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EMERGÊNCIAS

CARDIOVASCULARES
Parte 1

ATENÇÃO INTEGRAL ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS


Professores Marcelo Félix e Erika Coelho
REVISÃO – SISTEMA CARDIOVASCULAR
SISTEMA CARDIOVASCULAR

• Responsável pela CIRCULAÇÃO DO SANGUE, de modo

a TRANSPORTAR os NUTRIENTES e o OXIGÊNIO por todo o corpo.

• Formado pelo CORAÇÃO e os VASOS SANGUÍNEOS .


,

ANATOMIA CARDÍACA
• O coração fica apoiado sobre o diafragma, perto da
linha média da cavidade torácica, no mediastino.

INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO
ÁTRIO DIREITO: recebe ÁTRIO ESQUERDO: recebe
sangue rico em dióxido de o sangue oxigenado; por
carbono (venoso) de três meio de quatro veias
veias: veia cava superior, pulmonares.
veia cava inferior, seio
coronário (sangue do
músculo cardíaco) .

O sangue passa do átrio


esquerdo para o ventrículo
esquerdo através da valva
Bicúspide (mitral).
O sangue passa do átrio Do ventrículo esquerdo o sangue
direito para ventrículo direito sai para a maior artéria do corpo,
através de uma válvula a aorta ascendente, passando
chamada tricúspide (formada pela Valva Aórtica
por três folhetos).
ANATOMIA CARDÍACA

• O coração possui quatro câmaras:

✓ Os Átrios (as câmaras


superiores) recebem sangue;

✓ Os Ventrículos (câmaras
inferiores) bombeiam o sangue
para fora do coração.
Diástole:
Ventrículos relaxam;
Fechamento das valvas semilunares;
B2 ➔ TA.

Sístole:
Ventrículos contraem;
Fechamento das valvas mitral e tricúspide;
B1 ➔ TUM.
CIRCULAÇÃO

1) Circulação pulmonar (ou pequena circulação):

• O sangue rico em CO2 sai do ventrículo D, através da artéria pulmonar, vai até
os pulmões, onde ocorre a hematose, e retorna rico em O2, através das veias
pulmonares, para o átrio E.

• Seguindo para o VE e a grande circulação.


CIRCULAÇÃO

2) Circulação sistêmica (ou grande circulação):

• O sangue (rico em O2) sai do ventrículo E, através da aorta, logo após,


vai para todo o organismo, através dos ramos da aorta. Após nutrir o
organismo, o sangue retorna (agora rico em CO2), através das veias
cavas, para o átrio D.

G
Vascularização cardíaca: A irrigação do coração é assegurada pelas
artérias coronárias.
SINTOMAS CARDIOVASCULARES
SINTOMAS CARDIOVASCULARES
• Os sinais e sintomas das doenças cardiovasculares podem se originar no próprio
coração ou em outros órgãos que sofram repercussão do mau funcionamento do
coração.
SINTOMAS CARDIOVASCULARES

A) DOR TORÁCICA:

i. Dor de isquemia miocárdica


CUIDADO!!
ii. Dor origem pericárdica
DOR OU DESCONFORTO
iii. Dor de origem aórtica TORÁCICO DEVE SER
CRITERIOSAMENTE
iv. Dor de origem psicogênica AVALIADO!
Dor isquêmica miocárdica

Localização/ Irradiação : Retroesternal, hemitórax esquerdo, face


anterior do pescoço, borda ulnar do braço esquerdo, região epigástrica.

Duração: Início e término, contínua ou intermitente ?

O que desencadeia ou piora: Esforços ou emoções ?

O que melhora: Medicamentos, repouso?


Dor isquêmica miocárdica

Sensação de aperto, compressão da região retroesternal: “Dor anginosa”


INTENSIDADE

Dor leve: relativamente bem tolerada

Dor moderada: quando o paciente se sente bastante incomodado, agravando-se mais com os exercícios.

Dor intensa: grande sofrimento, acompanhada de sudorese, palidez e sensação de morte iminente.
Síndrome Coronariana Aguda
Angina Infarto Agudo
do miocárdico
Estável
Cardiopatias Isquêmicas

Síndrome
Doença Arterial Coronariana
Coronariana Aguda

Assintomática Angina Instável


Síndrome Coronarianas

Síndromes coronarianas agudas resultam de obstrução


aguda de uma artéria coronária. As consequências
dependem do grau e local da obstrução e variam de
angina instável a infarto do miocárdio sem elevação de
segmento ST (IMSST), infarto do miocárdio com elevação
do segmento ST (IMCST) e morte cardíaca súbita.

O termo síndrome coronariana


aguda é usado para se referir a
pacientes que apresentam com
dor torácica isquêmica.
Fator de Risco
Sintomas

Os sintomas de síndrome coronária aguda dependem um


pouco da extensão e localização da obstrução e são muito
variáveis. O estímulo doloroso proveniente de órgãos torácicos,
incluindo o coração, pode causar desconforto, descrito como
pressão, dilaceração, gases com ânsia para eructar, indigestão,
queimação, sensação dolorosa, dor em punhalada e, às vezes,
dor lancinante como uma agulhada.
Dor
Torácica
Angina
A angina (angina pectoris) é causada pelo estreitamento das artérias que
conduzem sangue ao coração. A limitação da irrigação sanguínea provoca uma
deficiência no suprimento de nutrientes e de oxigênio nesse órgão. A dor é
sinal de que o coração está recebendo menos sangue do que precisa.
Estimulação das
acidose nos sensação de dor
acúmulo de terminações
A isquemia tecidos ou desconforto
metabolitos nervosas no
miocárdicos torácico
interstício
Classificação segundo a Sociedade Cardiovascular
Canadense
▪ Classe I: Angina aos grandes esforços;
▪ Classe II: Angina aos médios esforços (andar rápido, subir rampas ou 2 lances de
escada). Limitação leve das atividades diárias.
▪ Classe III: Angina aos pequenos esforços (andar mais de um quarteirão, subir um
lance de escada). Limitação acentuada das atividades diárias.
▪ Classe IV: Angina aos mínimos esforços (tomar banho, pentear
cabelo) ou em repouso. Incapacidade física
Clínica
▪ Dor
▪ Localização
▪ Qualidade
▪ Intensidade
▪ Duração
▪ Fatores de piora
▪ Fatores de melhora
▪ Irradiação
▪ Sintomas associados
Tipos de Angina

Angina estável Angina instável

É um quadro de dor no peito típica e Deve ser encarada como um infarto. O paciente
precisa ser atendido, de preferência, em um
previsível, que surge quando o paciente faz
serviço de emergência. O diagnóstico diferencial é
alguma atividade física ou sofre algum
feito através da dosagem das enzimas cardíacas,
estresse emocional. A dor desaparece após principalmente da troponina, que é um marcador
alguns minutos em repouso ou quando o de necrose do tecido cardíaco. No caso de infarto,
paciente utiliza um medicamento dilatador a troponina costuma estar elevada, enquanto na
das artérias coronarianas, como nitrato angina instável ela encontra-se dentro dos valores
sublingual. de referência.
Tratamento
Além do tratamento dos fatores de risco (controle da pressão e diabetes,
cessação do tabagismo), existem vários medicamentos capazes de aliviar
os sintomas e até mesmo reduzir a chance de morte ou infarto nos
pacientes com angina.

Para alívio imediato, são utilizados os nitratos, medicamentos com efeito de


dilatar os vasos do coração e usados pela via sublingual durante as crises de
angina. Para impedir o aparecimento das crises, são comumente utilizados os
betabloqueadores, remédios capazes de reduzir os batimentos cardíacos e
poupar a energia do coração em situações de alta demanda, com isso
diminuindo a isquemia.

Em casos mais graves, podem ser feitas intervenções a fim de desobstruir as artérias
entupidas. Uma delas é a angioplastia, procedimento no qual um balão dilata, pelo próprio
cateterismo, o vaso com obstrução, sendo colocada uma armação de metal (stent) para
manter o vaso aberto. Outra alternativa é a cirurgia de revascularização do miocárdio, em que
enxertos (vasos retirados ou desviados do próprio paciente, como a veia safena) são usados
para criar novos caminhos para o sangue chegar ao músculo cardíaco de maneira adequada,
desviando da obstrução.
SÍNDROME CORONARIANA AGUDA SEM ELEVAÇÃO
DO SEGMENTO ST
▪ Quadro clinico típico de angina instável
▪ ECG normal, ou com infradesvinelamento de segmento
ST ou inversão da onda T
▪ Elevação de biomarcadores de necrose – CK-MB e Troponina
▪ Os marcadores de necrose devem ser pedidos em todos os
casos de suspeita de isquemia miocárdica
SÍNDROME CORONARIANA AGUDA COM ELEVAÇÃO
DO SEGMENTO ST

Necrose miocárdica causada por isquemia,


associada a quadro clínico compatível e/ou
alterações eletrocardiográficas típicas ou
imagem compatível com isquemia miocárdica.
Marcadores Bioquímicos

Isoenzima MB da
Desidrogenase láctea: creatinoquinase:
- presente em vários locais - Presente no miocárdio e
- Aumenta nas primeiras 12- mm esquelético e cérebro
24h pico em 2-4 dias. - Aumento após 4-6h pico
em 24h.

Troponina I Mioglobina
Proteína de regulação do -Hemoprotíina presente no
complexo de contração do musculo cardíaco e
musculo cardíaco esquelético rapidamente
- Elevação entre 4-6h após liberada na circulação
infarto sanguínea após lesão
Conduta

Em se caracterizando IAM ou Angina Instável, todo paciente deverá receber:


• Acesso venoso periférico calibroso - É CONTRA-INDICADO O ACESSO VENOSO CENTRAL PELA PERSPECTIVA DE
TROMBÓLISE QUÍMICA!
• Oxigênio a baixo fluxo (1-2 l/min por cateter nasal) se saturação arterial < 90% ou sinais de insuficiência respiratória.
• Leito monitorizado (principalmente para pacientes de alto risco).
• Glicosimetria capilar a cada 6 horas nas primeiras 24hs e alvo de glicemia < 180mg/dL
• Ácido Acetil Salicílico via oral - 300mg de ataque e posteriormente 100 mg diários para serem mastigados
Tempo Porta Balão

É considerado o tratamento mais eficiente para crises de


infarto. Quanto mais rápido o atendimento ao paciente
vítima de infarto, melhores são os resultados e menores
as complicações. O tempo máximo ideal para o
atendimento é de 90 minutos, segundo recomendação
da American Heart Association
SINTOMAS CARDIOVASCULARES

A) DOR TORÁCICA:

i. Dor de isquemia miocárdica

ii. Dor origem pericárdica

iii. Dor de origem aórtica

iv. Dor de origem psicogênica


Dor pericárdica
O mecanismo provável da dor da pericardite é
Localização: Retroesternal e se
o atrito entre os folhetos do pericárdio com
irradia para o pescoço e as costas.
estimulação das terminações nervosas ou uma
grande e rápida distensão do saco pericárdico. Tipo: Pode ser do tipo constritiva, peso, ou queimação.

Duração: Costuma ser contínua, durando várias horas.

O que desencadeia ou piora: Não se relaciona


os exercícios, agrava-se com o decúbito
dorsal, com a movimentação na cama, com a
deglutição e a movimentação do tronco.
SINTOMAS CARDIOVASCULARES

A) DOR TORÁCICA:

i. Dor de isquemia miocárdica

ii. Dor origem pericárdica

iii. Dor de origem aórtica

iv. Dor de origem psicogênica


Dor de origem aórtica
• Os aneurismas de aorta > NÃO provocam dor.

• A dissecção aguda de aorta > dor intensa.

• Tipo: Lacerante, intensa e súbita

• Localização: Retroesternal, ou face anterior do tórax,


com irradiação para o pescoço, região interescapular
e ombros.

Durante a crise dolorosa o paciente fica


inquieto, pode comprimir o tórax contra a
parede ou a cama, buscando alívio da dor.
SINTOMAS CARDIOVASCULARES

A) DOR TORÁCICA:

i. Dor de isquemia miocárdica

ii. Dor origem pericárdica

iii. Dor de origem aórtica

iv. Dor de origem psicogênica


Dor de origem psicogênica

A dor de origem psicogênica ocorre em indivíduos com ansiedade e/ou depressão.

• Tipo: Caráter atípico - pontada, pressão

• Localização: A dor limita-se a região mamilar, no nível do ictus cordis.

• Duração: Persiste por horas ou semanas.

• O que desencadeia ou piora: Agrava-se quando o paciente tem contrariedades ou emoções.

• O que melhora: A dor pode desaparecer com analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos.


REFERÊNCIAS
PIEGAS L.S.; et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com
Supradesnível do Segmento ST. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2015; 105(2):1-105

BASSAN, R et al. I Diretriz de Dor Torácica na Sala de Emergência. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, [s.l.], v. 79, p.1-22,
ago. 2002. FapUNIFESP (SciELO).

PIEGAS, L S. et al. III Diretriz sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, [s.l.],
v. 83, p.1-86, set. 2004. FapUNIFESP (SciELO).

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Superintendência de Atenção à Saúde. Linha guia de infarto do miocárdio. –
Curitiba: SESA, 2016. 38 p

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