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Semiologia

Cardiológica
INTRODUÇÃO – Coração: a área
de projeção do coração tem uma
forma mais ou menos oval, cujos
limites são visualizados na figura.
Inspeção Torácica: Tórax
Chato – diâmetro ântero-
posterior reduzido, comum nos
indivíduos longilíneos. Tórax em
Tonel ou Barril – aumento do
diâmetro ântero-posterior, que
se iguala ao transversal.
Observado em pacientes
enfisematosos e alguns idosos
hígidos. Tórax Infunfibuliforme –
depressão acentuada no terço
inferior do esterno (pectus
excavatum) – congênito ou
adquirido (raquitismo). Tórax
Cariniforme – oposto do anterior,
pois uma saliência em forma de peito de pombo (pectus carinatum) ou quilha de navio.
Congênito ou adquirido (raquitismo). Tórax Piriforme (em Sino) – a porção inferior alarga-
se como um sino. Está presente nas grandes hepatomegalias e nas ascites volumosas.
Tórax Cifótico – dado pelo encurvamento posterior da coluna torácica. Tórax Escoliótico –
assimétrico por desvio lateral. Tórax Cifoescoliótico – alteração cifótica somada à
escoliose. Tórax Instável Traumático – fratura de costelas em pelo menos dois pontos.
Movimentos respiratórios paradoxais – movimento do tórax para dentro na inspiração e
para fora na expiração – dificultam gravemente a respiração.

Abaulamentos e Depressões: indicam alguma lesão que aumentou ou reduziu uma


estrutura intratorácica. Exemplo – no aneurisma da aorta pode ser visto um abaulamento
arredondado e pulsátil.

EXAME CARDIOLÓGICO – Inspeção e Palpação: Abaulamentos – deve ser procurados


pela inspeção tangencial e frontal. Nas crianças, é natural que o precórdio seja deformado
pelo ventrículo direito, já que o tórax é mais flexível. Em adultos, pode indicar aneurisma
de aorta (pulsátil) e cardiomegalia, por exemplo.

Ictus Cordis – nos mediolíneos o ápice do coração fica no cruzamento entre a linha
hemiclavicular esquerda e o 4o e 5º EICE. Um deslocamento do ictus geralmente
representa hipertrofia ou dilatação no ventrículo esquerdo, mas pode ser fisiológico,
dependendo do biótipo. Extensão: medida pela quantidade de polpas digitais necessárias
para cobri-lo. Intensidade: avaliada pela palpação com a palma da mão. Ponto de Impulso
Máximo: pesquisado com o paciente sentado. Em 30% dos indivíduos não é palpável nas
posições sentada e em pé – o paciente precisa ser colocado em decúbito lateral esquerdo.
Deslocamento: se não houver variação do ictus cordis (1 a 2cm) nas diferentes posições,
suspeita-se de sínfise pericárdica.

Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)


Retração Sistólica Apical – em casos de hipertrofia direita, observa-se uma retração ao
invés de impulso do ápice, enquanto as regiões esternal e paraesternal são projetadas
para diante (movimento em báscula). Levantamento em Massa do Precórdio – hipertrofia
do ventrículo direito cujo impulso sistólico movimenta uma grande área da parede
torácica. Choque Valvar Palpável – quando as bulhas tornam-se hiperfonéticas, é provável
que sejam sentidas através da palpação. O mesmo acontece com cliques de maior
intensidade. Pulsações Epigástricas – transmissão à parede abdominal das pulsações da
aorta, que podem denunciar hipertrofia ventricular direita e estenose tricúspide (pulso
hepático). Pulsação Supra-Esternal ou da Fúrcula Esternal – observadas em pessoas
normais, porém aumentadas na hipertensão arterial, no aneurisma de aorta ou em
síndromes hipercinéticas (insuficiência aórtica, hipertireoidismo, anemia, febre, gravidez,
exercício). Frêmito Cardiovascular – sensação tátil das vibrações produzidas no coração.

AUSCULTA – Posição: o paciente normalmente deve ficar em decúbito dorsal, com a


cabeça apoiada em um pequeno travesseiro. O médico fica ao lado DIREITO. Outra
posição do paciente é o decúbito lateral esquerdo com a mão sobre a cabeça, de modo a
facilitar a ausculta do foco mitral (FM). Para que os sons produzidos na base do coração
sejam exacerbados pede-se que ele assuma a posição ortostática. Estetoscópio: o
diafragma é apropriado para se ouvirem ruídos de alta freqüência, ao contrário, a
campânula serve para ouvir os sons de baixa freqüência. Respiração: a maioria, mas não
todos os sons, costuma aumentar com a inspiração.

Focos de Ausculta: os focos de ausculta não correspondem anatomicamente às


localizações anatômicas das valvas que lhes emprestam os nomes. Foco Aórtico (FA) – 2º
EICD, junto ao esterno. Foco
Pulmonar (FP) – 2º EICE, junto
ao esterno. Foco Aórtico
Acessório (FAA) – 3º EICE junto
à borda esternal. Foco
Tricúspide (FT) – base do
apêndice xifóide, ligeiramente à
esquerda. Foco Mitral (FM) – 4º
e 5º EICE, na linha
hemiclavicular esquerda.

Ciclo Cardíaco: durante o fim


da diástole, no enchimento
ventricular lento, os folhetos da
válvula mitral encontram-se
semi-abertos, mas pouco
sangue passa por eles. O nó
sinusal, então, manda um novo
estímulo que vai excitar os
átrios a contraírem-se outra
vez. Com isso, há redução do
volume interno e aumento do
nível pressórico dessa
cavidade, que culmina na impulsão do sangue para o ventrículo esquerdo. Depois de um
intervalo no nodo AV, o estímulo gerado inicialmente pelo nodo AS é transmitido para os
ventrículos pelo feixe de His, seus ramos e as fibras de Purkinje. Esses contraem-se,
elevando a pressão intra-cavitária até ultrapassar o nível atrial – nesse momento a valva
mitral fecha-se, constituindo O PRIMEIRO COMPONENTE da PRIMEIRA BULHA (B1). A
crescente tensão é chamada de contração isovolumétrica, até que ela supere a pressão
Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)
das valvas sigmóides aórticas e o sangue seja ejetado para essa artéria. A ejeção
ventricular termina quando a queda de pressão intraventricular para um nível inferior aos
da aorta feche as sigmóides aórticas – PRIMEIRO COMPONENTE da SEGUNDA BULHA (B2).
Após, se segue o relaxamento isovolumétrico do ventrículo, concomitante com o aumento
de pressão do átrio. Esta cavidade
então transfere rapidamente seu
volume para o ventrículo até que a
pressão se iguale e os folhetos da
mitral fiquem semi-abertos. A fase
diastólica finda com um novo e
estímulo e conseqüente contração
atrial.

Observação – a inspiração aumenta a


negatividade da pressão torácica e
acentua a pressão abdominal,
determinando maior afluxo de sangue
ao ventrículo direito. A expiração
aumenta a pressão positiva pulmonar,
promovendo a chegada de sangue ao
ventrículo esquerdo.

Bulhas Cardíacas: Primeira Bulha (B1) – corresponde ao fechamento das valvas mitral e
tricúspide, nessa seqüência – em 50% nos indivíduos é possível ouvir a dissociação tênue
dos dois sons. Coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo. Seu timbre é grave e a
duração é maior do que a 2ª bulha (TUM).

Segunda Bulha (B2) – corresponde, nesta ordem, ao fechamento das valvas aórtica e
pulmonar. O primeiro componente é ouvido em toda a região precordial, mas o segundo
apenas na área do FP. Na expiração, ambas as valvas se fecham sincronicamente e o ruído
é única. Na inspiração, por causa do maior afluxo sangüíneo ao coração direito, a sístole
demora mais desse lado, e o componente pulmonar retarda-se tanto que é possível
perceber-se os dois ruídos dissociados. A segunda bulha é mais aguda e seca (TÁ) – (TLÁ
se está desdobrada). É mais audível nos focos da base, porque é ali que se originam.

Terceira Bulha (B3) – é um ruído protodiastólico de baixa freqüência, que se origina das
vibrações produzidas pela distensão da parede ventricular subitamente distendida pela
corrente sangüínea que penetra a cavidade durante o enchimento ventricular rápido.
Normalmente ouvida em crianças e adolescentes, sendo mais audível na área mitral, em
decúbito lateral esquerdo.

Quarta Bulha (B4) – ruído débil que ocorre no fim da telediastóle e pode ser ouvido em
condições normais em crianças e adultos jovens. Origina-se pela brusca desaceleração do
fluxo sangüíneo, mobilizado na contração atrial, de encontro à massa sangüínea já
presente no interior dos ventrículos, no fim da diástole. Também causada por redução da
complacência do ventrículo esquerdo, fisiológica em idosos.

Momentos da Sístole / Diástole: em ordem – protossístole, mesossístole, telessístole,


protodiástole, mesodiástole e telediástole / pré-sístole. Holossístole e holodiástole
compreendem o período todo das duas fases.

Importante! Todo o precórdio deve ser auscultado – os chamados focos de ausculta


servem apenas como pontos de referência para facilitar o registro.
Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)
Sistematização da Ausculta: (1) reconhecer o ritmo e a freqüência dos batimentos; (2)
se existir uma 3ª bulha, distingui-la do galope; (3) analisar a característica das bulhas; (4)
identificar cliques, estalidos, sopros e atrito pericárdico; (5) relacionar os achados da
ausculta com afecções cardíacas.

(1) Ritmo e Freqüência: Ritmo – havendo duas bulhas é binário; havendo três, o ritmo
é dito em tríplice. Alterações do ritmo são ditas arritmias. Freqüência – número de
batimentos durante um minuto inteiro, que deve ser comparado com o número de
batimentos do pulso radial para a pesquisa de déficit de pulso.

ARRITMIAS – ocorrendo perturbação na formação e/ou na condução do estímulo,


altera-se o ritmo normal, consustanciando-se as arritmias por transtornos do
automatismo, da condução ou de ambas. Manifestações Clínicas – estão
diretamente relacionadas à freqüência cardíaca, ao tempo de duração, ao estado do
miocárdio e à permeabilidade arterial.

Tipos de Arritmias: I – Por Transtorno de Automatismo: (a) sinusais – taquicardia


sinusal, bradicardia sinusal, arritmia sinusal e parada sinusal; (b) extra-sinusais –
ritmos juncionais, extra-sistolia supraventricular e ventricular, taquicardia
paroxística supraventricular e ventricular. II – Por Perturbação na Condução dos
Estímulos: (a) bloqueio atrioventricular – de primeiro, segundo e terceiro grau; (b)
bloqueio de ramo – direito e esquerdo; síndrome de Wolff-Parkinson-White.

(3) Alterações das Bulhas: PRIMEIRA BULHA  Intensidade – deve ser avaliada nos
focos mitral e tricúspide. Condições que diminuem o enchimento ventricular – taquicardia,
hipertireoidismo e extra-sístoles – acompanham-se de hiperfonese da 1ª bulha, porque a
contração vai se iniciar quando as valvas estiverem baixas. Timbre e Tonalidade – na
estenose mitral, as valvas se tornam rígidas pela fibrose, e as bulhas adquirem tonalidade
aguda e timbre metálico. Desdobramento (TLUM) – fisiológico em 50% dos casos. Caso
seja muito amplo, provavelmente se deve a bloqueio de ramo direito. Mascaramento –
pode ocorrer nos sopros sistólicos de regurgitação.

SEGUNDA BULHA Intensidade – observada nos focos aórtico e pulmonar. A hiperfonese


acontece quando há aumento do débito – persistência do canal arterial e comunicação
interatrial. A hipofonese está relacionada com decrescimento do débito, como nas extra-
sístoles, na estenose aórtica, na estenose pulmonar e nas miocardiopatias. Timbre e
Tonalidade – adquire caráter seco quando as sigmóides enrijecem. Desdobramento (TLÁ)
– estudado na área pulmonar.

TERCEIRA BULHA  presente em condições patológicas quando o coração está dilatado ou


com maior complacência (mole) – insuficiência mitral miocardiopatia ou miocardite,
comunicação interatrial / interventricular e persistência do canal arterial. QUARTA BULHA
 patológica nos corações hipertrofiados com irrigação deficiente (duros) – hipertensa
arterial, insuficiência coronária e miocardiopatia hipertrófica. Não há diferença
eletroacústica entre bulhas fisiológicas e patológicas.

(4) Ruídos: CLIQUES E ESTALIDOS  Estalidos Diastólicos – ocorrem nas estenoses das
valvas mitrais e tricúspides, e, mais raramente, na comunicação interatrial e na
insuficiência mitral. Estalidos Proto-Sistólicos (Aórtico e Pulmonar) – são os ruídos de
ejeção causados pelas vibrações das paredes dos vasos. Estalidos Mesossistólicos e
Telessistólicos – o dito clique sistólico é causado por uma brida pericárdica /
pleuropericárdica ou pelo prolapso da válvula mitral / tricúspide.

Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)


SOPROS  Conceito – vibrações decorrentes de alterações no fluxo sangüíneo (aumento
da velocidade da corrente sangüínea, diminuição da viscosidade do sangue, passagem por
zona estreitada, por zona dilatada ou por membrana de borda livre). Classificação – (a)
inocentes ou orgânicos; (b) sistólicos (entre B1 e B2), diastólicos (entre B2 e B1),
sistodiastólicos ou contínuos.

Aspectos Clínicos – Momento: os sopros nem sempre ocupam toda uma fase, por isso são
divididos em proto, meso e telessistólicos / telediastólicos. Localização: foco onde é ouvido
com maior intensidade. Irradiação: alguns são auscultados além do seu foco principal,
porque o sopro irradia – obedecendo ao fluxo sangüíneo. Na estenose aórtica, por
exemplo, ele é auscultado até a base do pescoço. Timbre e Tonalidade: definem a
qualidade do sopro – podem ser suaves, rudes, musicais, aspirativos, em jato de vapor,
granulosos, piantes e em ruflar. Intensidade: + - muito suave, por isso o examinador só o
ouve concentrado; ++ - baixo, mas é auscultado imediatamente após a colocação do
estetoscópio; +++ - moderadamente intenso; ++++ - intenso associado a frêmito;
+++++ - muito intenso, com frêmito, pode ser ouvido com a ponta do estetoscópio;
++++++ - tão intenso que pode ser auscultado com o estetoscópio levemente afastado
do tórax.

Manobras Semiológicas – AUMENTAM O RETORNO VENOSO – posição de cócoras


(squatting); decúbito dorsal; elevação das pernas; inspiração profunda (manobra de
Rivero-Carvalho) – aumenta o retorno venoso ao coração direito por diminuição da
pressão intra-torácica – intensificando o sopro de insuficiência tricúspide e de estenose
pulmonar. DIMINUI O RETORNO VENOSO – a manobra de Valsalva aumenta a pressão
intra-torácica e, portanto, diminui o retorno venoso ao coração. HANDGRIP - preensão
isométrica – aumento da resistência vascular periférica, reduzindo a ejeção de sangue pela
válvula aórtica e aumentando o volume no ventrículo esquerdo, de modo a aumentar a
intensidade da regurgitação mitral, da CIV e da cardiopatia hipertrófica.

A) SOPROS SISTÓLICOS

1) Sopros de EJEÇÃO (Mesossistólicos) – são conhecidos como sopros em


diamante ou crescendo-decrescendo – porque a ejeção é inicialmente lenta,
máxima na mesossístole e novamente lenta na telessístole. Tanto B1 como B2
são audíveis.

a) Esclerose do Anel Aórtico: é o sopro orgânico mais comum,


acontecendo normalmente em idosos.

b) Estenose Aórtica: causa redução na passagem de sangue pelas


valvas sigmóides aórticas. Está localizado no foco aórtico e
irradia-se para o pescoço. O pulso carotídeo é parvus tardus.
Outras características envolvem
ruído de ejeção, B4, ictus
propulsivo, desdobramento
paradoxal de B2 pelo atraso da
sístole do VE, hipofonese de
B2. Os sintomas clássicos –
angina, síncope associada ao
esforço e dispnéia – só surgem
depois de anos, devido a
mecanismos compensatórios.

Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)


c) Estenose Aórtica Supravalvar: semelhante ao anterior, mas o
sopro é melhor auscultado na fúrcula esternal.

d) Membrana Subaórtica: também é


semelhante à estenose aórtica, contudo
não há ruído de ejeção.

e) Cardiomiopatia Hipertrófica Obstrutiva:


único sopro que aumenta de intensidade
com a manobra de Valsalva e diminui
na posição de cócoras.

f) Estenose Pulmonar: semelhante


ao da estenose aórtica, mas é
positivo para o sinal de Rivero-
Carvalho (inspiração profunda) e
associa-se ao desdobramento de
B2.

g) Dilatação Arterial: na dilatação da


aorta ascendente ou artéria pulmonar há sopro mesossistólico
suave e hiperfonese de B2.

h) Hiperfluxo da Válvula Aórtica: na insuficiência aórtica crônica,


porque o volume de ejeção ventricular torna-se muito grande.

i) Hiperfluxo na Artéria Pulmonar: é o sopro da comunicação inter-


atrial (CIA), quando o coração direito fica sobrecarregado. Há
desdobramento fixo de B2.

2) Sopros de REGURGITAÇÃO (Holossistólicos) – há abafamento de B1 e B2


porque ele ocupa toda a sístole. Sobrecarga de volume PODE gerar B3.

a) Insuficiência Mitral: a principal


causa é o prolapso da válvula,
que é característico, por exemplo,
da síndrome de Marfan. Os
sintomas incluem dispnéia,
ortopnéia e dispnéia paroxística
noturna. É intensificado pelo
handgrip. Está associado à B3.

b) Insuficiência Tricúspide: Entre os


sintomas estão a turgência
jugular, a hepatomegalia, a
anasarca (edema generalizado), a
fadiga e a ascite. É muito
semelhante ao anterior, mas pode
ser diferenciado pela manobra de
Rivero-Carvalho (+), pela onda V
gigante e pelo pulso hepático.

Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)


c) Comunicação Interventricular
(CIV): auscultado no mesocárdio
e no FT, tem alta freqüência e
intensidade, mas não é irradiado.
Sua intensidade é sempre
inversamente proporcional ao
tamanho da comunicação. O
sangue passa do ventrículo
esquerdo ao direito.

B) SOPROS DIASTÓLICOS - majoritariamente patológicos.

1) Sopros Aspirativos (Protodiastólicos) – são sopros de alta freqüência, suaves.

a) Insuficiência Aórtica: percebido no foco aórtico (doença da aorta


ascendente) ou no aórtico acessório (insuficiência aórtica valvar).
A irradiação se faz para o foco
mitral, porque segue o fluxo
regurgitante. Para intensificá-lo,
flete-se o tronco do paciente,
utiliza-se o handgrip ou a
expiração forçada. Os pacientes
apresentam pulso amplo e célere
(em martelo d’água).

b) Insuficiência Pulmonar: é também positiva para a manobra de


RV. Melhor auscultado no foco pulmonar.

2) Ruflar Diastólico – timbre grave e descontínuo. Ocorre por hiperfluxo nas


válvulas AV ou por seu estreitamento.

a) Estenose Mitral: Os principais


sintomas são dispnéia aos
esforços, fadiga, astenia e
lipotímia. Na ausculta, B1 é
hiperfonética, bem como B2 no
foco pulmonar - denotando
hipertensão pulmonar. Pode
haver um estalido de abertura e o
sopro pode se irradiar para a
axila.

b) Estenose Tricúspide: Sinalizada pela congestão vascular


sistêmica, hepatomegalia, ascite, turgência jugular, edema de
membros inferiores, fadiga e astenia. Sopro semelhante ao
anterior, no entanto é positivo à manobra de RC.

c) Sopro de Austin-Flint: na insuficiência aórtica severa, no


momento da diástole, há um sopro por regurgitação por
hiperfluxo. Semelhante ao da estenose mitral, não tem estalido
de abertura nem hiperfonese de B1.

Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)


d) Sopro de Carey-Coombs – sopro por hiperfluxo da válvula mitral
insuficiente, cujo volume regurgitado volta ao ventrículo.

C) SOPROS SISTODIASTÓLICOS – audíveis na sístole e na diástole, com uma pause entre


os dois ruídos. Podem ocorrer no sopro de Carey-Coombs, de Austin-Flint, de dupla lesão
aórtica e de dupla lesão mitral.

D) SORPOS CONTÍNUOS – não param e são denominados em maquinaria por simular o


ruído de uma locomotiva. Exacerbam-se na sístole. Abafam B1 e B2. Estão presentes na
persistência do canal arterial (PCA), na
fístula arteriovenosa sistêmica ou pulmonar,
e na coarctação da aorta (B2 hiperfonética,
sopro mesossistólico, auscultado no foco
pulmonar e aórtico acessório – sinal comum
é hipertensão arterial dos membros
superiores e hipotensão / ausência de pulso
nos inferiores).

E) SOPROS INOCENTES – não estão


associados a doença cardíaca. São curtos,
precoces e geralmente mesossistólicos. Sua
principal característica é variar muito de
acordo com a manobra semiológica.

F) ZUMBIDO VENOSO – sopro contínuo,


encontrado em crianças de 5 a 15 anos, de localização cervical direita e supraclavicular, de
baixa freqüência, causado pelo hiperfluxo nas veias jugulares. Sua intensidade é
aumentada quando o a paciente vira a cabeça para o lado oposto ao examinado.

Insuficiência Cardíaca (IC) – Definição – anormalidade da função cardíaca responsável


pela incapacidade do coração em bombear sangue a um ritmo adequado às necessidades
dos tecidos ou permite que isso aconteça a partir de uma pressão de enchimento elevada.
É uma complicação de virtualmente todas as cardiopatias. Epidemiologia – afeta homens e
mulheres na mesma proporção, especialmente depois dos 60.

Causas – as causas básicas compreendem anormalidades estruturais, como a estenose


aórtica. As causas precipitantes, que desencadeiam o processo na maioria das vezes,
impõe ao coração uma carga adicional que não é suportada pela cardiopatia subjacente.
Exemplos: ingesta aumentada de sal, má aderência a terapia medicamentosa, tratamento
inadequado, repouso inadequado, estresse emocional, gestação, hipertensão arterial não
controlada, arritmias cardíacas, isquemia miocárdica, infarto agudo do miocárdio, embolia
pulmonar, infecção respiratória, drogas inotrópicas negativas (β-blockers), retentoras de
líquido (corticóides), anemia e tireotoxicose.

Sintomas – dispnéia, fadiga, fraqueza, anorexia, noctúria e alterações do sistema nervoso


central, que podem começar vários anos após a instalação da patologia. A dispnéia
sobrevém depois de esforços grandes, inicialmente, mas progride até estar presente no
repouso, caso não tratada a doença. Além disso a respiração de Cheyne-Stokes (cíclica ou
periódica) – incursões ventilatórias cada vez mais profundas até atingir uma amplitude
máxima – a partir de então os movimentos diminuem gradativamente até a apnéia. Uma
variante conhecida é a apnéia do sono.

Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)


Em conseqüência da congestão do fígado e do sistema porta, anorexia e náuseas,
associadas à dor e plenitude abdominais são freqüentes. Na IC avançada, a perfusão
cerebral diminuída causa hipoxemia, implicando confusão, irritabilidade, insônia, cefaléia,
ansiedade, sonhos e dificuldade de concentração.

Achados Clínicos - paciente com bom estado nutricional e mal estado geral, nas primeiras
fases da doença. Depois, gradativamente, os pacientes ficam desnutridos. O peso,
contudo, tende a aumentar, devido à retenção de líquidos (edema simétrico e
gravitacional). A taquicardia sinusal é outro achado comum, que tendam manter o DC
adequado. É comum também o pulso alternante. A hiperatividade do simpático – causa
frieza, palidez e sudorese nos membros inferiores. B3 e B4 são freqüentemente audíveis.
Estertores pulmonares finos nas bases pulmonares são os mais precoces sinais de
congestão pulmonar. Asma cardíaca – broncoespasmo nos portadores de afecções crônicas
nos brônquios, provocando respiração sibilante e prolongamento da expiração – é outro
sinal comum.

Formas da IC – a) Direita e Esquerda – na esquerda estão mais presentes a ortopnéia e a


dispnéia, pela congestão pulmonar. Na direita há congestão sistêmica, com
hepatomegalia, ascite, turgência jugular e edema de membros inferiores. Ambas podem
coexistir – IC global / biventricular. A maioria das cardiopatias que levam à IC começam
como IC esquerda e evoluem para a direita.

b) Crônica e Aguda – aguda é aquela dos pacientes hígidos que desenvolvem uma
anormalidade cardíaca anatômica ou funcional. Normalmente não há edema, pelo tempo
de evolução curto. A IC crônica por outro lado, é caracterizada pelo edema periférico.

c) Baixo e Alto Débito – a IC de baixo débito é marcada pela baixa perfusão periférica,
vasoconstrição sistêmica, frio, palidez, cianose de extremidades e pulso filiforme. Na
outra, embora o DC esteja aumentado, é menor do que o paciente apresentava antes do
aparecimento da doença. Esse paciente mostra-se, todavia, com as extremidades quentes.

d) Diastólica e Sistólica – se a IC é causada pela incapacidade do ventrículo de se contrair


normalmente e expelir sangue suficiente é dita SISTÓLICA (miocardiopatia dilatada). Caso
ela se deva à dificuldade de relaxar e encher normalmente, é DIASTÓLICA (miocardiopatia
hipertrófica).

IC CONGESTIVA  caracteriza o fenômeno da congestão veno-capilar, definido como o


represamento de sangue nos leitos venosos e capilares à montante do ventrículo
comprometido. Em virtude disso há aumento de pressão veno-capilar, extravasamento de
líquido para o interstício e distensão venosa.

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL  I – paciente assintomático em suas atividades habituais. II


– assintomático ao repouso. Atividades físicas normais causam fadiga. III – atividades
mais leves que as habituais evocam os sintomas. IV – paciente com sintomas mesmo em
repouso.

Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)

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