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AES 20
Classificação da dor:
A classificação da dor deve ser uma das primeiras condutas frente ao paciente com queixa de dor
torácica na emergência. O objetivo é justamente identificar uma dor de origem cardíaca e, dentre estas, de
etiologia isquêmica.
Este será o dado de maior valor preditivo positivo para doença coronariana aguda, que é normalmente
a primeira causa a ser excluída.
TÍPICA ATÍPICA
Classificação de IAM:
Diagnóstico diferencial:
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O diagnóstico de SCA é fundamentalmente clínico, baseado na anamnese e exame físico, com auxílio
de informações complementares obtidas pelo ECG e pela curva de MNM. Ao primeiro contato com o doente,
na ausência de critérios para IAMST, devemos inicialmente avaliar a probabilidade de uma isquemia
miocárdica aguda ser a causa dos sinais e sintomas.
ANAMNESE
- As características da dor devem ser esmiuçadas, analisando-se os sete atributos básicos da dor.
- Mnemônico CLÍNICA:
Caráter
Localização
Intensidade
Nitrato (fatores que melhoram ou pioram a dor);
Irradiação
Curso no tempo
Associado (ex.: Sudorese? Dispneia? Hipotensão?)
CLASSIFICAÇÃO DA DOR:
1. Definitivamente Anginosa (Tipo A): Caráter constritivo (peso, aperto) ou “em queimação”, de
localização subesternal ou precordial, geralmente intensa, com melhora parcial ou total ao nitrato
e irradiando para MMSS e/ou mandíbula. Sinais de IVE podem ou não ser evidentes, na
dependência da quantidade de miocárdio isquêmico;
2. Provavelmente Anginosa (Tipo B): Algumas características a favor e outras contra da dor
anginosa. Por exemplo: desconforto precordial mal definido, mas de forte intensidade e que
melhora com nitrato;
3. Provavelmente Não Anginosa (Tipo C): Dor totalmente atípica para angina, porém sem definição
diagnóstica;
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4. Definitivamente Não Anginosa (Tipo D): Dor sugestiva de outras etiologias de dor torácica, sem
nenhuma característica anginosa.
EXAME FÍSICO:
- Pouco sensível para estabelecer o diagnóstico;
- Na vigência de sinais e sintomas de falência do ventrículo esquerdo (ex.: B3, congestão pulmonar,
hipotensão, palidez e sudorese fria), corroboram o diagnóstico e sinalizam um prognóstico mais
reservado;
- O surgimento de sopro mitral – ou piora de sopro pré-existente – também representa uma alteração
ominosa.
ECG:
- Todo paciente com queixas sugestivas de SCA deve ter um ECG feito e interpretado em <10min após
uma chegada ao hospital;
- Na vigência de AI/IAMSST, o ECG costuma ser normal, mas em 30-50% pelo menos uma das
seguintes alterações pode ser encontrada:
1. Onda T apiculada e simétrica, com ST retificado;
2. Onda T invertida e simétrica, com ST retificado;
3. Infra desnível do segmento ST.
- O supra de ST pode ocorrer de forma dinâmica (em geral por <20min), sugerindo superposição de
espasmo coronariano, quando persistente sugere evolução para IAMST;
- ECG pouco sensível nas SCA sem supra de ST, mas existem certos achados que, quando presentes,
sugerem fortemente a existência de isquemia miocárdica no indivíduo sintomático:
- Presença de ondas T negativas e simétricas, com amplitude > 2 mm;
DEFINIÇÕES:
É o IAM associado à oclusão total de uma artéria coronária. Relaciona-se aos trombos
“vermelhos” (ricos em fibrina).
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA:
- Os IAM são causados por oclusões agudas nas coronárias epicárdicas;
- As 3 coronárias principais (DA, CX e CD) possuem frequência semelhante de
acometimento;
- Em > 95% das vezes a causa é aterotrombose, isto é, a formação de um trombo sobre a
placa de ateroma que sofreu ruptura;
- Fissuras superficiais se associam mais comumente à formação de trombos “brancos”
(plaquetas), gerando obstrução coronariana parcial (angina instável/IAMST);
- Rupturas mais profundas (com maior exposição dos conteúdos fibrinogênicos intraplaca)
originam trombos “vermelhos” (coágulos de fibrina) causadores do IAMST;
- Em < 5% dos casos a oclusão coronariana aguda é secundária a processos patológicos outros
que não a aterotrombose. Sendo as principais:
o Espasmo coronarianos (Angina de Prinzmetal);
o Cocaína: trombose e/ou espasmo;
o Embolia coronariana;
o Síndrome do anticorpo antifosfolipídio;
o Síndromes trombofílicas;
o Vasculite coronariana;
o Trauma coronariano (incluindo a angioplastia);
o Aumento acentuado do MVO2 com doença coronária grave;
o Outros (ex.: amiloidose).
QUADRO CLÍNICO:
Sintomas:
- O carro-chefe das manifestações clínicas é a dor torácica anginosa (precordialgia
cosntrictiva), tipicamente de forte intensidade longa duração (> 20min) e que não se resolve
por completo com repouso ou nitrato sublingual;
- São comumente observados:
o Dispneia;
o Náusea e vômitos;
o Palidez;
o Sudorese fria;
o Ansiedade;
o Sensação de morte iminente;
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- A dor pode irradiar para:
o Epigastro (quando o paciente pode confundi-la com “indigestão”);
o Dorso (diagnóstico diferencial com dissecção aórtica);
o Membros superiores (principalmente o esquerdo);
o Pescoço/mandíbula (sensação de sufocamento).
- NÃO IRRADIA para baixo do umbigo e nem para os trapézios (neste caso a dor é compatível
com pericardite (diagnóstico diferencial);
- Em certos pacientes o IAM pode se manifestar com dor “atípica” (não anginosa) ou mesmo
sem qualquer queixa álgica (somente “equivalentes anginoso”, isto é, consequências de uma
isquemia miocárdica grave.
- Exemplos:
o Dor torácica “em queimação”, “em facada” etc.;
o Dispepsia (epigastralgia + náuseas e vômitos);
o Exaustão, lipotimia ou síncope (baixo DC);
o Déficit neurológico focal (AVE ou AIT);
o Choque cardiogênico indolor;
o Edema agudo de pulmão (IVE aguda, IM aguda)
o Morte súbita (geralmente por fibrilação ventricular).
Obs.: Principais características de risco para IAM mascarado por sintomas “atípicos”:
Idosos, sexo feminino, diabetes mellitus, ICC, marca-passo definitivo, transplante cardíaco.
- 40-60% dos pacientes refere um fator desencadeante, tal como estresse físico, emocional ou
mesmo uma lauta refeição;
- O IAM tem periodicidade circadiana e existe um momento do dia que mais ocorre o evento
(6h e 12h – período matinal);
- Em 1/3 dos casos existem pródromos característicos:
o Desconforto anginoso aos mínimos esforços em repouso;
o Sensação de mal-estar indefinido (ou exaustão) antecede o IAM;
o O pródromo pode ter início até 4-6 semanas antes do evento, nada mais é do que uma
angina instável.
Exame físico:
- Na maioria dos IAM, pouco informativo (<20% têm alterações importantes);
- Os principais achados físicos durante a fase aguda são:
o Bradicardia sinusal (especialmente no IAM inferior, por aumento reflexo da
atividade vagal);
o Taquicardia sinusal (especialmente no IAM anterior extenso, por adaptação à
queda na função sistólica do VE);
o Hipertensão arterial (por aumento da atividade simpática);
o Surgimento da quarta bulha (disfunção sistólica do VE);
o Estertores pulmonares, hipotensão sistólica (PAS<110mmHh) e taquicardia
sinusal são sinais ominosos que implicam risco aumentado de eventos adversos
nas próximas 72h;
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o A IVE aguda se manifesta com dispneia, orotropneia, estertoração pulmonar e
terceira bulha (B3);
o Estertoração está presente acima da metade inferior dos terços inferiores do
tórax, definimos a existência de um Edema Agudo de Pulmão (EAP);
o Sinais de hipoperfusão orgânica generalizada (hipotensão arterial, pulsos finos,
palidez, sudorese fria, oligúria e confusão mental) definem a existência de um
choque cardiogênico.
Classificação de Killip e Kimbal:
- Killip I: Sem dispneia, estertoração pulmonar ou 3 (sem evidência de IVE);
- Killip II: Dispneia e Estertoração pulmonar discreta, B3 ou TJP;
- Killip III: Franco edema agudo de pulmão;
- Killip IV: Choque cardiogênico.
Diagnóstico diferencial:
- Dor torácica: Angina instável, dissecção aórtica, pericardite aguda, pneumotórax, embolia
pulmonar;
- Dispneia: Embolia pulmonar, edema agudo hipertensivo, crise asmática, ICC
descompensada;
- Choque: Hipovolemia, embolia pulmonar, sepse, tamponamento cardíaco, pneumotórax
hipertensivo, pneumomediastino;
- Morte súbita: Isquemia miocárdica sem infarto, FV idiopática, FV associada a uma
cardiopatia prévia.
Obs: Exclusão do diagnóstico de dissecção aórtica é fundamental:
o Raio-X de tórax (investigar alargamento do mediastino);
o Diagnóstico confirmado por ecocardiograma ou angiotomografia.
CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA:
- 3 Dados principais:
o História clínica;
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o ECG;
o “Curva enzimática” ou curva de MNM.
- Definição Universal de Infarto Miocárdico:
Dois critérios:
1. Aumentou ou queda do MNM, na presença de pelo menos um dos abaixo:
a. Sintomas de isquemia miocárdia;
b. Desenvolvimento de onda Q patológica no ECG;
c. Desnivelamento de ST (supra ou infra) ou BRE de 3º grau novo ou supostamente
novo;
d. Imagem “nova” compatível com perda de miocárdio viável (ex: acinesia/discinesia*
segmentar).
HISTÓRIA CLÍNICA:
- Queixas típicas:
o Precordialgia constrictiva (de início agudo ou intenso e geralmente associada a sintomas
correlato;
- Quadro atípico, mas sugestivo:
o Dor em “queimação” ou “facada” em paciente com características de risco para IAM
mascarado.
ELETROCARDIOGRAMA:
- Deve ser emitido e interpretado em menos de 10min;
- É válido ressaltar que a ausência de sinais isquêmicos não descarta a possibilidade de síndrome
coronariana aguda;
- Até metade das isquemias miocárdicas agudas cursa com primeiros ECGs dentro da normalidade;
- Repetir o ECG em intervalos curtos de tempo (5-10min) em pacientes com ECG normal que
continuam sintomáticos;
- Critérios eletrocardiográficos de IAMST:
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o Supradesnível de ST ≥ 1mm em duas derivações contíguas (aquelas que representam
mesma parede miocárdica) no plano frontal ou ≥ 2 mm em duas ou mais variações
“contíguas” ou bloqueio completo do ramo esquerdo (novo ou supostamente novo);
o “Supra de ST” sugere a existência de uma oclusão coronariana aguda total.
- “Supra de ST” não é patognomônico de IAM podendo ocorrer agudamente na angina de
Prinzmetal (vasoespasmo coronariano – caracterizada pelo rápido desparecimento de supra de ST,
de maneira espontânea ou após uso de nitrato) e, cronicamente, na discinesia ou aneurisma ventricular,
bem como em certos tipos de cardiopatia, particularmente a chagásica...
- Evolução cardiográfica típica:
o Fase hiperaguda (primeiras horas):
o Supra desnível de ST proeminente, com onda T
positiva, promovendo um formato retificado ou
côncavo do ST-T;
o A onda R pode aumentar sua amplitude e a onda
patológica de “inatividade elétrica” ainda não
apareceu.
Troponinas Cardioespecíficas:
- São constituintes da estrutura dos sarcômeros e duas de suas isoformas são exclusivas do tecido
miocárdico: troponina I (cTnI) e troponina T (cTnT);
- Seus níveis se elevam 4-8h após o início dos sintomas, atingindo pico em 36-72h, com normalização
após 5-14 dias;
- Possuem a mesma sensibilidade que a CK-MB entre 12-48h de evolução do IAM, entretanto,
na presença de condições que diminuem a especificidade da CK e suas isoformas (isto é, qualquer
tipo de rabdomiólise), as troponinas se tornam indispensáveis para o correto diagnóstico de IAM;
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- Por também serem superiores à CK-MB na detecção de pequenos infartos (com CK-MB normal) as
troponinas cardioespecíficas atualmente são consideradas os MNM de escolha para o diagnóstico de
IAM;
- Apesar da grande especificidade, existem três
causas principais de troponina falso-positiva:
(1) formação de fibrina no soro;
(2) presença de anticorpos heterofílicos;
(3) reação cruzada com anticorpos
humanos.
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
TIMI risk para IAMST
TRATAMENTO IAMST
Medidas gerais:
Betabloqueadores
Definições:
Pode haver evidências eletrocardiográficas de isquemia miocárdica aguda em 30-50% dos casos (ex:
inversão de onda T, infra desnível de ST).
o Fisiopatologia:
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- Resulta da oclusão subtotal do lúmen coronariano (ou oclusão total com boa perfusão
colateral);
- Se houver elevação dos MNM o diagnóstico é IAMSST, caso contrário, angina instável;
- A principal etiologia é a aterotrombose;
- A justificativa para a formação de um trombo de plaquetas e não de fibrina parece ser a
ocorrência de lesões menos graves na placa de ateroma (ex: apenas erosão/fissura superficial,
sem muita exposição de conteúdos fibrinogênicos intraplaca);
Desse modo, esse conceito é IMPORTANTÍSSIMO na prática, pois nos faz lembrar que um dos maiores
riscos da angina instável é a evolução para IAM.
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICO NAS SCA SEM SUPRA DE ST
1. Aterotrombose (PRINCIPAL): Lesão na placa de ateroma (erosão ou fissura não profunda), com
formação de trombo suboclusivo de plaquetas (“trombo branco”);
4. Obstrução dinâmica: Graus variáveis de espasmo, tanto em coronária epicárdica quanto em arteríolas
musculares intramurais (vasos de resistência). Decorre da disfunção endotelial (perda de fatores
vasodilatadores, como óxido nítrico) e/ou ação de vasoconstritores (ex: tromboxane A2, cocaína,
estímulos adrenérgicos – frio, estresse etc.);
6. Angina “secundária”: Isquemia por aumento do MVO2 e/ou redução no aporte de O2, ex:
taquicardia, tireotoxicose, febre, anemia, hipotensão, hipóxia.
CIRCUNSTÂNCIAS CLÍNICAS:
INTENSIDADE DO TRATAMENTO:
*Obs.: Alterações “dinâmica”=mudança “pra pior” em relação ao ECG prévio, mesmo que este
último já esteja alterado.
MÉDIO RISCO: pelo menos UM dos abaixo (na ausência de critérios de alto risco)
História
- Idade 70-75 anos;
- IAM ou revascularização miocárdica prévios;
- Diabetes Mellitus;
- Uso prévio de AAS;
- Angina prolonga (>20 min) em repouso, mas com alívio espontâneo ou após nitrato;
Exame Físico:
- Doença arterial periférica (ex.: sopro carotídeo, redução de pulsos nos MMII);
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ECG:
- Inversão de T>2mm;
- Onda Q patológica.
Marcadores de Necrose Miocárdica (MNM):
- Troponina (cTnT ou cTnI) ou CK-MB acima do limite de detecção, porém abaixo do percentil
99 (ex.: troponina entre 0,01-01 ng/ml).
BAIXO RISCO: pelo menos UM dos abaixo (na ausência de critérios de alto risco)
História:
- Angina classe III ou IV nova (nas últimas duas semanas), sem dor prolongada (<20min) em
repouso.
ECG:
- ECG normal;
- ECG com o mesmo padrão anterior.
Exame Físico e MNM:
- Normais.
Escore 0 ou 1: 4,7%
Escore 2: 8,3%
Escore 3: 13,2%
Escore 4: 19,9%
Escore 5: 26,2%
Escore 6 ou 7: 40,9%.
Medidas gerais:
Antianginosos
Nitratos
- Dinitrato de isossorbida: 5 mg sublingual – fazer ate tres doses, separadas por 5 minutos;
- Nitroglicerina: iniciar com 10 mcg/min e ir aumentando ate controle dos sintomas/PA;
- Indicações: hipertensão, congestão pulmonar, dor anginosa ativa;
- Contraindicações: pressão arterial sistólica (PAS) < 100 mm/Hg, uso de sildenafil nas últimas 24
horas ou tadalafil nas últimas 48 horas.
Vale lembrar que o fenômeno de tolerância ao nitrato IV se desenvolve após 48h, momento em
que devem ser substituídos pelo nitrato VO, com doses espaçadas (8/8h ou de 6/6h, omitindo-se, neste
caso, a última dose). Promovem redução da pré e pós-carga (reduzindo o MVO2), além de dilatarem
o leito coronariano. Indicados também nas crises hipertensivas.
Betabloqueadores (BB)
Reduzem o MVO2 e a chance de evolução para infarto. Assim como no IAMST, inicialmente
devem ser dados o quanto antes pela via oral, em pacientes sem contraindicações e sem fatores de risco
para choque cardiogênico nas primeiras 24h. Visa-se manter a FC em torno de 50-60 bpm... A via IV
é reservada aos casos refratários, bem como aqueles com crise hipertensiva ou taquiarritmias. A
escolha do BB específico depende da disponibilidade e preferência/experiência do médico, lembrando
que devemos evitar o pindolol, pois ele possui efeito simpatomimético intrínseco.
Assim como no IAMST, são drogas de terceira linha no combate à dor anginosa (isto é, são
reservados aos casos refratários a nitratos e BB), ou como alternativa nos pacientes que apresentam
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contraindicações aos BB. Vale lembrar que os ACC preferencialmente utilizados nas SCA são o
diltiazem e o verapamil (mais cardiosseletivos). As diidropiridinas (mais vasosseletivas) podem causar
taquicardia reflexa e aumento na mortalidade! Contudo, diidropiridinas de ação rápida (ex.: nifedipina)
até podem ser empregadas como anti-hipertensivos adjuvantes em pacientes de alto risco, desde que
estes já se encontrem adequadamente betabloqueados... O tratamento de primeira escolha para a
angina de Prinzmetal é a combinação de nitratos e ACC!
Morfina
Reservada aos pacientes que permanecem sintomáticos após nitratos e BB/ACC, bem como
aqueles que evoluem com edema agudo de pulmão (a morfina tem propriedades venodilatadoras,
reduzindo a pré-carga e a congestão pulmonar). A posologia é a mesma já citada para o IAMST....
Lembre-se que os AINES (exceto o AAS) são contraindicados no paciente com isquemia miocárdica
aguda!
Antiplaquetários
Aspirina
- Dose inicial ao chegar ao hospital: 200-300 mg, via oral (VO), macerados;
- Apos dose inicial, manter em 100 mg /dia, VO;
- Usar em todos os casos suspeitos de SCASST, exceto se contraindicações;
- Contraindicações: alergia comprovada, sangramento digestivo ativo.
Clopidogrel
Prasugrel:
Ticagrelor
- Abciximab: dose inicial – 0,25 mg/kg/min, IV, em bolus. Manutenção – 0,125 mcg/kg, IV, em 12
horas (indicado apenas na sala de hemodinâmica pelo hemodinamicista);
- Tirofiban: dose inicial – 0,4 mcg/kg/min por 30 minutos. Manutenção – 0,1 mcg/kg/min por 48-
96h. Se iniciado na sala de hemodinâmica – dose inicial – 10 mcg/kg, IV, ao longo de 3 minutos;
- Manutenção – 0,15 mcg/kg/min por 48-96 h;
- Eptifibatide: não disponível no Brasil;
- Cada vez mais o uso do antagonista dos receptores glicoproteicos IIb/IIIa tem sido iniciado apenas
na sala de hemodinâmica em casos específicos. Os pacientes que apresentam maior beneficio com
esse grupo de medicações são os que serão submetidos a angioplastia e que:
1. Possuem troponina alterada; e/ou
2. Possuem trombos evidenciados pela angiografia.
Antitrombóticos
Heparinas
- Heparina não fracionada (HNF): dose inicial de 60 UI/kg (maximo de 4.000 UI) e manutenção de 12
UI/kg (infusão inicial máxima de 1.000 UI/h). Após isso, fazer TTPA de 6/6h, objetivando manter
TTPA entre 50 e 70 s.
- Enoxaparina: dose – 1 mg/kg, de 12/12h. Se > 75 anos – 0,75 mg/kg, de 12/12h. Se ClCr < 30
ml/min – 1 mg/kg, uma vez ao dia.
- Usar em todos os pacientes com suspeita de SCASST, salvo quando houver contraindicações.
- Contraindicações: sangramento ativo, plaquetopenia importante, história de plaquetopenia induzida
por heparina, coagulopatia;
- De forma geral, a enoxaparina mostrou-se superior a HNF. Preferir a HNF se: pacientes com
clearance de creatinina < 20 ml/min e em pacientes dialiticos [o Food and Drug Administration (FDA)
não liberou o uso da enoxaparina nesses casos]; na possibilidade de cirurgia de emergencia (tempo de
meia-vida menor que a enoxaparina, alem de ser inteiramente revertida pelo uso da protamina);
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- Pacientes em uso de enoxaparina que vao realizar angioplastia: caso a ultima dose tenha sido
administrada ha menos de 8 horas, não e necessaria dose adicional. Se entre 8 e 12 horas, dar 0,3
mg/kg, IV, em bolus. Se > 12 horas, repetir dose plena de ClexaneR. Evitar uso combinado de
enoxaparina e HNF (crossover).
Anti-isquêmicos
Betabloqueadores
- Exemplos: Propranolol – dose inicial – 10 mg, VO, de 12/12h ou de 8/8h; Atenolol – dose inicial –
25 mg, VO, de 12/12h. Carvedilol – dose inicial – 3,125 a 6,25 mg, VO, de 12/12h;
- Usar em todos pacientes com SCASST, a não ser que haja contraindicações ou sinais de
insuficiência cardíaca francamente descompensada. Iniciar a administração VO já nas primeiras
24 horas.
- Contraindicações: PR > 0,24s, BAV de segundo ou terceiro grau sem marca-passo implantado,
frequência cardíaca (FC) < 50 batidas por minuto (bpm), PAS <90 mmHg, congestão pulmonar
evidente, broncoespasmo ativo, doença arterial periférica com isquemia crítica de membros;
- A história pregressa de broncoespasmo ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) não é
contraindicação absoluta ao betabloqueador. Nesses casos, pode-se optar por um agente beta-1 seletivo
em doses menores que as habituais e observar a reação do paciente com a medicação (por exemplo:
metoprolol 12,5 mg, VO, de 12/12h).
- O uso rotineiro do betabloqueador intravenoso deve ser desencorajado, pois no estudo COMMIT,
que englobava basicamente pacientes com IAM com supra de ST, houve aumento na incidência de
choque cardiogênico com o uso rotineiro de metoprolol, IV. Nesse estudo, os principais fatores de
risco para o desenvolvimento de choque cardiogênico após o início do betabloqueador foram: idade >
70 anos, PAS < 100 mmHg, FC > 110 bpm ou < 60 bpm, tempo prolongado entre o início dos sintomas
e o atendimento hospitalar;
- Reservar o uso IV para situações de dor refrataria as medidas iniciais (como utilização de nitratos) e
taquicardia mantida não compensatória e hipertensão arterial sistêmica;
- Nos casos de disfunção ventricular esquerda compensada, priorizar o uso de sucinto de metoprolol,
Carvedilol ou bisoprolol;
- Independentemente da droga escolhida, deve-se sempre objetivar manter FC ao redor de 60 bpm, a
não ser que haja efeitos secundários limitantes (por exemplo: hipotensão).
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Antagonistas dos canais de cálcio
- Exemplos: Captopril – dose inicial – 12,5 mg, VO, de 8/8h. Enalapril – dose inicial – 2,5 mg, VO,
de 12/12h;
- Iniciar o uso nas primeiras 24 horas, a não ser que haja contraindicações especificas;
- Contraindicações: hipercalemia, estenose de artéria renal bilateral ou unilateral de rim único, piora
importante da função renal, história de alergia a medicação;
- PAS < 100 mmHg;
- O benefício da medicação e maior nos pacientes com disfunção ventricular esquerda (FE < 40%),
diabetes ou hipertensão.
Antagonistas da aldosterona
- Exemplos: Espironolactona – dose inicial – 12,5 a 25 mg, VO, uma vez ao dia. Eplerenona – não
disponível no Brasil;
- Deve ser usada se FE < 40% e presença de diabetes ou sintomas de ICC, desde que não haja
contraindicações;
- Contraindicações: Cr > 2,5 em homens ou > 2 em mulheres, ClCr < 30 ml/min, K >5 mEq/l.
- O estudo que mostrou benefício dos antagonistas da aldosterona no período pos-IAM foi o
EPHESUS, que utilizou a medicação eplerenona. Contudo, como ela não se encontra disponível no
Brasil, termina-se utilizando a espironolactona nesse cenário. Ela já foi estudada na insuficiência
cardíaca crônica (estudo RALES), tendo mostrado resultados similares em relação a diminuição de
desfechos.
Hipolipemiantes
Estatinas