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- A congestão pulmonar é a principal responsável

pelos sintomas da estenose mitral, especialmente


a dispneia aos esforços e a ortopneia;
- O esforço físico aumenta o gradiente de pressão
- Condição em que, pela restrição à abertura dos
transvalvar na estenose mitral, promovendo uma
folhetos valvares, há uma redução da área valvar
súbita elevação da pressão atrial esquerda e
mitral, levando à formação de um gradiente de
venocapilar pulmonar e, portanto, uma piora aguda
pressão diastólico entre o AE e o VE.
da congestão;
- Para que haja estenose a Área Valvar Mitral
- Aumento do Débito Cardíaco (consequência do
(AVM) deve estar inferior a 2,5 cm²;
esforço físico): se aumenta o DC, o retorno venoso
- 2,5-4cm²: estenose mitral mínima. Não há também aumenta, chegando, assim, mais sangue no
gradiente pressórico AE-VE, isto é, não há AE. Isso implica no aumento da PA esquerda e o
repercussão hemodinâmica. gradiente de pressão transvalvar, causando
congestão pulmonar.
- As condições principais de alto débito cardíaco
são: esforço físico, anemia, febre, gestação,
hipertireoidismo etc;
- Frequência Cardíaca: a taquicardia reduz
proporcionalmente o tempo da diástole,
dificultando o esvaziamento atrial pela valva
estenosada, em consequência disso:

- Congestão pulmonar: - Aumento da PA;

- Na estenose mitral, há uma obstrução fixa ao - Gradiente de pressão transvalvar;


fluxo de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo - Fibrilação atrial com alta resposta
esquerdo durante a fase de enchimento ventricular ventricular>>>>> edema agudo de pulmão.
– diástole;
- Hipertensão Arterial Pulmonar:
- Gradiente de Pressão Transvalvar (não existe em
condições normais, acontece em função do - Aumento da pressão venocapilar é transmitido de
aumento da pressão do átrio esquerdo); maneira retrograda para o leito pulmonar >>>
pequeno aumento da PA pulmonar passiva
- Uma pressão maior do que 18 mmHg (normal: até (HAP);
12 mmHg) é capaz de promover ingurgitamento
venoso e extravasamento capilar, isto é, síndrome - Este aumento inicial pode desencadear uma
congestiva; vasoconstricção pulmonar (HAP reativa);

- A pressão venocapilar eleva-se de forma-se - Hipertrofia das artérias pulmonares >>>>


insidiosa, o que estimula a um mecanismo de processo fibrodegenerativo, levando à obliteração
adaptação da vasculatura a uma pressão crônica e progressiva do leito arteriolar pulmonar
venocapilar de até 25 mmHg; (fase avançada da HAP reativa);
- As consequências da hipertensão arterial síndrome de congestão pulmonar em uma síndrome
pulmonar são principalmente sobre o ventrículo de baixo débito, tal como acontece com a maioria
direito, que precisa vencer a resistência vascular das síndromes de insufciência cardíaca congestiva.
pulmonar para ejetar o sangue durante a sístole.
-Quando a PAP sistólica atinge cifras acima de 50-
60 mmHg, o ventrículo direito pode entrar em
falência miocárdica, levando ao quadro de
Insufciência Ventricular Direita (IVD), com todas
as suas consequências.
- Nesse momento, associa-se ao quadro clínico de
congestão pulmonar um quadro de congestão
sistêmica e baixo débito cardíaco;
- A degeneração fibrótica (e posteriormente
fibrocalcifca) acomete os folhetos, reduzindo a sua
mobilidade e fundindo as comissuras (bordas
- A etiologia de mais de 95% das estenoses mitrais
proximais dos folhetos); é a cardiopatia reumática crônica;
- O aspecto macroscópico da valva em um estágio
- É importante compreender que a lesão mitral
mais avançado é classicamente o de “boca-de-
reumática mais comum no Brasil é a dupla
peixe”;
disfunção não balanceada, isto é, estenose e
insufciência mitral em estágios diferentes de
evolução;
- Na fase aguda da cardite reumática predomina o
componente de insufciência, enquanto na fase
crônica predomina a estenose.
- Algumas doenças simulam a estenose mitral,
por levarem à obstrução do fluxo sanguíneo através
do orifício mitral (mixoma atrial esquerdo, trombo
atrial esquerdo pedunculado) ou no interior do
próprio átrio esquerdo (cor triatriatum – uma
- Resposta fbro-obliterativa >>>> a PA pulmonar
membrana congênita que divide o AE em duas
vai progressivamente se elevando na estenose
câmaras).
mitral, sobrecarregando o VD, que pode evoluir
para falência sistólica.
- Baixo Débito Cardíaco: O débito cardíaco, em
geral, não é prejudicado nas fases iniciais da - O principal sintoma da estenose mitral é a
estenose mitral, pois o enchimento ventricular dispneia aos esforços, sintoma cardinal da
esquerdo é preservado à custa do aumento do síndrome congestiva pulmonar;
gradiente de pressão transvalvar e dos sintomas - Em fases mais avançadas, associa-se à síndrome
de congestão pulmonar. Porém, quando a de baixo débito, caracterizada por fadiga, cansaço
estenose se torna crítica, principalmente quando e lipotimia (tonteira) provocados por esforços;
há disfunção do ventrículo direito associada, o
débito cardíaco torna-se limitado, especialmente - Os sintomas da estenose mitral, portanto, são os
durante o esforço físico. O uso de diuréticos para o mesmos da insufciência cardíaca congestiva;
tratamento da estenose mitral sintomática, se feito - O paciente pode apresentar uma história de tosse
de maneira não criteriosa, pode transformar uma com hemoptise, associada a emagrecimento, o que
leva a pensar no diagnóstico de tuberculose ou - O choque valvar de B1 (correspondendo à
neoplasia pulmonar; hiperfonese de B1) é a alteração mais comum no
precórdio desses pacientes;
- Os pacientes com hipertensão pulmonar
secundária à estenose mitral podem queixar-se de - Em casos de hipertensão arterial pulmonar, um
dor torácica, às vezes de caráter anginoso, pela choque valvar de P2, no foco pulmonar pode ser
distensão do tronco da artéria pulmonar; sentido, correspondendo à hiperfonese de P2;
- Em pacientes com mais de 40 anos, a dor anginosa - Nos casos de sobrecarga de VD, pela hipertensão
pode ser causada por doença coronariana arterial pulmonar, o ictus de VD será palpável e
aterosclerótica associada, que sempre deve ser proeminente;
pesquisada nesses casos;
- Uma dilatação importante do VD pode rodar o
- Um grande aumento do átrio esquerdo pode coração no sentido horário, deslocando o VE para
causar compressão do nervo laríngeo recorrente trás. Nesses casos, o ictus de VD ocupa o lugar de
esquerdo contra o brônquio fonte, acarretando onde seria o ictus de VE, o que pode confundir o
rouquidão (síndrome de Ortner); diagnóstico com doenças que cursam com
dilatação do VE;
- A compressão esofágica acarreta disfagia para
sólidos. - O sopro da insufciência tricúspide pode, então, ser
confundido com o sopro de uma insufciência
mitral.

- Pulso Arterial em geral normal, porém pode estar - A ausculta do precórdio revela hiperfonese de B1,
de amplitude reduzida na EM crítica, com caso a valva mitral ainda apresente uma mobilidade
redução importante do débito cardíaco; razoável e pouca ou nenhuma calcificação;
- Pulso Venoso é reflexo das pressões do coração - Às vezes, a hiperfonese de B1 é o único achado
direito; auscultatório da estenose mitral;
- Se o paciente apresentar como complicação a - Com a progressão da doença, a valva torna-se
hipertensão arterial pulmonar grave, teremos calcificada e perde a sua mobilidade, reduzindo a
uma onda A exacerbada no pulso jugular, nos fonese da primeira bulha. Nesse momento, a B1 se
pacientes em ritmo sinusal; tornará hipofonética;
- Se houver insufciência ventricular direita, a - A hiperfonese de P2 (componente pulmonar da
pressão jugular estará aumentada, verificada pela B2) é o primeiro sinal da hipertensão arterial
elevação da altura do pulso da jugular interna, pulmonar;
com o paciente a 45º ou pela turgência patológica
da veia jugular externa; - A P2 se aproxima de A2 e, em estágios mais
avançados, o desdobramento fisiológico de B2
- Alterações do pulso venoso na estenose mitral desaparece completamente, ficando uma bulha
significam doença avançada, pois refletem as única e hiperfonética;
consequências da hipertensão arterial pulmonar.
Se houver insufciência tricúspide secundária à - O estalido de abertura da valva mitral ocorre no
dilatação do VD, ocorre uma “arterialização” do momento em que a valva se abre, com os seus
pulso venoso. Veremos uma onda V gigante no folhetos tensos. Portanto, o som dá-se logo após
pulso jugular, que se parece com um pulso arterial B2 e se parece com um desdobramento da
visível; segunda bulha e com a terceira bulha (B3);

- A palpação do precórdio em geral mostra um - O som é mais seco que a B2 e é mais audível no
ictus de VE fraco ou impalpável; foco tricúspide e mitral. A presença do estalido
indica que a valva tem uma mobilidade razoável. e estão associados a um ictus de VD palpável e
Quanto mais próximo o estalido da B2, maior a proeminente;
gravidade da estenose mitral.
Manobra Rivero-Carvalho: Devemos colocar o
- Ausculta cardíaca na estenose mitral. paciente em questão deitado em decúbito dorsal e
posicionar o estetoscópio no foco tricúspide,
No foco mitral, pode-se auscultar a tríade clássica:
principalmente. Pediremos para o paciente
- Rufar diastólico;
realizar uma inspiração profunda e, ao mesmo
- Estalido de abertura; tempo em que ele realiza a inspiração, iremos
auscultar atentamente o sopro dele.
- Hiperfonese de B1.
- A terceira bulha do ventrículo direito (B3 de VD),
- Sopro da Estenose Mitral: o chamado rufar por ser um som protodiastólico, pode ser
diastólico é o sopro característico da estenose confundida com o estalido de abertura. Este último,
mitral. É mais audível com a campânula (som entretanto, não intensifica com a inspiração;
grave) e é bem localizado no foco mitral. Sua
intensidade aumenta com o decúbito semilateral - Nos casos de insufciência tricúspide, teremos
esquerdo e às vezes só aparece nessa posição. um sopro sistólico (que pode ser holossistólico),
mais audível no foco tricúspide;
- O sopro pode ser de pequena duração ou ser
holodiastólico. Quanto maior a duração (e não a - Nos casos em que o VD se desloca para a
intensidade), maior a gravidade da estenose esquerda, pode ser mais audível no foco mitral.
mitral; Este sopro pode ser facilmente confundido com o
sopro de insufciência mitral.
- Na EM leve, o sopro só é auscultado na fase pré-
sistólica, devido ao reforço do fluxo pela contração - A diferenciação é feita pelo aumento
atrial (reforço pré-sistólico); característico do sopro com a inspiração
profunda (manobra de Rivero-Carvalho) e pela
- Se o sopro for intenso, pode irradiar-se para a presença de outros sinais de insuficiência
axila e para o foco tricúspide. O sopro diminui com tricúspide no exame (onda V gigante no pulso
a inspiração e com a manobra de Valsalva e jugular, pulso hepático).
aumenta com o exercício físico;
- Na insuficiência tricúspide, outros sinais de
- O rufar diastólico não é patognomônico da aumento de VD (ictus de VD, B3 de VD) também
estenose mitral. Pode ocorrer na febre reumática são notados;
aguda (sopro de Carey-Coombs), na insufciência
mitral grave (hiperfluxo pela valva mitral) e na - Estenose Mitral Silenciosa: alguns pacientes
insufciência aórtica grave (sopro de Austin- com estenose mitral não têm o rufar diastólico
Flint); audível. Isso ocorre devido à idade avançada,
obesidade, DPOC, aumento do diâmetro
-A diferenciação é feita pela hiperfonese de B1 e anteroposterior do tórax ou estados de baixo débito
pelo estalido de abertura, que só estão presentes na cardíaco (baixo fluxo). A doença deve ser
estenose mitral; suspeitada por outros dados.
- A estenose mitral pura não cursa com bulhas
acessórias (B3 ou B4), pois o ventrículo esquerdo é
poupado nesta patologia. Mas podemos ter bulhas
acessórias provenientes do ventrículo direito (B3
ou B4 de VD) nos casos de sobrecarga ou - O átrio esquerdo aumenta de tamanho
insufciência ventricular direita; progressivamente na estenose mitral, devido ao
- Esses sons aumentam caracteristicamente com a aumento da pressão intracavitária. A própria
inspiração profunda (manobra de Rivero-Carvalho) cardiopatia reumática acomete o miocárdio
atrial, levando a uma espécie de miocardite atrial circulação sistêmica até embolizar uma artéria
crônica; cerebral, esplênica, mesentérica, renal etc;
- Esses dois fatores geram as condições - O AVE isquêmico é o evento embólico mais
eletrofisiológicas que predispõem à fibrilação comum;
atrial;
- A anticoagulação oral com warfarin, quando
- A rápida resposta ventricular característica da bem conduzida, reduz significativamente a chance
fibrilação atrial (geralmente entre 110-180 bpm), de eventos tromboembólicos nesses pacientes.
aliada à perda da contração atrial, promove um
importante aumento da pressão atrial esquerda,
levando aos sintomas de congestão pulmonar
(dispneia, ortopneia);
- Episódios de FA paroxística podem se manifestar - A turbulência do fluxo transvalvar permite a
com edema agudo de pulmão; formação de pequenos trombos aderidos à face
ventricular da valva mitral, que podem servir de
- A hipotensão arterial ou o choque podem ser “abrigo” para bactérias;
decorrentes do baixo débito cardíaco;
-Episódios de bacteremia podem contaminar esses
- O débito está reduzido pelo pequeno tempo de focos, gerando um quadro infeccioso sistêmico
enchimento ventricular diastólico e pela perda da chamado de endocardite infecciosa;
contração atrial (responsável por cerca de 30% do
enchimento ventricular); - A destruição da valva pela endocardite pode levar
à insufciência mitral.
- A fibrilação atrial é a grande responsável pelos
fenômenos tromboembólicos que complicam a
doença valvar mitral.
Eletrocardiograma (ECG):
- É importante para determinar se o paciente está
- São especialmente comuns quando há fibrilação em ritmo sinusal ou se tem fibrilação atrial crônica;
atrial associada: frequência média de 6% ao ano - Pode revelar os sinais de aumento atrial esquerdo
(altíssimo risco); (onda P larga e bífida em D2 e o índice de Morris
- O momento de instalação da fibrilação atrial em V1 – porção negativa da P aumentada, com área
também é importante: 1/3 dos eventos maior que 1 “quadradinho”). A alteração da onda P
tromboembólicos acontece no primeiro mês de nesses casos é denominada de P mitrale. N
instalação, e 2/3 no primeiro ano; - Sobrecarga ventricular esquerda (85% se EAo
- Os pacientes com estenose mitral reumática em grave);
ritmo sinusal e com átrio esquerdo bastante - Pode haver bloqueio de ramo ou bloqueio
aumentado também podem evoluir com atrioventricular;
tromboembolismo, embora com chance bem
menor; - Alterações de repolarização ventricular;

- O átrio esquerdo grande e fibrilando, ou seja, -Inespecífico.


sem contração eficaz, é um enorme estímulo para
a formação de trombo intracavitário devido à
estase sanguínea. O apêndice atrial esquerdo é um
local comum para a formação do trombo. Estes
trombos podem se deslocar do AE, seguindo pela
- Confirma diagnóstico e quantifica lesão;
- A mobilidade e as características dos folhetos
mitrais podem ser observadas no ecocardiograma
unidimensional (M-mode) e bidimensional;
- O eco bidimensional é excelente para observar
não só a mobilidade das cúspides, mas também o
aspecto de todo o aparelho mitral;
- A etiologia reumática é confirmada pelo
aspecto do folheto posterior da valva mitral, que
Radiologia de Tórax se encontra caracteristicamente imóvel e
- Área cardíaca normal, com coração “em bota”; espessado;

- Sinais de aumento do AE, como o duplo (1) O grau de calcificação valvar;


contorno, e “sinal da bailarina” (2) o grau de espessamento;
- Na incidência de perfil, com o esôfago (3) mobilidade das cúspides;
contrastado com bário, observa-se o aumento do
AE pelo deslocamento posterior do esôfago; (4) o acometimento do aparelho subvalvar, são
critérios muito importantes para estabelecer o
- O aumento do AE pode ser notado na incidência quanto está comprometido o aparelho valvar
PA, através dos sinais: mitral pela doença reumática;
(1) duplo contorno na silhueta direita do coração; - O escore de Block (ou de Wilkins) é a soma
(2) sinal da bailarina (deslocamento superior do desses quatro critérios assinalados acima, cada
brônquio fonte esquerdo); um pontuado com um número de 1 a 4. Pontuação
de 1 a 4 para quatro critérios: espessura, mobilidade
(3) abaulamento do 3º arco cardíaco esquerdo, e calcificação do folheto mitral e espessamento
correspondente ao apêndice atrial esquerdo. subvalvar (ver tabela a seguir). Se escore até 8, boa
- O sinal da bailarina ocorre quando o AE aumenta resposta à valvoplastia por balão; entre 9 e 10, não
para cima; é possível predizer a resposta; acima de 11,
resposta ruim.
- De todos os sinais radiológicos de aumento do
AE, o mais precoce é o deslocamento posterior do
esôfago contrastado;
- As alterações pulmonares são proeminentes:
inversão do padrão vascular (dilatação das veias
pulmonares apicais), linhas B de Kerley, edema
intersticial;
- A congestão pulmonar crônica leva ao acúmulo
de hemossiderina no interstício pulmonar (devido a
pequenos sangramentos congestivos). Na
radiografa aparecem pequenos nódulos intersticiais
difusos, eventualmente calcificados. O diagnóstico
diferencial deve ser com pneumopatias crônicas
miliares e intersticiais.
Ecocardiograma-Doppler e Cateterismo
Cardíaco:
- Quanto maior o escore de Block, maior o - A sensibilidade do eco transtorácico para trombo
comprometimento e degeneração valvar e pior é a atrial é de apenas 50%, pois este exame tem
resposta à plastia valvar; capacidade limitada para avaliar a cavidade do
apêndice atrial esquerdo;
- O escore vai de 4 a 16;
- O eco transesofágico tem uma sensibilidade >
- Um escore < 8 significa uma valva pouco
95% para trombo atrial, incluído o apêndice,
comprometida e não calcificada, com excelente
devido à proximidade do transdutor ao átrio
resposta à plastia;
esquerdo;
- Um escore ≥ 12 denota uma valva bastante
- Pequenas cintilações no átrio esquerdo,
degenerada e muito calcificada, com resposta
denominadas contraste ecogênico espontâneo,
insatisfatória à plastia.
representam predisposição à formação de um
trombo;
Cateterismo Cardíaco:
- O cateterismo cardíaco direito e esquerdo deve
ser solicitado nos pacientes em que o resultado do
ecocardiograma está discrepante dos dados
clínicos, ou quando existe acometimento
significativo de mais de uma valva e existe dúvida
na quantificação das lesões;
- A coronariografia deve ser realizada de rotina
Radiografa de tórax na estenose mitral. em:

Observe: - Homens > 40;

(1) o sinal do duplo contorno (seta curva); - Mulheres > 45 anos;

(2) o abaulamento do 3º arco (seta reta); - Ou pacientes de ambos os sexos com idade > 35
anos;
(3) o deslocamento posterior do esôfago
contrastado – um importante sinal de aumento - Presença de fatores de risco para coronariopatia,
do AE. que serão submetidos à cirurgia valvar aberta;

- A gravidade da estenose mitral deve ser - Em pacientes com perfil de menor risco, a
determinada pela estimativa da Área Valvar Mitral coronariografia pode ser substituída pela angio-TC
(AVM); coronariana.

- Além do aspecto do aparelho mitral e da


estimativa do gradiente pressórico e área mitral, o
ecocardiograma deve também avaliar o diâmetro - O tratamento medicamentoso pode ajudar a
do átrio esquerdo, a função ventricular esquerda, melhorar os sintomas;
a presença de insufciência mitral associada, o - Não tem efeitos diretos sobre a obstrução fixa;
acometimento da valva aórtica e estimar a - Restrições hídrica e salina;
Pressão Arterial Pulmonar (PAP); - Diuréticos: para controle de sintomas de
congestão e de insufciência cardíaca.
- A PAP sistólica pode ser estimada nos casos de - Betabloqueadores para controle de frequência
insuficiência tricúspide, mesmo leve, utilizando-se cardíaca, aumentando o tempo de diástole e
à medida do fluxo de regurgitação tricúspide; enchimento ventricular. Diminuem o gradiente
transmitral e a pressão capilar pulmonar. Podem
- A presença de trombo intra-atrial também deve melhorar tolerância aos esforços;
ser investigada;
- Digitais: para controle de frequência cardíaca em - Verapamil 40-80 mg VO de 8/8 horas; OU
pacientes com FA ou insufciência cardíaca (IC).
Exemplo: digoxina 0,125 a 0,5 mg/dia; - Diltiazem 30-60 mg VO 8/8 horas.
- Profilaxia para febre reumática;
- Profilaxia para endocardite infecciosa; Anticoagulação:
- Anticoagulação: quando há presença de FA,
evento embólico prévio ou trombo ao - Varfarina Sódica 5 mg VO de 24/24 horas.
ecocardiograma. A associação de aspirina em Ajustar a dose conforme INR (manter entre 2-3).
baixas doses (50-100 mg) à anticoagulação pode
ser considerada após ocorrência de evento - O tratamento da estenose mitral varia de acordo
embólico ou trombo atrial esquerdo em pacientes com a gravidade. Em pacientes com lesões leves e
adequadamente anticoagulados; assintomáticos, nenhuma medida é necessária,
- Métodos contraceptivos: pacientes com além da prevenção de novos surtos reumáticos
estenose mitral sem hipertensão pulmonar são com penicilina benzatina a cada 21 dias (nos
consideradas cardiopatas de risco intermediário à casos de etiologia reumática).
gestação. Nessas pacientes, podem-se utilizar
contraceptivos reversíveis. Preferir medicamentos - Para pacientes com doença mais avançada e com
com menor risco de eventos tromboembólicos, sintomas, porém ainda sem doença grave, o
como aqueles com progesterona isolada. Evitar uso tratamento medicamentoso pode ser útil.
de dispositivos intrauterinos (DIU) pelo risco de
endocardite infecciosa. - Diuréticos de alça reduzem o volume circulante,
- Marcadores de mau prognóstico: aliviando os sintomas de congestão;
desenvolvimento de sintomas, presença de FA e
evolução para hipertensão pulmonar (HP) (se - A elevada frequência cardíaca é uma das maiores
pressão sistólica de artéria pulmonar > 80 mmHg; precipitantes de sintomas e deve ser controlada,
sobrevida média de 2,4 anos). principalmente nos casos em que existe FA
concomitante. Para isso, o uso de
Tratamento Ambulatorial: betabloqueadores, bloqueadores de canal de
cálcio e eventualmente digitálicos (menos
Caso estenose mitral reumática: utilizados devido ao fato da disfunção de VE não
- Penicilina Benzatina 1.200.000 unidades IM de ser comum na doença) podem ser úteis.
21/21 dias.
- Nos casos em que há insuficiência cardíaca
Terapia sintomática: direita, os antagonistas da aldosterona, como a
espironolactona, podem ser úteis.
- Furosemida 40-80 mg VO de 6/6 horas.
- Em pacientes com eventos embólicos, a
Caso insuficiência cardíaca do VD: anticoagulação com varfarina é adequada e o INR
deve ser mantido entre 2-3.
- Espironolactona 25 mg VO de 24/24 horas.
- Valvuloplastia por balão: É a terapia de escolha
Para controle de FC na FA. Opções: para a estenose mitral, quando possível. Pacientes
com doença moderada a importante são os
- Atenolol 25-100 mg VO de 12/12 horas; OU principais candidatos à terapia. Caso escore de
Wilkins seja menor ou igual a 8, a anatomia é
- Bisoprolol 1,25-10 mg VO de 24/24 horas; OU favorável à valvuloplastia por balão. Pacientes
com pontuação 9 ou 10 devem ser individualizados
- Carvedilol 3,125-25 mg VO de 12/12 horas; OU (gestantes podem se beneficiar). As principais
contraindicações são insuficiência mitral
- Succinato de Metoprolol 25-200 mg VO de importante, trombo em AE, presença de outras
lesões valvulares com indicação cirúrgica, doença
24/24 horas; OU
arterial coronariana com indicação cirúrgica e
escore de Wilkins desfavorável.
- Cirurgia cardíaca: Para pacientes não elegíveis
à valvuloplastia por balão, a cirurgia cardíaca
está indicada. A plastia mitral é sempre preferível
à troca valvar, quando possível. A escolha da
prótese entre metálica ou biológica deve levar em
conta a idade, o uso de medicação anticoagulante e
a vontade do paciente.

- O implante valvar transcateter é uma terapia


desenvolvida para pacientes com alto risco
cirúrgico e com contraindicação à valvuloplastia
por balão. Seu uso ainda carece de mais estudos
para sua completa avaliação na doença.

Estenose Aórtica (EA) a condição em que, pela


restrição à abertura dos folhetos valvares, há uma
redução da área valvar aórtica, levando à
formação de um gradiente de pressão sistólico entre
o VE e a Aorta (VE-Ao).

Com o tempo e a progressão do processo de


calcificação valvar, a EAo leva à hipertrofia
ventricular concêntrica, à elevação das pressões e
enchimento e – finalmente – à disfunção
ventricular. Como a evolução dessa calcificação é
lenta, os sintomas como dor torácica, síncope e
dispneia, surgem principalmente após a 6ª década
de vida, tendo diminuição progressiva da sobrevida
após a 6ª década de vida, tendo diminuição da
sobrevida após o surgimento dos sintomas ou de
disfunção ventricular, que apontarão o momento de
indicação de intervenção visando à interrupção da - A valva bicúspide não estenótica tem uma
evolução natural da doença. anatomia propensa à lesão crônica das cúspides
pelo trauma constante do fluxo aórtico. Acaba
A estenose aórtica, pela diminuição da área da
ocorrendo regurgitação em 20% das valvas
valva aórtica, oferece ao ventrículo esquerdo uma
bicúspides.
barreira a ejeção do sangue para a aorta,
provocando um a hipertrofia concêntrica do
ventrículo esquerdo. Estes mecanismos
adaptativos, através do aumento da espessura da
parede, mantem por algum tempo equilibrada a Degeneração Calcífca
tensão na parede ventricular e desta forma o
- Mais comum de EA em idosos (> 65 anos).
consumo de oxigênio pelo miocárdio (Fase de
compensação). A pressão de pulso e estreitada - Por fatores desconhecidos, certos indivíduos
(pulso parvo e tardo). A medida que o tempo passa apresentam uma doença degenerativa das
este equilíbrio se desvanece, e mantem-se a mesma cúspides valvares em idades mais avançadas,
a perfusão coronariana para um consumo de levando ao extenso depósito cálcico;
oxigênio maior, produzindo um a isquemia
- O cálcio aderido na porção aórtica das
relativa, associada a ocorrência de angina de
cúspides faz um “peso” excessivo, impedindo a
peito, sincope e arritmias cardíacas
abertura adequada da valva;
ocasionalmente fatais. Como consequência da
hipertrofia, a complacência ventricular esquerda - Os fatores de risco tradicionais para
diminui e ocorre aumento da pressão diastólica aterosclerose (dislipidemia, HAS, tabagismo,
final, oferecendo maior resistência ao DM) também são fatores de risco para a EA
esvaziamento atrial. Quando sobrevém a falência calcífca;
ventricular esquerda, ocorre dilatação progressiva
- Forte correlação entre EA calcífca e a doença
desta câmara, aumento da pressão média do átrio
coronariana.
esquerdo, capilar.
Cardiopatia Reumática Crônica
- Muito comum de EA em adolescentes e
- As principais causas de estenose aórtica são: adultos;

(1) valva bicúspide congênita; - O acometimento principal ocorre nos bordos


dos folhetos, havendo fusão das comissuras;
(2) degeneração calcífca;
- É comum haver insuficiência aórtica
(3) cardiopatia reumática crônica. associada, devido à retração dos folhetos;
- Valva Bicúspide Congênita - A doença reumática é a causa mais comum
- Causa mais comum de EA em crianças, de dupla lesão aórtica;
adolescentes e adultos com menos de 65 anos; - Diferentemente da lesão mitral, a lesão valvar
- Por anomalia congênita, dois folhetos encontram- aórtica reumática é mais comum no sexo
se fundidos – a valva funciona com apenas duas masculino. Invariavelmente, a lesão aórtica
cúspides; reumática está associada à lesão mitral
reumática. Logo, trata-se da causa mais comum
- A estenose aórtica pode decorrer da própria de doença valvar mitro-aórtica.
anomalia congênita, manifestando-se na infância
ou na adolescência, ou na vida adulta, devido à
degeneração calcífca precoce;
Está presente em 50% da apresentação clínica da
EA grave. O seu mecanismo é a congestão
pulmonar exacerbada pelo exercício.
- Como vimos, a insufciência cardíaca pode ser
sistólica (FE baixa, dilatação cavitária) ou
diastólica (redução da complacência ventricular,
FE normal, sem dilatação cavitária);
- A insufciência sistólica confere um prognóstico
bastante ominoso aos pacientes com EA grave,
como veremos adiante. Sabe-se que o teste
ergométrico é formalmente contraindicado na EA
grave sintomática. Entretanto, os pacientes
considerados assintomáticos pela anamnese podem
ser avaliados por um teste ergométrico
- Em função dos mecanismos compensatórios supervisionado. Alguns deles, principalmente
citados acima, os pacientes com estenose aórtica idosos, podem apresentar sintomas – os chamados
moderada a grave costumam permanecer “pseudoassintomáticos”;
assintomáticos por longa data;
- O aparecimento dos sintomas relacionados à
estenose aórtica nesses pacientes marca a fase
descompensada da doença, momento no qual a
expectativa de sobrevida do paciente torna-se - O pulso arterial normalmente está alterado na
significativamente reduzida; EA grave. Essas alterações devem ser pesquisadas
- A tríade clássica dos sintomas da estenose aórtica no pulso carotídeo, cuja ascensão é lenta e
constitui-se em: angina, síncope e dispneia. sustentada (pulsus tardus), e a amplitude é fraca
(pulsus parvus);
- Angina é a apresentação clínica em 35% dos
pacientes com EA moderada a grave. É causada por - O pulso carotídeo, também se apresenta
isquemia miocárdica. Geralmente, é desencadeada anacrótico (ascensão irregular) e com
por esforço físico. Em particular, este tipo de “sobressaltos” (carotid shudder);
angina não responde à terapia antianginosa clássica - Esse anacronismo é mais fácil de ser percebido na
(nitratos, betabloqueadores, antagonistas do curva da PA invasiva;
cálcio);
- Alguns idosos possuem as paredes arteriais
- Devemos lembrar, entretanto, da alta prevalência enrijecidas devido à esclerose vascular, fato que,
de doença coronariana aterosclerótica entre os por si só, aumenta a amplitude do pulso arterial;
pacientes com EA calcífca;
- A outra condição é a insufciência aórtica que,
- A síncope normalmente é desencadeada pelo associada à EA, tende a “normalizar” a amplitude
esforço físico. O mecanismo da síncope e a rapidez de ascensão do pulso. O pulso venoso
relacionada à EA grave é a síndrome do débito pode mostrar um aumento da onda A, quando a
fixo, ocasionando uma baixa perfusão cerebral complacência do VD está comprometida pelo
durante um esforço físico; abaulamento do septo interventricular para a sua
- Em alguns casos, a síncope pode ser devida a cavidade, consequente à hipertrofa do VE
arritmias cardíacas isquemia-induzidas; exagerada;

- A dispneia é o sintoma inicial que marca o - O ictus de VE normalmente é tópico, com caráter
aparecimento da insufciência cardíaca congestiva. propulsivo e sustentado. Pode haver um atraso do
pulso arterial em relação ao ictus de VE. Um (3) insufciência aórtica – hiperfluxo pela valva
impulso pré-sistólico pode ser palpável e visível. É aórtica;
comum um frêmito sistólico no foco aórtico, borda
(4) cardiomiopatia hipertrófica com estenose
esternal esquerda, carótidas e fúrcula.
subaórtica;
(5) estenoses supra aórtica e subaórtica congênitas;

- Revela comumente uma quarta bulha (B4) (6) estenose pulmonar congênita;
proeminente, devido à HVE concêntrica;
(7) CIA.
- Nesses casos, pela redução do relaxamento e - O sopro da estenose aórtica pode variar com
complacência ventricular, a contração atrial dá-se
algumas manobras;
com mais vigor, sendo a responsável pela B4;
- Sua intensidade aumenta com manobras que
- Na EA calcífca, temos uma hipofonese de A2 – o
aumentam o retorno venoso e/ou a contratilidade
componente aórtico da segunda bulha.
do VE (posição de cócoras, exercício físico,
Frequentemente pelo alto grau de calcificação, o
batimento pós-extrassistólico) e diminui com
componente A2 torna-se inaudível. Na EA não
manobras que reduzem o retorno venoso
calcífca, o componente A2 é audível. Neste caso,
(Valsalva, posição ortostática) ou que aumentam
podemos observar o desdobramento paradoxal de
a resistência vascular periférica (handgrip).
B2, devido ao atraso da sístole do VE;
- Se a valva não estiver muito calcificada, a sua
vibração ao se abrir produz um ruído parecido com Fenômeno de Gallavardin:
a B1 – o ruído de ejeção;
O sopro da estenose aórtica pode irradiar-se
- A ausculta é semelhante ao desdobramento de para o foco mitral, porém com certas características
B1, mais audível com o diafragma do estetoscópio que podem confundir o médico. Pode haver um
no foco aórtico, com ampla irradiação até o foco hiato auscultatório na região entre o foco aórtico e
mitral; o foco mitral, e o som do sopro pode modificar-se
no foco mitral, tornando-se de mais alta
- Sopro da Estenose Aórtica:
frequência. Com isso, pode parecer que existem
- É caracteristicamente um sopro mesossistólico dois sopros diferentes – um aórtico e um mitral –
(“em diamante”). Significa que é mais intenso no sugerindo patologia mitro-aórtica.
meio da sístole, como em todos os sopros Este fenômeno é explicado pela
denominados sopros ejetivos;
continuidade anatômica entre os anéis aórtico e
- A gravidade da EA guarda relação com a mitral, fazendo com que a vibração do primeiro
duração do sopro, mas não com a sua intensidade. seja diretamente transmitida ao último. Algumas
vezes, o sopro da EA é mais audível no foco mitral
- O foco de maior intensidade costuma ser o foco do que no foco aórtico, devido às características
aórtico (BED alta); constitucionais do paciente. Para diferenciar o
- A irradiação característica é para as carótidas, fenômeno de Gallavardin de uma insufciência
fúrcula esternal e para o foco mitral. Deve ser mitral, podemos utilizar as manobras descritas
diferenciado de outros sopros sistólicos de ejeção acima. Eventualmente, a diferenciação só é
no foco aórtico: possível com o ecocardiograma.

(1) sopro inocente do idoso (devido à esclerose ou


calcificação do anel aórtico);
(2) sopro inocente da criança;
- Entretanto, a presença da calcificação não
significa necessariamente que há EA, pois a
Embolia Sistêmica maior parte das calcificações aórticas
comprometem apenas o anel, não levando à EA.
Endocardite Infecciosa
- Para saber se a calcificação está em topografia de
Hemorragia Digestiva Baixa valva aórtica ou mitral, traçamos uma linha que liga
o hilo ao seio costofrênico anterior, na incidência
lateral: acima da linha corresponde à valva aórtica;
- Outro achado característico no RX de tórax é a
dilatação pós-estenótica da aorta.

- Sinais de hipertrofa ventricular esquerda (em


85% dos casos) do tipo sobrecarga pressórica;
- Há aumento da amplitude dos complexos QRS e
o chamado padrão strain (infradesnível de ST
com T negativa e assimétrica). A sobrecarga atrial
esquerda é comum, geralmente com o índice de
Morris positivo. Bloqueios de ramo, especialmente
o HBAE e o BRE, são comuns. A presença de
bloqueio atrioventricular denota EA avançada. O
ECG basal pode apresentar alterações isquêmicas
da onda T, em alguns casos.

- Avalia o aspecto da valva aórtica, se bicúspide ou


tricúspide, o grau de calcificação, sua mobilidade,
bem como doenças valvares associadas;
- Geralmente é possível determinar a etiologia por
este exame;
- Geralmente, a silhueta e o tamanho cardíaco não - A determinação da área valvar (pela
se alteram (pois a HVE inicial é concêntrica), mas planimetria) é fundamental para que se
na fase descompensada o paciente pode evoluir estabeleça a gravidade da estenose;
com cardiopatia dilatada;
- O Doppler também é capaz de estimar com
- A calcificação da valva aórtica é o achado mais razoável precisão a gravidade da EA, pela
comum na radiografia de tórax, com técnica determinação do gradiente pressórico VE-Ao;
hiperpenetrada, sendo encontrada em quase todos
os casos de EA grave em pacientes > 65 anos; - O mais fidedigno é o gradiente médio, pois é
muito semelhante quando determinado pelo
cateterismo;
- Um gradiente médio > 50 mmHg é considerado
compatível com EA grave; quando entre 30-50
mmHg, temos uma EA moderada.
Tratamento farmacológico:
Cateterismo Cardíaco
- Voltado ao alívio de sintomas em pacientes não
- É mandatória a realização de uma coronariografia candidatos a tratamento cirúrgico ou como ponte
nos homens com > 40 anos e mulheres com > 45 para o tratamento cirúrgico; ao tratamento de
anos (ou pacientes de ambos os sexos com > 35 doenças associadas a estenose aórtica e a profilaxia
anos, na presença de fatores de risco para de endocardite infecciosa (EI).
coronariopatia) que serão submetidos à cirurgia de
troca valvar; - O diurético de alça furosemida pode ser utilizado
para alívio de sintomas. Em pacientes com edema
- O cateterismo cardíaco também está indicado agudo pulmonar e estenose aórtica importante, o
quando existe uma discrepância entre o quadro uso cauteloso de nitroprussiato de sódio pode ser
clínico e os dados do ecocardiograma, bem como considerado. Cuidado especial deve ser tomado na
quando existem uma ou mais valvopatias administração de vasodilatadores.
associadas;
Tratamento cirúrgico:
- O cateterismo cardíaco é o padrão- -ouro para
estimar o gradiente pressórico VE-Ao e - A cirurgia valvar aórtica (CVAo) ainda é a única
quantificar a estenose aórtica. terapêutica efetiva a longo prazo no alívio da
sobrecarga ventricular esquerda em pacientes com
EAo importante. A cirurgia de troca valvar é o
único tratamento capaz de mudar a história natural
- Permite avaliar a gravidade da EA (medida do da doença.
orifício valvar, estimativa do gradiente VE-Ao,
análise de aspectos morfológicos que sugerem Classe I: Pacientes com EAo importante
etiologia); sintomáticos. Nível de evidência A.
- Também permite medir a função do ventrículo Classe I: Pacientes com EAo importante que serão
esquerdo e, muito importante, pode mostrar sinais submetidos CRVMou a cirurgia da aorta
de lesão miocárdica incipiente, como o aumento torácica/cirurgia valvar concomitante. Nível de
do tecido fibrótico na parede do VE. evidência C.

- A EA grave é uma doença que possui nitidamente Classe I: EAo importante e FE < 50%. Nível de
duas fases clínicas divergentes do ponto de vista evidência B.
prognóstico:
Classe IIa: EAo moderada que serão submetidos a
Fase Assintomática cirurgia de revascularização miocárdica ou a
cirurgia da aorta torácica/cirurgia valvar
- Devido à eficácia dos mecanismos concomitante. Nível de evidência B.
compensatórios, possui bom prognóstico (até se
converter para a fase sintomática). Classe IIa: EAo importante, assintomáticos, com
indicadores de pior prognóstico (área valvar <
Fase Sintomática 0,7cm2, gradiente médio transvalvar aórtico > 60
- Apresenta mau prognóstico sem intervenção. A mmHg e velocidade de jato transvalvar aórtico > 5
curva de sobrevida altera-se drasticamente após o m/s), desde que o risco cirúrgico do paciente seja
aparecimento dos sintomas. baixo. Nível de evidência C.
Classe IIb: EAo importante, assintomáticos, com A via transfemoral é preferencial. Recentemente a
alto risco de progressão da doença (idade avançada, TAVI foi testada em pacientes de baixo risco
calcificação valvar acentuada, DAC). Nível de cirúrgico mostrando resultados positivos. Esses
evidência C. achados abrem caminho para a TAVI ser a primeira
opção terapêutica em pacientes com estenose
Classe IIb: EAo discreta a moderada que serão aórtica, reservando a cirurgia para quando
submetidos a CRVM com preditores de progressão há indicação de outro procedimento ou quando a
rápida da EAo, como calcificação valvar anatomia for desfavorável.
acentuada. Nível de evidência C.
A valvuloplastia com balão pode aliviar os
Classe IIb: EAo com gradiente médio < 40 mmHg
sintomas por alguns meses, mas só deve ser
e disfunção ventricular, mas com reserva contrátil.
realizada como ponte para a troca valvar, tendo em
Nível de evidência C.
vista que a estenose costuma recorrer. Pode ser
utilizada também como paliação em casos onde
Classe IIb: EAo importante, assintomáticos, com
nem a troca valvar cirúrgica nem a TAVI são
arritmias ventriculares complexas durante o teste
possíveis.
de esforço. Nível de evidência C.
Tratamento Ambulatorial
Classe IIb: EAo importante, assintomáticos, com
hipertrofia ventricular importante (septo e parede
posterior > 15 mm). Nível de evidência C. 1. Furosemida 20-40 mg VO de 12/12
até 6/6 horas; dose diária total máxima
Classe III: Assintomáticos com EAo que não se de 600 mg.
encaixem nas indicações acima. Nível de evidência 2. Atenolol 25 a 50 mg VO de 12/12
B. horas.
3. Hidralazina 25 a 50 mg VO de 8/8
horas.
Classe IIa: Estenose aórtica importante de 4. Captopril 25 a 50 mg VO de 8/8
baixo fluxo/baixo gradiente com fração de
horas.
ejeção reduzida.

 Com reserva contrátil. Nível de Nota: A frequência de dosagem pode ser


evidência B; ajustada com base nas necessidades de diuréticos
específicos do doente. Os medicamentos devem ser
 Sem reserva contrátil + escore de usados com cautela e são apenas sintomáticos,
cálcio valvar elevado. Nível de podendo ser suspensos quando o profissional
evidência C. médico achar conveniente. Para pacientes que não
procedem a troca valvar, o prognóstico é péssimo,
Classe IIa: Estenose aórtica importante paradoxal com a mortalidade aumentando exponencialmente
sintomático. Nível de evidência C. após o surgimento dos sintomas. Como frisado
anteriormente, apenas a troca valvar muda o
Um estudo recente mostrou benefício na curso da doença.
troca valvar em pacientes de baixo risco cirúrgico
com estenose aórtica grave, porém assintomáticos.
A intenção é evitar o surgimento de sintomas e
efeitos adverso relacionados à doença. Essa
conduta pode estar presente nas próximas
diretrizes.

Em pacientes com alto risco, risco


intermediário ou risco cirúrgico proibitivo, o
implante percutâneo da valva aórtica (TAVI)
mostrou resultados semelhantes à cirurgia de troca
valvar nos casos em que a troca valvar é indicada.

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