com um tratamento que apenas é eficaz até quatro horas e meia após o surgimento dos
primeiros sintomas. Já nas situações hemorrágicas, pode ser necessária intervenção cirúrgica
urgente.
Caso 2

Um homem de 59 anos de idade consulta um especialista após ter tido um episódio de síncope
(desmaio). Estava a correr no parque, quando perdeu a consciência subitamente.

Não tem história clínica relevante. Não tem histórico familiar. Não fuma, não consome bebidas
alcoólicas, nem faz uso abusivo de drogas.

Na avaliação clínica afirma que tem tido sensação de desconforto e opressão torácica
subesternal (dor torácica), associada ao exercício, que se vem agravando nos últimos meses.
Normalmente, o repouso alivia o desconforto. Nega falta de ar, dispneia aos esforços, ou outras
formas de dispneia.

Exame objectivo:
pressão arterial é de 140/90 mmHg (hipertensão de grau 1)
frequência cardíaca de 95 bpm (elevada)
frequência respiratória de 15/min (normal)
saturação de oxigênio de 98% (valor normal acima de 95%)

A auscultação pulmonar e o exame abdominal são normais.


Não tem edema das extremidades inferiores.

ECG ritmo normal com ligeira elevação dos segmentos ST nas derivações esquerdas (O
segmento ST é o tempo entre o fim da despolarização e o início da repolarização dos
ventrículos)

Analises Clinicas:
Dislipidémia marcada com elevado colesterol total e LDL

1) No atual quadro clínico identifique os sinais e sintomas mais relevantes para a


orientação do diagnostico.
Episódio de síncope; opressão torácica subesternal (angina); hipertensão de grau 1;
frequência cardíaca elevada; ligeira elevação dos segmentos ST nas derivações esquerdas;
dislipidemia marcada com elevado colesterol total e LDL.

2) Quais os sinais e sintomas mais significativos em causa? como os explica?


Síncope por esforço – Acontece porque o débito cardíaco não pode aumentar o suficiente
para suprir as demandas da actividade física.
Angina – Acontece devido a aterosclerose.

3) Como pode confirmar o diagnostico e qual pensa ser a possível origem da doença?
Estenose aórtica é o estreitamento da válvula aórtica, obstruindo o fluxo sanguíneo do
ventrículo esquerdo para a aorta ascendente durante a sístole. A origem da doença é a
aterosclerose, com deposição de lipoproteínas, inflamação e calcificação das válvulas. As
lipoproteínas (LDL) estão implicadas na patogénese da estenose aórtica.

4) Como se procede á adequada gestão deste paciente tendo em vista a possível


evolução do quadro?
Substituição da válvula da aorta transcateter ou por cirurgia são opções para muitos
pacientes, mas ainda não há dados sobre a segurança a longo prazo para a substituição da
válvula da aorta transcateter (especialmente em pacientes de baixo risco).

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