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Propedêutica Cardiovascular

Inclui os aspectos do exame físico geral pertinentes ao aparelho cardiovascular:


- alterações da coloração da pele e mucosas, edema, perfusão periférica
- exame dos pulsos arteriais e venoso jugular
- aferição da pressão arterial
- inspeção, palpação e ausculta do precórdio.

Estase Jugular
A estase jugular bilateral, que não desaparece na posição sentada, pode indicar
insuficiência cardíaca.
A estase jugular deve ser examinada com o paciente em decúbito de 45º.

Pesquisa de Frêmitos
Ictus Cordis
Também conhecido como impulso apical ou choque da ponta;
Traduz o contato da porção anterior do ventrículo esquerdo com a parede torácica,
durante a fase de contração isovolumétrica;
Pode ser percebido em cerca de 25% dos pacientes.
Pode ser observado com o paciente em posição supina, em decúbito dorsal ou lateral
esquerdo;
Palpar, localizar ( 5º EIC E - LHE);
Delimitar extensão (até 2 polpas= 2,5cm);
Ver mobilidade (decúbito lateral esquerdo, desvia ≤ 2 cm). Ex: aumento da extensão
do ictus = miocardiopatia dilatada.

A avaliação da perfusão periférica, durante o exame físico, é extremamente valiosa


para determinação da presença de débito cardíaco adequado às necessidades
metabólicas do organismo.
Utiliza-se a inspeção e a palpação.
O enchimento do leito vascular das extremidades é avaliado com a compressão da
polpa de um ou mais dígitos, o que ocasiona um esvaziamento da microvasculatura
daquela região.
Com a liberação da compressão, o leito ungueal se torna esbranquiçado e vai,
gradativamente, readquirindo a coloração normal.
Normal – TEC menor que 3 segundos.
TEC maior que 3 segundos = diminuição da perfusão periférica (EX: débito cardíaco
diminuído).
Temperatura e coloração.
Choque cardiogênico: extremidades frias, cianóticas e com enchimento lentificado.
Choque séptico: quentes e coradas, ainda que apresentem, também, enchimento
vascular, periférico, prejudicado.

PULSO arterial: é a expansão e contração alternada de uma artéria após a ejeção de


um volume de sangue na aorta com a contração do ventrículo esquerdo.
O contorno dos pulsos depende do volume sistólico (VS), da velocidade de ejeção, da
capacidade/complacência vascular e da resistência sistêmica.
O pulso palpável reflete o surgimento de fluxo sanguíneo pulsátil anterógrado e a
reflexão do pulso propagado, que retorna da periferia.
Frequência: alterações da frequência cardíaca podem ser facilmente determinadas
pela palpação do pulso.
Ritmo: deve-se avaliar se o ritmo é regular ou irregular.
A ausculta cardíaca possibilita verificar a concomitância entre o batimento cardíaco e a
ocorrência do pulso - a cada batimento há um pulso arterial correspondente.
Localização: carotídeo, temporal, braquial, radial, ulnar, abdominal, femoral, poplíteo,
tibial posterior e pedioso.
Simetria: percepção da amplitude dos pulsos palpáveis em comparação com o
mesmo pulso contralateral. (Ex: obstrução arterial crônica) – Importante em pacientes
com BIAo.
Amplitude: normal, aumentada ou reduzida.

O braço deve encontrar-se sempre no mesmo plano que o do coração.


Conceito: Força exercida pelo sangue contra a parede das artérias e das artérias, por
sua força elástica, sobre o sangue.
Componentes:
- Pressão sistólica - PS: Pressão mais elevada observada nas artérias durante a fase
sistólica do ciclo cardíaco.
- Pressão diastólica - PD: Pressão mais baixa detectada na aorta e seus ramos
durante a fase diastólica do ciclo cardíaco.

- Diretos (invasivos): cateter intra-arterial (PAI).


- Indiretos (não invasivos): esfigmomanômetria.
Fase I: surgimento dos primeiros sons (pequena intensidade e alta freqüência).
Fase II: sons suaves e prolongados. Podem ser inaudíveis (hiato auscultatório).
Fase III: sons mais intensos e nítidos (hiato auscultatório).
Fase IV: sons de baixa intensidade e abafados (níveis de pressão da bolsa
discretamente > pressão diastólica).
Fase V: desaparecimento dos sons.
Inflar rapidamente, de 10 em 10mmHg, até ultrapassar 20 a 30mmHg, o nível
estimado da pressão sistólica. Proceder à deflação a velocidade constante inicial de 2
a 4mmHg/seg. Determinar a PS no momento do aparecimento do primeiro som (Fase I
de Korotkoff) que se intensifica com o aumento da velocidade de deflação. Determinar
a Pressão Diastólica (PD) no desaparecimento do som (Fase V de Korotkoff), exceto
em condições especiais. Auscultar cerca de 20 a 30mmHg abaixo do último som para
confirmar o seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa.
Fatores que influenciam a PA: Sobrecarga física e emocional, Fumo, Consumo de
bebidas alcoólicas, Colocação inadequada do manguito, Emprego inadequado do
estetoscópio, Local da medida da pressão arterial, Posicionamento do paciente,
Método auscultatório.
Erros na medida da PA
Erros do examinador: – Observação – Princípios básicos – Aplicação do método
Erros instrumentais: – Emprego do aparelho com manguito de tamanho inadequado ou
descalibrado.

Mitral = 5º e.i.c.e.
Aórtico = 2º e.i.c.d.
Pulmonar =2º e.i.c. e.
Tricúspide = entre 4º e 5º e.i.c.e. - base do processo xifóide
Aórtico A = 3º e.i.c. e.

Descrição das Bulhas cardíacas:


1) Rítmicas/ Arrítmicas 2) 2,3,ou 4 tempos 3) Normofonéticas
3.1) Hiperfonéticas 3.2) Hipofonéticas

Ocorre quando do início da contração ventricular, na sístole


cardíaca.
O aumento da pressão nos ventrículos faz com que o sangue tenda a refluir para os
átrios, fechando as válvulas atrioventriculares. Este fechamento é ruidoso.
Coincidente com o pulso carotídeo, seu timbre é mais grave e sua duração é maior do
que a segunda bulha – TUM.
Fechamento das Valvas AV. Mais proeminente no ápice. Abertura das semilunares
normalmente inaudível.
B1 - TUM: Sístole - fechamento das valvas M e T.
B1 fechamento da valva mitral e tricúspide > abertura da valva Aórtica e Pulmonar >
Sístole Ventricular.
Hiperfonese
Fatores cardíacos: Contratilidade VE aumentada
Fatores extra cardíacos: Diâmetro torácico anteroposterior reduzido.
Hipofonese
Fatores cardíacos: Depressão da contratilidade miocárdica
Fatores extracardíacos: Diâmetro torácico AP aumentado; Derrame pericárdico.

Ocorre quando, após a ejeção do sangue para o Tronco da artéria


pulmonar e Aorta, o coração inicia seu relaxamento na diástole cardíaca, e existe uma
tendência de refluxo do sangue aos ventrículos. Isto leva ao fechamento das válvulas
semilunares, gerando novo som. Mais proeminente nos focos da base. Seu timbre é
agudo e soa de maneira seca – TA.
B2 - TÁ: Diástole - fechamento das valvas Aórtica e Pulmonar.
B2 fechamento da valva Aórtica e Pulmonar > abertura da valva mitral e tricúspide >
Diástole Ventricular.
Hiperfonese
Fatores cardíacos: hipertensão arterial
Fatores cardíacos: Diâmetro AP reduzido
Hipofonese
Fatores cardíacos: hipotensão arterial
Fatores cardíacos: Diâmetro AP aumentado

São um conjunto de vibrações de maior duração que as bulhas, se originam dentro do


próprio coração e/ou em um de seus grandes vasos.
Mecanismos de formação dos sopros :
A corrente sanguínea normal é laminar. Camadas de células sanguíneas se
superpõem umas às outras, e o deslizamento de uma camada sobre a outra se faz
silenciosamente.
Quando o fluxo se torna turbilhonar há possibilidade de aparecimento de sopro. As
camadas de células sanguíneas apresentam entrechoques.
O diâmetro do vaso, a velocidade de circulação do sangue e a viscosidade sanguínea
são variáveis que podem modificar o padrão laminar da corrente sanguínea.
1. Corrente veloz em tubo de calibre uniforme: nas síndromes hipercinéticas.
2. Súbito aumento do calibre do vaso: dilatação aneurismática, dilatação pós-
estenótica.
3. Obstrução localizada: estenoses valvares.
4. Regurgitação: o sangue segue um sentido diferente daquele da corrente sanguínea
normal: insuficiência valvar.

Significado clínico:
Um sopro não é uma doença. O sopro é um sinal. Sua importância depende de suas
características e do contexto clínico.

Situação no Ciclo Cardíaco –


Sistólicos Diastólicos
Acontecem entre a primeira e a segunda bulhas Acontecem entre a segunda
intervalo sistólico. e a primeira bulhas
intervalo diastólico.

Sopro entre B1 e B2: Sistólico


Foco tricúspide e mitral: Insuficiência das valvas, pois estas deveriam estar fechadas
Foco Aórtico e Pulmonar: Estenose das valvas, pois estas deveriam se abrir por
completo.
Sopro entre B2 e B1: Diastólico
Foco tricúspide e mitral: Estenose das valvas, pois estas deveriam se abrir por
completo
Foco Aórtico e Pulmonar: Insuficiência das valvas, pois estas deveriam se fechar por
completo

Definir o período do ciclo cardíaco em que ocorre (relacionar com o pulso arterial)
Sopro sistólico – coincide com o pulso
Sopro diastólico – não coincide com o pulso
Os sopros diastólicos são sempre patológicos.
Proto, Meso, tele e holodiastólico

LOCALIZAÇÃO: Definir o local de máxima ausculta. Serve de orientação para o


diagnóstico.
IRRADIAÇÃO: Deslocar o estetoscópio para outras regiões (axila, pescoço, borda
esternal direita, região interescapular).Quanto maior o sopro, maior irradiação
• Axila : insuficiência mitral
• Carótidas: sopros aórticos
• Foco pulmonar e tricúspide: congênitas

Com frêmito, tem forte intensidade


Critérios cruzes (+ a ++++)
+/4+ = muito suaves
++/4+ = intensidade moderada
+++/4+ = sopros intensos (com frêmito)
++++/4+ = sopros muito intensos (com frêmito)

Da estenose valvar mitral:


Diastólico, apical, irradia para a axila, baixa freqüência, ruflar, B1 hiperfonética,
estalido de abertura, diminui com a inspiração.
Da insuficiência valvar mitral:
Sistólico, apical, irradia p/ axila, timbre aumentado, B1 hipofonética, aumenta de
intensidade c/ handgrip .
Da estenose valvar aórtica:
Sistólico, crescendo/decrescendo, aórtico, irradia p/ pescoço, B1 normal, estalido
aórtico, aumenta de intensidade quando de cócoras
Da insuficiência valvar aórtica:
Diastólico, em decrescendo, foco aórtico acessório, aumenta de intensidade c/
handgrip
O raio x do tórax é utilizado para a avaliação da estrutura do coração, incluindo o seu
tamanho.
Ecocardiograma: através dele, é possível definir o tamanho do coração, conhecer a
sua forma, verificar movimentos, avaliar a força de bombeamento e até mesmo
identificar em que direção e com que velocidade ocorre o fluxo sanguíneo nas
cavidades cardíacas.

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