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Semiologia cardiovascular
• CASO CLÍNICO
• INTRODUÇÃO
O coração tem a função básica de bombear sangue para todo o corpo. Para que
isso seja realizado efetivamente, ele deve passar por uma série de passos, que
formam o ciclo cardíaco. Tudo se inicia com o enchimento dos átrios com
sangue que retorna dos pulmões (átrio esquerdo) ou do resto do corpo (átrio
direito). Para esse enchimento, os átrios devem estar relaxados (diástole atrial)
e as valvas atrioventriculares devem estar fechadas, para evitar que o sangue
caia diretamente nos ventrículos. Então há um estímulo para a dilatação
(diástole) ventricular, o que leva à abertura das valvas mitral e tricúspide, com
início da fase de enchimento ventricular. Esse enchimento é intensificado com
contração dos átrios no final da sístole atrial. Após repletos de sangue, os
ventrículos iniciam sua contração para bombeá-lo para os pulmões (ventrículo
direito) ou para o resto do corpo (ventrículo esquerdo). Logo no início dessa
nova fase (sístole ventricular) há o fechamento das valvas atrioventriculares,
seguida por uma contração isovolumétrica, quando o músculo cardíaco se con-
trai, mas sem reduzir a quantidade de sangue no ventrículo, já que todas suas
vias de saída estão fechadas, o que resulta em um aumento da pressão em seu
interior. Esse aumento pressórico leva à abertura das valvas semilunares. Ag-
ora, com uma válvula de escape para o sangue, os ventrículos conseguem se
contrair ainda mais, chegando à fase de ejeção ventricular, com o sangue flu-
indo dos ventrículos para as artérias aorta e pulmonar. Ao fim da ejeção, os
ventrículos retornam à fase de relaxamento (diástole) e, com a queda na
pressão, as valvas aórtica e pulmonar se fecham. Da mesma forma que na
sístole, há inicialmente uma fase de relaxamento isovolumétrico, quando as
atrioventriculares ainda não se abriram e não há sangue chegando aos
ventrículos. Finalmente, com maior redução na pressão nessas câmaras, ocorre
abertura das valvas atrioventriculares e o sangue flui dos átrios para os
ventrículos. Essas fases ocorrem contínua e simultaneamente, geralmente entre
60 e 100 vezes por minuto. A sístole atrial é concomitante à diástole ventricu-
lar, e vice-versa. Para fins didáticos, as fases do ciclo cardíaco seguem a nomi-
nação dos ventrículos.
• SEMIOTÉCNICA
1) Inspeção
2) Palpação
3) Ausculta
Forma mais fidedigna de delimitação das fases do ciclo cardíaco pelo exame
físico. Feita com auxílio de um estetoscópio, deve ser realizada em todo o tórax,
com ênfase nos focos mitral, tricúspide, aórtico e pulmonar. O início da sístole é
marcado pela ausculta da primeira bulha (TUM), que corresponde ao fecha-
mento das valvas atrioventriculares. Já a diástole se inicia com a segunda bulha
(TÁ), formada pelo fechamento das valvas semilunares. É importante analisar a
frequência em que essas bulhas aparecem, seu ritmo (se o intervalo entre as
bulhas é regular ou não), intensidade e se existem sons anormais (sopros,
bulhas acessórias, desdobramentos).
PRINCIPAIS ERROS
1) Bradicardia e taquicardia
2) Arritmias
3) Desdobramento de bulhas
Fisiologicamente, uma das valvas se fecha pouco antes de outra (a mitral antes
da tricúspide e a aórtica antes da pulmonar), mas com uma diferença tão pe-
quena que é imperceptível à nossa audição. Algumas alterações no ciclo
cardíaco podem levar a um atraso ou adiantamento de um dos componentes,
gerando um maior intervalo entre os sons e permitindo sua diferenciação à aus-
culta. Uma patologia que pode levar ao desdobramento de B1, por exemplo, é o
bloqueio de ramo direito, quando impulso elétrico sofre um atraso nas vias de
condução do ventrículo direito, levando a um atraso em sua sístole em relação
ao esquerdo. Já o desdobramento de B2 pode ocorrer fisiologicamente na in-
spiração, quando a redução da pressão intratorácica aumenta o retorno venoso
para as câmaras direitas e o tempo de ejeção desse ventrículo, o que atrasa o
fechamento da valva pulmonar.
4) B4
É uma bulha extra, que pode estar presente em casos patológicos, logo antes
de B1. É formada pela contração atrial vigorosa, no final da diástole ventricular
e está relacionada à hipertrofia atrial ou a obstruções à passagem de sangue do
átrio para o ventrículo (hipertrofia ventricular, hipertensão).
5) Parada cardiorrespiratória (PCR)