Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESTENOSE MITRAL
Estenose mitral é quando a abertura valvar é menor que 2cm (quando começa a dar sintomas)
Leve 2-1,6cm
Moderada 1,5-1,1cm
Severa <1cm
A principal causa de estenose mitral é a doença reumática! Pacientes reumáticos a grande e principal
valva lesada é a MITRAL (mas pode ter outras acometidas também).
Ocorre um processo inflamatório degenerativo crônico no folheto, que causa fusão comissural,
fibrose e retração das cordas tendíneas e da musculatura, puxando o aparelho todo para dentro do
átrio.
A doença reumática atua em todo o folheto orovalvar mitral (esse aparelho orovalvar mitral é
extremamente complexo)
Apenas 50% dos pacientes apresentam os Critérios de Jones para Febre Reumática!
A grande maioria dos pacientes, depois de um surto de Febre Reumática, vão apresentar sintomas
somente 15-20 anos depois do surto!!! A piora da lesão reumática na válvula não necessariamente
significa que o paciente teve novos surtos, na verdade, um surto apenas é suficiente. A própria
degeneração valvar com o tempo é que vai trazer a sintomatologia anos depois!
Na Estenose Mitral ocorre uma dificuldade de esvaziamento do AE para o VE e, para manter então o
DC, o AE utiliza mecanismos compensatórios!
Com o tempo, num processo NÃO resolutivo da válvula (15-20 anos), ocorre então DILATAÇÃO
ATRIAL!
Assim sendo, a Estenose Mitral causa hipertrofia e depois dilatação do AE e, com isso, o AE não
consegue mais esvaziar-se direito.
Então, com o tempo, se nada for feito, o AE não consegue mandar sangue para o VE e isso ocasiona
um aumento de pressão retrogradamente, fazendo com que as veias pulmonares não consigam mais
drenar todo o sangue para o AE, o que causa:
Edema pulmonar
O VE em relação à Estenose Mitral Pura, NÃO é grande, é NORMAL! Algumas vezes ele chega até a
ser diminuído! Ele é poupado! Em casos muito graves, o paciente tem baixo DC e por isso tem fácies
mitralis, com vasoconstrição, cianose, etc...
Pulso Cardíaco no início é muito alterado, mas a estenose mitral severa tem pulso
DIMINUIDO pelo baixo volume de ejeção do VE.
SOPRO DIASTÓLICO DE ENCHIMENTO ! É um sopro MESO-TELEDIASTÓLICO (no meio e final
da diástole). Esse sopro é de BAIXA INTENSIDADE e mais difícil de ouvir. É um sopro RUDE
SOPRO DE RUFLAR DIASTÓLICO. É melhor audível no foco MITRAL! Algumas vezes é possível
ouvir antes do sopro um click de abertura da valva mitral (esse click de abertura significa
que a válvula não é tão doente, não está tão calcificada).
Obs: o sopro da Estenose Mitral é um sopro diastólico porque a válva estenosada não
consegue se abrir para o sangue passar do átrio para o ventrículo, fenômeno qual que ocorre
na diástole, quando os átrios se contraem. Por isso, o sopro produzido é o barulho do sangue
passando fluxo turbulento por essa válvula estenosada. É um sopro em que está ENCHENDO
o ventrículo! Como na diástole a pressão não é tão forte, esse sopro é de baixa intensidade.
- DISPNÉIA: no início aos esforços e quando muito grave ocorre inclusive no repouso/em decúbito.
Usa-se a escala do MRC para classificar o grau de dispnéia. Ocorre devido ao EDEMA PULMONAR!
- Sangramento Vivo: expectora sangue vivo porque a congestão causa ruptura das veias brônquicas
- Dor Torácica: ocorre quando a estenose mitral é mais importante (está relacionada à hipertrofia de
Ventrículo Direito). Como há uma hipertrofia, ocorre um aumento do ventrículo direito, porém os
vasos não acompanham esse aumento e cria uma zona de isquemia (aumenta o consumo porém a
oferta de O2 é ainda a mesma), que faz com que o paciente tenha dor torácica.
Cardiologia
- Trombos: alguns pacientes fazem trombos, principalmente por causa de dilatação atrial, que cria
zonas hipocinéticas, as quais propiciam FA e a formação de trombos. A cardiopatia trombogênica
mais importante é a associação de Fibrilação Atrial com Estenose Mitral!!!
Qualquer lesão valvar propicia a ENDOCARDITE BACTERIANA!!! A Estenose Mitral é uma das campeãs
em fazer EB!
Quando os pacientes descompensam com Fibrilação Atrial, é um quadro MUITO GRAVE!!!! Isso
porque como não há contração atrial, o átrio vira apenas uma câmara de passagem (o átrio é
responsável por 30% do débito cardíaco, e nesse caso a contração atrial é perdida) e com isso os
pacientes fazem EDEMA AGUDO DE PULMÃO!!!
Outro problema das Fibrilação Atrial é que o coração perde a contração crânio-caudal organizada,
criando uma anarquia onde vários pontos do átrio se despolarizam anarquicamente.
Se o paciente por algum motivo eleva muito sua freqüência cardíaca, ele diminui ainda mais o tempo
de enchimento do ventrículo (encurta mais ainda a diástole), ou seja, leva a descompensação por
diminuição do tempo de enchimento do VE! Por isso, para estenoses, o que é bom é a Bradicardia
(nesse caso, para dar tempo de encher o VE)
Exames:
ECG
Angiografia
Ecocardiografia
Rx
OBS: grandes átrios (>5cm) podem fazer FA (átrio normal tem aproximadamente 4cm)
*A ECO é um bom exame para avaliar complicações como Endocardite Bacteriana e Trombo Intra-
Atrial (o melhor exame para ver trombos intra-atriais é o ECO trans-esofágico)
- Cineangiocoronariografia: hoje esse exame é utilizado para pacientes com indicação cirúrgica para
avaliar a associação de estenose mitral com doença coronariana.
Tratamento:
SEMPRE CIRÚRGICO!!!!! TROCA VALVAR! Deve-se tratar precocemente para evitar-se complicações!
Pacientes oligossintomáticos (Classe I a III), com lesão moderada ou leve (abertura valvar >1cm)
pode-se fazer tratamento clínico como um “TRAMPOLIM”, para esperar o processo resolutivo,
enquanto aguarda a cirurgia! Nesses pacientes deve-se usar de medicamentos:
Cronotrópico – (objetivando uma FC de 60bpm): β-Bloq (mais usado), Bloq dos Canais de Ca
(não usar Nifedipina, usar VERAPAMIL), Digitálico (Digoxina – inibe a Na-K-ATPase)
Diurético Tiazídico (para congestão pulmonar! Nunca usar sozinho)
Anticoagulante (pacientes com FA): Cumarínico (Varfarina)
Profilaxia para EB até os 21 anos se não tiver lesão valvar ou até os 40 com lesão
Profilaxia para FR
CIRURGIA
Feita o quanto antes em casos muito graves! Ela consiste em troca do aparelho orovalvar. Existem 4
tipos de tratamento na EM, dos quais 3 são cirúrgicos:
maioria das vezes faz trombo o que é um desastre! ela faz trombos porque forma uma zona
de estase na válvula mitral metálica). O paciente tem que fazer anticoagulação plena por 3
meses.
OBS: as próteses metálicas são utilizadas em pacientes nos quais a troca por bioprótese não
ficou boa!! A utilização de válvula metálica é muito maior na estenose aórtica, porque como
a válvula fica exposta a um regime muito grande de pressão, a bioprótese não dá conta! O
lado negativo das próteses metálicas é que necessitam de anticoagulação plena
eternamente!
Pacientes com estenose mitral não suportam situações em que há o aumento da FC (EB: ESTENOSE
gosta de BRADICARDIA)