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Síndromes Coronários no

Laboratório de hemodinâmica
Constança Costa – constancacosta@chuc.min-saúde.pt
Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica
UNIC (Unidade de Intervenção Cardiovascular) - CHUC

Aveiro, 10 de fevereiro de 2023


Sumário

• Enquadramento contextual
• Síndromes Coronários Agudos
• Síndromes Coronários Crónicos
• Conclusões
• Referências bibliográficas

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Sumário
ü Coração: órgão do sistema cardiovascular/circulatório
ü Função: enviar o sangue a todos os tecidos do corpo, de forma a satisfazer os seus requisitos
metabólicos
Ø Contrai 60-100 vezes por minuto
ü Localiza-se: na cavidade torácica entre os pulmões inclinado para o lado esquerdo. Tem o
tamanho aproximado da mão fechada e pesa em média 230g nas mulheres e 280g nos homens

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Enquadramento contextual

üEstrutura: 4 cavidades
2 aurículas + 2 ventrículos separados pelo septo auriculoventricular que
contém válvulas

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Enquadramento contextual
ü É irrigado pela artérias:

• Artéria Coronária Direita (CD) - irriga a aurícula e ventrículo direitos e por vezes
também os nódulos sinusal e auriculoventricular

• Artéria Coronária Esquerda que se ramifica em duas grandes artérias:


- Descendente Anterior (DA) - irriga a parte anterior do ventrículo
esquerdo, uma pequena parte anterior e posterior do ventrículo direito
- Circunflexa (CX) - irriga a aurícula esquerda, a região superior anterior e
posterior do ventrículo esquerdo

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Enquadramento contextual
• Na metade esquerda do coração circula apenas sangue arterial (rico em oxigénio
de cor vermelho vivo)

• Na metade direita do coração circula apenas sangue venoso (pouco oxigenado e


rico em dióxido carbono de cor vermelho escuro)
Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica
Enquadramento contextual
ü Funciona como uma bomba de duas câmaras:
• Aurículas – “reservatórios”
• Ventrículos – “ação de bomba”

ü Válvulas auriculoventriculares:
• Válvula auriculoventricular direita ou válvula tricúspide
• Válvula auriculoventricular esquerda ou válvula mitral

ü Válvulas aórtica e pulmonar que permitem a passagem do fluxo sanguíneo entre o ventrículo
esquerdo e a artéria aorta, e o ventrículo direito e a artéria pulmonar

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Enquadramento contextual
üAs Doenças Cardiovasculares continuam a ser uma das principais causas de
morte em Portugal, tal como na União Europeia, apesar da tendência
decrescente nas últimas décadas

üRegistaram-se menos óbitos por doença isquémica do coração (DC): 6 838 óbitos;
e por enfarte agudo miocárdio (EAM): 4 086 óbitos. Em ambos os casos menos
4,4% do que em 2019 (dados recolhidos até 2 de maio de 2022 – INE)

üMorrem 17 milhões de pessoas por ano com doenças cardiovasculares, em


particular com EAM e acidente vascular cerebral (AVC), e estima-se que este
número vá aumentar para 23,3 milhões em 2030

ü 55% da população em Portugal tem 2 ou mais fatores de risco cardiovasculares

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Enquadramento contextual
üGrande parte das doenças cardiovasculares resultam de fatores de risco
modificáveis:
• Hipertensão arterial
• Diabetes
• Hipercolesterolémia
• Hipertrigliceridémia
• Sedentarismo
• Excesso de peso e obesidade
• Consumo de tabaco
• Consumo excessivo de álcool
• Stress

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Enquadramento contextual
üFatores de risco não modificáveis:
• Sexo
• Idade
• Genética (inclui a história familiar de doenças cardiovasculares)

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários
A doença coronária:
• Estável
• Instável – Evento aterotrombótico

Dada a natureza dinâmica do seu processo resulta em várias apresentações clínicas, que
podem ser categorizadas como:

üSíndrome Coronário Agudo (SCA)

üSíndrome Coronário Crónico (SCC), anteriormente designada de doença coronária


estável

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üSíndromes Coronários Agudos (SCA)
Privação de oxigénio numa área do miocárdio por rutura ou erosão de uma placa aterosclerótica no
interior de uma artéria coronária, com consequente redução do fluxo sanguíneo

ü Compreende 3 entidades distintas:


• Angina instável: isquémia do miocárdio em repouso ou com esforço mínimo, mas sem necrose aguda
de cardiomiócitos (fibra muscular cardíaca)
• EAM sem supra-desnivelamento de ST
• EAM com supra-desnivelamento de ST

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos

üSCA – Sintomas
• Dor torácica
• Sudorese intensa
• Náuseas e vómitos
• Ansiedade
• Tonturas
• Dispneia
• Astenia
• Eructações
• (…)
• Nas formas mais agudas Paragem cardíaca, instabilidade elétrica e/ou hemodinâmica e choque
cardiogénico
Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica
Síndromes Coronários Agudos

üDiagnóstico

Clínica

SCA

ECG Análises

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
ü EAM sem supraST

• Dor com duração superior a 20-30 min:


Peso, aperto, “indigestão”, desconforto no tórax ou abdómen superior, irradiação da dor
(garganta, braço(s), costas, epigastro)
• Alterações inespecíficas no ECG: Infradesnivelamento de ST Ondas T altas, pontiagudas,
invertidas
• Enzimologia cardíaca positiva (Troponina, CK, mioglobina)

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üEAM com supraST

• Dor torácica aguda, persistente (> 20/30 min):


Irradiação da dor (garganta, braço(s), costas, epigastro), Náuseas, Vómitos
• Alterações no ECG: Supradesnivelamento de ST e enzimática
• Risco elevado de TV e FV
• Risco de morte súbita

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
Prioridades EAM:

ü Reconhecer os sinais sugestivos

üPedir ajuda:
112 ou emergência interna

üSBV/SAV se necessário

üReduzir o trabalho cardíaco


Sentar o doente, com as costas e ombros apoiados
Incentivar uma respiração calma e profunda
Acalmar
Controlar temperatura

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
ü 112 via verde Transporte para centro de referência com laboratório
de hemodinâmica

ü Controlar a dor: (morfina ev)


• Oxigénio (SpO2 <90%)
• Nitroglicerina (evitar se PAs < 90 mmHg, particularmente se bradicardia associada)
• Nitratos ev
• AAS 300 mg mastigado
• Ticagrelor: 90 mg se prevista fibrinólise ou 180 mg se prevista angioplastia

üPrevenir e tratar disritmias

üTerapêutica de revascularização

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
ü Via Verde
• Estratégia organizada para a abordagem, encaminhamento e tratamento mais adequado,
planeado e expedito…

• Aplica-se às fases pré, intra e inter-hospitalares, de situações clínicas mais frequentes e/ou graves
que importam ser especialmente valorizadas pela sua importância para a saúde das populações

• Todo o circuito deve ser iniciado com o contacto com o Número Europeu de Emergência (112) o
que levará o CODU a desencadear todo um conjunto de procedimentos com vista ao transporte
emergente, via INEM, conducente ao acesso da pessoa ao tratamento adequado, no mais curto
intervalo de tempo

• As unidades de saúde hospitalar aptas devem assegurar o funcionamento de um sistema interno


designado por Via Verde (intra-hospitalar)

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
Ø Várias guidelines preconizam que a rapidez na avaliação e orientação dos doentes que se
apresentam com dor torácica no serviço de urgência, melhora o prognóstico e fixam como alvo
do tempo da porta ao ECG (12 derivações) 10 minutos

Ø Objetivo:
Repermeabilização da artéria ocluída, por meios farmacológicos ou mecânicos e consequente
reversibilidade das lesões provocadas

ü Reperfusão
• Intervenção Coronária Percutânea (ICP)

• fibrinólise

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
Ø Valores ideais de tempo de resposta Pré-hospitalar:

• Início dos sintomas até ligar 112 : 5 minutos

• Triagem pelo INEM: 1 minuto

• Chegada do INEM ao local: 8 minutos

• ECG 12 derivações: 10 minutos

• Fibrinólise: até 30 minutos após 1º contacto médico

• ICP: até 90 minutos após 1º contacto médico

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos

üDilatação da coronária obstruída com balão Aplicação de stent, procedimento


realizado em centros com Laboratório de Hemodinâmica, ex: (CHUC)

üAcessos: Artéria Radial direita (preferencial)


Artéria Radial esquerda
Artéria femoral

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üVantagem do acesso radial:

• Segurança quando estão em causa intervenções em doentes de maior


fragilidade e sob terapêuticas antitrombóticas mais agressivas, como nos SCA

• Redução do tempo de internamento, deambulação precoce e menor custo


hospitalar, abrindo a possibilidade de procedimentos em regime de
ambulatório, como os participantes deste estudo

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üDiagnóstico: angiografia

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üIntervenção: ICP

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üICP

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Síndromes Coronários Agudos
üICP

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üICP

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üICP

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Agudos
üPós ICP

• UCIC – Unidade de Cuidados Intensivos Coronários


• SU – Serviço urgência: sala de emergência
• Regresso ao hospital de origem: p.ex. Aveiro

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Crónicos
üCategorização

• Doentes com angina e suspeita DC, doentes assintomáticos ou com sintomas


estabilizados um ano depois do diagnóstico ou da ICP

• Doentes com angina e suspeita de vasoespasmo ou doença microvascular

• Doentes assintomáticos nos quais a DC é detetada no contexto de um check-up


de prevenção e doentes com insuficiência cardíaca ou disfunção ventricular no
contexto de DC

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Crónicos
üCategorização

• A ICP é efetuada para aliviar os sintomas de isquemia do miocárdio e para


melhorar o prognóstico

• Na SCC, o benefício do prognóstico é dependente da extensão de miocárdio


sujeita a isquemia

• Regime ambulatório

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Crónicos
üPapel do enfermeiro
• Iniciar o acolhimento
• Avaliar e orientar, facilitando o desenvolvimento
de uma parceria enfermeiro-doente

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Crónicos
üPapel do enfermeiro
• Informar sobre o procedimento a realizar e os cuidados necessários durante a
recuperação

• Dirigir as intervenções para a prevenção e


deteção precoce de complicações,
estabelecendo condições de segurança
para o doente

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários Crónicos
üPapel do enfermeiro

• Realizar a remoção do indutor arterial, aplicando pressão manual no


local da punção até obter hemostase ou aplicando um método de compressão
mecânica, uma pulseira compressiva (TRband®) que vai sendo descomprimida
gradualmente, assim como, verificar o pulso e perfusão periférica, a fim de
identificar possíveis complicações vasculares e rítmicas

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários
ü ICP’s

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários
ü Acessos vasculares

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Conclusões
ü Laboratório hemodinâmica
SCA Via Verde Coronária
SCC Ambulatório
ü Realizam-se:
Diagnósticos
Intervenção: ICP com balões, stents, aspirador de trombos
ü Encaminhamento do doente:
Internamento (UCIC, enfermarias, medicina intensiva), SU,
hospital de origem

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Referências bibliográficas
• Direção-Geral da Saúde (2017). Programa Nacional Para As Doenças Cérebro-Cardiovasculares 2017. Lisboa: Portugal.

• European Society of Cardiology (2019). Guidelines for the diagnosis and management of chronic coronary syndromes.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehz425

• Instituto Nacional de Estatística (2020). Portal do INE. Retrieved February 3, 2023, from
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=399595079&DESTAQUESmodo=2
&xlang=pt

• Sociedade Portuguesa de Cardiologia (2020). Registos Nacionais de Cardiologia de Intervenção v.1.0.0. Retrieved February 3,
2023, from
https://registos.spc.pt/RegistosNacionaisSPCv2/Public/Login.aspx?ReturnUrl=%2FRegistosNacionaisSPCv2%2FDefault.aspx#

• WHO (2021). Cardiovascular Diseases. Retrieved February 3, 2023, from https://www.who.int/news-room/fact-


sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds)

Síndromes Coronários no Laboratório de Hemodinâmica


Síndromes Coronários no
Laboratório de hemodinâmica
Constança Costa – constancacosta@chuc.min-saúde.pt
Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica
UNIC (Unidade de Intervenção Cardiovascular) - CHUC

Aveiro, 10 de fevereiro de 2023

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