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Exame físico do abdômen

Regiões do abdome
Pode ser dividido em quatro quadrantes e seis regiões

Umbilical region = Mesogástrio

Órgãos de cada quadrante


QSD: Fígado, vesícula biliar, cabeça do pâncreas e flexura hepática do cólon

QSE: Fígado (lobo esquerdo), estômago, corpo do pâncreas e flexura esplênica


do cólon

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QID: Ceco, apêndice e parte do cólon ascendente

QIE: Cólon sigmoide e parte do cólon descendente

Semiologia
Ordem 💡 No exame abdominal, a ausculta deve ser avaliada logo após
prática a inspeção. Isso porque a palpação ou percussão podem alterar
os movimentos peristálticos.
1. Inspeção

2. Ausculta

3. Percussão

4. Palpação

Inspeção
Deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal e pernas estendidas. Do rebordo
costal até o púbis (com áreas desnudas).

Estática
Forma e volume

Plano

Globoso: obesidade; panículo


adiposo (camada de tecido
localizada sob a pele)

Batráquio: crianças e na regressão


da ascite

Avental

Escavado: atletas, câncer,


anorexia ou bulimia

Pendular: pós gravidez.


Resultando da fraqueza da
musculatura do abdome inferior,
não estando

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necessariamente associada à
obesidade

Estrias → excesso de corticosteroide, gravidez, efeito sanfona


Circulação colateral → secundário à obstrução na porta

Hematoma retroperitoneal (sinal de Cullen e Grey-Turner) → indicativos de


pancreatite aguda

Sinal de Cullen → equimose em região periumbilical (indicativo de


hemorragia retroperitoneal)

Sinal de Gray-Turner → equimose na região dos flancos

Dinâmica
Movimentos peristálticos, movimentos respiratórios, pulsações

Circulações colaterais

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Tipo portal: tipo mais comum;
acontece pelo obstáculo do
fluxo venoso em direção ao
fígado; “Cabeça de medusa”
(quando estão dilatadas
próximas ao umbigo).

Tipo cava inferior: consiste na


obstrução da veia cava inferior
por conta de uma trombose.
Observa-se os vasos na região
inferior e lateral do abdome,
com fluxo ascendente.

Tipo cava superior: dilatação


dos vasos na região superior
do abdome, com sentido da
corrente descendente.

Tipo misto: junção das


características da circulação
colateral tipo portal e da
circulação colateral tipo cava
inferior, com fluxo ascendente.

Hérnias → epigástrica, umbilical, inguinal, femoral, incisional (abaixo de uma


cicatriz)

Utiliza-se a manobra de valsava: pede-se para o paciente assoprar com


força contra a própria mão ou tentar expirar pelo nariz com ele estancado

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(aumenta a pressão intraabdominal)

⚠ Hérnia femoral → mais comum em mulheres


Hérnia inguinal → mais comum das que ocorrem em mulheres

Cicatrizes por cirurgia prévia

Incisão de Kocher: subscostal direita, própria para cirurgias no fígado,


vesícula biliar (colecistectomia) e árvore biliar

Não é tão vista porque a cirurgia só é feita aberta em casos extremos

Chevron: semelhante à Kocher, mas com alcance até o outro lado do


abdome, para esôfago, estômago e fígado

Mercedes-Benz: igual a chevron, com inserção de uma incisão vertical até o


apêndice xifoide

Incisão de McBurney: quadrante inferior direito, para apendicectomia

Incisão de Lanz: no ponto de McBurney, seguindo os sentido das fibras


do M. oblíquo externo

Incisão de Phannestiel: transversal abaixo do umbigo, geralmente usada


na cesária

Rutherford-Morrison: acesso ao cólon sigmoide e pelve

Incisão transversa: acesso ao pâncreas, cólon direito, duodeno

Incisão mediana: comum no trauma, laparotomia

Incisão paramediana: indicada para esplenectomia, ressecção de cólon


esquerdo e acesso ao estômago

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Ausculta
Deve ser feita nos quatro quadrantes para avaliar: ruídos hidroaéreos, presença de
sopros nas artérias aorta abdominal, renais, ilíacas e femorais e atrito entre o fígado
e baço.

Ruídos hidroaéreos (peristalse)


aumentado: indicam diarreia, fase
inicial da obstrução. Se diminuídos
íleo paralítico, obstrução, peritonite

Pouco provável que esteja alterada,


analisa-se a presença/ausência

Tempo de ausculta: 2 minutos

Borborígmos: ronco mais alto

Percussão
Possibilita identificar presença de ar livre, líquido e massas intra-abdominais.
Utiliza-se a técnica digito-digital, examinador posiciona uma das mãos sobre o
abdome e percute com o dedo indicador.

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Segue-se a sequência: quadrantes → fígado → Traube → manobras para ascite

Percussão normal:

Macicez hepática no hipocôndrio direito; timpanismo no espaço de Traube


(baço), timpanismo nas demais regiões;

Macicez hepática mede de 6-12 cm

Percussão alterada:

Massas abdominais sólidas ou líquidas (ascite) são maciços;

Timpanismo generalizado pode indicar obstrução.

Espaço de Traube: espaço semilunar do 6º ao 11º espaços intercostais esquerdo


→ localização do baço

Deve haver timpanismo normal

Macicez significa aumento do lobo hepático direito, esplenomegalia,


derramamento pleural

Espaço de Traube

Sinal de chilaidite: interposição de alça intestinal entre o fígado e a parede


intestinal, pode gerar timpanismo na percussão (falso positivo para sinal de Jobert =
pneumoperitônio)

Faz-se raio X em posição ortostática e em decúbito dorsal para comparação.


Se a mancha subir ela representa ar se movimentando, já que a alça não de
move.

Manobras para pesquisa de ascite

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Macicez móvel: casos de ascite de médio volume. No decúbito dorsal o líquido se
acumula na região lateral, apresentando timpanismo na região anterior. No decúbito
lateral, o líquido desloca-se para o mesmo lado que fica com som som maciço,
enquanto a região acima fica timpânica.

0,3 a 1 L → mais sensível

Semicírculo de Skoda: paciente em decúbito dorsal percute-se a região


periumbilical em semicírculo. Na ascite ocorre alteração do timpanismo

1a3L

Teste da onda líquida (piparote): paciente em decúbito dorsal, coloca-se uma das
mãos na cintura, a outra da um peteleco do lado oposto. Se a macicez for por
líquido, ele irá se movimentar.

3 L → mais utilizado

Manobras da percussão
Sinal de Giordano: punho-percussão das lojas renais. Se o paciente sentir dor é
positivo. Pode indicar pielonefrite aguda ou cálculo renal.
Sinal de Jobert: percussão do hipocôndrio direito com detecção de timpanismo.
Indica pneumoperitônio. Perda da macicez hepática. Indica perduração de víscera
oca em peritônio livre.

O sinal de Jobert é positivo na presença de timpanismo à percussão na região da linha axilar


anterior direita até a linha mediana, abaixo apêndice xifoide, onde normalmente encontramos
macicez hepática, sendo sugestivo de pneumoperitônio

Sinal de Corvoisier-Terrier: vesícula biliar palpável. Pode indicar neoplasia

Palpação
‼Examinador deve sempre se posicionar do lado direito do paciente.

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Pacientes com dor devem localizar sua dor. Palpação inicia pela área mais distante,
deixando a região dolorosa por último.

Palpação superficial
Avaliação de sensibilidade, integridade anatômica, grau de distensão, defesa da
parede abdominal, continuidade da parede.

Busca de doenças acima da aponeurose

Feita com uma mão

Palpação profunda
Caracterização de vísceras, massas e
tumorações.

Específica: estômago, rim, psoas,


cólon, íleo terminal, ceco

Estruturas palpáveis somente em


patologias: fígado, baço

Feita com as duas mãos, mão


dominante em baixo. Força é feita
pela mão de cima. Locais de palpação:

Alterações da parede abdominal: A: Fossa ilíaca direita;

Diástase do músculo reto B: Flanco direito;


abdominal → afastamento dos C: Hipocôndrio direito;
músculos com a aponeurose
D: Epigástrio;
fechada
E: Hipocôndrio esquerdo;
Não há saco herniado,
porque a aponeurose está F: Flanco esquerdo;
fechada → cirurgia para G: Fossa ilíaca esquerda;
fins estéticos)
H: Hipogástrio
Hérnia → aponeurose aberta
I: Mesogástrio.
com saída de conteúdo
abdominal, necessita de
correção cirúrgica

Palpação do fígado

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Feita para determinar as características
da borda hepática, quanto a sua
consistência, regularidade de sua
parede e forma de sua borda, presença
de pontos dolorosos e determinação de
massas palpáveis.
Posição fisiológica do fígado

Técnica de Lemos Torres: Técnica de Mathieu: manobra em


garra.
1. Examinador com a mão
esquerda na região lombar 1. Examinador apoia as polpas
direita tenta exteriorizar o digitais no rebordo costal
fígado. tentando “entrar
por baixo”.
2. Com a mão direita espalmada
na parede anterior tenta-se 2. Pede-se que o paciente inspire.
palpar a borda hepática na
inspiração profunda.

Palpação do baço

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Normalmente não é palpável, exceto na esplenomegalia.

Esplenomegalia: hipertensão portal, infecções parasitárias e virais,


neoplasias hematológicas, colagenoses

Linha hemiclavicular esquerda entre a 9º e a 11º costela, paciente em decúbito


lateral direito.

Posição de Schuster: paciente


deve estar posicionado em
decúbito lateral direito com o
membro inferior esquerdo fletido a
90°. Membro inferior direito
estendido. Membro superior direito
estendido e o esquerdo fletido
sobre a cabeça.
Posição de Schuster
Essa posição induz a
movimentação do baço em
direção ao rebordo costal.

Também pode ser feita a


palpação em garra, como no
fígado

Sinais de irritação peritoneal


Descompressão dolorosa, rigidez abdominal e abdome em tábua (indica
hemoperitônio)

Sinal de Blumberg: dor à


descompressão brusca no ponto de
McBurney → pode indicar
apendicite

Dor a descompressão em
outros pontos indica peritonite

Sinal de Rovsing: dor no


quadrante inferior direto ao realizar
palpação no quadrante inferior
esquerdo → pode indicar
apendicite Ponto de McBurney

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Sinal de Dunphy: dor à percussão
no ponto de McBurney ou dor ao
tossir → pode indicar apendicite

Sinal do obturador: dor à rotação


interna do quadril direito flexionado
em decúbito → pode indicar
apendicite Sinal do psoas

Sinal do psoas: dor à extensão da


coxa direita sobre o quadril contra a
resistência em decúbito lateral
esquerdo → pode indicar
apendicite

Hérnias inguinais
Exame deve ser feito com o paciente em pé

Manobra de taxis: localiza-se o anel inguinal profundo e insere-se o dedo e


pede para o paciente tossir para distinguir se é hérnia direta (polpa do dedo) ou
indireta (ponta do dedo)

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