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CASO 2

Paciente masculino, 84 anos, deu entrada na urgência com precordialgia (dor localizada na
região precordial (área do peito situada à frente do coração)) irradiando para mandíbula e
membro superior esquerdo, sudorese e vertigens, há cerca de 40 minutos. A dor não para e
parece intensificar-se. Relata história familiar de miocardiopatia e hipertensão, além de
antecedentes pessoais, de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. Nega outras
alterações, além de alergias e traumatismos. Toma muitos medicamentos, mas apenas se
recorda da aspirina todos os dias.

O exame objetivo mostra um estado geral regular. Está corado, hidratado, afebril, anictérico,
acianótico, sem turgência jugular, edemas ou adenopatias.

PA 110×60 mmHg (ótima); FC 100 bpm (normal); FR 20 cpm (normal); Saturação de O2 92%
(baixo). Ritmo cardíaco regular, hipofonético (redução dos ruídos cardíacos). Auscultação
normal. Abdómen plano, flácido, sem lesões ou herniações. Indolor à palpação superficial e
profunda.

Pulsos palpáveis e simétricos. Ausência de cianose e edema.

Análise de sangue confirma:

CKMB1: 8,0 ng/ml (VR: < 5,0 ng/ml) – elevado, sinal de dano às células do músculo cardíaco.

Troponina2: 4,3 ng/ml (VR: < 0,04 ng/ml) – muito elevado, provável que o paciente tenha um
enfarto do miocárdio ou outra forma de lesão cardíaca.

Sujeito a cateterismo (exame que consiste na introdução de um cateter (tubo oco) dentro de
um vaso sanguíneo) de urgência (angioplastia (cirurgia que permite abrir uma artéria muito
estreita ou que ficou bloqueada pelo acúmulo de colesterol, de forma a normalizar o fluxo
sanguíneo para o coração, cérebro ou pulmões)) revela-se circulação coronária com padrão
obstrutivo na artéria Descendente Anterior (DA) com estenose (diminuição do fluxo sanguíneo)
de 99% no terço médio.

1. O quadro é bastante sugestivo. Justifique a hipótese de diagnóstico.

O paciente sofre de Doença Arterial Coronária, e pode estar prestes a sofrer de um enfarte do
miocárdio. O paciente é hipertenso e diabético (fatores potenciadores de enfarte), e tem como
principal sintoma uma dor precordial típica (pois se irradia para a mandíbula e membro
superior esquerdo), que é característica de angina ou infarto do miocárdio. As análises de
sangue também apresentam valores de CKMB elevados e Troponina bastante elevados, que
indicam que lesão nas fibras musculares cardíacas, e quando o aumento é tão significativo, é
provável que o paciente venha a ter um enfarte do miocárdio. Por fim, o cateterismo de
urgência revelou que a circulação coronária está com padrão obstrutivo na artéria Descendente
Anterior (DA) com estenose (diminuição do fluxo sanguíneo) de 99% no terço médio, ou seja,
há diminuição / bloqueio do fluxo sanguíneo, que pode causar um coágulo sanguíneo e assim
um enfarte.

2. A patologia não envolve tromboembolismo. Como pode tal acontecer?

A patologia não envolve tromboembolismo (formação de coágulos de sangue no interior das


veias, bloqueando de forma parcial ou total a passagem do sangue, (forma-se quando ocorre
algum desequilíbrio no mecanismo de coagulação)), devido à toma continua e diária de
aspirina (ácido acetilsalicílico, analgésicos/anti-inflamatórios não esteroides), que preveniu que
houvesse a formação de coágulos, pois inibe a agregação de plaquetas, impedindo o
tromboembolismo.

3. A angioplastia foi a solução de 1ª linha. Que alternativas fariam sentido na abordagem


de urgência deste paciente?

Trombólise – tratamento que consiste no uso de medicamentos específicos, como a alteplase e


estreptoquinase (agentes trombolíticos), geralmente por meio de injeção para dissolver o
coágulo que está obstruindo o vaso do coração e, assim, melhorar a circulação do sangue.

Cirurgia – Em alguns casos, pode ser necessária a realização da cirurgia de revascularização,


como a ponte de safena, que pode ser indicada quando a angioplastia não é suficiente para
melhorar a circulação ou no caso de obstruções graves nos vasos do coração.

• No caso da ponte de safena, a cirurgia consiste na retirada de um pedaço da veia


safena, localizada na perna, para substituir a parte obstruída da artéria do coração, tornando
possível o fluxo de sangue para o órgão.

4. Relacione esta patologia com os determinantes que estão na sua origem apresenta.

O paciente apresenta fatores determinantes no desenvolvimento desta patologia, devido ao


facto de ter Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica, devido a poder causar rigidez
arterial, tornando as artérias coronárias estreitas e, assim, diminuir o fluxo sanguíneo.

A dor precordial típica caracteriza angina ou infarto do miocárdio (ataque do coração), sendo
parecida com um aperto ou opressão no peito.

Geralmente, o incômodo é difuso, ou seja, sentido em uma área maior que um ponto
específico.

Também tem duração prolongada, superando os 10 minutos, pode se irradiar para o pescoço,
ombros, braço esquerdo e, às vezes, para o braço direito.

CKMB1 – CK-MB é uma das três isoenzimas da enzima creatina quinase (CK), é encontrada
principalmente no músculo cardíaco. Ele aumenta quando há danos às células do músculo
cardíaco. Lesões graves no músculo esquelético podem ser significativas o suficiente para
elevar os níveis de CK-MB acima do normal. Se se suspeitar de lesão no músculo cardíaco e no
músculo esquelético, a troponina é um teste mais preciso para identificar um ataque cardíaco.

Troponina2 – Troponinas são uma família de proteínas encontradas nas fibras musculares
esqueléticas e cardíacas. Os três tipos diferentes de troponina são a troponina C, troponina T e
troponina I. Juntas, as três controlam a contração muscular. Duas delas, troponina I e troponina
T, têm uma forma encontrada apenas no coração.

Quando há lesão do músculo cardíaco, as troponinas cardíacas são libertadas na circulação em


quantidade proporcional à extensão da lesão.

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