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- Pulso Arterial em geral normal, porém pode estar - A ausculta do precórdio revela hiperfonese de B1,
de amplitude reduzida na EM crítica, com caso a valva mitral ainda apresente uma mobilidade
redução importante do débito cardíaco; razoável e pouca ou nenhuma calcificação;
- Pulso Venoso é reflexo das pressões do coração - Às vezes, a hiperfonese de B1 é o único achado
direito; auscultatório da estenose mitral;
- Se o paciente apresentar como complicação a - Com a progressão da doença, a valva torna-se
hipertensão arterial pulmonar grave, teremos calcificada e perde a sua mobilidade, reduzindo a
uma onda A exacerbada no pulso jugular, nos fonese da primeira bulha. Nesse momento, a B1 se
pacientes em ritmo sinusal; tornará hipofonética;
- Se houver insufciência ventricular direita, a - A hiperfonese de P2 (componente pulmonar da
pressão jugular estará aumentada, verificada pela B2) é o primeiro sinal da hipertensão arterial
elevação da altura do pulso da jugular interna, pulmonar;
com o paciente a 45º ou pela turgência patológica
da veia jugular externa; - A P2 se aproxima de A2 e, em estágios mais
avançados, o desdobramento fisiológico de B2
- Alterações do pulso venoso na estenose mitral desaparece completamente, ficando uma bulha
significam doença avançada, pois refletem as única e hiperfonética;
consequências da hipertensão arterial pulmonar.
Se houver insufciência tricúspide secundária à - O estalido de abertura da valva mitral ocorre no
dilatação do VD, ocorre uma “arterialização” do momento em que a valva se abre, com os seus
pulso venoso. Veremos uma onda V gigante no folhetos tensos. Portanto, o som dá-se logo após
pulso jugular, que se parece com um pulso arterial B2 e se parece com um desdobramento da
visível; segunda bulha e com a terceira bulha (B3);
- A palpação do precórdio em geral mostra um - O som é mais seco que a B2 e é mais audível no
ictus de VE fraco ou impalpável; foco tricúspide e mitral. A presença do estalido
indica que a valva tem uma mobilidade razoável. e estão associados a um ictus de VD palpável e
Quanto mais próximo o estalido da B2, maior a proeminente;
gravidade da estenose mitral.
Manobra Rivero-Carvalho: Devemos colocar o
- Ausculta cardíaca na estenose mitral. paciente em questão deitado em decúbito dorsal e
posicionar o estetoscópio no foco tricúspide,
No foco mitral, pode-se auscultar a tríade clássica:
principalmente. Pediremos para o paciente
- Rufar diastólico;
realizar uma inspiração profunda e, ao mesmo
- Estalido de abertura; tempo em que ele realiza a inspiração, iremos
auscultar atentamente o sopro dele.
- Hiperfonese de B1.
- A terceira bulha do ventrículo direito (B3 de VD),
- Sopro da Estenose Mitral: o chamado rufar por ser um som protodiastólico, pode ser
diastólico é o sopro característico da estenose confundida com o estalido de abertura. Este último,
mitral. É mais audível com a campânula (som entretanto, não intensifica com a inspiração;
grave) e é bem localizado no foco mitral. Sua
intensidade aumenta com o decúbito semilateral - Nos casos de insufciência tricúspide, teremos
esquerdo e às vezes só aparece nessa posição. um sopro sistólico (que pode ser holossistólico),
mais audível no foco tricúspide;
- O sopro pode ser de pequena duração ou ser
holodiastólico. Quanto maior a duração (e não a - Nos casos em que o VD se desloca para a
intensidade), maior a gravidade da estenose esquerda, pode ser mais audível no foco mitral.
mitral; Este sopro pode ser facilmente confundido com o
sopro de insufciência mitral.
- Na EM leve, o sopro só é auscultado na fase pré-
sistólica, devido ao reforço do fluxo pela contração - A diferenciação é feita pelo aumento
atrial (reforço pré-sistólico); característico do sopro com a inspiração
profunda (manobra de Rivero-Carvalho) e pela
- Se o sopro for intenso, pode irradiar-se para a presença de outros sinais de insuficiência
axila e para o foco tricúspide. O sopro diminui com tricúspide no exame (onda V gigante no pulso
a inspiração e com a manobra de Valsalva e jugular, pulso hepático).
aumenta com o exercício físico;
- Na insuficiência tricúspide, outros sinais de
- O rufar diastólico não é patognomônico da aumento de VD (ictus de VD, B3 de VD) também
estenose mitral. Pode ocorrer na febre reumática são notados;
aguda (sopro de Carey-Coombs), na insufciência
mitral grave (hiperfluxo pela valva mitral) e na - Estenose Mitral Silenciosa: alguns pacientes
insufciência aórtica grave (sopro de Austin- com estenose mitral não têm o rufar diastólico
Flint); audível. Isso ocorre devido à idade avançada,
obesidade, DPOC, aumento do diâmetro
-A diferenciação é feita pela hiperfonese de B1 e anteroposterior do tórax ou estados de baixo débito
pelo estalido de abertura, que só estão presentes na cardíaco (baixo fluxo). A doença deve ser
estenose mitral; suspeitada por outros dados.
- A estenose mitral pura não cursa com bulhas
acessórias (B3 ou B4), pois o ventrículo esquerdo é
poupado nesta patologia. Mas podemos ter bulhas
acessórias provenientes do ventrículo direito (B3
ou B4 de VD) nos casos de sobrecarga ou - O átrio esquerdo aumenta de tamanho
insufciência ventricular direita; progressivamente na estenose mitral, devido ao
- Esses sons aumentam caracteristicamente com a aumento da pressão intracavitária. A própria
inspiração profunda (manobra de Rivero-Carvalho) cardiopatia reumática acomete o miocárdio
atrial, levando a uma espécie de miocardite atrial circulação sistêmica até embolizar uma artéria
crônica; cerebral, esplênica, mesentérica, renal etc;
- Esses dois fatores geram as condições - O AVE isquêmico é o evento embólico mais
eletrofisiológicas que predispõem à fibrilação comum;
atrial;
- A anticoagulação oral com warfarin, quando
- A rápida resposta ventricular característica da bem conduzida, reduz significativamente a chance
fibrilação atrial (geralmente entre 110-180 bpm), de eventos tromboembólicos nesses pacientes.
aliada à perda da contração atrial, promove um
importante aumento da pressão atrial esquerda,
levando aos sintomas de congestão pulmonar
(dispneia, ortopneia);
- Episódios de FA paroxística podem se manifestar - A turbulência do fluxo transvalvar permite a
com edema agudo de pulmão; formação de pequenos trombos aderidos à face
ventricular da valva mitral, que podem servir de
- A hipotensão arterial ou o choque podem ser “abrigo” para bactérias;
decorrentes do baixo débito cardíaco;
-Episódios de bacteremia podem contaminar esses
- O débito está reduzido pelo pequeno tempo de focos, gerando um quadro infeccioso sistêmico
enchimento ventricular diastólico e pela perda da chamado de endocardite infecciosa;
contração atrial (responsável por cerca de 30% do
enchimento ventricular); - A destruição da valva pela endocardite pode levar
à insufciência mitral.
- A fibrilação atrial é a grande responsável pelos
fenômenos tromboembólicos que complicam a
doença valvar mitral.
Eletrocardiograma (ECG):
- É importante para determinar se o paciente está
- São especialmente comuns quando há fibrilação em ritmo sinusal ou se tem fibrilação atrial crônica;
atrial associada: frequência média de 6% ao ano - Pode revelar os sinais de aumento atrial esquerdo
(altíssimo risco); (onda P larga e bífida em D2 e o índice de Morris
- O momento de instalação da fibrilação atrial em V1 – porção negativa da P aumentada, com área
também é importante: 1/3 dos eventos maior que 1 “quadradinho”). A alteração da onda P
tromboembólicos acontece no primeiro mês de nesses casos é denominada de P mitrale. N
instalação, e 2/3 no primeiro ano; - Sobrecarga ventricular esquerda (85% se EAo
- Os pacientes com estenose mitral reumática em grave);
ritmo sinusal e com átrio esquerdo bastante - Pode haver bloqueio de ramo ou bloqueio
aumentado também podem evoluir com atrioventricular;
tromboembolismo, embora com chance bem
menor; - Alterações de repolarização ventricular;
(2) o abaulamento do 3º arco (seta reta); - Ou pacientes de ambos os sexos com idade > 35
anos;
(3) o deslocamento posterior do esôfago
contrastado – um importante sinal de aumento - Presença de fatores de risco para coronariopatia,
do AE. que serão submetidos à cirurgia valvar aberta;
- A gravidade da estenose mitral deve ser - Em pacientes com perfil de menor risco, a
determinada pela estimativa da Área Valvar Mitral coronariografia pode ser substituída pela angio-TC
(AVM); coronariana.
- A dispneia é o sintoma inicial que marca o - O ictus de VE normalmente é tópico, com caráter
aparecimento da insufciência cardíaca congestiva. propulsivo e sustentado. Pode haver um atraso do
pulso arterial em relação ao ictus de VE. Um (3) insufciência aórtica – hiperfluxo pela valva
impulso pré-sistólico pode ser palpável e visível. É aórtica;
comum um frêmito sistólico no foco aórtico, borda
(4) cardiomiopatia hipertrófica com estenose
esternal esquerda, carótidas e fúrcula.
subaórtica;
(5) estenoses supra aórtica e subaórtica congênitas;
- Revela comumente uma quarta bulha (B4) (6) estenose pulmonar congênita;
proeminente, devido à HVE concêntrica;
(7) CIA.
- Nesses casos, pela redução do relaxamento e - O sopro da estenose aórtica pode variar com
complacência ventricular, a contração atrial dá-se
algumas manobras;
com mais vigor, sendo a responsável pela B4;
- Sua intensidade aumenta com manobras que
- Na EA calcífca, temos uma hipofonese de A2 – o
aumentam o retorno venoso e/ou a contratilidade
componente aórtico da segunda bulha.
do VE (posição de cócoras, exercício físico,
Frequentemente pelo alto grau de calcificação, o
batimento pós-extrassistólico) e diminui com
componente A2 torna-se inaudível. Na EA não
manobras que reduzem o retorno venoso
calcífca, o componente A2 é audível. Neste caso,
(Valsalva, posição ortostática) ou que aumentam
podemos observar o desdobramento paradoxal de
a resistência vascular periférica (handgrip).
B2, devido ao atraso da sístole do VE;
- Se a valva não estiver muito calcificada, a sua
vibração ao se abrir produz um ruído parecido com Fenômeno de Gallavardin:
a B1 – o ruído de ejeção;
O sopro da estenose aórtica pode irradiar-se
- A ausculta é semelhante ao desdobramento de para o foco mitral, porém com certas características
B1, mais audível com o diafragma do estetoscópio que podem confundir o médico. Pode haver um
no foco aórtico, com ampla irradiação até o foco hiato auscultatório na região entre o foco aórtico e
mitral; o foco mitral, e o som do sopro pode modificar-se
no foco mitral, tornando-se de mais alta
- Sopro da Estenose Aórtica:
frequência. Com isso, pode parecer que existem
- É caracteristicamente um sopro mesossistólico dois sopros diferentes – um aórtico e um mitral –
(“em diamante”). Significa que é mais intenso no sugerindo patologia mitro-aórtica.
meio da sístole, como em todos os sopros Este fenômeno é explicado pela
denominados sopros ejetivos;
continuidade anatômica entre os anéis aórtico e
- A gravidade da EA guarda relação com a mitral, fazendo com que a vibração do primeiro
duração do sopro, mas não com a sua intensidade. seja diretamente transmitida ao último. Algumas
vezes, o sopro da EA é mais audível no foco mitral
- O foco de maior intensidade costuma ser o foco do que no foco aórtico, devido às características
aórtico (BED alta); constitucionais do paciente. Para diferenciar o
- A irradiação característica é para as carótidas, fenômeno de Gallavardin de uma insufciência
fúrcula esternal e para o foco mitral. Deve ser mitral, podemos utilizar as manobras descritas
diferenciado de outros sopros sistólicos de ejeção acima. Eventualmente, a diferenciação só é
no foco aórtico: possível com o ecocardiograma.
- A EA grave é uma doença que possui nitidamente Classe I: EAo importante e FE < 50%. Nível de
duas fases clínicas divergentes do ponto de vista evidência B.
prognóstico:
Classe IIa: EAo moderada que serão submetidos a
Fase Assintomática cirurgia de revascularização miocárdica ou a
cirurgia da aorta torácica/cirurgia valvar
- Devido à eficácia dos mecanismos concomitante. Nível de evidência B.
compensatórios, possui bom prognóstico (até se
converter para a fase sintomática). Classe IIa: EAo importante, assintomáticos, com
indicadores de pior prognóstico (área valvar <
Fase Sintomática 0,7cm2, gradiente médio transvalvar aórtico > 60
- Apresenta mau prognóstico sem intervenção. A mmHg e velocidade de jato transvalvar aórtico > 5
curva de sobrevida altera-se drasticamente após o m/s), desde que o risco cirúrgico do paciente seja
aparecimento dos sintomas. baixo. Nível de evidência C.
Classe IIb: EAo importante, assintomáticos, com A via transfemoral é preferencial. Recentemente a
alto risco de progressão da doença (idade avançada, TAVI foi testada em pacientes de baixo risco
calcificação valvar acentuada, DAC). Nível de cirúrgico mostrando resultados positivos. Esses
evidência C. achados abrem caminho para a TAVI ser a primeira
opção terapêutica em pacientes com estenose
Classe IIb: EAo discreta a moderada que serão aórtica, reservando a cirurgia para quando
submetidos a CRVM com preditores de progressão há indicação de outro procedimento ou quando a
rápida da EAo, como calcificação valvar anatomia for desfavorável.
acentuada. Nível de evidência C.
A valvuloplastia com balão pode aliviar os
Classe IIb: EAo com gradiente médio < 40 mmHg
sintomas por alguns meses, mas só deve ser
e disfunção ventricular, mas com reserva contrátil.
realizada como ponte para a troca valvar, tendo em
Nível de evidência C.
vista que a estenose costuma recorrer. Pode ser
utilizada também como paliação em casos onde
Classe IIb: EAo importante, assintomáticos, com
nem a troca valvar cirúrgica nem a TAVI são
arritmias ventriculares complexas durante o teste
possíveis.
de esforço. Nível de evidência C.
Tratamento Ambulatorial
Classe IIb: EAo importante, assintomáticos, com
hipertrofia ventricular importante (septo e parede
posterior > 15 mm). Nível de evidência C. 1. Furosemida 20-40 mg VO de 12/12
até 6/6 horas; dose diária total máxima
Classe III: Assintomáticos com EAo que não se de 600 mg.
encaixem nas indicações acima. Nível de evidência 2. Atenolol 25 a 50 mg VO de 12/12
B. horas.
3. Hidralazina 25 a 50 mg VO de 8/8
horas.
Classe IIa: Estenose aórtica importante de 4. Captopril 25 a 50 mg VO de 8/8
baixo fluxo/baixo gradiente com fração de
horas.
ejeção reduzida.