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ANA CLARA QUIRINO – 69

FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA


SEGUNDA PROVA DE SEMIOLOGIA II
PROF MARCELO

SOPROS CARDÌACOS

 Ciclo cardíaco e anatomia:


o Veia cava superior e inferior desembocam no AD  entre AD e o VD
está a tricúspide (três cúspides)  sangue é ejetado do VD para a
artéria pulmonar (ramos direito e esquerdo)  retorna ao AE sangue
oxigenado pelas veias pulmonares  passa através da valva mitral
(duas cúspides) até o VE  ejeta na aorta para ser distribuído para o
resto do corpo;
o O músculo cardíaco do VE é mais exuberante por estar conectado
com a circulação sistêmica de alta resistência e o VD com a circulação
pulmonar de baixa resistência;
o Valvas ventrículo-arteriais: aorta e pulmonar  diâmetro menor;
o Valvas átrio-ventriculares: mitral e tricúspide  diâmetro maior;
o Observar a proximidade anatômica entre a aorta e a mitral no
desenho.

 Por que é gerado um sopro cardíaco?


o Ocorre pelo aumento de fluxo (hiperfluxo) de sangue por valvas normais
ou estenosadas ou fluxo retrógrado através de valvas ou defeitos septais
(comunicação interventricular);
o Ex: insuficiência mitral  sangue regurgita pra dentro do AE 
posteriormente é somado ao sangue que chega ao átrio pelas veias
pulmonares  grande quantidade de sangue na mitral  sopro
o Nos defeitos septais exclui-se a comunicação interatrial (CIA) que não é
um sopro gerado na passagem do AE para AD e sim pelo hiperfluxo da
valva tricúspide ou pulmonar;
o Podem ser sistólicos (entre B1 – Tum e B2 – Ta), diastólicos (entre B2 –
Ta e B1 – Tum) ou contínuos (tanto na sístole quanto diástole).
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 Características semiológicas do sopro:


 Situação no ciclo cardíaco: sistólico ou diastólico;
 Localização no foco de ausculta;
 Intensidade;
 Irradiação: para o pescoço (estenose aórtica), axilas (insuficiência mitral)
 Manobras semiológicas

 Intensidade do sopro:
 1+/6+: difícil de auscultar mesmo para examinadores mais experientes
em ambiente adequado
 2+/6+: audível com menos dificuldade
 3+/6+: audível com grande facilidade, sem frêmito
 4+/6+: audível com grande facilidade, com frêmito
Frêmito  5+/6+: audível mesmo só com o uso de uma fração do estetoscópio
 6+/6+: audível mesmo com todo estetoscópio separado da pele

 Manobras semiológicas:

 Manobras que aumentam o retorno venoso:


 Coração direito e esquerdo: Cócoras e Decúbito Dorsal
 Coração direito: Rivero-Carvalho (solicitar inspiração profunda, o
que aumenta o retorno venoso para o coração D). Usada quando há
sopro sistólico para definir duvida entre insuficiência mitral (E) ou
tricúspide (D, aumenta de intensidade quando manobra é positiva).
 Manobras que reduzem o retorno venoso:
 Valsalva: expiração com a glote fechada  reduz a intensidade de
todos os sopros exceto da cardimiopatia hipertrófica;
 Ortostática.
 Manobras que aumentam a resistência vascular periférica:
 Handgrip: pedir o paciente para fazer força contra os dedos da mão;
Ex: insuficiência aórtica que permite que o sangue volte da aorta
para dentro do ventrículo esquerdo  aumento da RVP  volta
mais sangue  aumenta a intensidade do sopro
Ex: estenose aórtica  aumento da RVP  menos sangue 
diminui a intensidade do sopro
Ex: insuficiência mitral  sangue regurgita para o átrio  aumento
da RVP  regurgita ainda mais  aumento a intensidade do sopro
 Manobras que reduzem a resistência vascular periférica:
 Vasodilatador.
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SOPROS SISTÓLICOS ORGÂNICOS: cardiopatias associadas

1. Sopros de ejeção ou mesossistólicos:


 Sopro em diamante;
 É mesossistólico, ou seja, tem maior intensidade no meio da sístole (Tuf-
Ta);

 Estenose aórtica: melhor audível no foco aórtico e tem padrão de


irradiação para as carótidas no pescoço;
 Fenômeno de Gallavardin: o sopro reaparece no foco mitral com timbre
diferente do foco aórtico (às vezes semelhante ao da insuficiência mitral)
Ex: paciente com sopro da estenose aórtica, com outro sopro sistólico
mitral devido a um fenômeno acústico pela proximidade das duas
valvas. Pode ser necessário fazer o ECO pra tirar a duvida.
 Cardiomiopatia hipertrófica: hipertrofia do septo interventricular
assimétrica (pra dentro do VE) que associada ao movimento sistólico
anterior da mitral leva a obstrução do trato de saída do VE, como uma
“estenose aórtica subvalvar”
 A manobra de valsava aumenta a intensidade desse sopro porque
reduz o volume do coração aproximando o septo hipertrofiado da
valva mitral.

2. Sopros holossistólicos ou de regurgitação:


 É um sopro com maior intensidade em toda a sístole e atrapalha a
ausculta de B1 e B2 (só ouve o sopro);

 Insuficiência mitral crônica: sopro audível no foco mitral com


irradiação para a região axilar (comprometimento do folheto anterior -
mais comum). Pode se irradiar em circunferência para o dorso (sopro
circular de Miguel Couto)
 Insuficiência tricúspide: para diferenciar é preciso fazer a manobra de
Rivero-Carvalho. Pode ocorrer sobrecarga volumétrica de VD gerando
B3
 Comunicação interventricular: foco tricúspide, mitral e aórtico
acessório com irradiação pra borda esternal direita, mais intenso quanto
menor for o orifício septal (menor o buraquinho, maior o sopro).
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SOPROS DIASTÓLICOS ORGÂNICOS

1. Sopros protodiastólicos aspirativos:

 Entre B2 e B1, maior intensidade no inicio da diástole (Tum-TAAA);


 Insuficiência aórtica: foco de ausculta máximo é o aórtico acessório na
insuficiência Ao valvar
 Manobras que tornam sopro melhor audível: paciente sentado com o
tronco pra frente e manobra de handgrip;
 Vasodilatadores reduzem o sopro.

Insuficiência aortica crônica grave:


 PA divergente: queda da diastólica (aorta n se fecha completamente)
 Sinal de Hill: PA membro inferior > membro superior 60mmHg
 Pulso em martelo d’água
 Sinal de Musset (pulsação da cabeça)
 Sinal de Muller (úvula)
 Sinal de Quincke (capilares subungueais)
 Sinal de Traube (pistol shot)
 Sinal de Duroziez (sopro na artéria femoral com sua compressão)

2. Ruflar diastólico:

 Inicio no meio da diástole com maior intensidade no final;


 Causado por hiperfluxo através de valvas atrio-ventriculares normais ou
pela estenose das mesmas;
 Estenose mitral: dificuldade do sangue de passar do AE para o VE
durante a diástole. Mais de 90% dos casos causados por febre
reumática pela calcificação da valva. Pode estar associada à fibrilação
atrial devido ao aumento de pressão no AE com risco de fenômenos
tromboembólicos (AVC). O VE geralmente é poupado.
 Sintomas podem incluir dispneia e ortopneia pelo aumento da
pressão venocapilar pulmonar, disfagia, compressão do brônquio
fonte esquerdo pela relação anatômica com o átrio esquerdo;
 Estalido de abertura (pela valva calcificada), reforço pré sistólico, B1
hiperfonética, melhor audível decúbito lateral E;
 Melhor audível com campânula.
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PROVA: quando há insuficiência aórtica muito grave, o paciente tem grande


quantidade de sangue da aorta que volta para o VE podendo atrapalhar a
abertura do folheto anterior da mitral  sopro semelhante à estenose mitral.

 Sopro de Austin-Flint: sopro diastólico no foco mitral, semelhante à


estenose mitral mas que ocorre no paciente com insuficiência aórtica
severa, devido ao fluxo regurgitante aórtico que fecha parcialmente o
folheto anterior da valva mitral;
Diferença: não há hiperfonese de B1 ou estalido de abertura.
 Sopro de Carey-Coombs: sopro por hiperfluxo através de valva mitral
não estenosada.
Ocorre na insuficiência mitral.

SOPROS CONTÍNUOS

 Tanto na sístole quanto na diástole;


 Persistência de canal arterial: cardiopatia congênita, melhor audível no
foco pulmonar
 Fistula arterio-venosa: pacientes em hemodiálise;
 Zumbido venoso: crianças, região cervical direita e supraclavicular,
melhor audível com campânula, devido ao hiperfluxo no sistema venoso
jugular e subclávio.

SOPROS INOCENTES

 Sem cardiopatia associada;


 Sopro inocente da criança: mesosistólico de baixa intensidade, melhor
audível no foco mitral e tricúspide, crianças de 4-7 anos, desaparece ou
se reduz em manobras que reduzem retorno venoso;
 Sopro sistólico hiperdinâmico: mesossistólico, foco pulmonar e aórtico
acessório.
 Causas: condições que alteram a velocidade da corrente
sanguínea ou viscosidade do sangue (anemia, febre, exercício
físico, tireotoxicose, béri-béri, gestação).
 ECO normal.
 Zumbido venoso: sopro continuo em criança que também é um sopro
inocente.

Exemplo final da aula: paciente com estenose aórtica. Saber sintomas


(sincope, angina, sintomas de insuficiência ventricular esquerda), presença de
B4, desdobramento paradoxal da B2, sopro aórtico irradiado para o pescoço,
pulso parvus tardus.

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