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APARELHO CARDIOVASCULAR
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evidenciam como consequência das alterações circulatórias e de
irrigação, provocadas pelas cardiopatias.
1. Colapso cardiovascular
Algumas cardiopatias conduzem as estado de insuficiência cardíaca que se
estabelece paralelamente com um estado de insuf. circulatória.
De acordo com a rapidez com que se desenvolve a síndrome de insuficiência
circulatória, o tempo de duração e a reversibilidade, consideram-se 3
designações:
- choque
- síncope
- morte súbita
3. Sintomas respiratórios
Alteração dos movimentos respiratórios, em relação ao modo e ao ritmo, não
surpreendem devido à estreita sinergia funcional entre o pulmão e o coração.
Pode observar-se dispneia em doentes cardíacos que se apresentam sob a forma:
- paroxística (episódica)
- de decúbito (daí a tosse nocturna dos cardíacos)
- de esforço
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permeabilidade das paredes alveolares, as quais interferem nas trocas gasosas
entre o sangue e o ar, por acúmulo de fluído nos alvéolos.
A dispneia agrava-se subitamente e associa-se com outras alterações
respiratórias nas situações de edema pulmonar agudo provocado por falência do
ventrículo esquerdo.
Nos pacientes cardíacos pode-se observar arritmia respiratória do tipo
Cheyne-Stokes, independentemente da síndrome de azotémia (que pode também
surgir por má perfusão renal), provavelmente coexistente.
As cardiopatias, por si só, ou por processos associados (como a bronquite ou a
fibrose pulmonar), podem provocar a presença de crepitações audíveis na
auscultação torácica e de tosse (pelo edema pulmonar, ou por compressão dos
brônquios principais).
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Percussão
Auscultação - ruídos normais
- modificação patológicas dos ruídos cardíacos:
- variações de intensidade - aumento ou diminuição
- variações de frequência e ritmo
- variações do nº de ruídos por cada ciclo cardíaco (normal
é haver 2 ruídos)
- ruídos adventícios:
- sopros
- ruídos de atrito (pericárdio)
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Frequentemente verifica-se o aumento de uma só cavidade, por exemplo:
* aurícula esquerda insuf. mitral
* ventrículo esquerdo estenose aórtica
* ventrículo direito estenose pulmonar
Electrocardiografia
Ecocardiografia
É uma importante ferramenta não invasiva. É utilizada para avaliar:
- tamanho das câmaras cardíacas
- espessamento das paredes
- movimento das paredes
- configuração das válvulas e seu movimento
- os grandes vasos proximais
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Figura 3: Esquemas de imagens ecocardiográficas de várias secções do coração
observáveis em cortes de eixo curto (transversal) e eixo longo (longitudinal).
Angiocardiografia
- Não selectiva - instilação de contraste numa veia de grande calibre
(avalia bem a vasculatura pulmonar)
- Selectiva - realiza-se através da colocação de cateteres cardíacos
via um vaso periférico (artéria/veia), permitindo a inoculação
de contraste em pontos específicos do coração ou grandes
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vasos. Necessita do recurso à fluoroscopia (radiologia em
tempo real) para correcto posicionamento do cateter.
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Cateterismo cardíaco
É a colocação selectiva de cateteres em diferentes áreas do coração e
vasculatura para fazer:
- medição de pressões
- determinação do débito cardíaco
- medir a concentração de O2 sanguíneo (para o diagnóstico de
certos ductus arterioso persistente)
PULSO ARTERIAL
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1.3. - Velocidade
Def.: Corresponde à velocidade de passagem da onda sistólica na
artéria.
- Pulso rápido (não confundir com frequência aumentada!!)
A elevação e depressão da artéria é rápida, sem alteração obrigatória do nº
de pulsações.
Ex.: * Hipertrofia cardíaca (HCM) - porque o ventrículo a contrair
energicamente => sangue impulsionado com violência
* Insuficiência aórtica - porque durante a diástole há refluxo do
sangue da art. aorta de volta ao vent. esq. => a pressão arterial cai rapidamente
=> fase descendente do pulso é rápida.
* Ductus arterioso persistente (o refluxo de sangue pelos ductus
durante a diástole faz com a pressão diastólica caia rapidamente)
- Pulso lento
O pulso eleva-se com dificuldade ou a fase de declínio atrasa-se em relação
ao normal.
Ex.: * Insuficiência mitral - porque durante a sístole vent. parte do
sangue reflui para o interior do átrio esq..
* Estenose aórtica - porque o sangue tem dificuldade em vencer
a passagem da válvula => sístole mais prolongada.
2.2. - Ritmo
- Normalmente o ritmo deve ser regular, tornando-se irregular em certas
situações patológicas, como nas arritmias cardíacas.
- No entanto há uma excepção - A arritmia cardíaca respiratória - é
comum nos cães onde se verifica um aumento da freq. na inspiração e uma
diminuição da freq. durante a expiração. É uma arritmia regularmente irregular,
pois aparece de uma forma cíclica.
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2.3. - Outras alterações
- Pulso alternante - alternância de uma pulsação forte e de uma fraca ou
desigualdade na amplitude das ondas de pulso. Reflecte uma cardiopatia grave
que se traduz pela incapacidade do músculo cardíaco em realizar duas sístoles
sucessivas com a mesma energia (ex. CMD). Também pode ocorrer em
extrassístoles, pois o volume de sangue ejectado nessas contracções é menor
(porque a contracção ocorre antes do fim da diástole ventricular) que o ejectado
nas contracções normais.
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A - SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Def.: A insuficiência cardíaca corresponde a uma incapacidade do coração para
garantir as funções a cargo da circulação sanguínea (nomeadamente em levar O2
e nutrientes aos tecidos periféricos), em condições normais de vida do animal ou
quando este é submetido a um esforço.
Etiologia:
São variadas as etiologias, mas como exemplos podem-se citar:
- Condições que impõe sobrecargas - de volume - insuficiências valvulares
- de pressão - estenoses valvulares
deprimem a contractilidade do miocárdio, interferem com o enchimento ventricular
- Diminuição da contractilidade do miocárdio (ex. cardiomiopatia dilatada)
- Aumentos dos requerimentos metabólicos sistémicos (hipertiroidismo
felino)
- Tóxicos (fármacos - doxorrubicina)
- Deficiências nutricionais - ex: taurina (nos gatos) e carnitina (nos cães)
- ambas podem produzir CMD.
2. Hipertrofia cardíaca
É um mecanismo de adaptação a um aumento de tensão crónico sobre
as fibras do miocárdio causado pela sobrecarga sistólica ou pela
diminuição da contractilidade.
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Há 2 tipos de hipertrofia ventricular dependendo da natureza do stress:
• ventrículos sobrecarregados por pressão adaptam-se ao
aumento de tensão sistólica da parede aumentando a
espessura das paredes em relação ao volume da
cavidade (o qual permanece inalterado) => hipertrofia
concêntrica
• ventrículos sobrecarregados por volume adaptam-se aos
aumentos crónicos de volume de ejecção submetendo-
se a uma marcada dilatação no final da diástole (tal
como ocorre de forma similar nos defeitos de
contractilidade) => hipertrofia excêntrica - nesta
situação as paredes apresentam uma espessura
aproximadamente igual ao normal, ou diminuída,; as
cavidades cardíacas aumentam de volume.
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B. - SÍNDROMES CARDIOVASCULARES
Figuras 13 e 14: Imagens de uma endocardite bacteriana onde se observa enrugamento das cúspides
da válvula aórtica produzido por microabcessos (setas).
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Vegetação
VE
Ao
AE
Etiologia:
muitas vezes advém de malformações congénitas que fazem parte do
complexo displasia mitral que inclui:
- encurtamento / alargamento de cordas tendinosas
- regurgitação mitral por insuficiência valvular (++)
- encurtamento / espessamento das cúspides
- excessiva dilatação do anel valvular
- estenose mitral
Sinais clínicos:
- Afecta mais cães machos de raças grandes.
- Sintomatologia geralmente progressiva de insuficiência
cardíaca esquerda que ocorrem em animais jovens:
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• intolerância ao exercício; síncopes
• sinais de insuf. cardíaca esq. (tosse; dispneia)
• sinais de insuf. cardíaca dir. (ascite, edemas periféricos)
• arritmias atriais (fibrilhação atrial p. ex.)
Exame físico:
Presença de uma sopro holossistólico na área de projecção da válvula
afectada mais intenso a nível do ápex (para onde irradia o som).
Diagnóstico:
- ECG - para identificar arritmias
- Rx - para identificar dilatação do coração esq. (de início o átrio esq.)
- Cateterismo cardíaco; angiocardiografia
- Ecocardiografia (método de eleição porque pode visualizar as alterações
morfológicas ou por detecção de fluxos sanguíneos anormais - no doppler
espectral - ou padrões de turbulência - no doppler de cor)
Etiologia:
Processos degenerativos crónicos da válvula mitral (endocardiose) - a
etiologia destes processos permanece desconhecida.
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Os processo degenerativos levam a alterações nas cúspides valvulares do tipo:
- formações nodulares no bordo das cúspides
- espessamento e encurtamento das cúspides
- espessamento (impede que as cúspides valvulares encerrem
completamente) ou debilidade das cordas tendinosas (as
cúspides valvulares podem fazer prolapso para o interior dos átrios)
Epidemiologia:
É uma patologia comum em cães geriátricos (meia-idade) de raças pequenas.
Os machos poderão ter 1,5X mais tendência do que as fêmeas.
Rara em gatos.
Sinais clínicos:
Muitos animais são assintomáticos e poderão passar meses a anos para que o
animal se torne sintomático; alguns cães nunca desenvolvem sintomas de insuf.
cardíaca congestiva, os quais serão tipicamente de falência do coração esquerdo:
- tosse (nocturna, após exercício e após excitação)
- intolerância ao exercício
- taquipneia / dispneia
- também podem ocorrer síncopes em:
ataques de tosse (tosse sincopal)
arritmias cardíacas
severo edema pulmonar
Exame físico:
Nota importante: A duração e intensidade do sopro não são correlacionadas
com o grau de insuficiência
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O achado mais característico é um sopro sistólico, audível com maior
intensidade sobre a área de projecção da válvula mitral; em casos ligeiros ou
iniciais poderá ser o único achado.
Em casos avançados, a dificuldade respiratória torna-se mais evidente com
presença de crepitações pulmonares. Normalmente há taquicardia por activação
do simpático, ao contrário do que ocorre nos outros problemas que cursam
também com tosse (como a bronquite crónica, o colapso de traqueia, as
pneumonias e a fibrose pulmonar) onde se ausculta uma frequência cardíaca
normal ou até diminuída com marcada arritmia respiratória, pois estas patologias
afectam as vias aéreas inferiores e levam a uma expiração activa e mais
prolongada.
O pulso femoral geralmente é forte; por vezes podem ocorrer arritmias.
Diagnóstico:
- Sinais clínicos + exame físico (auscultação)
- Rx - cardiomegália, dilatação da aurícula esquerda e/ou vent. esquerdo
- Ecocardiografia
VE
AE
Figura 16: Rx torácico onde se observa uma Figura 17: Ecocardiografia em modo B onde se
marcada dilatação do átrio esquerdo (seta) que observa um engrossamento e deformação das
comprime os brônquios principais; eventual cúspides da válvula mitral (VE - vent. esquerdo;
dilatação ventricular esquerda (pois a traqueia AE - átrio esquerdo); imagens típicas de
está mais elevada e paralela à coluna endocardiose.
vertebral).
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Figura 18: Ecocardiografia com doppler de cor de uma
insuficiência mitral, onde se observa um fluxo de
regurgitação que produz um chamado padrão em mosaico
(a mistura das várias cores, amarela, azul e vermelha)
devido ao fluxo turbulento gerado pelo jacto regurgitante.
Etiologia:
É um estreitamento do tracto de saída do vent. esquerdo que pode ocorrer
logo:
- abaixo da válvula aórtica => subvalvular (+ comum)
- acima da válvula aórtica, no vaso proximal
Epidemiologia:
Certas raças são mais predispostas: Terranova; Pastor Alemão; Boxer; Golden
retriever.
Sinais clínicos:
Em muitos cachorros com um a pequena estenose, os sinais podem ser
mínimos, os animais podem estar assintomáticos, tendo apenas um sopro de
ejecção de intensidade ligeira a moderada.
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Em animais mais severamente afectados, a história pode revelar intolerância
ao exercício, síncope; sinais de insuf. cardíaca congestiva esquerda (I.C.C.) e
morte súbita. As síncopes e a morte súbita são, frequentemente, devidas a
arritmias de origem ventricular que surgem em focos de isquémia que se
produzem no miocárdio como consequência do fluxo turbulento que se gera a
seguir à válvula aórtica (é neste ponto de onde saem as art. coronárias que
irrigam o miocárdio ventricular - a turbulência dificulta a entrada do sangue para
estas artérias).
Exame físico:
- O pulso pode ser fraco e lento como consequência da obstrução.
- O sopro produzido normalmente é de grande intensidade e pode produzir
frémito (ruído que é palpável) no lado esquerdo próximo à base do coração. O
sopro é normalmente sistólico de ejecção de maior intensidade sobre a área de
projecção da válvula. Frequentemente o sopro pode irradiar para as art.
carótidas, passando a ser auscultado quando se coloca o estetoscópio sobre estas
artérias ao nível do ângulo da mandíbula.
- À auscultação torácica pode ainda detectar-se a presença de edema
pulmonar e arritmias.
Diagnóstico:
- Faz-se com base na auscultação
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Estes focos produzem-se por uma deficitária circulação sanguínea pelas
artérias coronárias, que suprem o miocárdio. Devido à turbulência gerada
no tracto de saída do ventr. esq. dificulta-se a passagem do sangue para
aquelas artérias cujo suprimento sanguíneo normal provém exactamente do
local onde se está a produzir a turbulência.
Figura 20: Doppler espectral do fluxo sanguíneo Figura 21: Imagem de um músculo papilar com
normal através da válvula aorta um foco de isquémia miocárdica (seta). São estes
focos que podem originar as arritmias dos
animais com estenose subaórtica.
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B.1.4. - Síndrome da Insuficiência Aórtica
Def.: Surge por uma deficiente coaptação das cúspides valvulares da válvula
aórtica de que resulta um refluxo de sangue da aorta para o vent. esq., durante a
diástole ventricular.
Etiologia:
Pode ser congénita ou adquirida. Geralmente a forma adquirida desenvolve-se
em animais:
secundariamente a uma endocardite bacteriana que deforma os bordos
das cúspides por formação de microabcessos
com estenose sub-aórtica onde o fluxo sanguíneo de alta velocidade e
turbulento, produzido pela estenose, tende a lesar / erodir os bordos das
cúspides valvulares
Sinais clínicos:
A não ser que ocorra descompensação, a insuf. valvular aórtica não causa
sintomas devido à grande capacidade de adaptação que o ventr. esq. tem para
superar o acréscimo de sangue que lhe chega vindo do refluxo aórtico.
Quando se desenvolvem sinais clínicos, eles são normalmente devidos aos
sinais sistémicos produzidos pela endocardite bacteriana, como:
Apatia, letargia
Febre recorrente
Claudicação(ões) intermitente(s)
Exame físico:
Só a auscultação revela um sopro diastólico ao nível da área de projecção da
válvula aórtica, que se inicia com o 2º ruído (S2).
Pode detectar-se um pulso rápido e forte. Rápido porque a onda de pulso
ascende e desaparece rapidamente porque o sangue da art. aorta reflui de novo
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para o ventr. esq, reduzindo mais depressa a pressão arterial diastólica. O pulso é
forte, porque o que acontece é uma diminuição da pressão diastólica => diferença
entre p. sistólica e p. diastólica é maior.
Diagnóstico:
Ecocardiografia - técnica de eleição pois pode ver-se a deformação das
cúspides por formações vegetativas (endocardite) ou nos estudos doppler
espectral onde se observa um fluxo sanguíneo de regurgitação.
Etiologia:
É um defeito congénito comum no cão e ocasional no gato. Normalmente o
termo mais correcto é o de displasia da válvula pulmonar porque pode incluir
mais do que uma das seguintes alterações:
Espessamento assimétrico das cúspides valvulares
Fusão parcial das cúspides valvulares
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Espessamento das bases das cúspides valvulares
Hipoplasia do anel valvular (a verdadeira estenose)
Epidemiologia:
É mais comum em certas raças como os Beagle, Samoiedo, Chihuahua,
Bulldog inglês e Schnauzer.
Sinais clínicos:
A maioria dos animais são assintomáticos na altura do diagnóstico.
Podem ocorrer sinais de insuf. cardíaca dir. ou história de intolerância ao
exercício ou síncopes (por arritmias).
Exame físico:
Típico choque pré-cordial mais proeminente no lado direito.
Pode surgir pulso jugular e pode-se sentir um frémito no lado esq. do tórax
junto à base do coração.
A auscultação permite ouvir um sopro de ejecção, mais intenso sobre a área de
projecção da válvula pulmonar; ode irradiar para a direita, mas NÃO É
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auscultável sobre as art. carótidas. Pode auscultar-se um sopro tricúspide
secundário, em casos mais avançados.
Diagnóstico:
- ECG - pode evidenciar uma dilatação ventricular direita e/ou um desvio do
eixo eléctrico para a direita.
- Rx torácico - pode observar-se marcada dilatação do ventrículo direito:
⇒ o coração aparece com a forma de um “D”
invertido e pode, por vezes observar-se a dilatação
pós-estenótica nas projecções VD ou DV
⇒ o coração aparece com a porção mais cranial do
coração “mais deitada” sobre o esterno nas
projecções laterais
Diagnóstico:
A ecocardiografia com doppler - documenta-se a presença de regurgitação por
insuficiência pulmonar
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B.1.7. - Síndrome da Estenose Tricúspide
A atrésia ou estenose da válvula é de ocorrência muito rara. A ocorrer uma
patologia congénita que afecte a tricúspide a mais comum é displasia da
tricúspide.
Etiologia:
Normalmente surge como consequência de um processo degenerativo das
valvas (endocardiose) => a patologia é em tudo igual à insuficiência da válvula
mitral. Na maioria das vezes, a endocardiose mitral e tricúspide podem concorrer
no mesmo animal.
Pode ocorrer também:
- na dirofilariose
- na dilatação do anel da válvula tricúspide na cardiomiopatia dilatada
- no ductus arterioso persistente avançado
- na estenose pulmonar
Sinais clínicos:
Em muitos casos, os cães apresentam-se com sinais de stress respiratório
devido à insuficiência mitral primária.
Os sinais referentes à insuf. tricúspide (típicos de insuf. cardíaca direita) são:
- distensão abdominal (ascite) e/ou efusão pleural
- anorexia, perda de peso, vómitos e/ou diarreia (devido à congestão do
aparelho gastrointestinal).
- pulso jugular evidente e ingurgitação jugular
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Exame físico:
Pode ser difícil diferenciar insuf. tricúspide de um sopro mitral que irradia
para o lado direito => importante tentar recorrer à observação concomitante de
pulso jugular e frémito do lado direito
Diagnóstico:
-Rx - pode observar-se evidências de dilatação do coração direito.
- podem observar-se imagens compatíveis com infestação por Dirofilaria
immitis (dilatação atrial e/ou ventricular direita + vasos pulmonares dilatados e
tortuosos)
- Ecocardiografia - técnica de eleição onde se pode observar:
fluxo sanguíneo regurgitante para o interior do átrio direito nos
estudos de doppler espectral
presença de um padrão em mosaico no interior do átrio direito
(indicador de fluxo turbulento pela regurgitação) nos estudos de
doppler de cor
imagens compatíveis com a presença de vermes adultos de
Dirofilaria no interior do ventr. direito ou artérias pulmonares.
LV
LA
RA
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C - SÍNDROMES MIOCÁRDICAS
Etiologia:
A doença do miocárdio pode resultar de:
infecções
degeneração idiopática (+++)
isquémia
tóxicos (doxorrubicina)
inflamação
trauma
deficiência em carnitina (alguns casos)
desordens multissistémicas ou metabólicas:
hipotiroidismo
feocromocitomas (neoplasia da medula adrenal
produtora de catecolaminas)
diabetes mellitus
distrofias musculares (Springer spaniel)
Diagnóstico:
ECG - pode revelar dilatação cardíaca ou arritmias
Rx - revela uma cardiomegália generalizada, muitas vezes acompanhada de
efusão pleural.
Ecocardiografia - revela dimensões ventriculares muito aumentadas no final
da sístole e no final da diástole
Cães
Afecta cães relativamente jovens com uma média de 4-6 anos. Afecta raças
grandes a gigantes (Grand’ Anois; S. Bernardo; Irish Woulfhound; Pastor
alemão; Boxer; Rottweiler e Doberman -+++). Pode també afectar,
excepcionalmente, raças pequenas (Cocker spaniel e Bulldog).
A prevalência é de 4 vezes superior em machos do que em fêmeas.
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Sinais clínicos:
Podem ser agudos na sua aparição:
- dispneia
- fraqueza
- letargia
- tosse
- síncope
- intolerância ao exercício
- distensão abdominal (ascite)
Exame físico:
Revela anomalias consistentes com baixo débito cardíaco e insuficiência
cardíaca esquerda (edema pulmonar) e/ou direita (efusão pleural, ascite ou
edemas subcutâneos):
- TRC aumentado; mucosas pálidas
- Pulso femoral hipocinético
- Distensão e pulsação jugular
- Hepatomegália e ascite (consequência da congestão hepática)
- Auscultação: - arritmias
- sopro A-V dir ou esq.
- elevada frequência cardíaca e com ritmo irregular (pela
fibrilhação atrial)
- ritmo de galope com S3
- ruídos cardíacos e pulmonares abafados por efusões
- crepitações (edema pulmonar)
Diagnóstico:
ECG - revela dilatação do coração esquerdo e, por vezes, arritmias (sendo a
mais comum a fibrilhação atrial)
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Rx - cardiomegália generalizada e edema pulmonar e efusão pleural.
Ecocardiografia - permite medir as dimensões das câmaras e a função
miocárdica (determinando a fracção de encurtamento F.S. %), bem como auxilia
na diferenciação entre efusão pericárdica ou insuficiência valvular de
cardiomiopatia.
Etiologia:
Pode resultar de desordens primárias do miocárdio (idiopática) ou secundárias
como hipertensão arterial (de origem renal ou idiopática), hipertiroidismo,
metabólicas ou doenças infiltrativas.
É uma desordem miocárdica frequente em gatos; em cães é rara ou, pelo
menos, até agora pouco diagnosticada.
Morfologicamente a HCM caracteriza-se por uma hipertrofia muscular SEM
dilatação ventricular => aumento da pressão diastólica final.
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Sinais clínicos:
Gatos:
Pode afectar animais num intervalo de idade largo. Os gatos Europeu de
pêlo curto são mais afectados; os machos são também mais afectados que
as fêmeas.
O sinal clínico de apresentação é a dispneia aguda associada com edema
pulmonar e/ou efusão pleural. Pode também ocorrer anorexia e vómitos.
Muitas vezes ao animais apresentam-se com uma parésia de um membro
posterior, como consequência de um tromboembolismo ilíaco => ausência
e assimetria de pulso.
A auscultação pode revelar ruídos de galope (S4), sopros sistólicos
(graus I a II) nas áreas de projecção valvular tricúspide e / ou mitral e
podem detectar-se a presença de arritmias.
Cães:
Insuficientemente estudada (em princípio quase todas as
cardiomiopatias são dilatadas)
Pode afectar várias raças e os machos estão predominantemente
afectados.
As manifestações clínicas podem variar desde animais assintomáticos
até casos que surgem com morte súbita inexplicável.
Podem evidenciar sintomatologia de insuficiência cardíaca: síncope;
intolerância ao exercício; tosse; dispneia; ascite; hepatomegália e efusão
pelural.
Diagnóstico:
Gatos:
ECG - frequentemente revela distúrbios de condução eléctrica (mais
consistente é o bloqueio do fascículo anterior esquerdo do feixe de His - o
qual é raro noutras formas de doença miocárdica primária).
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Rx - pode revelar ligeira a moderada hipertrofia do ventrículo esquerdo
(frequentemente, na projecção VD, produz-se uma imagem de silhueta
cardíaca de coração de S. Valentino); pode observar-se também edema
pulmonar e efusão pleural.
Ecocardiografia - é a técnica mais sensível para avaliar hipertrofia - o
diagnóstico é realizado quando se obtém uma medição, em diástole, da
espessura da parede livre do ventrículo esquerdo e/ou do septo
interventricular, superior a 6 mm.
Cães:
ECG - revela distúrbios da condução do impulso eléctrico (bloqueios de
1º e 3º grau, bloqueio do fascículo direito do feixe de His).
Rx - são na maioria das vezes inconclusivos, excepto para os sinais de
Insuf Cardíaca Congestiva (edema pulmonar; efusão pleural e/ou ascite).
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Figura 28: Rx VD de um gato com HCM onde se
observa dilatação da silhueta cardíaca em forma
de coração de S. Valentino. Também se observa
broncogramas sobre a silhueta cardíaca,
compatível com a presença de edema pulmonar.
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