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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE MEDICINA

CUIABÁ
CADERNINHO DE SÍNDROMES

SUMÁRIO

Síndromes cardiovasculares ----------------------------------------------------- 3

Síndromes pleuropulmonares --------------------------------------------------- 7

Síndromes do aparelho digestivo ----------------------------------------------- 13

Síndromes do aparelho urinário ------------------------------------------------ 22

Síndromes do sistema endócrino ------------------------------------------------ 25

Síndromes osteoarticulares ------------------------------------------------------- 29

Síndromes genéricas --------------------------------------------------------------- 30

Síndromes compressivas ---------------------------------------------------------- 34

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SÍNDROMES CARDIOVASCULARES
Insuficiência Cardíaca

É a incapacidade do coração em manter um débito adequado às necessidades teciduais.

 Insuficiência Ventricular Esquerda (HVCP): A sintomatologia da insuficiência


ventricular esquerda origina-se fundamentalmente da congestão venocapilar pulmonar, com
aumento da pressão hidrostática e acúmulo de líquido no interstício.

Sintomas
- Fadiga
- Cansaço aos esforços
- Dispnéia aos esforços
- Ortopnéia
- Asma cardíaca
- Oligúria
- Nictúria
- Tosse

Sinais
- Ictus desviado para lateral e para baixo, propulsivo, traduzindo um aumento de ventrículo
esquerdo
- Ritmo de três tempos por terceira bulha no ápice
- Paciente dispneico e taquipneico
- Presença de estertores pulmonares
- Alternância cardíaca
- Convergência pressórica

 Insuficiência Ventricular Direita (HVS): Os sinais que caracterizam a insuficiência direita


têm como denominador comum à hipertensão venosa, a qual se junta à retenção de sódio e
água pelos rins.

Sintomas
- Cansaço fácil
- Astenia
- Dor no hipocôndrio direito (pela distensão da cápsula de Glisson)
- Anorexia
- Dor abdominal difusa quando há ascite
- Diarréia (pela estase do tubo intestinal)
- Oligúria

Sinais
- Edema subcutâneo periférico (MMII)
- Ascite
- Derrame pleural geralmente à direita
- Derrame pericárdico
- Turgência jugular
- Hepatomegalia por estase visceral
- Refluxo hepatojugular
- Cianose

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- Ictus desviado para medial e junto ao bordo esternal ou apêndice xifóide, traduzindo aumento do
ventrículo direito (ictus de VD)
- Ritmo de três tempos por terceira bulha

Síndrome da Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)

A combinação de insuficiência ventricular esquerda e direita, com elevadas pressões de enchimento


em ambos os ventrículos, causando hipertensão pulmonar e venosa sistêmica.

Síndrome Hipercinética

Quadro clínico caracterizado por um aumento do débito cardíaco em repouso.

Etiologia
- Anemia
- Tireotoxicose (hipertireoidismo)
- Fístula arteriovenosa
- Beribéri
- Gravidez
- Hepatopatias

Sintomas
- Cansaço
- Dispneia
- Palpitação

Sinais
- Taquicardia
- Presença de venous hum (sopro contínuo na região da veia jugular interna)
- Pulso arterial do tipo célere (em martelo d’água)
- Pressão arterial divergente
- Sopro mesossistólico no 3º espaço intercostal esquerdo (FAA) por aumento da ejeção ventricular
- Terceira bulha
- Quarta bulha na tireotoxicose, associada ao hipertireoidismo
- Hipertermia segmentar nos casos de fístula arteriovenosa

Síndrome do Baixo Débito:


Tem como característica fundamental à diminuição da perfusão dos órgãos e tecidos pela queda do
Débito Cardíaco.

Etiologia
- Redução da volemia
- Falência ventricular esquerda

Sintomas
- Mal-estar geral
- Dispneia
- Apatia
- Fadiga
- Sudorese
- Confusão mental
- Agitação
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Sinais
- Extremidades frias
- Cianose periférica
- Pulsos finos
- Enchimento capilar lento
- Hipotensão
- Pressão convergente
- Oligúria
- Bulhas hipofonéticas

Síndrome da Restrição Diastólica:

É quando há dificuldade à repleção diastólica do coração devido a uma redução da capacidade de


distensão da parede ventricular e conseguinte estase da circulação venosa e diminuição do débito
cardíaco.

Exemplos:
Derrame pericárdico
Pericardite constritiva
Miocardiopatia restritiva

Fisiopatologia: Acontece principalmente na hipertrofia ventricular ou na impossibilidade de


expansão do pericárdio.

Sintomas
- Dispneia progressiva
- Tosse seca

Sinais
Grande congestão venosa com:
- Taquicardia
- Ascite
- Hepatomegalia
- Turgência jugular
- Aumento da pressão venosa
- Pulso paradoxal
- Pressão arterial convergente
- Hipotensão arterial
- Pulso de pequena amplitude
- Enchimento capilar deficiente
- Cianose variável

Síndrome da Hipertensão Arterial Sistêmica

É quando a pressão arterial excede 140x90 mmHg, sendo que a confirmação diagnóstica deve ser
efetuada com mais de uma tomada de pressão e em mais de uma ocasião. Hipertensos são, em
grande parte, completamente assintomáticos.

Sintomas
- Cefaleia
- Tontura
- Zumbido
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- Fatigabilidade
- Palpitação e dispneia de esforço
- Escotomas cintilantes
- Sensação de peso ou pressão na cabeça

Sinais
- Pressão arterial maior que 140x90 mmHg
- Pulsação na crossa aórtica na fúrcula esternal
- Hiperfonese da segunda bulha cardíaca no foco aórtico
- Aumento da intensidade do ictus cordis
- Presença da quarta bulha cardíaca
- Exame das artérias periféricas para ver se são palpáveis
- Fundo de olho: visualização direta das artérias e vênulas

Síndrome Isquêmica do Coração

Isquemia  Falta de elementos do sangue, incluindo oxigênio, devido a uma perfusão inadequada,
resultante de um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio.

Causas
- Doença aterosclerótica das artérias coronárias epicárdicas
- Trombos arteriais
- Espasmos
- Anormalidades congênitas
- Embolia

Tipos de isquemia
 Isquemia crônica (angina do peito estável)
- Típico em H. 50 a 60 anos e M. 65 a 75 anos
- Dor leve
- Melhora com repouso
- Duração de 1-5 minutos
 Isquemia aguda (angina do peito instável)
- Dor mais intensa
- Não há melhora com o repouso
- Duração de 20 minutos (acima disso começa à infartar)

Angina
Tipo de dor: causa um desconforto
Localização: Irradia para os braços, pescoço, garganta, mandíbula, região epigástrica.
Fatores que agravantes e atenuantes: Repouso, esforço físico, estresse emocional, frio.
Duração: 1-5 minutos (angina estável), até 20 minutos (angina instável), acima começa infarto do
miocárdio.
Sintomas que acompanham: Tontura, vertigem, síncope, sudorese.

Infarto do Miocárdio
- Dor prolongada (+ 30 minutos), do tipo constrição, peso sobre esterno.
- Pode irradiar para os braços e região do epigástrio.
- Sudorese profunda, náusea, vômitos, palidez cutânea, febre.
- Paciente ansioso, inquieto, tenta encontrar uma posição adequada.

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Síndromes Arteriais Obstrutivas

Crônicas
- Aterosclerose Obliterante
- Tromboangeíte Obliterante

Agudas
- Embolia
- Trombo in situ

Sintomas

S.A.O. Crônica
- Parestesia ++
- Claudicação intermitente
- Sensação de frio

S.A.O. Aguda
- Parestesia +
- Dor em repouso
- Dor extrema na oclusão do vaso

Sinais

S.A.O. Crônica
- Impotência motora
- Alterações tróficas da pele, músculos e fâneros
- Ulceração
- Gangrena
- Alteração da cor da pele
- Diminuição ou ausência de pulso
- Frêmito ou sopro arterial

S.A.O Aguda
- Frio
- Palidez
- Ausência de pulsos

SÍNDROMES PLEUROPULMONARES
Síndrome do Derrame Pleural

É o acúmulo de líquido no espaço pleural, que pode ser decorrente de várias causas.
Derrame pleural transudativo x exsudativo

Diagnósticos Principais
 ICC (geralmente derrame à direita)
 Hipoproteinemia
 Inflamação
 Neoplasia

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Dados clínicos principais
Sintomas
- Dor torácica
- Dispneia
- Tosse

Exame Físico
Inspeção: Expansibilidade diminuída
Palpação: Expansibilidade diminuída e FTV diminuído
Percussão: Macicez
Ausculta: MV diminuído e egofonia na borda superior do derrame, resultante da compressão
pulmonar.

Exames Complementares
- Rx de tórax
- Ultrassonografia
- Tomografia computadorizada

Síndrome do Pneumotórax

Presença de ar na cavidade pleural.

Etiologia
- Ferida penetrante
- Ferida pulmonar por costela fraturada
- Lacerações de parede torácica
- Rotura de bolha de enfisema
- Abscesso pulmonar
- Cisto de pulmão e caverna de tuberculose
- Pós-cirúrgico
- Iatrogênico (ex.: acesso de a. subclávia)

Classificação
1. Espontâneo
2. Iatrogênico
3. Traumático

Dados clínicos principais


Sintomas
- Tosse
- Dispneia
- Dor pleurítica

Exame Físico
Inspeção: Abaulamento do hemisfério torácico (HT) comprometido, diminuição da expansibilidade,
coração e traqueia desviados para o lado oposto ao comprometimento.
Palpação: Expansibilidade diminuída no HT comprometido, FTV diminuído ou ausente.
Percussão: Hipersonoridade ou timpanismo.
Ausculta: MV diminuído ou ausente.

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Síndrome da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

DPOC compreende um grupo de doenças pulmonares caracterizadas pela limitação crônica do fluxo
expiratório de maneira irreversível (parcial ou total). Essas doenças progridem lentamente durante
meses a anos de observação. A classificação da DPOC é dividida em Bronquite Crônica, Enfisema
Pulmonar ou a associação das duas condições.

Epidemiologia
- A DPOC mata 3 milhões de indivíduos por ano no mundo (2013);
- No Brasil, a prevalência de indivíduos com DPOC é de 7,3 milhões;
- DPOC é a terceira maior causa de morte por doenças não-transmissíveis no Brasil (2013).

Fatores de Risco
- Tabagismo
- Poluição do ar
- História ocupacional
- Fatores genéticos
- Infecções respiratórias na infância

O que é Bronquite Crônica (BC)?

É uma condição inflamatória das vias aéreas em que ocorre uma excessiva produção de muco na
árvore traqueobrônquica. O diagnóstico clínico exige, para seu estabelecimento, a ocorrência de
tosse crônica produtiva por pelo menos três meses/ano por dois anos consecutivos no mínimo, na
ausência de outras doenças.

O que é Enfisema Pulmonar (EP)?

É definido anatomopatologicamente como um aumento permanente e destrutivo dos espaços aéreos


distais aos bronquíolos terminais, sem fibrose e com perda da arquitetura normal.

Manifestações Clínicas do DPOC


Anamnese
Idade: Quinta década
HDA: Tosse produtiva, expectoração, sibilação, dispneia, cianose, cianose, cefaleia matinal, perda
ponderal, manifestações do cor pulmonale, ansiedade, depressão e distúrbios do sono.
História Social: Tabagismo

Exame Físico
Inspeção: Tórax em tonel, tiragem intercostal inspiratória, postura sentada em tripé típica,
hipocratismo digital (dedos em baqueta).
Palpação: FTV normal ou diminuído, expansibilidade diminuída.
Percussão: Hipersonoridade.
Ausculta: MV diminuído, tempo expiratório aumentado, estertores inspiratórios grosseiros e roncos,
especialmente nas bases.

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Tipos do paciente com DPOC

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PP (pink puffer) ou soprador róseo e BB (blue bloater) ou azul pletórico

Pink Puffer
- Enfisematoso
- Magro
- Fácies angustiada
- Dispneia intensa
- Utilização do “ponto de ancoragem”
- Pouca expectoração e infecção
- Raramente edema e Insuficiência Cardíaca
- Gasometria quase normal
- Hematócrito não tão alto
- Obstrução grave
- Aumento da capacidade respiratória total
- Aspecto radiológico

Blue Bloater
- Gordo, brevelíneo
- Fácies de “dorminhoco”
- Dispnéia discreta
- Não utiliza o “ponto de ancoragem”
- Expectoração com infecção
- Edema e insuficiência cardíaca congestiva (cor pulmonale)
- Hipercapnia, hipoxemia
- Aumento do bicarbonato, policitemia
- Hematócrito muito alto
- Discretos sinais de obstrução
- Capacidade respiratória total normal

Exames Complementares
Avaliação funcional
Espirometria
Estágio I (doença leve): VEF > 50 % do valor previsto
Estágio II (doença moderada): VEF de 35 à 49 % do previsto
Estágio III (doença grave): VEF < 35 % do previsto
Gasometria arterial (estágios II e III)
Testes de difusão com monóxido de carbono

Avaliação de Imagens
Radiografia
Tomografia computadorizada

Diagnóstico diferencial
 Asma
 Insuficiência Ventricular Esquerda (HVCP)
 Fibrose cística
 Bronquiatelectasia

Cor Pulmonale Crônico

Dilatação do VD secundária à anormalidades dos pulmões, do tórax, da ventilação pulmonar ou da


circulação.

Manifestações Clínicas
Sintomas
- Dispneia
- Fadiga
- Dor torácica (pode ter características de angina)
- Síncope

Exame Físico
- Pele quente
- Pulso célere
- Hipofonese de bulhas cardíacas
- Ritmo de galope protodiastólico (B3) à direita
- Sopro sistólico de insuficiência tricúspide
- Sinais de insuficiência cardíaca direita (edema periférico, turgência jugular, refluxo hepatojugular)

Exames Complementares
Ecocardiograma
Provas de função pulmonar
Radiografia de tórax
ECG

Quais outras doenças podem evoluir para Cor Pulmonale Crônico?


 Perda extensa de tecido pulmonar por cirurgia ou trauma
 Embolia pulmonar crônica
 Doença veno-oclusiva pulmonar
 Doenças de colágeno
 Fibrose pulmonar
 Hipertensão pulmonar primária e etc.

Síndrome de Atelectasia Pulmonar


Atelectasia
- Desaparecimento de ar dos alvéolos, sem que o espaço seja ocupado por células ou exsudato.
- Ventilação reduzida e fluxo sanguíneo conservado  desproporção entre ventilação/perfusão e
hipoxemia.

Quadro Clínico
Quanto maior a área comprometida, mais intensas serão as manifestações clínicas:
- Dispneia
- Sensação de desconforto
- Tosse seca

Exame Físico
Inspeção: Expansibilidade diminuída, retração ou tiragem intercostal.
Palpação: FTV diminuído ou abolido.
Percussão: Macicez ou submacicez.
Ausculta: Respiração broncovesicular, MV abolido e ressonância vocal diminuída.

Classificação pelo carácter evolutivo


1) Atelectasias de início brusco
- Ligadas à obstrução brônquica (corpo estranho ou rolhas de exsudato).
- Constituem o início histopatológico de praticamente todos os processos broncopneumônicos e
pneumônicos.
2) Atelectasias de evolução lenta e progressiva
- Por obstrução intrínseca, geralmente infiltração neoplásica maligna ou câncer brônquico.
- Por obstrução extrínseca: hipertensão abdominal com levantamento de diafragma (ascite, por
exemplo).

Classificação de acordo com a patogênese


1) Discóide ou laminar
2) Variegada
3) Passiva por relaxamento ou compressão
4) Obstrutiva
5) Redonda

Exames Complementares
Radiografia do tórax
Broncoscopia

Síndrome de Condensação Pulmonar

A condensação do parênquima pulmonar caracteriza-se pela ocupação dos espaços alveolares por
células e exsudato.

Sintomas Gerais
Dependem da agressividade do agente biológico (vírus, bactérias, fungos etc.) e da resistência do
receptor:
- Febre
- Mal-estar
- Inapetência
- Prisão de ventre
Sintomas respiratórios comuns a todas as condensações
- Tosse seca ou produtiva
- Dor
- Dispneia inspiratória e expiratória com polipneia nos processos obstrutivos
- Cianose
- Dispneia de pequena amplitude e de frequência elevada, taquipneia nas condensações
relativamente extensas.
- Dedos hipocráticos
- Artropatia pulmonar

Exame Físico
Inspeção estática: retração regional, com atrofias muscular e tegumentar.
Inspeção dinâmica: inversão ou acentuação do tipo respiratório normal; expansão respiratória
diminuída na região correspondente à condensação.
Palpação: expansão respiratória diminuída na região da condensação; FTV aumentado nas
condensações; elasticidade pulmonar diminuída na manobra de Lasègue.
Ausculta: respiração brônquica substituindo o murmúrio vesicular; sopro tubário; broncofonia ou
egofonia; pectorilóquia; estertores crepitantes.

Diagnósticos prováveis
 Pneumonia lobar ou outras pneumonias
 Broncopneumonia
 Tuberculose pulmonar
 Supurações pulmonares
 Fibroses pulmonares
 Congestão Passiva Crônica (da asma cardíaca, do edema agudo do pulmão e da embolia
pulmonar, com ou sem infarto pulmonar)

SÍNDROMES DO APARELHO DIGESTIVO


Diarreia
Evacuação de fezes de consistência amolecida, numa frequência maior que a normal. Suas
complicações incluem distúrbios hidroeletrolíticos, desnutrição e avitaminoses.
Início e duração
Agudas, com início súbito em pessoa antes sadia;
Crônicas, de longa duração, geralmente intermitentes.
Sinais e sintomas
- Borborigmos à palpação
- Dor à palpação profunda
- Peristaltismo aumentado
- Sinais e sintomas referentes à doença de base

Tipos
Síndrome Diarreica Alta

Evacuações volumosas e em pequeno número (até 10x/dia); náusea ou vômitos associados;


presença ou não de cólicas periumbilicais, sem urgência de evacuação; presença de restos
alimentares nas fezes (creatorréia); fezes pastosas.

Etiologia
Agudas
- Salmonelas
- Estafilococos e estreptococos
- Vírus
- Antibióticos
- Álcool, celulose ou ingesta de outras substâncias irritantes
- Catárticos
- Intoxicação digitálica

Crônicas
- Estrongiloidíase
- Giardíase
- AIDS (germes oportunísticos como isospora e criptosporidium)
- Síndrome da má absorção
- Insuficiência gástrica, pancreática e biliar
- Afecções do intestino delgado

Síndrome Diarreica Baixa

Evacuações de pequeno volume e muito frequentes (+ 10x/dia); presença de tenesmo (vontade de


evacuar seguida de contração espasmódica do reto, sem eliminação de fezes – sensação de fezes no
reto); cólicas infra-umbilicais com urgência de evacuação; presença de muco, pus e/ou sangue;
fezes liquefeitas.

Etiologia
Agudas
- Shiguelose
- Diverticulite
- Amebíase
- Catárticos

Crônicas
- Cólon irritável
- Carcinoma de cólon
- Amebíase
- Colite ulcerativa
- Suboclusões
- Alergia alimentar
- Hipertireoidismo
- Doença de Adisson
- Síndrome carcinoide

Mistas: Simultânea ou sucessivamente, apresenta ambas as características.

Síndrome da Má-absorção

As síndromes de má-absorção ocorrem nas doenças associadas à digestão e/ou à absorção


insuficiente dos alimentos. Apresentam um aspecto comum, a esteatorréia (perda excessiva de
gordura nas fezes). Apresenta como complicações a baixa resistência imunológica e infecções
frequentes.

Etiologia
- Insuficiência gástrica (gastrite atrófica, pós-gastrectomia, anemia perniciosa)
- Hiperacidez gástrica – Síndrome de Zollinger-Ellison
- Insuficiência pancreática (pancreatite crônica, pós-pancreatectomia)
- Obstrução biliar – Aceleração do trânsito
- Ressecções intestinais extensas
- Diminuição da superfície de absorção (pós-ressecção, fístulas, enterite regional, neoplasias,
amiloidose, tuberculose, estrongiloidose)
- Ausência de enzimas digestivas intracelulares (dissacaridases, dipeptidase – enteropatia por
glúten)
- Gastroileostomia inadvertida
- Mecanismos inespecíficos de transporte diminuídos
- Fluxo vascular intestinal diminuído
- Flora intestinal anormal (divertículos; alças cegas; obstrução parcial na enterite regional, no
linfoma e após irradiação; neuropatia visceral por diabetes mellitus, amiloidose e esclerodermia;
espru tropical)

Não esclarecidas totalmente


- Espru tropical
- Espru não-tropical (doença celíaca)
- Enteropatia por glúten (doença celíaca do adulto)

Sintomas
- Diarreia
- Fraqueza
- Emagrecimento
- Parestesias
- Dores ósseas
- Tetania
- Flatulência
- Dor e desconforto
- Sangramentos

Sinais
- Edema
- Emaciação
- Distensão abdominal
- Hipotensão
- Queilose
- Glossite
- Anemia
- Equimoses
- Desidratação

Exames Complementares
- Exame de fezes : parasitológico
- Gordura fecal de 24 horas
- Caroteno sérico
- Excreção de d-Xilose
- Teste de Schilling
- Eletrólitos (Na, Cl, K, Ca, P) e equilíbrio ácido-básico
- Ferro sérico
- Teste da trioleína e ácido oleico marcados
- Excreção da proteína marcada
- Hemograma
- Trânsito de delgado
- Biópsia de jejuno
- Relativos à doença de base

Síndrome Disfágica

É uma síndrome que causa uma dificuldade no transporte do bolo alimentar da faringe ao estômago.
O paciente com disfagia torna-se, primeiro, consciente da deglutição para depois notar interferência
ou desconforto na passagem do bolo alimentar, que se situa em qualquer altura, desde a região da
orofaringe até o epigástrio.

Etiologia
Disfagia orofaríngea
- Poliomielite, siringomielia, esclerose múltipla, AVEH, mal de Parkinson
- Miastenia gravis, amiloidose e esclerodermia
- Difteria ou neurite do nervo glossofaríngeo, hiper ou hipotireoidismo
- Faringite aguda, tonsilites, abscessos retrofaringeanos, carcinoma, tuberculose ou sífilis.

Disfagia esofágica
- Carcinoma
- Estenose péptica do esôfago (DRGE)
- Divertículo de Zenker
- Acalasia, megaesôfago
- Esclerodermia

Quadro Clínico
- Refluxo de alimento pelo nariz e tosse
- Pirose durante anos, precedendo a disfagia
- Odinofagia tardia
- Regurgitação frequente
- Disfagia alta: gargarejo sentido no pescoço na deglutição de líquidos, regurgitação ocasional de
alimentos deteriorados.
- Sensação de pressão subesternal, dor, disfagia e eructações frequentes, dor anginóide.
- Fenômeno de Raynaud, edema elástico, pele esticada.
- Sialorréia

Síndrome Cloridopéptica

Síndrome caracterizada por sintomas relacionados à produção excessiva de secreção gástrica pelo
estômago, em que a dor epigástrica é o sintoma predominante.

Etiologia
- Hiperfunção das células G antrais congênita
- Gastrinoma (síndrome de Zollinger-Ellison)
- Iatrogênica: uso de AINES
- Distúrbios congênitos do duodeno
- Estresse crônico

Quadro Clínico
Sintomas
- Dor epigástrica em queimação, aliviada com frequência pela alimentação, piorada durante longos
períodos sem alimentação, horário da dor muitas vezes é determinado pelo paciente.
- Pirose e regurgitação ácida
- Desconforto epigástrico
- Hematêmese, melena.

Sinais
- Aumento da sensibilidade à palpação do epigástrio
- Abdome em tábua
- Timpanismo em região de macicez hepática

Conduta Propedêutica
Seriografia esôfago-gástrica-duodenal
EDA
pHmetria de 24 horas
Cintilografia gastro-esofágica
Manometria esofágica
Prova de perfusão ácida

Síndrome Ictérica

É uma síndrome caracterizada por hiperbilirrubinemia e deposição de pigmentos biliares no


tegumento, o que empresta cor amarelada mais ou menos intensa à pele e mucosas dos pacientes.

Classificação e etiologia
Pré-microssomais
- Anemia hemolítica congênita
- Anemia hemolítica adquirida
- Hiperbilirubinemia de shunt ou desvio
Microssomais
- Doença de Gilbert
- Doença de Crigler – Najjar
- Hepatites e cirroses
- Icterícia fisiológica do recém-nato e dos prematuros
- Icterícia ou síndrome de Lucey-Driscoll
- Icterícia iatrogênica (drogas, como a novobiocina; contrastes, como o ácido iodopanóico)
Pós-microssomais
- Hepatites
- Cirroses
- Síndrome de Rotor e Dubin-Johnson
- Síndrome de Summerskill-Walshe
- Síndrome de Buler
- Síndrome de Tygstrup
- Síndrome de Arias
- Colestase intra-hepática decorrente da gravidez
- Colestase extra-hepática: tumores periambulais, calculose
- Iatrogênica: anovulatórios

Quadro Clínico
Sintomas
Casos mais acentuados de icterícia obstrutiva:
- Prurido cutâneo
- Diarreia e esteatorréia
- Náusea, vômitos e empachamento (plenitude gástrica)
- Colúria ou urina de cor normal nas icterícias hemolíticas
Sinais
- Coloração amarelada da pele e mucosas (diferenciar de hipercarotenemia ou uso de medicamento
como a atebrina)
Nos casos mais graves:
- Coloração amarelada vai se transformando em esverdeada (icterícia verdínea)
- Bradiacardia (por impregnação do sistema de condução cardíaco

Em neonatos pode ocorrer icterícia nuclear ou kernicterus – por IFNN ou DHRN


Sinais de kernicterus
- Recusa de alimentos
- Letargias
- Hipotonias
- Vômitos
- Opistótono
- Paralisia do olhar para cima
- Convulsões
Pode haver lesões permanentes: surdez neural, paralisia cerebral, retardo mental, displasia de
esmalte e manchas nos dentes.

Síndrome da Insuficiência Hepática

É a síndrome que ocorre quando o limiar funcional do fígado é ultrapassado.

Classificação
Insuficiência Hepatocelular Crônica: Encontrada nas graves hepatopatias (cirroses, hepatites,
crônicas)
Insuficiência Hepatocelular Aguda (pode haver coma hepático): Encontrada como episódio
agudo, frequentemente terminal, de hepatopatias agudas (hepatites fulminantes) ou crônicas
(cirroses, hepatites crônicas).

Fatores precipitantes de coma hepático


- Hemorragia digestiva
- Dieta hiperproteica
- Infecções intercorrentes
- Uso de diuréticos
- Vômitos e diarreia
- Estresse cirúrgico
- Depressão hidroeletrolítica
- Uso de entorpecentes, barbitúricos e tranquilizantes
- Metionina

Etiologia
- Cirrose
- Hepatite crônica
- Hepatite fulminante

Quadro Clínico associado à insuficiência hepatocelular


 Icterícia
 Edema
 Alterações de fâneros
 Hipertrofia de parótidas
 Atrofia da bola de Bichat e panículo adiposo em geral
 Aranhas vasculares e palmas hepáticas (eritema palmar)
 Tendências hemorrágicas: equimoses, epistaxe, melena etc
 Manifestações endócrinas: síndrome da feminilização

Síndrome da Hipertensão Portal

É o quadro sindrômico resultante de qualquer obstáculo ao tronco porta ou a um de seus ramos,


intra ou extra-hepático.

Etiologia
 Pré-sinusoidal
- Trombose porta
- Transformação cavernosa da veia porta
- Trombose da veia esplênica
- Fibrose congênita
- Esquistossomose
- Linfoma
- Doenças granulomatosas
 Pós-sinusoidal
- Cirrose
- Hepatopatias
- Esquistossomose avançada

Quadro Clínico
Sintomas
- Dispneia
Sinais
- Circulação colateral superficial (visíveis na região abdominal e torácica)
- Ascite
- Esplenomegalia
- Hepatomegalia
Obs.: Vários sinais e sintomas resultam dos quadros clínicos de insuficiência hepatocelular e
hipertensão portal comumente associados.

Síndrome Ascítica

É a presença de líquido na cavidade abdominal.

Etiologia
- Cirrose hepática
- Carcinomatose peritoneal
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Peritonite tuberculosa

Tipos de ascite
 Hemorrágica
 Pancreática
 Biliar
 Quilosa
 Urinária
 Mucinosa

Quadro Clínico
O exame físico compreende inspeção e percussão, devendo ser realizado primeiramente com o
paciente em pé e depois deitado.
Sintomas
- Desconforto
- Dispneia por compressão do diafragma

Sinais
- Atitude lordótica (contrabalanceia o peso da coluna líquida que o inclina para frente)
- Abdome globoso, indiferente à posição do paciente
- Abdome batráquio quando deitado
- Herniações
- Sinal de piparote – grande volume
- Macicez móvel e sinal da poça – médio e pequeno volume

Síndrome Hemorrágica Digestiva Alta

Qualquer sangramento que ocorra acima do ligamento de Treitz (ligamento duodenojejunal)

Etiologia

- Úlcera péptica duodenal (40 – 50%)


- Lesão aguda da mucosa gastroduodenal (25%)
- Úlcera gástrica
- Varizes esofágicas (20%)
- Síndrome de Mallory Weiss (5 – 15%) – Vômitos dos bêbados
- Esofagites
- CA gástrico

Sinais e sintomas
- Hematêmese
- Melena
- Hematoquesia (quando o peristaltismo está aumentado)
- Sangue oculto nas fezes
- Casos de enterorragia (hemorragia alta volumosa)
Em caso de sangramento maciço
- PA sistólica < 100 mmHg (em paciente previamente normotenso)
- FC > 110 bpm
- Hipotensão postural
- Oligúria (diurese menor que 400 mL/dia
- Sede
- Sinais de vasoconstrição periférica

Síndrome de Hemorragia Digestiva Baixa

Qualquer sangramento que ocorra abaixo do ligamento duodenojejunal

Etiologia
Doenças do intestino delgado
Doenças do canal anal
- Hemorróidas
- Fissuras anais
- Tumores
Doenças do reto e cólon
- Doenças diverticular
- Angiodisplasias
- Tumores malignos e benignos (pólipos)
- Colites (Inflamatórias idiopáticas, Retocolite ulcerativa, Doença de Crohn, Colite infecciosa,
Colite isquêmica, Colite actínica – radioterapia, Colite induzida por antibióticos – colite
pseudomembranosa).

Sinais e sintomas
- Sangue oculto nas fezes
- Melena (caso a hemorragia ocorra em cólon direito e o trânsito intestinal seja lento)
- Hematoquesia
- Enterorragia (passagem de sangue vermelho vivo pelo reto, com ou sem a presença de fezes)
Em caso de sangramento maciço
- PA sistólica < 100 mmHg (em paciente previamente normotenso)
- FC > 110 bpm
- Hipotensão postural
- Oligúria (diurese menor que 400 mL/dia
- Sede
- Sinais de vasoconstrição periférica

Exames
- HDA: fezes, hemograma, uréia e creatinina, função hepática, radiológico, endoscopia.
- HDB: fezes, hemograma, uréia e creatinina, função hepática, radiológico, retossigmoidoscopia,
colonoscopia, cintilogia, arteriografia

Síndrome de Obstrução Intestinal

É uma condição em que há uma falha na progressão normal do conteúdo intestinal, seja por barreira
física, seja por distúrbio funcional da força propulsora da musculatura intestinal.

Causa mais frequente de obstrução intestinal


- Hérnia externa
- Brida
- Câncer
- Invaginação
- Hérnia interna

Obstrução Alta
Quadro Clínico
- Dor
- Vômito
- Retenção de gases e fezes
- Distensão abdominal
Diagnóstico
É clínico.
Diagnóstico por imagem
- Radiografias simples em três incidências: RX de tórax, RX simples de abdome, em decúbito
dorsal, RX simples de abdome, em ortostatismo.
- Exames contrastados
- Tomografia computadorizada
- Ressonância magnética

Obstrução Baixa
Quadro Clínico
- Dor
- Retenção de gases e fezes
- Distensão abdominal
- Vontade de exonerar os intestinos, mas não consegue
Diagnóstico
Exame físico.
Diagnóstico por imagem
- Radiografia simples do abdome em posição ortostática e RX simples do abdome, em decúbito
lateral
- Retossigmoidoscopia
- Colonoscopia
- Clister (enema) opaco
- Tomografia computadorizada

SÍNDROMES DO APARELHO URINÁRIO

Síndrome da Insuficiência Renal Aguda (IRA)

Redução súbita da função renal, levando ao acúmulo, no sangue, de produtos resultantes do


metabolismo nitrogenado (uremia)  Ureia, creatinina e ácido úrico.

Exemplos dos tipos e suas causas:


- Pré-renal: diminuição do fluxo sanguíneo renal
- Renal: necrose tubular extensa
- Pós-renal: obstrução do trato urinário (neoplasias, abscessos)

Sintomas
- Sede intensa
- Oligúria
- Anúria (menos de 50 mL/dia; rara)
- Náusea
- Vômitos
- Apatia
- Tremores
- Fasciculações musculares
- Sangramentos (distúrbios de coagulação)
- Anorexia

Sinais
- Hipotensão ortostática
- Taquicardia
- Veias do pescoço colabadas quando o paciente está deitado
- Secura da pele e mucosas
- Redução do turgor da pele
- Edema
- Hálito urêmico
- Respiração de Kussmaul
- Confusão mental

Síndrome da Insuficiência Renal Crônica

É o quadro clínico decorrente da perda progressiva e irreversível da função renal.

Sinais e sintomas
- Fraqueza e fadiga facial
- Soluço
- Náusea e vômitos
- Prurido
- Anorexia
- Hálito urêmico
- Nictúria
- Poliúria e oligúria
- Aparência debilitada
- Edema
- Anemia (diminuição da eritropoietina)
- Palidez
- Confusão mental

Causas
- DM
- HAS
- Glomerulonefrites
- Nefrite intersticial

Síndrome Nefrótica

Síndrome caracterizada pela tríade clássica: proteinúria, hipoalbuminemia e edema.

Etiologia
- Idiopática
- Doenças sistêmicas
- Drogas e alérgenos
Outras

Sintomas
- Edema (mais pronunciado do que na nefrítica)
- Náusea/vômitos
- Anorexia

Sinais
- Proteinúria maciça, superior a 0,10 g/kg de peso corporal (superior a 3,5 g/dia)
- Hipoalbuminemia
- Edema generalizado
- Hipercolesterolemia
- Desnutrição
Síndrome Nefrítica

É o correlato clínico da inflamação glomerular aguda, caracterizado pela tríade: hematúria, HAS e
edema.

Sintomas
- Edema matinal
- Cefeleia, alterações mentais, tontura
- Oligúria
- Urina escura “cor de chá mate ou Coca cola” – hematúria

Sinais
- Edema
- HAS (decorrente da menor taxa de filtração glomerular)

Síndrome de Infecção urinária alta e baixa

A infecção pode apresentar-se sob diversas formas, localizações e modos de evolução. Pode ser
dividida em:
 Infecção do trato urinário alto: incidência no rim e pelve renal; Ex.: pielonefrite aguda e
crônica.
 Infecção do trato urinário baixo: incidência na bexiga, uretra e próstata. Ex.: cistite, uretrite e
prostatite.
Obs.: Cistite e pielonefrite aguda podem ocorrer juntamente (refluxo vesico-ureteral).

Sinais e sintomas
ITU alto
- Febre alta de aparecimento súbito
- Calafrios
- Dor no flanco acometido
- Náusea e vômitos
- Prostração (paciente debilitado)
ITU baixo
- Disúria
- Polaciúria (paciente urina frequentemente e em pouca quantidade)
- Urgência miccional
- Piúria (aumento de leucócitos na urina)
- Estrangúria

SÍNDROMES DO SISTEMA ENDÓCRINO

Fisiologia Tireoidiana
Síndrome do Hipotireoidismo

É a síndrome clínica provocada pela secreção diminuída do hormônio tireóideo (T3 e T4) pela
glândula tireoide, e pode ser ocasionada por diversas doenças. A disfunção pode ocorrer na própria
tireoide, na hipófise ou no hipotálamo.

Incidência
- Em regiões com suprimento de iodo adequado, como nos EUA, ocorre hipotireoidismo em 0,8 à
1% da população;
- Nas regiões do mundo com deficiência de iodo, a incidência é de 10 à 20 vezes maior;
- Ocorre hipotireoidismo neonatal em frequência de 0,02% na população branca, ao passo que, entre
negros, a taxa cai para 0,003%.

Etiologia e Patogenia
 Hipotireoidismo Primário
 Quantidade insuficiente de tecido tireóideo
- Destruição do tecido por processo autoimune (Hashimoto)
- Destruição do tecido por procedimentos iatrogênicos (cirurgias e radiação)
- Destruição do tecido por processos infiltrativos (neoplasias)
 Defeito na biossíntese de tecido tireóideo
- Defeitos enzimáticos congênitos
- Mutações congênitas no receptor do TSH
- Deficiência ou excesso de iodo
- Induzido por fármacos que contenham iodo ou lítio
 Hipotireoidismo Secundário
 Hipofisário
 Hipotalâmico
 Hipotireoidismo Transitório
 Tireoidite silenciosa e subaguda
 Suspensão da tiroxina
 Resistência generalizada ao hormônio tireóideo

Quadro Clínico
No Neonato:
- Choro rouco
- Lanugem fetal
- Icterícia prolongada
- Língua protusa
- Macroglossia
- Apatia
- Hipotonia
- Dificuldade para sugar
- Obstipação
- Hérnia umbilical
- Abdome protuso

No Adulto:
Sintomas
- Cansaço e fraqueza
- Pele seca
- Intolerância ao frio
- Queda de pelos e cabelos
- Dificuldade de concentração e memória fraca
- Constipação intestinal
- Ganho ponderal com inapetência
- Voz rouca (devido ao mixedema – cordas vocais)
- Menoragia
- Parestesias
- Cãibras musculares
- Deficiência auditiva

Sinais
- Pele seca e áspera
- Extremidades frias
- Face, mãos e pés inchados
- Alopécia difusa
- Bradicardia
- Hipertensão arterial
- Depressão do impulso respiratório
- Reflexos tendinosos retardados
- Derrames em cavidades serosas
- Ataxia cerebelar

Síndrome do Hipertireoidismo

Consiste no aumento da síntese e da liberação do hormônio tireóideo pela glândula tireoide.

 Tireotoxicose
Síndrome clínica resultante da exposição dos tecidos à quantidade excessiva de hormônio tireóideo.
Pode estar relacionado ao hipertireoidismo ou não.

Principais causas de hipertireoidismo


- Doença de Graves
- Adenoma tóxico
- Bócio multinodular tóxico
- Tumores hipofisários produtores de TSH
- Mola hidatiforme
- Coriocarcinoma
- Câncer folicular
- Efeito Jodebasedow
- Tireoidite

Manifestações Clínicas
Sintomas
- Nervosismo, labilidade emocional, cansaço agitado
- Palpitações
- Evacuações frequentes
- Fraqueza muscular
- Sudorese excessiva

Sinais
- Tremor fino das mãos
- Hiperreflexia profunda
- Taquicardia sinusal
- Fibrilação atrial
- Alargamento da pressão diferencial
- Hiperfonese de B1
- Sopro sistólico
- Hipermotlidade gastrointestinal
- Atrofia muscular
- Pele quente, lisa e úmida, cabelos finos, queda dos cabelos, onicólise (descolamento de unhas).
- Perda de peso
- Bócio, que não ocorre em todos os casos

Síndrome Diabetes Mellitus

Grupo de distúrbios metabólicos comuns que acompanham o fenótipo da hiperglicemia.

Etiologia
Interação entre fatores genéticos, ambientais e estilo de vida.
Classificação
- Diabetes tipo I
- Diabetes tipo II
- Outros tipos específicos de diabetes
- Diabetes Gestacional

Patogenia
- Diabetes tipo I – insulino-dependente: devido a destruição das células beta-pancreáticas por
processo auto-imune ou idiopático. O pico de incidência do diabetes tipo 1 ocorre dos 10 aos 14
anos de idade, mas casos de diabetes tipo I tardios também são notificados.
- Diabetes tipo II – não-insulino-dependente: É o tipo de cerca de 90% dos casos de diabetes. Apesar
de a patogenia da DMII não estar totalmente esclarecida, a tese mais aceita é que há uma diminuição na
resposta dos receptores de glicose presentes no tecido periférico à insulina, levando ao fenômeno de
resistência à insulina. As células beta do pâncreas aumentam a produção desse hormônio e, ao longo dos
anos, a resistência à insulina acaba por levar as células beta à exaustão. A incidência da doença é mais
frequente após os 40 anos de idade, com pico de incidência ao redor dos 60 anos.

Fisiopatologia
Complicações metabólicas agudas:
- Hiperglicemia
- Cetoacidose
- Síndrome hiperosmolar não-cetótica

Sintomas
- Polidipsia
- Poliúria
- Polifagia
- Emagrecimento
- Prurido genital (infecção recorrente por cândida)
- Astenia
- Borramento visual
- Cãibras
- Parestesias
- Prurido sem lesões cutâneas aparentes
- Cicatrização demorada de ferimentos
- Dor abdominal, náusea e outros sintomas gastrintestinais
- Anorexia
- Convulsões
- Hipotensão ortostática
- Tonturas e vertigens
Sinais
- Obesidade com acúmulo de gordura no abdome (obesidade central)
- Desidratação e perda da consciência
- Redução da pressão venosa jugular
- Taquicardia
- Respiração rápida e profunda (padrão de Kussmaul)
- Hálito cetônico
- Reflexos plantares extensores
- Afasia
- Déficits hemissensoriais e motores

Complicações diabéticas crônicas


- Retinopatia: não-proliferativa e proliferativa
- Outras complicações oculares: glaucoma e catarata
- Nefropatias
- Neuropatias diabéticas
 Neuropatia sensório-motora distal
 Neuropatia sensorial aguda
 Neuropatia motora proximal
 Mononeuropatias
 Neuropatia autônoma
 Alterações de sensibilidade vibratória
 Paralisias isoladas de pares cranianos (VI par)
 Alterações de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa
- Pé diabético (pela hipossensibilidade – mal perfurante plantar)
- Aterosclerose
SÍNDROMES OSTEOARTICULARES
Síndrome Artrítica

Afecções articulares que apresentam como característica fundamental a inflamação dos tecidos
intra-articulares, de etiologia conhecida e, também, aquelas nas quais não existe uma etiologia
definida, mas a patogenia é comum, demonstrando semelhança na sua instalação e no seu
desenvolvimento.
Dados importantes da anamnese
- Caracterização da dor
- Acometimento articular simétrico ou não
- Perda ponderal
- Febre
- Idade
- Sexo
- Profissão

Tipos e causas
- Monoartrites
 Tuberculosa
 Gonocócica
 Gota (predominante em homens – hiperuricemia)
 Artrite piogênica
- Poliatrites
 Migratória: febre reumática
 Progressivas e cumulativas: atrite reumatoide, LES, PAN, dermatomiosite, esclerodermia,
gota

Sinais e sintomas
- Dor articular
- Edema
- Hipertermia local
- Rubor
- Incapacidade funcional
- Sintomas gerais frequentes

Complicações
- Deformidades
- Anquiloses

Síndrome Artrósica

A artrose é uma doença articular degenerativa, caracterizada pela erosão progressiva de cartilagem
articular, que acomete indivíduos de ambos os sexos na idade madura, em geral após a quinta
década de vida, sendo a obesidade um fator predisponente.

Osteoartrose periférica
 Dor limitada às articulações, em “fisgadas”, especialmente com movimento e carga, mais
intensa pela manhã (rigidez matinal)
 Rigidez articular
 Incapacidade funcional
 Nodos de Heberden e Bouchard (tumefações nas articulações falangeais)
 Crepitação
 Sintomas inflamatórios são pouco frequentes
 Ausência de sintomas gerais
Osteoartrose central (coluna)
 Dor radicular, espasmos, atrofias musculares, parestesias
 Cefaleia
 Cervicalgia
 Dor irradiada ao tórax, membros superiores e região escapular
 Dor torácica, lombar (Lasègue pode ser positivo)
 Hipertonia da musculatura paravertebral
 Piora da dor com mobilização da coluna e pela compressão das apófises espinhosas e
regiões paravertebrais

Etiologia
A artrose é causada por sobrecarga das articulações
- Obesidade é fator predisponente
- Malformações
- Ocupações que exijam constante estresse articular
- Idade avançada

SÍNDROMES GENÉRICAS
Síndrome Edemigênica

Resulta da expansão do componente intersticial do líquido extracelular, sendo o edema, com suas
diversas características, o principal achado clínico.

Classificação fisiopatológica do edema


Todos podem ser considerados resultantes de um desequilíbrio entre as forças que regulam as trocas
vásculo-tissulares de líquido.
LEI DE STARLING: Pf = Ph - [(Pop - Poi) + R]
Classificação quanto a causa:
- Aumento da pressão hidrostática capilar
- Diminuição da pressão oncótica do plasma
- Aumento da permeabilidade capilar
- Diminuição da drenagem linfática
- Aumento da pressão oncótica do tecido intersticial
- Retenção de Na, Cl e água por aumento da concentração hormonal

Tipos Clínicos fundamentais de Edema


- Edema da ICC
- Edema Renal Síndrome Nefrítica/Nefrótica
- Edema da cirrose hepática
- Linfedema
- Edema alérgico (angioedema)
- Edema na trombose venosa (tromboflebite)
- Edema Varicoso
- Mixedema (acúmulo de mucopolissacarídeos no tecido conjuntivo – hidrofílico)

Síndrome Adenomegálica

É o aumento do volume do(s) linfonodo(s) às custas da proliferação ou expansão de um ou mais de


seus componentes celulares ou pela infiltração de células e substâncias estranhas.
Avaliação Clínica
Anamnese
- Idade
- Início e modo de evolução
- Sintomas sistêmicos associados (febre, sudorese, perda de peso, fadiga, tosse)
- História de infecção, traumatismo, medicação, viagens, processos malignos anteriores.
Exame Físico
- Localização
- Distribuição (localizada ou generalizada)
- Tamanho
- Consistência (fibroelástica, mole, dura)
- Mobilidade
- Coalescência (aderência à planos profundos)
- Sensibilidade
- Estado da pele e adjacências (sinais flogísticos)

Causas e Diagnóstico Diferencial


- Causa inespecífica
- Infecção
- Distúrbios benignos do sistema imune
- Processos malignos metastáticos

Investigação Laboratorial
- Hemograma
- Sorologia
- Radiografia de tórax
- Outras técnicas de imagem
- Biópsia

Síndrome Linfoproliferativa

É a proliferação maligna de células da linhagem linfocitária dos órgãos linfoides, especialmente dos
gânglios linfáticos. Os linfomas constituem os principais representantes desta síndrome.

Sinais e sintomas
- Astenia
- Febre
- Anorexia
- Emagrecimento
- Adeno-, hepato- e esplenomegalias
- Palidez cutâneo-mucosa
- Prurido cutâneo
- Hemorragias cutâneo-mucosa
- Dor (principalmente óssea)
- Tosse e dispneia
- Sinais de hipertensão intracraniana (cefaleia, vômito, paralisia ou paresia de NC, convulsões e
distúrbios visuais)
- Deficiências neurológicas sensitivo-motoras
- Priapismo (ereção duradoura sem libido)

Síndrome Febril

Febre
 Refere-se à elevação da temperatura corporal para um nível acima do normal, isto é,
superior à 37,5 ºC, provocada pelo reajuste do centro termorregulador no bulbo.
 Em geral, seu grau reflete a gravidade do processo inflamatório.
As medições:
 Oral
 Retal
 Na membrana timpânica
 Na artéria pulmonar
São mais confiáveis do que a temperatura axilar

Sinais e sintomas
- Anorexia
- Mal estar
- Mialgias
- Cefaléia
- Sudorese noturna
- Sudorese, calafrios e tremores

Doenças com grande frequência de associação


- Doenças das vias aéreas superiores
- Infecções das vias urinárias
- Celulites
- Abscessos superficiais
- Pneumonia
- Bacteriemia

Febre de origem indeterminada


“Doença com mais de três semanas de duração com temperaturas superiores à 38,3 ºC, em que não
possível se estabelecer um diagnóstico, apesar de uma avaliação adequada no consultório ou no
hospital”.

Causas de febre de origem indeterminada


1. Infecções
2. Distúrbios inflamatórios não-infecciosos
3. Doenças neoplásicas
4. Febre medicamentosa
5. Doenças factícias (síndrome de Munchausen – simulação) etc.

Síndrome Anêmica

Anemia
É a redução do número de eritrócitos ou hemoglobinas circulantes.
Dados Relevantes na anamnese
Quanto à HPP:
- Esplenectomia
- Cálculos biliares e/ou colecistectomia e/ou icterícia
- Resultados de hemogramas anteriores
- Exposição à drogas e medicamentos
- Distúrbios do TGI
- Alterações do débito urinário/colúria
Quanto ao histórico familiar:
- Anemia
- Esplenectomia
- Colecistectomia
- Cálculos biliares e/ou icterícia ao nascimento ou, posteriormente, durante a vida adulta.
Quantos aos hábitos:
- Dieta precária e/ou não convencional
- Desnutrição
- Alcoolismo grave
Manifestações Clínicas
- Fadiga
- Fraqueza generalizada
- Perda do vigor
- Taquicardia
- Dispneia de esforço
- Sinais e sintomas relacionados à hipotensão
- Sinais e sintomas relacionados à hipóxia dos tecidos e órgãos
Exame Físico
- Palidez da pele e das mucosas
- Hipotensão ortostática
- Taquicardia de repouso ou ortostática
- Sopro sistólico de ejeção
- Ictus hiperdinâmico
- Pulso alternante
- Pressão diferencial ampla
- Esplenomegalia

Patogenia das anemias


 Comprometimento da produção de eritrócitos pela medula óssea
- Insuficiência renal crônica
- Aplasia/hipoplasia idiopática ou secundária da medula óssea
- Mielofibrose (primária ou secundária)
- Hemoglobinúria paroxística noturna

- Deficiência de cobalamina ou de folato


- Mielodisplasia
- Deficiência de ferro (anemia ferropriva) por perda sanguínea
- Talassemia
 Destruição acelerada, consumo ou perda de eritrócitos circulantes
 Perda de sangue
 Pseudo-anemia dilucional

Exames Complementares
- Hemograma
- Contagem de reticulócitos (está alta na maioria dos casos)
- Exame microscópico do esfregaço de sangue periférico

Síndrome Consuptiva

Conjunto de sinais e sintomas que podem ocorrer em doenças graves e que denotam consumo,
definhamento progressivo do paciente.

Sinais e sintomas
Caracteriza-se por perda ponderal involuntária, igual ou superior a 10% do peso normal, associada à
diarreia, astenia ou febre maior que 38ºC por 30 dias.
- Emagrecimento
- Anorexia
- REG
- Abdome escavado
- Fácies de sofrimento (abatido), fácies hipocrática
- Adinamia
- Pele e mucosas hipocorados

Doenças Consuptivas
- Doenças infecciosas
- Neoplasias malignas
- Cirrose
- Desnutrição grave
- Insuficiência cardíaca crônica grave

Síndromes Hemorrágicas
 Hematúria (inicial e total)
 Hemoptise (Lesão da parede brônquica por inflamação, tuberculose ou neoplasia)
 Hemorragia digestiva (alta e baixa)

SÍNDROMES MEDIASTÍNICAS

Síndrome de compressão da veia Cava Inferior

Etiologia
- CA brônquico
- Linfomas
- Aneurisma de aorta
- Metástases ganglionares

Quadro Clínico
- Cefaleia
- Tontura

Exame Físico
- Circulação colateral tipo cava superior
- Edema de face, pescoço e MMSS
- Turgência jugular
- Rubor/cianose de cabeça e MMSS

Síndrome de Claude-Bernard-Horner

Etiologia: Comprometimento do plexo simpático cervical, afetando a inervação dos olhos e face.

Sinais e sintomas
- Ptose palpebral
- Enoftalmia
- Miose

Outras síndromes compressivas


- Esôfago
- Traquéia e brônquios
- Nervos laríngeo recorrente e frênico

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