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ORIGEM DO

SISTEMA NERVOSO

Neuroanatomia
• ORIGEM DO SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso permite ao organismo interagir com o meio externo, detec-


tando estímulos e reagindo a eles. Para isso, suas células são especializadas e
devem apresentar as seguintes propriedades:

1) Irritabilidade: reagir a alterações no meio.

2) Condutibilidade: transmitir a informação percebida para outra parte da célu-


la ou a outras células.

3) Contratilidade: capacidade de encurtamento celular, para fugir de estímulo


nocivo.

Seres unicelulares, como a ameba, possuem as três propriedades em uma única


célula. Ao detectar um estímulo nocivo, a informação é transmitida ao proto-
plasma que induz a emissão de pseudópodos do lado contralateral ao estímulo,
a fim de mudar a posição do organismo e fugir do estímulo danoso.

Imagem microscópica de amebas. Imagem retirada de Wikimedia Commons.

Seres mais desenvolvidos como os poríferos possuem dois tipos de células es-
pecializadas: células superficiais, que detectam e conduzem o estímulo, e célu-
las contráteis, capazes de fechar os poros das esponjas impedindo, por exem-
plo, a filtração de água quando são detectadas substâncias tóxicas.
Águas-vivas são exemplos de celenterados. Foto retirada do site Pexels.

No reino animal (Metazoa), as células contráteis são internalizadas, chamadas


células musculares. Acredita-se que a partir dos celenterados tenham surgido
os neurônios primitivos, caracterizados por irritabilidade e condutibilidade, con-
tendo em sua extremidade uma porção especializada para reagir a alterações
no meio, conhecida como receptor. O receptor transforma o estímulo físico ou
químico do ambiente em impulso nervoso e este, por sua vez, é conduzido até a
região efetora: músculo ou glândula.

Nos anelídeos e platelmintos, o sistema nervoso deixa de possuir apresentação


difusa. Há um processamento central dos estímulos nos gânglios cerebróides
presentes na região cefálica, que recebem, por meio do cordão nervoso longi-
tudinal, as informações processadas nos diversos segmentos do organismo.

Anelídeo, com sua visível segmentação. Imagem retirada de Wikipedia.com.

O processamento local, segmentado, dos estímulos nestes animais é realizado


por meio de arco reflexo simples. Para este arco reflexo, há especialização das
células nervosas em neurônios sensitivos ou aferentes, próximos à superfície
corporal, que detectam o estímulo por meio dos seus receptores e o conduzem
aos neurônios motores ou eferentes, localizados nos gânglios. Os neurônios
eferentes recebem o impulso nervoso por meio de uma sinapse e o transmitem
até os músculos (órgão efetor), gerando uma resposta motora.

O arco reflexo simples ou intrassegmentar é realizado, portanto, por dois neu-


rônios e uma sinapse. Assim, há uma resposta rápida e localizada, útil para
evitar o estímulo nocivo.

Assim como as minhocas, os seres humanos também possuem arco reflexo


simples, sendo o reflexo patelar um exemplo clássico, rotineiramente testado
no exame neurológico.

Representação do arco reflexo simples do reflexo patelar em que um estímulo no tendão do


músculo quadríceps femoral leva uma resposta de contração desse músculo e consequente
extensão da perna; imagem retirada de Wikipedia.com

Para respostas reflexas complexas, existe o arco reflexo interssegmentar, em


que o impulso aferente gera uma resposta motora amplificada, movimentando
um grupo muscular extenso.

Este arco reflexo ocorre a partir da transmissão do sinal aferente para mais de
um segmento nervoso. Para isso há um neurônio intermediário entre o neurônio
aferente e o eferente, responsável por amplificar a resposta eferente. Este neu-
rônio é conhecido por neurônio de associação (ou internuncial).
O arco reflexo interssegmentar é composto por, pelo menos, três neurônios
(aferente, de associação e eferente) e duas sinapses. São exemplos de arco
reflexo interssegmentar:

1) Reflexo de coçar do cão

A mordida de uma pulga na parte dorsal do tórax gera o movimento involuntá-


rio de coçar da pata traseira do cão. Note que há uma distância considerável
entre o tórax e a pata.

2) Reflexo de retirada

Ao tocarmos em uma panela quente, o estímulo doloroso intenso promove res-


posta motora local, com a retirada em flexão do membro superior afetado além
de resposta interssegmentar com extensão do membro contralateral. Este re-
flexo complexo restabelece o equilíbrio corporal.

Em seres humanos, os três tipos de neurônios são essencialmente os mesmos,


com algumas peculiaridades resumidas a seguir:

NEURÔNIOS AFERENTES/SENSITIVOS

Detectam impulsos físicos ou químicos do meio externo (ex. percepção de dor,


temperatura) e do meio interno corporal (ex. cólica abdominal, angina de peito).

São neurônios pseudounipolares, localizados em gânglios do sistema nervoso pe-


riférico (SNP) ex. gânglio sensitivo do nervo espinal.

No humano, o corpo no neurônio sensitivo distancia-se da superfície corporal de-


vido à evolução adaptativa da espécie. Em posição protegida dos fatores externos,
os gânglios sensitivos ficam posicionados próximo ao sistema nervoso central
(SNC).

NEURÔNIOS EFERENTES/MOTORES

Geram contração muscular ou secreção glandular. Podem estar:


➔ Localizados no SNC: inervam músculo estriado esquelético,
➔ Localizados em gânglios viscerais do SNP: inervam músculo liso, músculo
cardíaco e glândulas. São chamados de neurônios pós-ganglionares.

NEURÔNIOS DE ASSOCIAÇÃO

Permitem padrões de comportamentos complexos, como as funções psíquicas


superiores (ex. pensamento, resolver cálculos matemáticos).

Estão presentes apenas no SNC.

São a maioria dos neurônios no SNC, sobretudo no encéfalo. A existência expres-


siva desses neurônios nos permite processar de modo complexo os estímulos, pa-
ra ampla exploração do meio por meio dos sentidos, pensamentos, raciocínio lógi-
co, memórias, entre outras funções do sistema nervoso.

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