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verdade, ter a forma evolutiva crônica de


uma miocardite viral subclínica;
 Quando uma causa específica é
Conceito de Miocardiopatia/Cardiomiopatia: estabelecida, chamamos de cardiomiopatia
 Grupo de patologias que se caracteriza pelo
dilatada secundária;
 A agressão primária pode ser de caráter:
acometimento primário do miocárdio,
 Tóxico;
levando ao comprometimento da sua
 Inflamatório -> Miocardite: Pode
função;
 Ultimamente, tal conceito vem se
ser autolimitado, ter uma evolução
estendendo a patologias nas quais o fulminante ou evoluir para uma
acometimento miocárdico é secundário a cardiomiopatia dilatada;
 Metabólico;
fatores de sobrecarga cardíaca:
 Infiltrativo;
 HAS;
 Fibrodegenerativo.
 Valvopatias;
 Principais causas de cardiomiopatia
 Shunts intracardíacos;
 Taquicardiomiopatia;
dilatada secundária:
 Doença de Chagas;
 Secundário a um extenso infarto do
 Miocardiopatia alcoólica;
miocárdio.
 Miocardite viral;
 Existem 3 tipos fisiopatológicos de
 Cardiomiopatia periparto;
cardiomiopatia:
 Cardiomiopatia diabética;
 DILATADA;
 Cardiomiopatia relacionada:
 HIPERTRÓFICA;
 Ao HIV;
 RESTRITIVA.
 Às colagenases (ex: LES);
 Às disfunções endócrinas
(hipo e hipertireoidismo,
síndrome de Cushing,
: feocromocitoma,
acromegalia);
 Doença primária do miocárdio;  Às carências nutricionais
 Evolução crônica; (desnutrição tipo
 Ocorre uma dilatação sistólica e, Kwashiorkor, beribéri,
consequentemente, uma dilatação deficiência de Selênio);
ventricular;  À deficiência de eletrólitos
 O mais comum é o acometimento primário (hipocalemia,
do VE, levando, mais tarde, ao hipofosfatemia).
comprometimento secundário do VD.
Entretanto, algumas cardiomiopatias  Cardiotoxicidade por alguns
podem acometer diretamente o VD. quimioterápico, como
doxorrubicina, pela cocaína e por
metais pesados (ex: chumbo,
 Idiopática; mercúrio);
 20% dos pacientes possui uma forma  Doenças infiltrativas, como a
familiar da doença e outros podem, na amiloidose, a hemocromatose etc.;
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 No Brasil, a doença de Chagas é a  A evolução para a fase sintomática é
causa mais comum de insidiosa, e os primeiros sintomas podem
cardiomiopatia dilatada ser decorrentes de insuficiência ventricular
secundária. Nos EUA, essa posição esquerda, insuficiência ventricular direita
está com a cardiomiopatia ou insuficiência biventricular;
alcoólica.  Curiosamente, ⅓ dos pacientes referem dor
torácica, apesar de terem coronárias
epicárdicas normais à coronariografia;
 Alterações no exame físico:
 Ictus de VE desviado para esquerda
 O processo inflamatório, tóxico, carencial e para baixo, de fraca intensidade e
ou degenerativo leva à inibição da difuso;
 B1 hipofonética;
atividade contrátil dos miócitos, bem
 Presença de B4 na ausculta é
como a perda progressiva dessas células;
 TNF e IL-1, comprovadamente têm uma frequente;
 Sopro sistólico em mitral irradiando
ação depressora miocárdica, além de
estimular a fibrose e a degeneração celular; para axila, devido à insuficiência
 Efeito tóxico das drogas: pode ser mitral secundária;
 Fases mais
direto/indireto, através dos mediadores
inflamatórios; avançadas/Descompensação: é
 A consequência principal do processo comum auscultarmos B3 e,
patológico é a redução da contratilidade eventualmente, o desdobramento
miocárdica, justamente o aspecto paradoxal de B2;
 Pulso arterial filiforme, pulso
fisiopatológico que caracteriza a
cardiomiopatia dilatada; dicrótico e pulso
 A redução do inotropismo leva à disfunção alternans=indicativos de baixo
sistólica; débito cardíaco, significativo de
 O primeiro indício de uma disfunção mau prognóstico.
 Sinais de IVD congestiva:
sistólica progressiva é a dilatação
 Turgência jugular
ventricular;
 Pacientes assintomáticos - às vezes - patológica;
 Aumento da altura do pulso
apresentam um aumento no diâmetro
sistólico e diastólico finais do ventrículo jugular;
 Hepatomegalia congestiva;
esquerdo;
 Ascite;
 A dilatação ventricular é o principal
 Edema de membros
mecanismo compensatório da insuficiência
cardíaca sistólica, através da Lei de Frank- inferiores;
 Exame cardiovascular:
Starling (Estabelece que o coração,
 Ictus de VD
dentro de limites fisiológicos, é capaz de
ejetar todo o volume de sangue que proeminente;
 B3 e/ou B4 de VD à
recebe proveniente do retorno venoso);
 A queda da fração de ejeção é a próxima ausculta, ou mesmo
alteração ecocardiográfica a aparecer; sinais de
insuficiência
tricúspide
secundária, como
um sopro sistólico
no foco tricúspide,
 O paciente mantém-se assintomático por que aumenta com a
muitos anos devido aos mecanismos inspiração, e em
compensatórios, até entrar na fase pulso venoso e
“descompensada”, em que os sintomas hepático
clássicos da insuficiência congestiva apresentando onda V
sobrevêm; gigante.
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 Sopros, em geral, regurgitativos por
insuficiência mitral, secundária à
dilatação ventricular;
 B3.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:
 O diagnóstico clínico é baseado em um
ANAMNESE conjunto de sinais e sintomas:
 Quadro clínico: História de baixo débito
 Sinais e sintomas típicos:
 Fadiga;
 Dispneia paroxística
 Fraqueza;
noturna;
 Intolerância a exercícios;
 Estase jugular;
 Anorexia.
 Impulso apical desviado
 Insuficiência Cardíaca esquerda: Sinais de
para a esquerda;
congestão pulmonar:  Presença de terceira bulha;
 Dispneia;
 Refluxo hepatojugular;
 Ortopneia;
 Fadiga;
 Dispneia paroxística noturna: é uma
 Falta de ar;
condição comum em pacientes  Ortopneia;
portadores de insuficiência cardíaca  Intolerância ao exercício.
esquerda. Nesse contexto, admite-  Sinais e sintomas menos típicos:
se que, durante o sono, a reabsorção  Edema de tornozelos
do edema periférico leve à bilateral;
hipervolemia sistêmica e pulmonar  Tosse noturna;
e, por conseguinte, ao agravamento  Ganho de peso;
da congestão pulmonar. Para ser  Anorexia;
dispneia paroxística noturna (DPN),  Dor abdominal;
é necessário que a falta de ar demore  Noctúria;
vários minutos para melhorar  Hepatomegalia e ascite;
depois que o paciente se acorda no  Crepitações pulmonares;
meio da noite e assume a posição  Derrame pleural;
sentada ou em pé. Caso ele se  Taquicardia;
levante e refira melhora da dispneia  Extremidades frias.
após 1 ou 2 minutos, isso não é ABORDAGEM DIAGNÓSTICA:
DPN.  O primeiro passo é realizar uma história
 IC Direita:
clínica detalhada:
 Edema periférico;
 Investigação etiológica:
 Desconforto em hipocôndrio  Avaliar comorbidades;
direito;  Antecedente de febre reumática,
 Hepatomegalia;
valvopatias;
 Turgência jugular;
 Doenças congênitas;
 Ascite.
 Distúrbios ventilatórios do sono;
EXAME FÍSICO  Doenças congênitas;
 Paciente pode apresentar:
 Distúrbios ventilatórios do sono;
 Taquipneia;
 Antecedentes pessoais e familiares;
 Taquicardia;
 Uso de álcool, drogas ilícitas;
 Sinais de congestão:
 Uso de agentes cardiotóxicos;
 Edema de membros  Avaliar epidemiologia para Doença
inferiores; de Chagas.
 Ascite;
 Exames de Rotina:
 Estase jugular a 45º;
 ECG: Sinais de sobrecarga
 Refluxo hepatojugular;
ventricular, sobrecarga atrial. Se
 Estertores crepitantes bibasais ou
houver área eletricamente inativa,
murmúrio vesicular diminuído em pode sugerir etiologia, doença
bases, sugerindo derrame pleural; isquêmica ou bloqueio de ramo
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direito e bloqueio divisional com IC quanto ao
anterossuperior, sinalizando doença prognóstico.
de Chagas. QRS com baixa  Investigação de Cardiomiopatia Isquêmica:
voltagem pode sugerir derrame  Coronografia no paciente com IC e
pericárdio. angina típica;
 Troponina: Avaliação de injúria  Coronariografia no paciente com
miocárdica mesmo subclínica, e IC, sem angina, com fatores de risco
também estratificação prognóstica; para DAC o com história de IAM;
 BNP>400 / Pro BNP >450 (até 50  Métodos de avaliação não invasiva
anos), >900 (50-75 anos) ou >1800 de isquemia (ecoestresse, medicina
(>75 anos): Se há dúvida nuclear ou RMC) ou
diagnóstica e para prognóstico. angiotomografia de coronárias em
 RX de tórax: Aumento da área paciente com IC, sem angina típica,
cardíaca e sinais de congestão com fatores de risco para DAC,
pulmonar, linhas B de Kerley ou disfunção segmentar ou com
derrame pleural; história de IAM;
 Ecodopplercardiograma:  Métodos de avaliação não invasiva
Parâmetros de função ventricular de viabilidade miocárdica
esquerda e direita, estimativas (ecoestresse, medicina nuclear ou
hemodinâmicas e surgimento de RMC) em pacientes com IC com
valvulopatias funcioanais; DAC considerados para
 Tomografia cardíaca em revascularização miocárdica.
pacientes com disfunção  Na prática:
ventricular, doenças miocárdicas  Quais exames pedir:
ou pericárdicas:  Laboratoriais iniciais:
 Avaliação da anatomia Hemograma, ureia,
pericárdica na suspeita de creatinina, sódio, potássio,
pericardite constritiva; cálcio, EAS, enzima e
 Avaliação da morfologia função hepática, função
ventricular direita em tireoideana, glicemia e Hb
suspeita de cardiopatia glicada, colesterol total e
arritmogênica do ventrículo frações e sorologia de
direito. chagas.
 Teste ergoespirométrico:  ECG;
 Diante da estabilidade  Imagem: RX de tórax,
clínica e sem ecotranstorácico, CAT, teste
contraindicações ao não invasivo para avaliação
exercício, indica-se de coronariopatia
preferencialmente para a (cintilografia miocárdica,
avaliação do paciente o teste eco estresse, teste
de esforço espirométrico ou, ergométrico);
alternativamente, o teste de  Exames secundários:
caminhada de seis minutos Saturação de transferrina
usual ou monitorizado ou (hemocromatose), sorologia
teste o teste ergométrico; para HIV, provas
 Sabe-se que o uso de reumatológicas,
betabloqueador reduz a FC; investigação para
 Com a utilização de BB, o feocromatina, atividade de
valor de consumo máximo renina plasmática, cortisol
de oxigênio durante sérico e urinário, exame para
exercício (VO2) de 10-12,5 avaliação de viabilidade
ml/kg/min e a inclinação da miocárdica.
relação VE/VCO2>35
parecem separar pacientes
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Classificação da New York Heart Association  Essas taquiarritmias são importantes fatores
(NYHA): de descompensação cardíaca pelo:
 Aumento exagerado da FC;
 Perda da contração atrial, que
NYHA I: ausência de sintomas (dispneia) contribui com boa parte do
durante atividades cotidianas; enchimento ventricular diastólico.
 As arritmias ventriculares também são
NYHA II: sintomas leves durante as
atividades cotidianas; comuns, tendo em vista que 90% dos
pacientes apresentam Extrassístoles
NYHA III: sintomas desencadeados em Ventriculares (ESVs) no Holter;
atividades menos intensas que as cotidianas  Taquicardia Ventricular Não Sustentada
ou aos pequenos esforços; (TVNS) em 50% dos casos com alto risco
NYHA IV: sintomas aos mínimos esforços de morte súbita, pois está presente em boa
ou em repouso. parte dos óbitos relacionados à
cardiomiopatia dilatada;
 Fenômenos tromboembólicos;
Classificação American Heart Association  Tromboembolismo Pulmonar (TEP);
(AHA):  Bloqueios de Ramo (BRE, BRD e HBAE)
podem ocorrer, mas são mais comuns na
A) inclui pacientes sob risco de desenvolver chagásica.
insuficiência cardíaca, mas ainda sem doença
estrutural perceptível e sem sintomas atribuíveis à
insuficiência cardíaca;
B) Pacientes que adquiriram lesão estrutural
cardíaca, mas ainda sem sintomas atribuíveis à
insuficiência cardíaca. Pacientes com lesão
TRATAMENTO NÃO
estrutural cardíaca e sintomas atuais ou pregressos
FARMACOLÓGICO:
de insuficiência cardíaca;
 Dieta saudável com adição de até 6g de
C) Pacientes com lesão estrutural cardíaca e sódio, individualizada conforme as
sintomas atuais ou pregressos de insuficiência características do paciente;
cardíaca;  Vacinar contra Influenza e Pneumococcus
D) Pacientes com sintomas refratários ao caso não haja contraindicação;
tratamento convencional, e que requerem  Cessação do tabagismo;
intervenções especializadas ou cuidados paliativos.  Redução do consumo de álcool;
 Reabilitação cardiovascular para pacientes
com IC crônica estável em classe funcional
II-III (NYHA) para melhorar qualidade de
vida e a capacidade de exercício.
 Acompanhamento dos pacientes em
clínicas de IC para melhorar a adesão ao
tratamento, a qualidade de vida, diminuir
 Extrassístoles supraventriculares, dias de hospitalização, e visitas em
fibrilação atrial e flutter atrial são unidades de emergência relacionadas à IC;
arritmias frequentes em pacientes com
cardiomiopatia dilatada, principalmente se TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
houver aumento atrial; Medicações com impacto na mortalidade:
 Essas arritmias ocorrem devido ao  Betabloqueadores:
estiramento das fibras pela dilatação das  Caverdilol: dose alvo 25mg de
câmaras cardíacas que predispõem a 12/12 horas (ou até 50mg de 12/12
taquiarritmias atriais e ventriculares, tanto horas);
pelo fenômeno de reentrada, quanto pelo  Bisoprolol: dose alvo 10mg (de
automatismo anormal; 24/24 horas);
 Metropolol: dose alvo 200mg/dia;
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 Nebiovol: dose alvo 10mg/dia.
 IECA: - IECA, BRA ou inibidor da Neprelisina
 Captopril até 50mg de 8/8 horas; + BRA:
 Enalapril até 20mg de 12/12 horas; - IECA para disfunção assintomática e
 Ramipril até 10mg/dia. sintomática de VE;
 Antagonista da Aldosterona: - BRA na disfunção sistólica em pacientes
 Espirolactona 12,5-25mg/dia; intolerantes a IECA, exceto por
 Esplerenona 25-50mg/dia. insuficiência renal;
 BRA: - Inibidor da Neprelisina + BRA como
 Losartana 25-150mg/dia de 24/24 terapia inicial pelas diretrizes norte-
horas a 12/12 horas; americanas ou como terapia de resgate nas
 Candesarnata: 4 a 32mg de 24/24 diretrizes brasileira e europeia.
horas;
 Vasartana 40-160 mg de 12/12 - Antagonista de Aldosterona:
horas. - Espironolactona em pacientes
 Hidrazilina e nitrato: sintomáticos com disfunção sistólica do
 Hidralazina 12,5-100mg de 8/8 VE, classes funcionais III e IV da NYHA,
horas; associado ao tratamento padrão;
 Dinitrato de Isossorbida 20 a 120 - Espironolactona em pacientes com IC leve
mg/dia; (classe funcional NYHA II), associado ao
 Mononitrato de Isossorbida 20 a tratamento clínico otimizado para redução
120 mg/dia; de mortalidade e hospitalizações por IC;
 Inibidor de Nepresilina+BRA: - Espironolactona em pacientes pós-IAM,
Sacubitril+Valsartana 24/26 a 97/103 mg com disfunção do VE (FE < 40%) ou classe
de 12/12h; funcional NYHA II a IV.
 Inibidores SGLT2: Dapaglifonzina: 10mg - Diuréticos:
de 24/24h. - Pacientes sintomáticos com sinais e
 Medicações sem impacto na morbidade: sintomas de congestão;
Digitálico. - Associação de Hidroclorotiazida ou
Clortalidona nos pacientes resistentes à
 Digoxina 0,12-0,50 mg de 24/24
ação dos diuréticos de alça.
horas;
- Hidralazina - Nitrato:
 Diuréticos:
- Afrodescendentes em CF III-IV (NYHA)
 Furosemida 20-240 mg de 12/12 em uso de terapêutica otimizada;
horas; - Pacientes de qualquer etnia, CF II-IV
 Hidroclorotiazida 12,5-100 mg de (NYHA) com contraindicação a IECA ou
24/24 horas. BRA (insuficiência renal progressiva e/ou
hipercalemia);
- Betabloqueadores: Bisoprolol, Carvedilol
- Pacientes de qualquer etnia, CF I (NYHA)
e Succinato de Metoprolol para o tratamento da IC
com contraindicação a IECA ou BRA
com disfunção sistólica;
(insuficiência renal progressiva e/ou
- Classe funcional I-IV da NYHA com hipercalemia);
disfunção sistólica associado com IECA, - Pacientes de qualquer etnia refratária ao
BRA ou inibidor da Neprelisina + BRA; tratamento otimizado.
- Pacientes assintomáticos com disfunção
sistólica infarto agudo do miocárdio, com - Inibidor da Neprelisina + BRA:
CMPD, CMPI, miocardite, em associação - Como primeira linha de tratamento no lugar dos
com IECA, BRA inibidor da neprelisina + BRA ou IECA (recomendações norte-americanas);
BRA; - Como terapia de resgate em pacientes
-Nebivolol em pacientes com idade < 70 sintomáticos a despeito de terapia otimizada
anos, e Bisoprolol/Carvedilol/Succinato de (recomendações brasileira e europeia).
Metoprolol para idade > 70 anos, classe - Inibidores SGLT2:
funcional II-IV da NYHA com disfunção
sistólica associado com IECA ou BRA.
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- Em pacientes diabéticos com insuficiência
cardíaca de fração de ejeção reduzida e em Intervenções Cirúrgicas (IC Sistólica Crônica):
pacientes não diabéticos com insuficiência cardíaca Indicações de revascularização miocárdica na
de fração de ejeção reduzida, sintomáticos, a insuficiência cardíaca crônica sistólica:
despeito da terapia otimizada. - Revascularização do miocárdio em pacientes com
- Digoxina: disfunção ventricular esquerda e lesão obstrutiva
- Pacientes com FE < 45%, ritmo sinusal, significativa do tronco da artéria coronariana
sintomáticos, terapêutica otimizada com BB e esquerda ≥ 50%, ou equivalente de tronco com área
IECA, para melhora dos sintomas; isquêmica importante (estenose > 70% proximal
- Pacientes com FE < 45%, FA sintomáticos com em artérias descendente anterior e circunflexa);
terapêutica otimizada com BB e IECA, para - Revascularização do miocárdio em pacientes com
controle de FC. disfunção ventricular esquerda com anatomia
favorável e angina com sintomatologia importante
- Anticoagulantes e antiagregantes restritiva às atividades usuais ou isquemia
plaquetários: significante documentada.
- Anticoagulantes orais diretos para pacientes com - Indicações de transplante cardíaco incluindo
FA não valvar e CHA2DS2Vasc ≥ 2; a etiologia chagásica:
- Cumarínicos para paciente com FA valvar - IC refratária na dependência de drogas inotrópicas
(estenose mitral grave ou prótese metálica); e/ou de suporte circulatório e/ou ventilação
- Cumarínicos para trombos intracavitários ou mecânica;
embolia prévia; - VO2 pico ≤ a 10 mL/kg/min;
- Aspirina para cardiomiopatia de etiologia - Doença isquêmica com angina refratária sem
isquêmica com risco de evento coronariano; possibilidade de revascularização;
- Clopidogrel, ticagrelor ou pasugrel até um ano - Arritmia ventricular refratária;
após IAM ou angioplastia com stent - Classe funcional III/IV persistente;
farmacológico, ou por maior prazo em pacientes - Teste de caminhada 6 min < 300 m;
com alto risco cardiovascular; - Uso de BB com VO2 de pico ≤ 12 mL/kg/min, e
- Cumarínicos na miocardiopatia chagásica com sem uso de BB VO2 de pico ≤ 1,4 mL/kg/min;
alto risco tromboembólico. Teste cardiopulmonar com relação VE/VCO2> 35
- Antiarrítmicos: e/ou VO2 pico < ou igual 14 mL/kg/min.
- BB na insuficiência cardíaca com disfunção
sistólica na prevenção de morte súbita;
- BB na insuficiência cardíaca com disfunção
sistólica em portadores de CDI na prevenção de
morte súbita;
- BB associado à Amiodarona na insuficiência
cardíaca com disfunção sistólica em portadores de
CDI na prevenção de choques;
- A cardiopatia chagásica crônica (CCC) é
- Amiodarona para prevenção de choques
recorrentes em portadores de CDI; essencialmente uma miocardiopatia dilatada em
- Amiodarona na doença de Chagas com arritmia que a inflamação crônica provocada pelo T. cruzi,
ventricular complexa sintomática; usualmente de baixa intensidade, mas incessante,
- Amiodarona para prevenção de taquiarritmias provoca destruição tissular progressiva e fibrose
supraventriculares paroxísticas sintomáticas com extensa no coração;
tratamento clínico otimizado.
- Bloqueadores dos canais de cálcio:
Besilato de Aanlodipino em pacientes com
hipertensão arterial persistente apesar de
tratamento otimizado com disfunção sistólica.
- Ivabradina:
Pacientes em ritmo sinusal com FC > 70 bpm e
classe funcional II-IV da NYHA com disfunção
sistólica em uso de IECA ou BRA + BB em doses
máximas toleradas.
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 A droga de escolha é o Benzimidazol (5-10
mg/kg/dia) por 60 dias;
 Outra droga efcaz é o Nifurtimox (8-15
mg/kg/dia) por 90 dias. A dose nas crianças
deve ser a maior.
- Forma indeterminada:
 Após a melhora dos sintomas agudos, o
paciente permanece muitos anos (ou a vida
toda) assintomático e sem alterações
laboratoriais patológica;
 Esta é a forma indeterminada da doença,
que recebe este nome pela completa
imprevisibilidade de qual paciente vai
evoluir para a fase crônica e de qual não vai;
 Sabe-se que cerca de 50% evoluem para a
fase crônica da doença, na taxa de 2% ao
ano, com um tempo médio de evolução de
- Quadro Clínico da Doença de Chagas 10-20 anos;
 Os 50% restantes nunca desenvolvem a
- Forma aguda: doença de Chagas crônica;
 Geralmente ocorre na criança ou  O tratamento específco da fase aguda
adolescente, moradores de área endêmica; aparentemente não interfere na história
 Após um período de incubação de 7-10 natural da doença.
dias, o paciente pode apresentar a forma  Muitos pacientes não apresentam a fase
aguda da doença de Chagas, caracterizada aguda da doença, passando diretamente
por um quadro gripal (febre, dor muscular, para a fase indeterminada.
prostração), associado à linfadenopatia,
hepatoesplenomegalia e linfomonocitose,
isto é, um quadro mononucleose-símile; - Forma crônica:
 Na grande maioria das vezes, o quadro é  Esta fase da doença pode apresentar-se:
autolimitado, havendo melhora entre os o (1) pelo acometimento
primeiros 1-3 meses; digestivo;
 Eventualmente, desenvolve-se um quadro o (2) pelo acometimento cardíaco;
de miocardite aguda, que pode ser grave e o (3) pelos dois acometimentos.
levar o paciente ao óbito, associado ou não  A doença digestiva chagásica pode
a um quadro de meningoencefalite; comprometer o esôfago e/ou o cólon.
 O diagnóstico da doença aguda deve ser Na verdade, as células acometidas são
feito pelo exame da gota espessa, pouco os neurônios do plexo nervoso entérico,
sensível e, principalmente, pelo método do levando a distúrbios da motilidade do
xenodiagnóstico: um triatomíneo de tubo digestivo.
laboratório pica o paciente e, depois de um  Os principais problemas são:
período de incubação, procura-se o o Acalásia, levando ao
protozoário em seu intestino. Este método megaesôfago (sintomas:
tem uma sensibilidade de 90-95%; odinofagia, disfagia, dor
 O tratamento específco deve sempre ser retroesternal);
utilizado quando há sinais de miocardite o Megacólon (sintomas:
e/ou encefalite; constipação prolongada,
cólicas);
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o A doença cardíaca chagásica tratamento deve ser feito com as
crônica é o principal mesmas drogas da ICC sistólica em
responsável pela geral (inibidores da ECA, diuréticos,
morbimortalidade da doença de digitais).
Chagas.
 Depois de reconhecida clinicamente,
determina uma importante redução da
sobrevida do paciente. São três as
manifestações cardiovasculares da
doença de Chagas crônica:
o Cardiomiopatia dilatada –
insufciência cardíaca - Hipertrofia de um tecido, como, por exemplo, o
congestiva; -Arritmias cardíacas miocárdio, é definida como o aumento de sua
(taquiarritmias ou massa, devido, principalmente, ao aumento do
bradiarritmias); tamanho de suas células;
o Tromboembolismo – pulmonar
e/ou sistêmico; - No caso exemplificado, os miócitos ou fibras
o A cardiomiopatia chagásica miocárdicas. Tanto o miocárdio atrial como o
pode acometer o miocárdio de ventricular podem se hipertrofiar, como resposta
forma segmentar ou difusa. fisiológica a uma sobrecarga volumétrica ou
Mesmo com a função sistólica pressórica da câmara em questão;
global na faixa normal, pode - A hipertrofia ventricular, esquerda ou direita,
haver um ou mais defcits pode ser classificada em dois tipos morfológicos: a
segmentares, do tipo hipertrofia excêntrica e a hipertrofia concêntrica.
hipocinesia, acinesia ou
discinesia; - Hipertrofia ventricular excêntrica é caracterizada
o Qualquer parede pode ser pelo aumento da cavidade ventricular, associado a
acometida. Uma lesão bastante uma maior espessura do miocárdio. Ocorre como
sugestiva de cardiomiopatia consequência a sobrecargas volumétricas (ou
chagásica é o aneurisma apical diastólicas) crônicas. Exemplificando, temos as
“em dedo de luva”; regurgitações valvares, as comunicações
 Nas fases mais avançadas, surge a intracardíacas e, em menor grau, os atletas que
disfunção sistólica global, levando ao realizam exercícios isotônicos (ex.: maratonista).
quadro clínico da insufciência cardíaca - Hipertrofia ventricular concêntrica é
congestiva. O ventrículo direito caracterizada pela redução da cavidade
frequentemente está mais
ventricular, associado a importante aumento da
comprometido do que o ventrículo espessura miocárdica;
esquerdo, fazendo predominar no
quadro clínico a síndrome congestiva - Ocorre como consequência a sobrecargas
sistêmica (turgência jugular, pressóricas (ou sistólicas). Exemplificando, temos
hepatomegalia, ascite, edema de a estenose aórtica, tricúspide, a hipertensão arterial
membros inferiores). Geralmente, a sistêmica, a hipertensão arterial pulmonar e, em
insuficiência é biventricular desde o menor grau, os atletas que executam exercícios
início da cardiomiopatia. A falência isométricos (ex.: halterofilista).
ventricular direita reduz o edema
pulmonar à custa de uma piora do
débito cardíaco;
 O principal fator prognóstico é o grau
de disfunção ventricular, definido pela
fração de ejeção ao ecocardiograma. O
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A CMH é uma doença primária do


miocárdio, caracterizada por uma inexplicada
hipertrofia ventricular concêntrica, geralmente
restrita ao ventrículo esquerdo, associada a uma - Segundo o Braunwald 2008, 70% dos pacientes
função sistólica hiperdinâmica; com CMH apresentam uma forma particular da
doença: a Cardiomiopatia Hipertrófica Obstrutiva;
- Na CMH obstrutiva, ocorre um mecanismo de
- A CMH pode acometer tanto os átrios quanto os obstrução à ejeção sistólica, consequente ao
ventrículos, porém a câmara mais acometida é o espessamento e ao hiperdinamismo do septo
ventrículo esquerdo; interventricular. Ao contrário da obstrução fixa
da estenose aórtica valvar, há uma obstrução
- A hipertrofia concêntrica do miocárdio dinâmica na CMH obstrutiva;
ventricular esquerdo mais comumente é
assimétrica, uma característica que chama a - Histopatologia da CMH: o histopatológico
atenção para o diagnóstico; caracteriza-se não somente pela hipertrofia em si,
mas também por um “desarranjo” da estrutura
- Podemos, então, classificar a CMH, sob seu do tecido miocárdico. As fibras musculares
aspecto macroscópico em: encontram-se dispostas desordenadamente em
meio a áreas de fibrose, nas regiões do miocárdio
1- Hipertrofia simétrica: a hipertrofia se
distribui por todo o miocárdio do VE, porém é mais acometidas. Ocorre também, em diversos
pacientes, espessamento da parede de ramos
proeminente no septo interventricular e na parede
anterolateral e de pequena monta, na parede coronarianos intramurais, predispondo à isquemia.
posterior;
2- Hipertrofia septal assimétrica: das
formas segmentares, é a mais comum. O processo - Até o presente momento, todas as evidências
hipertrófico localiza-se basicamente no septo apontam para uma etiologia genética na CMH;
interventricular. Pode acometer todo o septo, a sua
porção anterior, posterior ou a porção do trato de - A herança é autossômica dominante, porém com
saída do VE. expressões fenotípicas variadas na mesma família
(exceto em gêmeos idênticos, nos quais os
3- Hipertrofia apical assimétrica (forma de fenótipos também são idênticos);
Yamagushi): mais encontrada em indivíduos de
origem japonesa. Apenas a região apical do VE está
hipertrófica, dando um aspecto “em naipe de
espadas” à cavidade ventricular. - Independente de qual mutação genética ou
4- Outras hipertrofias segmentares: mais alteração bioquímica é responsável pela hipertrofia
raramente, a hipertrofia pode localizar-se em um primária em um determinado paciente, o fato é que
outro segmento do miocárdio, como a parede a CMH pode impor três consequências
anterolateral ou até mesmo a parede posterior. fisiopatológicas ao miocárdio.
1. CMH Obstrutiva:
- A principal causa de ICC na CMH é a presença
de um gradiente intraventricular sistólico, que
está presente em cerca de 70% dos pacientes;
@jnavamed
- Este gradiente pressórico é definido como uma - A elevação da pressão intra-atrial se transmite
diferença de pressão sistólica entre a câmara retrogradamente à circulação pulmonar, causando
ventricular esquerda e o seu trato de saída. congestão;
- Este gradiente é dinâmico, ou seja, pode aparecer - A disfunção diastólica é o principal mecanismo
e desaparecer, ou piorar e melhorar de acordo de ICC nas formas não obstrutivas de CMH;
com mudanças na atividade cardiocirculatória
3. Isquemia Miocárdica
do paciente.
- A CMH predispõe à isquemia miocárdica devido
- Devido a alterações na geometria ventricular
aos seguintes fatores:
esquerda, especialmente do seu trato de saída, o
hiperfluxo sistólico produz um fenômeno 1- Aumento da demanda metabólica do
aspirativo intracavitário (fenômeno Venturi), miocárdio, por maior massa e sua contratilidade;
fazendo com que o aparelho valvar mitral, ou a
2- Aumento das pressões de enchimento do
sua cúspide anterior, seja “puxado” de encontro
ao septo do trato de saída, produzindo uma VE, reduzindo a perfusão coronariana
obstrução transitória; subendocárdica na diástole;

- Esta obstrução se dá geralmente no meio da 3- Alterações na morfologia das coronárias


intramurais, que se encontram pequenas e espessas.
sístole e é a responsável pelo gradiente
pressórico intraventricular dinâmico da CMH - As artérias coronárias epicárdicas geralmente são
obstrutiva. Denominamos esse fenômeno de livres de lesões ateroscleróticas.
Movimento Sistólico Anterior (MSA) da valva
mitral. Geralmente ocorre um refluxo mitral nestes
casos.
- Outro evento que colabora com a obstrução do - Assintomáticos (maioria);
trato de saída do VE é o movimento - O diagnóstico é sugerido pelo ECG e
mediossistólico do septo interventricular, que confirmado pelo ecocardiograma;
geralmente está hipertrofiado e pode obstruir
parcialmente a saída do VE - As situações em que isso acontece são:

2. Disfunção Diastólica: 1- Investigação dos familiares próximos a


um paciente com CMH;
- O enchimento adequado dos ventrículos depende
de uma diástole efcaz. Entretanto, a hipertrofia 2- Investigação de um sopro sistólico, B4
massiva, a fibrose e o desarranjo das células ou ictus propulsivo;
musculares geram um déficit de relaxamento 3- Exame de check-up.
VE. Isso gera uma redução na complacência do
VE, que se torna mais rígido, e consequente - Cerca de 1/4 dos parentes de 1º grau de alguém
aumento na pressão intraventricular; com CMH possuem alterações de hipertrofia
ventricular nos exames complementares,
- Essa alta pressão intraventricular dificulta (e geralmente de menor monta, quando comparada ao
muito) o esvaziamento atrial, especialmente a fase caso índice;
rápida (fase de esvaziamento passivo do átrio, no
início da diástole, quando ele ainda não se - Apesar da maioria dos pacientes ser
contraiu); assintomática, sintomas podem vir a aparecer em
qualquer idade;
- O enchimento diastólico do VE passa a depender
grandemente da fase de contração do átrio, que - O sintoma mais comum da doença é a dispneia
acaba por se sobrecarregar; aos esforços, normalmente desencadeada ou
exacerbada pelo esforço físico.
@jnavamed
- O segundo sintoma mais comum é a angina sopro de outras cardiopatias, com quadro clínico
pectoris, ocorrendo em 70% dos pacientes semelhante.
sintomáticos, devido ao fenômeno da isquemia
miocárdica;
- O terceiro sintoma é a síncope e a pré-síncope;
- Precipitados por um fenômeno de baixo débito
cardíaco súbito, estes sintomas costumam ocorrer
durante esforço físico;
- O mecanismo do baixo débito no esforço físico é
a queda abrupta do enchimento ventricular, o
aumento do fenômeno obstrutivo sistólico no trato
de saída do VE e a ocorrência de arritmias
precipitadas por isquemia miocárdica severa;
- A fadiga muscular é outro sintoma que indica a
síndrome do baixo débito.
Exame físico: - Os principais diagnósticos diferenciais da CMH
são as duas causas mais comuns de HVE
- O exame físico cardiovascular, nos pacientes com
concêntrica: hipertensão arterial sistêmica e
CMH, geralmente é positivo. À palpação do
estenose aórtica.
precórdio, destaca-se um ictus de VE propulsivo,
localizado e sustentado típico de HVE - Como a doença comumente acomete indivíduos
concêntrica; jovens, é importante diferenciá-la das alterações
fisiológicas do coração do atleta. Mais raramente,
- O movimento do ictus pode se dar em dois
a doença pode confundir-se com alguns tipos de
tempos, em vez de um. Este movimento pré-
cardiomiopatia infltrativa restritiva, devido ao
sistólico corresponde à ausculta da B4. À
espessamento miocárdico que pode ser encontrado
ausculta cardíaca, a alteração mais comum é a
nessa última.
presença de uma B4, geralmente bastante nítida;
- Ao encontrarmos HVE concêntrica no
- A B4 é explicada por uma vigorosa contração
ecocardiograma, devemos primeiramente afastar
atrial (na telediástole ou pré-sístole) contra um VE
o diagnóstico de HAS e de estenose aórtica.
rígido, no caso pela HVE concêntrica;
Podemos considerar, portanto, a CMH como
- O desdobramento paradoxal de B2 pode ocorrer diagnóstico de exclusão.
devido ao prolongamento da sístole ventricular
- A HVE na HAS e na EA costuma ser do tipo
esquerda em relação à sístole direita;
simétrica, porém, eventualmente, pode existir
- Em alguns casos, pode-se auscultar um sopro assimetria;
sistólico na borda esternal esquerda baixa média
- Grandes hipertrofias ocorrem geralmente nas
(foco aórtico acessório), baixa (foco tricúspide)
formas severas dessas doenças, mas não em suas
ou na ponta (foco mitral).
formas leves e moderadas;
- O sopro sistólico pode ser apenas pela
- Portanto, o encontro de hipertrofia septal
hipercontratilidade ventricular esquerda, levando
assimétrica de grande monta em um indivíduo
ao aumento do fluxo intracavitário sistólico, ou
hipertenso leve deve sugerir o diagnóstico de CMH
pode ser a expressão auscultatória da CMH
associada.
obstrutiva;
- O encontro de HVE concêntrica em atletas é um
- Neste caso, o sopro sistólico possui algumas
outro problema de diagnóstico diferencial. Nesse
características importantes, que o diferencia do
caso, não pode haver erro, pois, se considerarmos
@jnavamed
um paciente com CMH como simplesmente um precordiais direitas e o padrão “strain” nas
atleta com HVE fisiológica e liberarmos este precordiais esquerdas, D1 e aVL.
indivíduo para atividades esportivas, estaremos
- Apenas 10% dos casos cursam com ECG normal,
contribuindo para uma possível morte súbita
devido à hipertrofa mais localizada.
desencadeada por esforço físico extenuante. O
contrário também é prejudicial: rotular um atleta - Ondas q patológicas são encontradas em cerca
como CMH pode acabar com a sua carreira de 40% dos casos, geralmente atribuídas à
esportiva. hipertrofia septal. São ondas de grande amplitude,
porém não alargadas, diferenciando-as das ondas
- Os critérios são ecocardiográficos:
que de infarto. Ocorrem geralmente nas derivações
-Espessura do septo ou parede posterior: até inferiores e nas precordiais, de V2 a V6.
1,4 cm (normal: até 1,2 cm);
- Outras alterações encontradas são: Bloqueios de
-Diâmetro cavitário do VE: geralmente Ramo (BRE, BRD, HBAE), extrassístoles
normal ou pouco aumentado (> 5,5 cm na diástole); ventriculares ou supraventriculares, fibrilação
atrial, outras arritmias.
- Na CMH, o diâmetro do VE está reduzido
(< 4,5 cm na diástole); - Na forma apical (Yamagushi) encontramos
tipicamente ondas T invertidas, simétricas e de
-A hipertrofia normalmente é simétrica;
grande amplitude nas precordiais esquerdas,
-Regressão da hipertrofia após algumas simulando isquemia subepicárdica. São as ondas
semanas sem atividade física. T gigantes.
- Outro fator importante na sugestão do diagnóstico
de CMH é a história familiar positiva, presente em
boa parte dos casos.
- São características do sopro da CMH obstrutiva:
- Mais audível no foco aórtico acessório,
tricúspide ou mitral;
- Pode ser mesossistólico (sopro de ejeção)
ou holossistólico (sopro de regurgitação).
- É um sopro dinâmico – sua intensidade é 2. Radiografa de Tórax:
muito sensível a manobras: Este exame não costuma apresentar
Aumenta com: manobra de Valsalva, alterações importantes. Eventualmente, veremos
posição ortostática, batimento pós- um aumento do diâmetro cardiotorácico, devido a
extrassistólico. uma grande HVE concêntrica, com a silhueta
esquerda apresentando uma forma arredondada.
Diminui com: handgrip, posição de cócoras. Não é incomum haver sinais de aumento de átrio
esquerdo.
3. Ecocardiograma:
- É o exame principal, pois, além de confirmar o
diagnóstico, estima a gravidade, classifica o tipo
1. Eletrocardiograma: morfológico, avalia a presença da obstrução
- É muito comum a presença de critérios para dinâmica subaórtica e do movimento sistólico
HVE, do tipo sobrecarga pressórica, isto é, anterior da mitral.
aumento da amplitude das ondas R nas
precordiais esquerdas, aumento das ondas S nas
@jnavamed
- O que é encontrado é uma HVE concêntrica, com
os diâmetros do VE reduzidos, geralmente um
diâmetro diastólico menor que 4,5 cm.
- A história natural da CMH é variável. A maior
- A espessura do septo, na maioria das vezes, é parte dos pacientes cursa de forma assintomática
maior que a da Parede Posterior (PP); durante toda a vida;
- Uma relação maior que 1,5 entre o septo e a PP é - Porém um grupo importante dos pacientes evolui
bastante sugestiva da doença; com sintomas, manifestos geralmente entre 30-50
anos de idade.
- O septo pode atingir, em casos mais graves, a
espessura de 5,0 cm (normal: até 1,2 cm); - A evolução para sintomas, salvo algumas
exceções, guarda alguma relação com o grau de
- A função sistólica está aumentada, com o VE
hipertrofia ventricular;
hipercontrátil. O diâmetro do AE geralmente está
aumentado (> 4,0 cm); - Aqueles com HVE concêntrica acentuada e
aqueles com CMH obstrutiva tendem a ser os
- O VD eventualmente pode apresentar sinais de
mais sintomáticos.
hipertrofia e o AD pode estar aumentado;
- O principal problema em relação ao prognóstico
- A função diastólica do VE pode ser bem avaliada
da CMH é a morte súbita. É causa mortis da grande
pelo Doppler, através da curva de fluxo mitral;
maioria dos pacientes com CMH com menos de 65
- O padrão de disfunção diastólica costuma ser o anos.
déficit de relaxamento, padrão que também ocorre
- A morte súbita por CMH é mais comum na
na HAS, EA e em idosos normais;
criança e no adolescente do que no adulto.
- A obstrução subaórtica sistólica, quando presente,
- A CMH é a causa mais comumente encontrada em
pode ser diagnosticada pelo ecocardiograma
autópsias de atletas que tiveram morte súbita
bidimensional; e o gradiente, que às vezes atinge
durante atividade esportiva.
valores acima de 60 mmHg, pode ser estimado pelo
Doppler. - A CMH é a causa mais comum de MS em jovens
(estatística estrangeira). Os fatores preditivos de
MS na CMH são:
-Idade < 35 anos;
-História familiar de MS;
-MS abortada;
-Múltiplas TV não sustentadas ao Holter;
-Espessura da parede ventricular > 30 mm;
-Hipotensão relacionada ao exercício;
-História de síncope em indivíduos < 30
anos;
- Os indivíduos com CMH grave que ultrapassam
os 65 anos podem evoluir com cardiopatia
dilatada, uma fase tardia da doença, ocorrendo
em cerca de 15% dos casos. O prognóstico desses
pacientes é muito ruim.
- Devido ao elevado risco de morte súbita inerente
a essa patologia, atualmente, recomenda-se a
@jnavamed
realização de ecocardiogramas em intervalos de Medicamento deve ser utilizado como
um ou dois anos, entre os doze e vinte anos, nos segunda opção, devido ao seu
familiares de portadores de CMH; potencial efeito vasodilatador e
possível prejuízo na doença;
- Alguns autores recomendam estender esse
 Disopiramida: agente antiarrítmico
screening até a idade adulta, com exames a cada
que altera a cinética do cálcio. Usado
cinco anos.
nas formas obstrutivas. Não produzido
no Brasil.

Tratamento Intervencionista
- Objetivos: Controle dos sintomas e prevenção
da morte súbita.
 Indicado apenas para sintomáticos,
NYHA III e IV, refratários à
Tratamento Ambulatorial/Hospitalar
medicação otimizada ou que possuam
gradiente provocado na VSVE ≥50
- Deve-se evitar a desidratação, uso de diuréticos e mmHg;
vasodilatadores;  Cardiomiectomia: retirada de uma
- Endocardite infecciosa pode ocorrer em 5% dos porção do músculo do septo
obstrutivos, porém as diretrizes não recomendam ventricular, aliviando a VSVE. Podem
profilaxia. ser corrigidas no procedimento
- Participação em esporte competitivo no paciente anormalidades relacionadas a válvula
com CMH clinicamente diagnosticada deve se mitral ou músculos papilares;
contraindicada.  Ablação septal alcoólica percutânea:
Abordagem Terapêutica consiste na oclusão de um ramo septal
principal da ADA e injeção de álcool
O tratamento está reservado para os pacientes absoluto por cateterismo coronariano
sintomáticos e pode ser dividido em farmacológico percutâneo, causando infarto septal.
e intervenções invasivas. Ideal para pacientes em que a cirurgia
é contraindicada ou para pacientes que
Pacientes assintomáticos apresentam evolução se recusam a se submeter ao
clínica benigna e não devem receber nenhum procedimento cirúrgico. Deve ser
tratamento. evitada em pacientes com septo > 30
mm ou < 21 anos;
Pacientes com dor precordial devem ser avaliados  Ambos os procedimento são
para doença arterial coronariana para exclusão de semelhantes em relação aos desfechos,
diagnóstico diferencial. entretanto a miectomia é o
procedimento mais antigo, com
Vasodilatadores e diuréticos são contraindicados maiores experiências na literatura;
na doença por piora do quadro.  Estimulação cardíaca artificial: a
presença do eletrodo na ponta do VD
Tratamento Farmacológico determina uma mudança de ativação
contrátil do miocárdio, ocorrendo a
movimentação paradoxal do SIV,
 Betabloqueador: droga de escolha. aumentando a câmara ventricular e
Melhora sintomas por redução da FC e reduzindo os gradientes da VSVE.
força de contração do VE. Aumentar a Indicação reservada apenas aos não
dose gradualmente até alívio dos candidatos à miectomia septal
sintomas ou FC em repouso 50-60 cirúrgica ou ao tratamento percutâneo
bpm; de redução septal;
 Bloqueador dos canais de
cálcio: verapamil. Indicado nas formas  Transplante cardíaco: única opção
não obstrutivas, obstrução leve ou terapêutica para os pacientes
contraindicação ao betabloqueador. sintomáticos refratários ao tratamento
@jnavamed
medicamentoso otimizado, na Marca-passo DDD: a implantação de um MP
ausência da obstrução em VSVE como dupla-câmara pode melhorar bastante os sintomas
uma doença restritiva grave e com de alguns pacientes refratários à terapia
função sistólica preservada, ou medicamentosa. O mecanismo não é bem
também no estágio final da doença conhecido; talvez seja a melhor sincronia
com disfunção ventricular e disfunção atrioventricular, reduzindo o tempo entre a
sistólica.
contração dessas duas câmaras. Atualmente, o MP
tem papel limitado no tratamento da CMH.
Cirurgia para CMH obstrutiva: A cirurgia
Sintomas Obstrutivos consiste em ressecar uma “fatia” do septo
interventricular, em sua parte mais hipertrofiada.
Uso contínuo: Este procedimento denomina-se
Ventriculomiectomia. O cirurgião pode acessar o
 Metoprolol 25-100 mg VO de 24/24 septo por via transaórtica. Nos melhores centros,
horas (dose máxima 200 mg/dia); OU realiza-se esta cirurgia com uma mortalidade
 Propranolol 10-80 mg VO de 12/12 operatória < 5%. A cirurgia está indicada para os
ou 8/8 horas (dose máxima 640 pacientes com CMH obstrutiva muito sintomáticos
mg/dia); OU e refratários à terapia medicamentosa. Os
 Atenolol 25-100 mg VO de 12/12 resultados são a melhora importante do gradiente
horas (dose máxima 200 mg/dia); OU intraventricular (em 95% das vezes) e dos
 Bisoprolol 2,5-10 mg VO de 24/24 sintomas. A mortalidade anual, em alguns estudos
horas (dose máxima 20 mg/dia); OU não randomizados, reduziu-se de 3% para menos
 Nebivolol 5 mg VO de 24/24 horas de1%.
(dose máxima 5 mg/dia); OU
 Verapamil 40-80 mg VO de 8/8 horas
(dose máxima 480 mg/dia); OU
 Diltiazem 30-60 mg VO de 8/8 horas
(dose máxima 360 mg /dia).

Pacientes com Fibrilação Atrial e/ou Aneurisma


Apical do VE

Uso contínuo:

 Warfarina Sódica 5 mg VO de 24/24


horas. Ajustar a dose conforme INR
(manter entre 2-3); OU
 Rivaroxabana 20 mg VO de 24/24
horas com alguma refeição; OU
 Apixabana 5 mg VO de 12/12 horas;
OU
 Dabigatrana 150 mg VO 12/12 horas
(110 mg em idosos e renais crônicos
em estágios não avançados); OU
 Edoxabana 60 mg VO de 24/24 horas
para pacientes com > 60 kg ou 30 mg
VO de 24/24 horas em pacientes com
≤ 60 kg.
@jnavamed
- No nosso meio, as entidades mais comuns
são a endomiocardiofbrose tropical, a
amiloidose e a cardiomiopatia restritiva
idiopática

- Definida como uma doença primária do - O que é encontrado na patologia varia de acordo
miocárdio, levando à redução significativa da sua com a etiologia da cardiomiopatia restritiva;
complacência e consequente disfunção diastólica, - De uma forma geral, as doenças infiltrativas do
sem haver comprometimento importante da miocárdio revelam, no exame macroscópico, um
função sistólica; miocárdio espessado e de consistência aumentada
- As cavidades ventriculares encontram-se de (“endurecido”). O peso do coração pode estar
tamanho normal, diminuídas ou discretamente aumentado. A coloração do corte seccional
aumentadas, enquanto que os átrios estão quase miocárdico pode ser característica, como na
sempre aumentados. Dos três tipos de amiloidose cardíaca, em que se nota uma cor
cardiomiopatia, é o mais raro. pálido-bronzeada e com pequenos nódulos cinza-
amarelados.
- O histopatológico também é dependente da
etiologia. Entretanto, algumas generalizações
- Há uma série de doenças que podem causar uma podem ser feitas, como a presença de áreas de
cardiomiopatia restritiva. Algumas acometem fibrose e hipertrofa miocárdica.
apenas o coração, enquanto outras são doenças
sistêmicas. - A infiltração, quando presente, pode ser de vários
tipos, dependendo da etiologia:
- Uma determinada doença pode levar ao
comprometimento miocárdico restritivo pelo 1- Amiloidose: infiltrado intersticial de proteína
mecanismo INFILTRATIVO e/ou FIBRÓTICO. amiloide (fibrilar), corada pelo vermelho congo;
2- Hemocromatose: depósitos de siderina nos
- O acometimento pode ser de toda espessura miócitos;
miocárdica ou apenas de sua porção endocárdica, 3- Sarcoidose: infiltrado infamatório
estendendo-se para o próprio endocárdio (doença granulomatoso, não caseoso;
endomiocárdica). 4- Glicogenoses: depósitos de glicogênio nos
miócitos;
5- Metástase: células cancerígenas de carcinoma ou
linfoma.

- O marco das cardiomiopatias restritivas é a


disfunção diastólica, associada a uma função
sistólica preservada ou discretamente deprimida.
- A disfunção diastólica se dá basicamente devido
à redução importante da complacência
ventricular;
-Durante um esforço físico, o aumento da
frequência cardíaca e da contratilidade ventricular
faz elevar o débito cardíaco, porém à custa de um
@jnavamed
aumento ainda maior das pressões de enchimento M”. Este aspecto de pulso venoso é igual ao da
ventricular, piorando a congestão. pericardite constritiva. Este formato se transmite
para a pressão venosa jugular interna, caso a
- Dependendo de qual for o ventrículo mais
cardiomiopatia comprometa o ventrículo direito. O
afetado, o fenômeno congestivo dar-se-á
pulso jugular apresenta um contorno típico “em W”
predominantemente nos pulmões (congestão
ou “em M”. Entretanto, isso não acontecerá se
pulmonar) – pela IVE – ou no restante do
houver fibrilação atrial (ausência da onda A) ou
organismo (congestão sistêmica) – pela IVD;
insufciência tricúspide (presença da onda V
- Se os dois ventrículos estiverem severamente gigante), complicações comuns associadas à
afetados, a ICC será biventricular, havendo, cardiomiopatia restritiva.
portanto, congestão pulmonar e sistêmica;
- Um aspecto interessante é a análise da curva de
pressão ventricular diastólica e de pressão atrial.
Sintomas e Apresentação Clínica:
- Na síndrome restritiva, quase todo o enchimento
- O grau de comprometimento miocárdico pela
ventricular diastólico ocorre no início da diástole,
infiltração e/ou fibrose vai determinar as
quando as pressões atrial e ventricular caem
repercussões fisiopatológicas, que, por sua vez, vão
fisiologicamente. Em seguida, o enchimento para
determinar os sintomas.
subitamente, havendo um aumento abrupto das
pressões atrial e ventricular, em um patamar acima - As fases mais precoces das doenças que levam à
dos limites normais, formando um aspecto de curva cardiomiopatia restritiva costumam ser
característico: “em raiz quadrada”. Este aspecto de assintomáticas. No entanto, com o progredir da
curva pressórica diastólica é igual à da pericardite doença, ao longo de vários anos, os sintomas
constritiva; começam a aparecer;
- A terceira bulha (B3), achado característico da - Os sintomas provêm de dois mecanismos:
cardiomiopatia restritiva, é causada pela forte síndrome congestiva e baixo débito cardíaco;
vibração da parede ventricular, devido à súbita
- Os sintomas congestivos predominam no
transição da fase de enchimento rápido para a
quadro;
fase de enchimento lento;
- O comprometimento do VE acarreta dispneia aos
- A B4 também pode ser auscultada nestes
esforços, evoluindo para ortopneia e dispneia
pacientes com frequência, pois a contração atrial
paroxística noturna;
vigorosa, contra um ventrículo pouco complacente,
produz uma forte vibração em suas estruturas. A - O comprometimento do VD leva ao edema de
curva de pressão atrial também sofre alterações membros inferiores e aumento do volume
importantes; abdominal por ascite. Na maioria das vezes, a ICC
é biventricular, havendo congestão pulmonar e
- A onda A está proeminente, pois a contração atrial
sistêmica associadas.
é vigorosa e a pressão atrial está elevada. O
descenso X é normal, pois a função sistólica é - Os sintomas de baixo débito podem ocorrer pelos
preservada. A onda V também é morfologicamente esforços, geralmente fadiga muscular, tonteiras e
normal, porém aumentada, pois a pressão atrial está indisposição física.
elevada. Mas a alteração mais característica da
síndrome restritiva é a intensificação do descenso - Os sintomas podem ser consequentes às
Y. Este se dá pelo esvaziamento atrial no início da complicações da cardiomiopatia restritiva:
diástole, que se encontra intensificado pelo elevado palpitações, devido às taquiarritmias, síncope por
gradiente pressórico atrioventricular. O descenso Y bradiarritmia, quadro clínico de embolia pulmonar
acompanha o “V da raiz quadrada” da pressão ou sistêmica (ex.: AVE).
ventricular. Assim, o aspecto da curva de pressão
atrial assume a forma característica “em W” ou “em
@jnavamed
Exame Físico: - A endocardite bacteriana é outra complicação,
desenvolvendo-se quando há lesão valvar
- A pressão venosa costuma estar aumentada,
associada.
evidenciada por turgência jugular patológica,
proeminência de descenso y e, por vezes sinal de
Kussmaul;
- Pode-se ouvir uma terceira bulha devido à
restrição abrupta do enchimento ventricular, sopros
de insuficiência das valvas atrioventriculares - A confirmação do diagnóstico deve ser feita pelos
podem ser audíveis nos focos do ápice; exames de imagem e, raramente, corroborada por
um cateterismo cardíaco esquerdo e direito.
- Os pulsos são normais ou com amplitude
diminuída devido ao baixo volume sistólico. - O exame de imagem mais utilizado é o
Como dito anteriormente podem ser observados ecocardiograma.
ascite, hepatomegalia, e congestão na ausculta
pulmonar. - Em grande parte dos casos, este exame é
suficiente para a confirmação; do contrário, exames
como a tomografa computadorizada e/ou a
ressonância nuclear magnética devem ser
solicitados;
- As doenças infiltrativas e/ou fibróticas
progressivas do coração, além de acometerem o - A doença que mais pode se confundir com o
miocárdio, podem estender-se para o tecido de diagnóstico de cardiomiopatia restritiva é a
condução cardíaco. Assim, desde o nódulo sinusal pericardite constritiva. Algumas vezes, a dúvida
até as fibras de Purkinje podem ser acometidas; só é solucionada pela toracotomia ou toracoscopia.
-As consequências podem ser: Eletrocardiograma:
- Bloqueio sinusal, bloqueios - Os achados mais comuns no ECG são a baixa
atrioventriculares, bloqueios de ramo; voltagem do QRS e os distúrbios de condução,
assim como as alterações inespecíficas da
- Taquiarritmias atriais e/ou ventriculares;
repolarização ventricular.
- O aumento dos átrios é um forte fator
predisponente para o desenvolvimento de
taquiarritmias atriais, com destaque para a
fibrilação atrial crônica e o flutter atrial;
- Os bloqueios atrioventriculares e de ramo são
especialmente comuns em doenças como
amiloidose e sarcoidose.
- Outra complicação importante é a formação de
trombo mural, geralmente intra-atrial;
- O aumento da cavidade atrial, associado à
fibrilação atrial crônica ou intermitente são os
principais fatores incriminados;
- O deslocamento do trombo, ou de um fragmento Radiografa de tórax:
seu, pode levar ao fenômeno embólico à distância,
como AVE, isquemia de membros, infarto - A alteração mais característica é o aumento
enteromesentérico, tromboembolismo pulmonar isolado do átrio direito. É visto na incidência PA,
etc. como aumento da distância entre a coluna vertebral
e o limite da silhueta direita (mais de 5,5 cm).
@jnavamed
Menos comumente, os sinais de aumento do átrio - Aspecto do miocárdio tipo “cintilante”
esquerdo estão presentes: duplo contorno da (sparckling): amiloidose;
borda cardíaca direita, sinal da “bailarina” na - Obliteração do ápice ventricular (VE e/ou VD):
PA e abaulamento da borda cardíaca posterior endomiocardiofbrose tropical;
na lateral. - Aneurisma ventricular: sarcoidose;
- Sinais de congestão venocapilar pulmonar podem - A disfunção diastólica pode ser indiretamente
ser encontrados: inversão do padrão vascular avaliada pela determinação do fluxo mitral (ou
pulmonar, com espessamento dos vasos dos lobos tricúspide) pelo Doppler.
superiores e, eventualmente, linhas B de Kerley e
Tomografa Computadorizada e Ressonância
infiltrados pulmonares.
Nuclear Magnética
- O diagnóstico diferencial mais difícil de separar
é a pericardite constritiva. Deve-se à importante
semelhança fisiopatológica entre as duas doenças e
ao fato do espessamento pericárdico não ser tão
facilmente determinado pelo ecocardiograma.
Neste ponto, exames de imagem mais precisos
podem ser necessários. Tanto a TC quanto a RNM
de tórax são exames muito bons para visualizar o
miocárdio e o pericárdio. O mais sensível para o
Ecocardiograma: diagnóstico de espessamento pericárdico é a
RNM.
- O ecocardiograma uni e bidimensional com
Doppler constitui exame imprescindível para a - A importância da diferenciação entre
caracterização da doença, tanto os seus aspectos cardiomiopatia restritiva e pericardite constritiva é
morfológicos como a sua repercussão funcional; o fato da última ser eficazmente tratada através da
pericardiectomia.
- O exame revela espessamento da parede
ventricular (VE e/ou VD), função sistólica na Cateterismo Cardíaco
maioria das vezes preservada e disfunção
- As curvas de pressão ventricular e atrial dos
diastólica importante. As cavidades ventriculares
corações direito e esquerdo podem ser
podem ter diâmetros normais, reduzidos ou
determinadas pelo cateterismo cardíaco;
discretamente aumentados.
- Os átrios estão caracteristicamente aumentados. O - A elevação das pressões diastólicas ventriculares,
com o aspecto de “raiz quadrada”, assim como a
achado ecocardiográfico de átrios bastante
aumentados com ventrículos de diâmetros normais elevação das pressões atriais, com o aspecto “em W
ou M”, ocorre tanto nas cardiomiopatias restritivas,
é muito sugestivo de cardiomiopatia restritiva;
quanto na pericardite constritiva;
- O espessamento da parede ventricular pode
- Algumas diferenças entre essas duas entidades
sugerir cardiomiopatia hipertrófica. Esta última,
entretanto, costuma ter um espessamento maior, podem existir no cateterismo;
uma assimetria acentuada e uma função sistólica - Alterações indicativas de cardiomiopatia
exacerbada (ventrículo hipercontrátil); restritiva são:
- É importante ressaltar que, na cardiomiopatia - Diferença maior que 5 mmHg entre as
restritiva, há uma dissociação entre o pressões diastólicas esquerdas em relação
ecocardiograma e o ECG: espessamento de parede às direitas;
ao ecocardiograma e baixa amplitude do QRS no - Pressão arterial pulmonar maior que 50
ECG. Alguns achados podem sugerir a etiologia da mmHg;
cardiomiopatia:
@jnavamed
- Platô de pressão diastólica ventricular - Uma pré-carga um pouco elevada é necessária
direita menor que 1/3 da pressão sistólica nesses casos para a manutenção de um débito
máxima do ventrículo direito; adequado.
- Os digitais e os inibidores da ECA não têm
benefício na disfunção diastólica, podendo ser até
prejudiciais.
- Apesar dos bloqueadores de canal de cálcio serem
muito bons, nos casos de disfunção diastólica
hipertrófica, não têm ação nenhuma contra a
disfunção diastólica restritiva;
Biópsia Endomiocárdica
- Vimos que a fibrilação atrial é uma arritmia
- A biópsia do endomiocárdio ventricular frequente associada à cardiomiopatia restritiva.
direito pode ser realizada pelo acesso de Esta arritmia é um fator de descompensação
uma veia profunda, como a jugular interna cardíaca importante nesses casos, pois a contração
direita, geralmente guiada pela radioscopia atrial passa a ter uma maior contribuição para o
e durante o cateterismo cardíaco; enchimento ventricular em vigência de disfunção
- São retirados vários fragmentos, cada um diastólica;
com 1-3 mm de diâmetro, pois a maioria das - A sua perda faz aumentar as pressões de
doenças infiltrativas miocárdicas tem um
enchimento e as pressões atriais, piorando a
padrão salpicado e não homogêneo de congestão pulmonar e os sintomas. A taquicardia
distribuição; própria da FA contribui para o aumento das
- Doenças como a amiloidose, a pressões de enchimento, pelo menor tempo
hemocromatose, a sarcoidose, as diastólico proporcional. Assim sendo, a fibrilação
glicogenoses, entre outras, podem ser atrial deve ser revertida, sempre que possível,
definitivamente diagnosticadas pela respeitando-se as regras apropriadas de
biópsia. Este exame é preconizado na anticoagulação
suspeita clínica dessas doenças, quando - Todas as outras taquiarritmias e as bradiarritmias
estas não podem ser diagnosticadas por
devem ser tratadas agressivamente. Os pacientes
métodos menos invasivos.
com cardiomiopatia restritiva e fibrilação atrial
crônica ou intermitente, regurgitação valvar
importante ou baixo débito cardíaco são aqueles
com maior risco de trombo mural atrial.
- O tratamento das cardiomiopatias restritivas
resume-se, na maioria das vezes, ao tratamento da - Em todos estes casos está indicada a
ICC por disfunção diastólica e das complicações da anticoagulação crônica com warfarin.
doença, como arritmias e fenômenos - O trombo muitas vezes está localizado no
tromboembólicos; apêndice atrial, não bem visualizado no
- Os sintomas e sinais da ICC por disfunção ecocardiograma transtorácico, daí a importância de
diastólica geralmente melhoram com o uso de se fazer um transesofágico nos casos de aumento
diuréticos e/ou nitratos, ou seja, medicações que atrial significativo.
agem na redução da pré-carga cardíaca. Tratamento específco
- A dose de diuréticos deve ser cuidadosamente - Algumas etiologias merecem uma terapia
controlada, pois um pequeno excesso pode levar à específica, além do tratamento de suporte:
síndrome de baixo débito cardíaco;
-Amiloidose relacionada ao mieloma
múltiplo: corticosteroides, agentes citotóxicos
(melfalan).
@jnavamed
- Sarcoidose: corticosteroides.
-Hemocromatose: febotomias ou drogas
quelantes de ferro (desferoxamina).
-Endomiocardiopatia de Löeffer:
corticosteroides, agentes citotóxicos
(hidroxiureia), interferon-α.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico existe apenas para as
endomiocardiopatias fibróticas, como a
endomiocardiofbrose tropical e a fase tardia da
endomiocardiopatia de Löeffer. A ressecção do
endocárdio fibrótico (endocardiectomia), associada
à troca da (s) valva (s) atrioventricular (es), no caso
de regurgitação valvar grave, pode ser realizada
com uma mortalidade operatória de 15-25% em
grandes centros, porém levando à importante
melhora hemodinâmica e sintomática nos
sobreviventes. A cirurgia é indicada no momento
em que os sintomas são severos e estão refratários
à terapia medicamentosa.
Transplante cardíaco
O transplante cardíaco está indicado nas
cardiomiopatias restritivas idiopática, familiar e
outras etiologias não sistêmicas, quando a doença
atinge um estágio de difícil controle
medicamentoso. É o único tratamento
potencialmente curativo da doença restritiva
localizada no coração

Usei como fonte: Manual de


cardiologia da Cardipapers,
medcurso e materiai da
sanarflix.

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