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SEMIOLOGIA: ABDOME – Paulo da Aldeia 1

INTRODUÇÃO  QSD: fígado (maior parte), vesícula biliar, in-


testino delgado, intestino grosso, pâncreas
Limites do abdome e estômago.
 Superior: diafragma.  QSE: baço, estômago (maior parte), intesti-
 Inferior: músculos do assoalho pélvico. no grosso, intestino delgado, pâncreas e fí-
 Anterior: músculos retos abdominais. gado.
 Lateral: músculos oblíquos e transverso.  QID: apêndice, intestino delgado, intestino
 Posterior: músculos quadrado lombar e grosso e ovário (mulher).
psoas.  QIE: intestino delgado, intestino grosso e
ovário (mulher).

Divisão em 9 regiões
 2 linhas costais: linhas curvas que acompa-
nham o rebordo costal.
 Linha bicostal: linha horizontal que une os 2
pontos onde as linhas hemiclaviculares D e
E cruzam os rebordos costais.
 2 linhas oblíquas: ligam o ponto de cruza-
mento da linha hemiclavicular com a rebor-
da costal e o tubérculo do púbis.
 Linha bi-ilíaca: linha horizontal que une as
espinhas ilíacas anterossuperiores.

Regiões do abdome
 Divisões em quadrantes.

Divisão em 4 quadrantes
 2 linhas (horizontal e vertical) que se cruzam
exatamente na cicatriz umbilical.
 QSD, QSE, QID e QIE.

 1: fígado, vesícula biliar e flexura direita do


cólon.
 2: fígado, estômago, duodeno e pâncreas.
 3: estômago, baço, flexura esplênica do có-
lon e cauda do pâncreas.
• PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
• PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Exame Clínico. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
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 4: cólon ascendente e porções do duode- EXAME FÍSICO DO ABDOME


no e jejuno.  Ordem: inspeção, ausculta, percussão e
 5: omento, mesentério, parte inferior do du- palpação.
odeno, jejuno e íleo.
 6: cólon descendente e porções do jejuno Inspeção
e íleo.  Abdome deve permanecer desnudo e o
 7: apêndice, ceco e porção inferior do íleo. examinador deve atentar-se para a proje-
 8: íleo, cólon sigmoide, reto, útero (mulher). ção dos órgãos na parede abdominal.
 9: cólon sigmoide e cólon descendente.  Avaliação deve ser realizada na posição or-
tostática e em decúbito dorsal.
SINAIS E SINTOMAS
Inspeção estática
Disfagia  Tipos de abdome.
 Dificuldade de deglutição.  Atípico (plano).
 Escavado (para dentro).
Odinofagia  Globoso/ascítico (grande diâmetro an-
 Dor que surge durante a deglutição. teroposterior).
 Batráquio (aumento do diâmetro latero-
Saciedade precoce lateral).
 Sensação de que o estômago fica cheio  Em avental (maior gordura na região).
logo após o início da alimentação.  Pendular (relacionado à obesidade).
 Ocorre de forma desproporcional ao volu-  Gravídico.
me de alimento ingerido.  Abaulamentos, retrações e cicatrizes.

Plenitude pós-prandial
 Sensação de que a comida permanece de
forma prolongada no estômago.

Pirose (azia)
 Sensação de queimação retroesternal.
 Ocorre após alimentação.

Enterorragia
 Presença de sangue vivo em grande volu-
me.
 Evacuação pode conter apenas sangue.
 Sinal de hemorragia digestiva grave.

Hematoquezia  Pele e anexos.


 Presença de sangue vivo em pequena ou  Estrias cutâneas.
moderada quantidade que fica envolto às  Equimoses e petéquias
fezes e só aparece quando o paciente de- • Sinal de Cullen: equimose na região
feca. periumbilical.
 Típico dos sangramentos digestivos baixos • Sinal de Gray Turner: equimose na
(cólon, reto e ânus). região dos flancos.
 Turgência venosa e circulação colateral.
Melena  Analisar localização, direção e presen-
 Fezes negras, pastosas e com forte odor. ça de frêmitos e sopros.
 Surge em sangramentos digestivos altos (es-  Tipo porta: centrifuga em relação ao
tômago ou duodeno). umbigo.
 Sangue passa por todo o processo de di-  Tipo cava inferior: fluxo do abdome pa-
gestão antes de ser eliminado. ra o tórax.

Hematêmese Inspeção dinâmica


 Vômitos com sangue vermelho vivo ou bor-  Movimentos: respiratórios.
ra de café de origem do TGI.  Pulsações.
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 Aorta abdominal, aneurismas. Ausculta


 Movimentos peristálticos visíveis.
 Normal em pessoas magras.
 Obstrução: abdome doloroso, rígido e
peristaltismo visível.

Manobra de Smith e Bates


 Utilizada para melhor avaliar abaulamentos
da parede abdominal e intra-abdominal.
 Pede-se ao paciente para contrair a mus-
culatura abdominal, elevando os MMII sem
fletir os joelhos.
 Se a massa visível desaparecer: localiza-
ção abaixo da parede abdominal.
 Se permanecer visível e palpável: massa
da parede abdominal (lipoma) ou en-
fraquecimento ou falha nas musculatu-
ra (hérnia).  Realizada antes da percussão e palpação,
pois essas manobras podem modificar os ru-
ídos hidroaéreos.
 Realizada nos 4 quadrantes (QID, QSD, QSE
e QIE), com uma permanência de 1 a 2min
em cada quadrante.
 Necessário identificar os RHA (ruídos hidroa-
éreos).
 RHA significam o funcionamento do in-
testino – movimentos peristálticos.
Manobra de Valsalva  Infecções do TGI e metabolismo au-
 Solicita-se ao paciente para tossir em sua mentado podem aumentar a intensida-
mão sem deixar que o ar escape, aumen- de dos RHA.
tando a pressão intra-abdominal.  Obstruções ou isquemias intestinais,
 Conteúdo herniário se exterioriza. bem como metabolismo diminuído po-
dem diminuir a intensidade dos RHA.

Situações encontradas na ausculta abdominal


 Atrito hepático: neoplasias, fibrose hepáti-
ca (perda de funcionalidade do parênqui-
ma hepático).
 Sopro hepático: aumento da vasculariza-
ção (neovascularização neoplásica).
 Sopro da aorta: possibilidade de aneurisma.
 Sopro periumbilical: hiperfluxo da veia um-
bilical (circulação colateral).

Percussão
 Possibilita a medição do tamanho das vís-
ceras sólidas.
 Pode ser detectada a presença de líquidos,
massas, gases, etc.
 Sons timpânicos: claros, timbre baixo – en-
contrados nas vísceras ocas (gás).
 Sons maciços e submaciços: breves, timbres
altos – encontrados em vísceras maciças ou
ocas cheias de líquido, fezes ou massas.

Percussão do fígado (hepatimetria)


 Determinar os limites hepáticos.
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 Percussão deve iniciar de baixo para cima.


 Limites normais: Sinal de Jobert
 Superior: linha hemiclavicular no 5º es-  Presença de timpanismo na região hemi-
paço intercostal. clavicular direita, superior à borda superior
 Inferior: 1 ou 2 polpas digitais abaixo do do fígado.
rebordo costal.  Caracteriza pneumoperitônio.
 Deve ser verificada na percussão onde ini-  Normalmente é encontrada macicez hepá-
cia e onde termina a macicez. tica na região.

Percussão do baço
 Não é perceptível em situações normais.

Baço normal Baço aumentado

Sinal de Torris Homini ou Torres-Homem


 Percussão deve iniciar posteriormente à li-
 Percussão dolorosa em região hepática.
nha axilar média esquerda, no 5º espaço in-
 Caracteriza abcesso hepático.
tercostal e continua em todas as direções.
 Normalmente há macicez entre o 6º e o 10º
Manobras para detectar ascite
espaço intercostal.
 Esplenomegalia: eixo longo do baço é su-
Manobra de piparote
perior a 13 cm, podendo chegar até a fossa
ilíaca esquerda.

Espaço de Traube
 Espaço semilunar compreendido entre o 6º
e o 11º espaço intercostal esquerdo.
 Espaço virtual.
 Apresenta som timpânico (dentro do espa-
ço, normalmente, não tem estrutura).
 Importância semiológica para verificar pre-
sença de massas ou aumento de vísceras.
 Caso seja perceptível macicez, pode haver
esplenomegalia ou presença de massa/tu-
moração.
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 Teste para verificar presença de ascite gra-  Bimanual: mão esquerda posicionada em-
ve. baixo do paciente para fazer uma eleva-
 Só pode ser realizada quando houver 2 exa- ção no fígado do paciente, deixando-o
minadores ou então com a ajuda do pró- mais na superfície.
prio paciente.  Manobra de Lemos Torres.
 Uma das mãos do médico auxiliador ou do
paciente deve ser posicionada de forma
vertical no sentido da linha médio-esternal.
 Examinador posiciona suas mãos nas regi-
ões laterais do abdome e vai percutir ape-
nas um lado.
 Caso haja ascite, vai ser perceptível uma vi-
bração do líquido ascítico no outro lado do
abdome.

Macicez móvel
 Utilizada para um grau de ascite mais leve.
 Paciente deve ficar em decúbito lateral es-  Garra: mãos em garra indo da região umbi-
querdo enquanto o examinador percute a lical até o rebordo costal para encontrar a
região lateral e central do abdome. borda do fígado.
 Caso haja ascite, vai ser perceptível um som  Manobra de Mathieu.
timpânico na lateral e maciço no centro.

Semicírculo de Skoda
 Paciente deve ficar em decúbito dorsal.
 Caso haja ascite, vai ser perceptível som
timpânico na região central do abdome e
som maciço na periferia.

Palpação do abdome
 Última etapa do exame físico do abdome.
 Pode ser superficial, profunda ou por meio
de manobras espaciais. Palpação profunda do baço
 Deve ser iniciada por onde o paciente não  Baço só é palpável quando está aumenta-
do – esplenomegalia.
está sentindo dor no momento e, por último,
no local mais sensível.  Paciente em decúbito lateral direito (posi-
ção de Schuster).
Palpação superficial
 Verifica-se a tensão do abdome.
 Normotenso, flácido ou hipertenso.
 Sensibilidade: dor à palpação superficial é
sinal de alerta.
 Presença de abaulamentos/depressões.
 Espessura da parede.
 Temperatura.

Palpação profunda
 Verifica a presença de visceromegalias.
 Sensibilidade dolorosa em determinados ór-
gãos ou regiões.
 É recomendável distrair o paciente durante
a palpação profunda.

Palpação profunda do fígado Palpação profunda de rim


 Consistência: maciça ou endurecida.  Rim só é palpável em indivíduos magros ou
 Superfície: lisa ou irregular (nodular). quando encontra-se aumentado.
 Borda: fina ou romba.
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 Sinal de Giordano: tipo de punho-percussão Palpação para diagnóstico de apendicite


utilizada para identificar pielonefrite.  Sinal de Blumberg: compressão progressiva
 Percussão começa de baixo para cima. e descompressão súbita no ponto de
McBurney.
 Descompressão causa dor intensa.

Palpação profunda da vesícula biliar


 Ponto cístico: situado no ângulo formado Ponto de McBurney: é traçada uma linha da crista ilíaca di-
reita até a região umbilical; divide-se a linha em 3 porções
pelo rebordo costal direito com a borda ex- e palpa-se o ponto localizado no 1/3 mais próxima à crista
terna do músculo reto abdominal. ilíaca (número 1 na figura).
 Inserção da linha hemiclavicular com o
rebordo costal direito.  Sinal de Rovsing: descompressão brusca na
fossa ilíaca esquerda (com intuito de mover
os gases para a fossa ilíaca direita).
 Descompressão causa dor intensa em
fossa ilíaca direita.

 Sinal de Murphy: compressão do ponto císti-


co que faz com que o paciente interrompa
a inspiração por conta de dor.
 Indicativo de colecistite.
 Sinal do psoas: paciente em decúbito late-
ral esquerdo; dor à extensão passiva da co-
xa esquerda enquanto o examinador apli-
ca contrarresistência sobre o quadril.
 Músculo psoas comprime o apêndice
inflamado e provoca dor intensa.

 Sinal de Courvosier Terrier: presença de icte-


rícia e vesícula biliar distendida (nódulo),
com ausência de dor à palpação.
 Indicativo de câncer pancreático.
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 Sinal do obturador: paciente em decúbito


dorsal; dor à rotação passiva interna da co-
xa flexionada.

Sinal da descompressão brusca


 Aplica-se uma compressão em qualquer
área do abdome e descomprime brusca-
mente causando dor intensa.
 Significa que tem uma irritação peritoneal
em todo o abdome.
 Pode ser indicativo de diverticulite, colecis-
tite aguda, apendicite aguda, pancreatite
aguda.

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