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I. APARELHO CARDIOVASCULAR
resposta adequada até 20 mg/dia dividida em duas tomas. Evitar associação IECA com amilorido, pois
ambos retêm potássio. Digitálicos: DIGOXINA comprimidos de 0,25 mg, iniciar com ½ comprimido por
dia. Geralmente se alcança o controlo com 1 comprimido por dia.
6.PERICARDITE:Pericardite é a inflamação do pericárdio. Sinais e sintomas: Pericardite Aguda:
dor torácica, que pode ser intensa e simular um EAM, aliviada pela inclinação para frente (posição de
prece maometana); Febre e palpitações são comuns; Pulso rápido ou irregular, e ausculta-se um ruído de
atrito pericárdico, que pode variar de intensidade e é mais audível na borda esternal inferior e durante a
expiração final com o paciente sentado e inclinado para frente; Na presença de derrame pericárdio com
tamponamento, teremos a clássica tríade de Beck: distensão venosa jugular, sons cardíacos abafados ou
hipofonéticos e hipotensão arterial. Pericardite constritiva: Início gradual de dispneia, fadiga, edema
dos membros inferiores. Taquicardia, distensão venosa jugular que aumenta mais à inspiração (sinal de
Kussmaul), hepatomegalia, ascite; À auscultação pode-se ouvir o atrito pericárdico, porém, é melhor
característico um “batimento pericárdico”.TRATAMENTO: Para aliviar a dor: AINES: ASPIRINA
comprimidos de 500 mg, 650 – 975 mg (pode usar 1 comprimido e meio), ou IBUPROFENO
comprimidos – 200 a 400 mg por via oral ou, DICLOFENAC comprimidos de 25 a 50 mg, por via oral,
e se a dor for intensa, MORFINA 5 -10 mg por via subcutânea Ao usar a ASPIRINA é necessário
associar um anti-ácido (HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO ou OMEPRAZOL) para reduzir os efeitos
gastroerrosivos da aspirina.
7.FEBRE REUMÁTICA: A febre reumática é um processo sistémico, inflamatório, de carácter auto-
imune, em resposta do organismo a infecções faríngeas por estreptococo ß-hemolítico do grupo A de
Lancefield. Doença cardíaca reumática é a alteração funcional e estrutural das válvulas cardíacas e
miocárdio resultante de um ou mais episódios de febre reumática.TRATAMENTO farmacológico:
AINE: ASPIRINA comprimidos de 500 mg, 1 comprimido de 6 em 6 horas, por via oral. Associar anti-
ácidos (OMEPRAZOL 20 mg/dia) – se intolerância à aspirina usar: IBUPROFENO 200-400 mg de 8
em 8 horas, ou DICLOFENAC 25-50 mg de 8 em 8 horas. Quando a resposta aos AINEs não é boa,
pode-se usar PREDNISOLONA 40-60 mg/dia com redução gradual ao longo de 2 semanas. Penicilina –
PENICILINA BENZANTÍNICA, 1.2 milhões (>30 Kgs) de UI IM dose única. Como alternativa usar
PENICILINA PROCAÍNA, 600.000 UI IM (NUNCA POR VIA EV OU SC!) por dia, durante 10 dias.
Em pacientes alérgicos às penicilinas, usar ERITROMICINA 500 mg de 6 em 6 horas durante 10
dias.
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8.ENDOCARDITE INFECCIOSA: A endocardite infecciosa (EI) é a infecção microbiana do
revestimento endotelial do coração. A lesão característica da EI é a vegetação, um coágulo de plaquetas e
fibrina infectado, contendo ainda leucócitos e eritrócitos. A vegetação pode estar localizada em qualquer
local do coração, mas é mais frequente nas superfícies endoteliais das válvulas cardíacas e próteses
valvulares. Sinais e sintomas: Febre, palidez (anemia), petequias (no palato ou conjuntiva ou sob as
unhas), hemorragia (“splinter”) subungueal, nódulos de Osler (lesões violáceas, dolorosas nos dedos das
mãos, pés), lesões de Janeway (lesões eritematosas indolores das palmas das mãos e plantas dos pés).
Aparecimento de sopro cardíaco inexistente ou alteração de um sopro pré-existente, esplenomegalia. A
fundoscopia pode revelar manchas de Roth (lesões exsudativas na retina). TRATAMENTO:
AMPICILINA 1grama EV de 6 em 6 horas ou PENICILINA CRISTALIZADA 2 milhões de UI de 6
em 6 horas, associado à GENTAMICINA 80 mg EV de 8 em 8 horas ou 240 mg EV 1 vez por dia.
Reduzir a febre: PARACETAMOL 500 mg oral de 8 em 8 horas ou de 6 em 6 horas.
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9.VARIZES E TROMBOSE VENOSA: Veias varicosas (ou varizes) são veias superficiais tortuosas e
dilatadas. Suas válvulas geralmente são insuficientes, mas, nem sempre. Trombose Venosa (ou
tromboflebite) – é a presença de trombos (coágulos) dentro de uma veia superficial ou profunda com
subsequente resposta inflamatória na parede vascular. Sinais e sintomas: Trombose Venosa Profunda
(TVP): Dor e tumefação das panturilhas ou de toda a perna; Membro tumefeito, pode estar pálido (perna
esbranquiçada ou leitosa) ou pode estar congesta e azulada; Dor na panturilha quando o músculo é
distendido pela flexão plantar forçada (sinal de Homan); Veias superficiais dilatadas e aumento da
temperatura cutânea; Palpação de cordões no trajecto da veia trombosada. Trombose Venosa Superficial
(TVS): Aparecimento súbito de tumoração dolorosa, no braço ou perna, com formato de “salsicha”, que
se estende ao longo do trajecto da veia superficial comprometida; Aumento da temperatura cutânea
suprajacente e tonalidade vermelha ou pardacenta pálida. TRATAMENTO medicamentoso: AINES –
IBUPROFENO 200 a 400 mg de 8 em 8 horas; DICLOFENAC 25 a 50 mg de 8 em 8 horas. Se na TVS
haver suspeita de infecção, administrar AMPICILINA 1gr EV de 6 em 6 horas mais GENTAMICINA
80 mg EV de 8 em 8 horas (ou 160 mg EV/dia).
10.EMERGÊNCIAS MÉDICAS CARDÍACAS: Emergências médicas, são aquelas situações ou
doenças de instalação rápida e que colocam a vida em risco. Estas situações incluem: infarto agudo do
miocárdio, a angina de peito (angina pectoris), a Hipertensão maligna/Crise hipertensiva, edema
agudo pulmonar, choque cardiogénico, tamponamento cardíaco, embolia pulmonar.
10.2.CRISE HIPERTENSIVA: Crise hipertensiva é uma situação clínica definida como elevação da
TAS > 180 mmHg e/ou TAD > 120 mmHg. A crise hipertensiva se classifica em dois tipos: Urgência
hipertensiva e Emergência hipertensiva.
10.2.1.Urgência hipertensiva: a TA está elevada mas sem lesão aguda dos órgãos alvo (cérebro, coração,
rim), assintomática ou com sintomas leves e inespecíficos (cefaleia moderada). Deve ser corrigida
gradualmente em 24-48 horas com medicação oral.Tratamento da urgência hipertensiva: As linhas de
tratamento são as mesmas, iniciando sempre com um diurético; Lembrar que sempre se deve descartar o
uso concomitante ou recente de AINES, e iniciar sempre com o tratamento não medicamentoso.
10.2.2.Emergência Hipertensiva: a TA está elevada com lesão aguda ou progressiva dos órgãos alvo
que pode ser irreversível e de mau prognóstico vital. Requer uma redução imediata da TA (dentro de 1
hora) com tratamento parenteral. Na emergência hipertensiva importa saber se estamos perante uma
complicação como edema agudo do pulmão, HTA maligna, dissecção da aorta ou acidente vascular
cerebral (AVC). Tratamento da Emergência hipertensiva: EDEMA AGUDO DO PULMÃO – Usa-
se a FUROSEMIDA IV; HTA MALIGNA – use FUROSEMIDA IV: 20 a 40 mg; DISSECÇÃO DA
AORTA – usa-se PROPRANOLOL; AVC – paciente com TA elevada e sinais focais neurológicos: usa-
se PROPRANOLOL.
10.3.EDEMA AGUDO DO PULMÃO (EAP): O edema agudo de pulmão é uma emergência médica,
caracterizada por um acúmulo anormal de líquidos no interstício e nos alvéolos pulmonares. Quadro
Clínico: O paciente está agitado, sentado ereto, taquipneico, dispneico, taquicárdico, com sudorese
intensa, pode haver cianose; Expectoração espumosa e com raias de sangue; Fervores pulmonares
húmidos bilaterais e S3. CONDUTA: Colocar o paciente na posição erecta (sentado); Administrar
oxigénio a 100% - 6 litros/min; Canalizar uma veia; FUROSEMIDA 40 – 100 mg EV; MORFINA 2 – 5
mg EV.
necessário 12 semanas; casos moderados a grave – 600mg/dia divididos em 2-4 tomas (300 mg de 12
em 12 horas ou 150 mg de 6 em 6 horas) até 12 semanas; dose de manutenção 150 mg de 12 em 12 horas.
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2.ESOFAGITE INFECCIOSA: Esofagite infecciosa consiste na inflamação da mucosa do esófago,
resultante da infecção por microrganismos infecciosos. Os principais agentes etiológicos envolvidos na
esofagite infecciosa são a Candida albicans e o Citomegalovírus (CMV), ambos associados à infecção
pelo HIV. TRATAMENTO da esofagite por candida albicans: O tratamento da candidíase esofágica
com FLUCONAZOL possui um alto índice de sucesso. Administra-se o FLUCONAZOL em doses de
200mg/dia durante 14-28 dias. Se houver resistência, refere-se ao médico para avaliação e conduta
subsequente. Para todos os casos de candidíase, é fundamental a higiene bucal rigorosa e constante.
3.DISPEPSIA: Dispepsia, também chamada de indigestão ou digestão difícil, corresponde a um grupo
de sintomas que incluem desconforto epigástrico, enfartamento pós-prandial, pirose, eructações (arrotos)
frequentes, regurgitações e náuseas.sinais e sintomas de alarme: Vómito constante; Hematemese e
melena; Perda de peso; Anemia; Disfagia; Massas abdominais palpáveis; Icterícia. TRATAMENTO:
Tratamento sintomático de curta duração: Anti H2 (RANITIDINA) 150 mg 2x/dia ou 300 mg à noite
por 7-10 dias e Antiácidos (HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO): 1-3 comp de 500 mg entre as refeições, ao
deitar e quando tiver sintomas. Se o tratamento sintomático de curta duração não melhora o quadro
clínico do paciente, deve passar para o tratamento empírico para H. pylori. Nota: Como alternativa à
RANITIDINA, pode ser usada a CIMETIDINA. Tratamento Empírico Para Erradicação Do
Helicobacter Pylori E Tratamento Da Úlcera Péptica: Erradicação de H. pylori:
METRONIDAZOLE 500mg 2x/dia, AMOXICILINA 1000mg 2x/dia e OMEPRAZOLE 20 mg 2x/dia
durante 7 dias.Tratamento da Úlcera Péptica: Continuação do tratamento com OMEPRAZOLE 20mg
2x/dia (ou RANITIDINA 150 mg 2x/dia ou 300 mg à noite) para mais 3 semanas.
4.DISPEPSIA FUNCIONAL: Dispepsia funcional é qualquer dispepsia persistente ou recorrente, que
dura no total 12 semanas no mínimo durante 1 ano, sem alívio pela defecação, não associada a
modificação da frequência das evacuações ou a forma das fezes, e sem qualquer evidência de dano
estrutural que explique convenientemente os sintomas. Dispepsia funcional tipo dismotilidade,
caracterizada por dor epigástrica, associada a saciedade precoce, sensação de peso, plenitude epigástrica
pós-prandial, náuseas e, às vezes vómitos e distensão abdominal. Dispepsia funcional tipo úlcera,
quando o sintoma predominante é dor epigástrica, que alivia com alimentação. TRATAMENTO:
Tratamento Para Dispepsia Funcional Tipo Dismotilidade: METOCLOPRAMIDA: 10 mg 3x/dia
para 3 dias. Dispepsia Funcional Tipo Úlcera: BUTILESCOPOLAMINA: 10 mg 3x/dia para 3 dias.
5.GASTRITE: Gastrite é um termo que abrange um amplo espectro de entidades que cursam com
alterações inflamatórias na mucosa gástrica. A inflamação pode envolver o estômago inteiro (pangastrite)
ou uma região do estômago (por exemplo, gastrite antral, gastrite do corpo).
7.1. DIARREIA BACTERIANA: Diagnóstico: Doente vem com história de início brusco de vómitos,
diarreia (que pode ser acompanhada de sangue e/ou muco), perda de apetite, dor abdominal tipo cólica,
tenesmo. Dependendo da etiologia, pode apresentar-se com febre. CONDUTA: HIDRATAÇÃO ORAL
OU PARENTERAL dependendo do grau de desidratação.
7.2.DIARREIA POR PROTOZOÁRIOS: Diagnóstico: Pode apresentar-se com fezes moles e fétidas
com muco e/ou sangue, cólicas, tenesmo, flatulência e sintomas gerais como mioartralgias e fadiga.
CONDUTA: Desparasitação (ALBENDAZOL ou MEBENDAZOL) e reposição hídrica com base no
grau de desidratação. .
abdominal e cãibras. Este quadro, quando não tratado de imediato, pode evoluir para desidratação rápida,
acidose, colapso circulatório, com choque hipovolémico, insuficiência renal e morte em 6 horas. Forma
leve ou oligossintomático: que se apresenta com diarreia leve, como acontece na maioria dos casos (>
80%). Quadro clínico: 75% dos casos são assintomáticos, porém, os que evoluem com sintomas podem
ser leves, moderados e severos (1-2%). Leve: Início insidioso; Diarreia aquosa de pequena intensidade;
Ligeiro mal-estar geral, náuseas; Desidratação leve. Moderada: Início insidioso; Diarreia de intensidade
moderada; Náuseas, vómitos um pouco mais intensos; Desidratação moderada.Severa: Início súbito;
Aumento dos ruídos abdominais; Diarreia líquida e profusa (1-2L/h), tipo “água de arroz”, de odor a
peixe; Náuseas e vómitos volumosos; Cãibras musculares; Desidratação grave. Reidratar o doente e
monitorizar frequentemente: TRATAMENTO em ambulatório com SAIS DE REIDRATAÇÃO
ORAL (SRO) e líquidos disponíveis: água de coco, sucos de frutas, água de arroz ou soro caseiro.
Manter a alimentação habitual. Se os sintomas piorarem, encaminhar o doente ao centro de saúde mais
próximo.
9. DISENTERIA: A disenteria é uma infecção do sistema digestivo que resulta em diarreia severa
contendo muco e sangue nas fezes. É uma doença diarreica que tem afectado o nosso país nos últimos 10
anos, bem como, países da América Central, do sul da Ásia e o Centro e Sul do continente Africano. Os
principais tipos de disenteria são: Disenteria bacteriana devido a infecção por bactérias: shigella,
salmonela, campylobacter. Disenteria amebiana: devido a infecção por ameba (Entamoeba histolytica).
Disenteria enterotoxica: clostridium.
9.1.DISENTERIA BACTERIANA: A disenteria bacteriana é aquela provocada por bactérias. Ela está
mais associada a três grupos principais de bactérias, podendo adoptar as seguintes designações: Shigelose
é causada por vários tipos de bactéria Shigella. Campilobacteriose é causada por qualquer uma das doze
espécies de Campilobactéria que causam a doença em humanos. Salmonelose é causada pela Salmonella
entérica (menos comum dos outros dois grupos)
10. GIARDIASE (Giardia lamblia): É uma infecção de transmissão fecal-oral e atinge principalmente a
porção superior do intestino delgado. Quadro clínico: Após 1 a 3 semanas de incubação, a infecção
sintomática pode apresentar-se através de diarreia acompanhada de dor abdominal (periumbilical), e
sintomas constitucionais como fraqueza, anorexia, náuseas, vómitos e por vezes artralgia. Ao exame
físico pode-se identificar distensão abdominal e por vezes algum desconforto à palpação. Quando a
infecção por este protozoário se torna crónica, ela geralmente apresenta sintomas como fezes amolecidas
e gordurosas, distensão abdominal, flatulência e anorexia (que pode gerar perda de peso e anemia).
TRATAMENTO: O tratamento medicamentoso deve ser feito somente em pacientes sintomáticos.
METRONIDAZOL, Adultos: 2 g de preferência numa toma única ou, alternativamente 500 mg de 8/8 h
durante 5 dias.
14. TENÍASE /CISTICERCOSE (Taenia solium E Taenia saginata): A teníase é causada pela
ingestão de carne de porco mal cozida, contaminada pelo cisticerco (forma larvária) da T. solium e pela
ingestão de carne de boi mal cozida contaminada pelo cisticerco da T. saginata. Quadro clínico: A
teníase é na maioria dos casos assintomática. Alguns sintomas são atribuídos a essa parasitose intestinal:
fadiga, irritação, cefaleia, tontura, polifagia, anorexia, náuseas, dor abdominal, perda de peso, diarreia
e/ou constipação, urticária. Raramente ocorre semi-oclusão intestinal, apendicite, colangite ou pancreatite,
devido a obstrução dos respectivos segmentos intestinais e ductos pelo parasita.TRATAMENTO: Pode
ser feito com PRAZINQUANTEL ou ALBENDAZOL. PRAZIQUANTEL comprimido 600 mg, na
dose de 10 mg/kg numa dose única. ALBENDAZOL 400mg durante 3 dias consecutivos.
17. EQUINOCOCOSE (Echinoccocus): A equinococose é uma doença causada pela ingestão acidental
de larvas dos Echinoccocus granulosus, originando quistos hidáticos nos órgãos afectados. O
Echinoccocus multiloculares causa uma forma mais grave que afecta principalmente o fígado,
denominada equinococose alveolar. Quadro clínico: Após infecção, o quadro clínico inicialmente é
assintomático, já que os cistos são ainda pequenos. Se continuarem a crescer podem, depois de alguns
anos (até quinze), causar problemas nos órgãos afectados, principalmente se forem em número
considerável. A forma hepática é caracterizada pela dor no hipocôndrio direito, hepatomegalia, e
possivelmente icterícia. A forma pulmonar pode se manifestar com tosse, dor torácica, dificuldade
respiratória. A forma cerebral representa um elevado risco de vida, dependendo da área afectada cursa
com problemas neurológicos (sinais focais, convulsões), ou até distúrbios de personalidade.
TRATAMENTO: O tratamento só é possível com a excisão cirúrgica dos cistos. Se esta não for
possível, a administração a longo prazo de antiparasitários como o MEBENDAZOL pode não curar, mas
melhora o prognóstico.
acima da linha pectínea e são recobertas por mucosa colunar ou epitélio transicional. Quadro clínico:
Dor no ânus que se agravada pela defecação; Sangramento pelo ânus, sangue vivo no papel higiénico
quando se limpa ou de lado das fezes; Prurido anal; Tumoração anal palpável, os doentes tendem a tentar
reduzi-las usando a força, e este acto pode resultar numa ruptura e sangramento massivo; Secreção do
muco pelo ânus. TRATAMENTO farmacológico: Laxativos (para amolecer as fezes): BISACODIL
comprimidos de 5 mg: administrar 1 a 2 comprimidos a noite para alívio sintomático da obstipação e
continuar com medidas não farmacológicas. Supositório de GLICERINA (1,5 g): aplicar um supositório
humidificado com água para alívio sintomático da obstipação e continuar com medidas não
farmacológicas. Anti-hemorroidários: Creme anti-hemorroidário, BISNAGAS de 30g (contendo
anestésico local, anti-inflamatório e óxido de zinco). Supositório anti-hemorroidário (mesma
composição que a do creme).
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21. FISSURA ANAL: Fissura anal (fissura no ânus, úlcera anal) é uma laceração ou úlcera longitudinal
no revestimento do ânus, mais frequentemente localizada na comissura posterior, ao nível da linha média.
Quadro clínico: Dor anal: o paciente vem com queixa de dor anal intensa durante e/ou depois de evacuar.
A dor dura entre vários minutos e várias horas e depois desvanece-se até a evacuação seguinte.
Sangramento anal: perda de sangue durante uma evacuação ou pouco depois desta. Outra queixa
frequente é o prurido anal, resultante da descarga de muco na ferida perianal. Os pacientes geralmente
referem antecedentes de obstipação recorrente, e eliminação de fezes muito duras.TRATAMENTO
farmacológico: Creme anti-hemorroidário, BISNAGA de 30 g (com a mesma composição), que deve
ser aplicada na margem anal minutos antes de cada dejecção, por 7 dias. Analgesia sistémica (por ex.
PARACETAMOL ORAL) se necessário. Nos casos com evidência de sobreinfecção (inflamação com
supuração), está indicado o tratamento antibiótico (pomada de bacitracina ou creme de ácido fusídico –
aplicar 2 vezes por dia durante 7 dias).
22. PROLAPSO RECTAL: O prolapso rectal é o protraimento (saída) do recto através do ânus. O
prolapso rectal consiste numa eversão do recto, de tal forma que a partir do ânus se vê o revestimento
mucoso como um prolongamento tubular de tecido de cor vermelho-escura, húmido, com vários anéis
concêntricos. O prolapso rectal é frequentemente confundido com a invaginação intestinal baixa, onde
uma porção do intestino se invagina para dentro de outra, e protrai pelo ânus, se manifestando como uma
tumoração tubular revestida de mucosa, semelhante ao prolapso. Quadro clínico: Desconforto ou
sensação de evacuação incompleta: podem estar presentes inicialmente, quando o prolapso ainda é
parcial. Tumoração anal palpável: o paciente refere que vê (ou sente) o intestino depois de defecar, muitas
vezes se referindo ao prolapso como a “saída duma tripa”. Sangramento anal: pode haver sangramento
ligeiro, mas não é comum. O prolapso rectal pode-se complicar com eversão total do recto e incontinência
fecal, por redução do tónus do esfíncter anal. Os pacientes geralmente vêm com história pregressa de
obstipação severa e eliminação de fezes muito duras.TRATAMENTO medicamentoso: Os
medicamentos para prevenir a obstipação são úteis para o prolapso rectal: BISACODIL.
23. ABCESSO ANAL: Abcesso é uma colecção de pus bem delimitada, desenvolvida numa cavidade
neoformada. Estes abcessos podem ocorrer em qualquer lugar, incluindo na região anal, onde passam a
chamar-se abcesso anal. Quadro clínico: Os doentes com um abcesso anal normalmente se queixam de:
Desconforto e dor perianal intensa, pulsátil, agravados pela defecação, movimentação e compressão ao
sentar por exemplo. Nalguns casos os pacientes referem palpação de tumoração perianal dolorosa que
aumenta gradualmente de tamanho. Febre, calafrios, mal-estar e outros sintomas de toxicidade sistémica,
24. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA: A insuficiência hepática aguda é uma condição grave, em
que há rápida deterioração das funções do fígado, que se manifesta por encefalopatia hepática, com
alteração do estado mental desde confusão até coma, em um indivíduo previamente saudável, dentro de 8
semanas após o aparecimento dos primeiros sintomas de afecção hepática (ex icterícia). A insuficiência
hepática aguda frequentemente atinge os jovens e tem uma mortalidade muito elevada. Quadro clínico:
A encefalopatia hepática é a principal manifestação da insuficiência hepática aguda, mas no início, ela
pode ser leve e intermitente e depois evolui até a coma. A encefalopatia hepática manifesta-se de
diferentes formas dependendo do seu estágio: 1º Estágio – euforia ou depressão, confusão leve, fala
indistinta, distúrbio do sono, asterixe (tremor fino da mão). 2º Estágio – letargia, confusão moderada. 3º
Estágio - confusão mental marcada, sonolência, mas pode ser acordado, fala inarticulada. 4º Estágio –
coma; inicialmente responsivo a estímulos nocivos e, mais tarde, irresponsivo.Outras manifestações da
insuficiência hepática aguda (vide aula 5 para mais detalhes) não relacionadas com a encefalopatia são:
Dor no hipocôndrio direito; Fraqueza generalizada; Náuseas e vómitos; Icterícia e ascite; Eritema palmar,
contractura de Dupuytren; Hipertrofia das parótidas; Fector hepaticus; Hepatomegalia. CONDUTA: As
medidas de suporte consistem em prevenir, ou em reduzir os efeitos das complicações: Garantir
hidratação endovenosa: SORO FISIOLÓGICO (administração com cautela, devido a provável
insuficiência renal concomitante, sendo necessário balancear as saídas com as entradas); Prevenir ou
tratar a hipoglicemia: DEXTROSE A 5% e/ou DEXTROSE A 30%, associado a alimentação por
sonda nasogástrica se em coma; Antibioterapia empírica e de amplo espectro para tratamento das
infecções: AMPICILINA e METRONIDAZOL. A GENTAMICINA não deve ser administrada até
que se tenha certeza de que não há lesão renal (lembre-se que a GENTAMICINA é nefrotóxica).
Prevenção de coagulopatias e hemorragias: uso de PLASMA FRESCO CONGELADO se sinais de
distúrbios de coagulação (equimoses, hemorragias digestivas). Administração de VITAMINA K
parenteral.
25. ABCESSO HEPÁTICO: Abcesso hepático é uma cavidade neoformada bem delimitada com pus,
localizada dentro do parênquima hepático. Os abcessos hepáticos fazem parte das doenças infecciosas do
fígado. Existem 2 tipos de abcesso hepático, diferenciados principalmente pela etiologia: Abcesso
hepático piogénico e Abcesso hepático amebiano. Abcesso Piogénico sao os abcessos piogénicos são
frequentes em pacientes com idade compreendida entre 50 a 60 anos, e apesar das diversas formas de
infecção, estes estão geralmente associados à doença do trato biliar, ou extensão directa de um órgão
vizinho. A incidência aumenta nos indivíduos imunocomprometidos. Quadro clínico: Pacientes
geralmente estão com aspecto doente, e por vezes com febre, calafrio e perda de peso. Dor abdominal é
o sintoma mais comum e normalmente está bem localizado no quadrante superior direito e pode ter dor
referida no ombro direito. A hepatomegalia é comum podendo se palpar tumefacções localizadas. Pode
ter uma icterícia discreta, e pode tornar-se severa se o abcesso for tão grande que obstrui os canais
biliares. Ascite e esplenomegalia são raras. TRATAMENTO antibiótico: AMPICILINA inj. Por via
EV, 1 grama de 6 em 6 horas, mas em casos graves pode ser 3 gramas de 6 em 6 horas, durante 7 a 10
dias. GENTAMICINA: inj. Por via EV 160 a 240 mg 1 vez por dia, ou 80 mg de 8 em 8 horas durante 7
dias. METRONIDAZOL: inj EV 500 mg de 8 em 8 horas por 7 á 10 dias. Drenagem cirúrgica, se não
houver melhora do estado geral depois de 48 horas. Em caso de melhoria da sintomatologia após 48h,
pode-se passar para antibioticoterapia oral, com AMOXICILINA 500 mg de 8 em 8 horas e
METRONIDAZOL 500 mg de 8 em 8 horas durante o tempo de 7 a 10 dias que faltam.
26. LITÍASE BILIAR: Litíase biliar ou cálculos biliares são uma espécie de “pedras” formadas a partir
do acúmulo de ácido úrico ou cristais que se fundem e solidificam-se. Quadro clínico: A Litíase biliar na
maior parte dos casos é assintomática. Quando evolui com sintomas, a sua principal manifestação são as
cólicas biliares. Cólica Biliar: é uma dor intensa causada por espasmo da vesícula biliar ao tentar forçar a
passagem de um cálculo pelo ducto cístico. Esta cólica biliar é descrita como uma dor no quadrante
superior direito (hipocôndrio) ou epigástrica, que ocorre 30 a 90 min depois da refeição, frequentemente
irradiando para a região dorsal ou escápula direita. É uma dor imprevisível, intensa, e geralmente
constante. A dor persiste por 3 ou 4 horas e pode evoluir com náuseas e vómitos. Estas crises podem
ocorrer em intervalos de dias ou meses. Se a dor persiste por mais de 6 horas, deve-se pensar em alguma
complicação como pancreatite ou colecistite. A cólica biliar pode ou não ser acompanhada por inflamação
da vesícula (colecistite). CONDUTA: Consiste no alívio e controlo da dor com DICLOFENAC
injectável 75 mg por via IM; BUTILESCOPOLAMINA injectável 20 mg IM ou EV, podendo se repetir
30 minutos depois. Dose máxima de 100 mg/dia. Antibioticoterapia (se suspeita de infecção): vide
colecistite.
27. COLECISTITE: Colecistite é a inflamação da vesícula biliar. Colecistite aguda é a inflamação
aguda da vesícula biliar. Quadro clínico: O principal sintoma é a dor no hipocôndrio direito (também
epigastro) que frequentemente se irradia para o tronco até a extremidade inferior da escápula direita. A
dor é contínua e exacerbada pelos movimentos e respiração. Só os analgésicos aliviam-na. O paciente
sente-se nauseado e frequentemente vomita. Ao exame físico se encontra um paciente angustiado pela dor
e com febre. Há respiração superficial. O sinal de Murphy é positivo (inspiração profunda ou tosse
durante a palpação do hipocôndrio direito produz aumento da dor ou parada respiratória). A vesícula
biliar pode ser palpável (20% dos casos). Quando há irradiação da dor para a escápula, pode haver uma
área cutânea abaixo da escápula que é hipersensível (sinas de Boas). CONDUTA: Dieta zero; Colocação
de SONDA NASOGÁSTRICA (para aspiração); Líquidos e electrólitos IV: LACTATO DE RINGER
ou SORO FISIOLÓGICO 1000 ml. Analgesia: DICLOFENAC 75 mg IM;
BUTILESCOPOLAMINA 20 mg IM ou EV 3 – 4 x/dia. Antibioticoterapia: AMPICILINA 1 a 3
gramas EV de 6 em 6 horas por 7 a 10 dias (substituída por amoxicilina se paciente melhora ao fim de 48
h); GENTAMICINA 80 mg EV de 8 em 8 horas ou 160 a 240 mg EV 1x/dia.
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28.PANCREATITE: Pancreatite é uma doença inflamatória do pâncreas, caracterizada por episódios de
dor abdominal e elevação dos níveis séricos de amílase e lípase. A pancreatite pode ser diferenciada em
termos clínicos em: Pancreatite aguda e Pancreatite crónica. As causas mais comuns da pancreatite são o
álcool e colelitíase. Outras causas: traumatismo abdominal, infecções (virais - sarampo, bacterianas,
helmínticas, fúngicas), medicamentos (sulfonamidas, diuréticos tiazídicos, furosemida, tetraciclinas),
complicação de uma úlcera péptica).
28.1. PANCREATITE AGUDA: A pancreatite aguda ocorre como consequência de uma activação
prematura dos zimogénios (enzimas pancreáticas não activas), que vão fazer uma auto-digestão do
pâncreas. Quadro clínico da pancreatite aguda: O sintoma de apresentação habitual é a dor, que se
inicia de modo súbito, frequentemente algumas horas após ingestão de alimentos e/ou álcool excessiva.
Localiza-se no epigastro, hipocôndrio direito (na afectação da cabeça do pâncreas) e/ou esquerdo
(afectação da da cauda do pâncreas) com irradiação no dorso fazendo a volta em cinturão. A dor é
contínua tipo facada que evolui progressivamente aumentando de intensidade até se tornar insuportável
(controlo da dor recorrendo a opiáceos) que faz com que o paciente se deite parado e respire
superficialmente. Pode ter como posição de alívio a postura de “prece maometana”. Vómitos e náuseas
são frequentes. Ao exame físico, o paciente está angustiado e com medo, com febre baixa, taquicardia, e
eventualmente sinais de hipotensão. Se houver obstrução do colédoco pode existir icterícia. Poderá ser
visíveis (em casos graves) equimoses ou pigmentação azul-vermelho-púrpura ou castanho-esverdeada nos
flancos – principalmente flanco esquerdo (sinal de Gray Turner) ou uma mancha azulada na área
periumbilical (sinal de Cullen) – indicando hemoperitoneo. CONDUTA: Dieta zero; SONDA
NASOGÁSTRICA para descompressão gastrica; Cateter vesical para controlar a diurese. Analgésicos
fortes: PETIDINA 50-100 mg por via IM ou 25 mg por via EV de 5 em 5 min, até obter o efeito
analgésico (máximo 100 mg); Se não melhora, pode-se usar MORFINA (nível 3) na dose de 5-10 mg SC
de 4 em 4 horas ou de 6 em 6 horas. Pela via EV a MORFINA se administra na dose de 2.5 mg a repetir
de 5-10 min, até obter o efeito analgésico (máximo 10 mg). LACTATO DE RINGER ou SORO
FISIOLÓGICO: 1000 ml EV e manter o estado de hidratação do paciente, podendo ser necessário até 12
litros.Transfusão sanguínea, se necessário (vide complicações e critérios de referência/transferência).
Antibioticoterapia: AMPICILINA 1grama EV de 6 em 6 horas e GENTAMICINA 80 mg EV de 8 em
8 horas. A melhoria clínica se verifica depois de 3-6 dias, altura em que se pode iniciar dieta líquida.
29. RUPTURA/PERFURAÇÃO ESOFÁGICA: O esófago embora protegido pela caixa torácica está
sujeito a sofrer lacerações ou ruptura que podem ser originadas por Iatrogénicas (ex: durante uma
entubação, colocação de sonda nasogástrica ou endoscopia); Aumento de pressão intra-abdominal durante
o vómito, ânsia de vómito ou tosse; Trauma contuso ou perfurante. CONDUTA: Aplicar o ABCDE
(abordado na disciplina de Enfermagem e Primeiros Socorros); Colher amostra de sangue para
determinação do grupo sanguíneo e perfil hematológico; Canalizar duas veias: SORO FISIOLÓGICO
ou RINGER: 1000 ml, Se hemodinamicamente instável (tensão arterial sistólica < 90 mmhg, taquicardia,
pulso fino): administrar além de SORO FISIOLÓGICO, GELATINA POLIMERIZADA (plasma gel)
de modo a manter a TA > 90 mmhg); Algaliar e monitorar diurese; PETIDINA 100 mg IM ou 25 mg EV
31. CORPOS ESTRANHOS: É mais frequente em crianças. Pode ocorrer em adultos, principalmente
nos que têm falta de dentes ou com problemas mentais. Adultos podem geralmente referir que ingeriram
um objecto e descrevê-lo e dizer o horário em que isso ocorreu. Causas: Moedas; Bolos de carne;
Espinhas de peixe; Ossos; Próteses dentais, etc. Quadro clínico: Sensação de sufocamento; Ânsia de
vómito; Sialorreia; Pode estar agitado ou ansioso; Disfagia, odinofagia; Também pode se apresentar com
dor torácica, tosse, dispneia, chiado ou estridor; Em casos mais severos, particularmente nos corpos
estranhos grandes ou pontiagudos, pode haver dor intensa, vómitos, recusa à alimentação, saliva com
sangue ou choque; O exame físico pode sugerir perfuração, através de edema, eritema, dor ou crepitação
cervical. CONDUTA: Estabilizar o doente (ABCDE); Analgésico intramuscular, para reduzir a dor e
a ansiedade do doente; Referir imediatamente para um hospital que tenha um bloco operatório.
EMERGÊNCIAS DO ABDÓMEN: As emergências do abdómen são: Hemorragia Digestiva Alta;
Abdómen Agudo; Trauma Abdominal Fechado ou Aberto; Hérnias Encarceradas/Estranguladas.
32. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA (HDA): É causada por: Varizes gastroesofágicas; Úlcera
péptica perfurada; Outras: perfuração do esófago, esofagites, entre outras. Quadro clínico: Hematémese
que pode ou não ser acompanhada de melena; Dependendo do volume de sangue perdido e do tempo do
sangramento, pode ter sinais de choque (taquicardia, TA sistólica < 90 mmhg, pulso rápido e fino).
CONDUTA: ABCDE; Acesso EV - 2 grandes veias - Tirar sangue para análises laboratoriais
33. ABDÓMEN AGUDO: O abdómen agudo pode ser definido como uma dor abdominal de
aparecimento súbito, não traumático. Por definição, o abdómen agudo é uma urgência cirúrgica.
de carro, atropelamento, queda de alturas, etc.), as vísceras parenquimatosas, tanto pelo seu tamanho
como pelo peso, são susceptíveis às lacerações, esmagamentos e roturas no local de fixação anatómica. O
baço é o órgão lesado Sistema Gastrointestinal Versão 2.0 299 em cerca de 40 a 55% e o fígado em 35 a
45%. Menos frequentemente, as vísceras ocas podem ser lesadas. Trauma penetrante (aberto): Os
ferimentos por arma branca (por exemplo: faca) acometem mais frequentemente ao fígado (40%),
intestino delgado (30%), diafragma (20%) e cólon (15%). Os ferimentos por arma de fogo causam mais
danos intra-abdominais devido à extensão da sua trajectória e a maior energia cinética dissipada, tendo
como principais sedes de lesão o intestino delgado (50%), cólon (40%), fígado (30%) e estruturas
vasculares abdominais (25%). Quadro clínico: Sangramento intra-abdominal: lembre-se que cerca de
40% dos pacientes com hemoperitónio de considerável volume podem não apresentar manifestações
clínicas na avaliação inicial; Escoriações, contusões, hematomas localizados e ferimentos abertos são
sugestivos de trauma e devem ser bem caracterizados. Podem ocorrer hematomas nos flancos,
periumbilical ou no assoalho pélvico demonstrando hemorragia interna; Sangue ou conteúdo
gastrointestinal na cavidade peritoneal pode resultar em ílio paralítico, e consequente redução dos ruídos
hidroaéreos; A percussão do abdómen pode demonstrar som timpânico devido à dilatação gástrica no
quadrante superior esquerdo ou por presença de ar vindo da víscera perfurada ou macicez difusa quando o
hemoperitônio está presente; Sinais de peritonite podem estar presentes; Sangue no toque rectal sugerindo
uma hemorragia interna. CONDUTA: ABCDE; Acesso EV - 2 grandes veias - Tirar sangue para análises
laboratoriais (hemograma, bioquímica e testes de compatibilidade); Imediatamente corrigir a
hipovolemia com SORO FISIOLÓGICO ou RINGER LACTATO (regra 1:3). Considerar PLASMA
ou GELATINA POLIMERIZADA. Avaliar a necessidade de transfusão sanguínea; SONDA
NASOGÁSTRICA: descompressão do estômago e descobrir possíveis hemorragias por trauma do trato
gastrintestinal superior; Sonda vesical: controlo do débito urinário e verificar um trauma vesical; Não
deve receber analgésicos e nem antibióticos e deve estar em jejum por pelo menos 12 horas. Os
analgésicos podem mascarar o agravamento da situação, dando a falsa impressão de que o doente está
a melhorar enquanto ele está a degenerar progressivamente. Neste período, o paciente deve estar em
repouso absoluto no leito, o exame físico deve ser repetido, de preferência, pelo mesmo observador pois
este tem consciência de como o doente chegou e pode dizer claramente se este está a melhorar ou piorar.
Deve-se pedir hemogramas seriados. Deve-se estar atento ao desenvolvimento de hipotensão arterial,
taquicardia, febre ou dor à palpação abdominal – sinais de gravidade.
são uma complicação das hemorróides de grau IV. Surgem quando os músculos esfincterianos
estrangulam a hemorróide prolapsada, produzindo congestão sanguínea e formação de trombos. A
hemorróide fica dura, de cor escura, formando um edema em todo território perianal e produz uma dor
intensa contínua. CONDUTA: Analgésicos orais ou intramusculares, dependendo da dor do paciente;
Gelo para reduzir a dor (colocar compressa de gelo no ânus ate ter acesso a pequena cirurgia.
37. FISSURA ANAL: É Causada por: Obstipação; Esforço para defecar fezes muito sólidas. Quadro
clínico: Dor intensa na defecação; Pode ter manchas de sangue no papel higiénico. Visualização da
fissura. CONDUTA: Anlagesia parenteral (DICLOFENAC 75 mg IM) ou oral (PARACETAMOL ou
IBUPROFENO ou DICLOFENAC); Banhos de assento nos períodos de dor, nomeadamente após a
defecação. O paciente deve sentar numa bacia com água morna por 30 minutos 3 vezes por dia. Estes
banhos de assento aliviam os espasmos musculares e a congestão do ânus o que ajuda a curar a fissura;
Considerar a aplicação anal de anestésicos (LIDOCAÍNA) em gel, creme ou pomada, e aplicar na
margem anal minutos antes de cada dejecção, por 7 dias; Analgesia sistémica (por ex.
PARACETAMOL oral) se necessário. Se esta fissura permanecer por mais de 1 semana após o início do
tratamento, sem nenhum sinal de melhoria ou estiver a piorar, referir para o hospital de referência para
tratamento cirúrgico.
crise de asma. Quando os sinais e sintomas (decorrentes da obstrução grave) persistem por dias
ou semanas estamos perante estado de mal asmático. Quadro clínico: Os sinais e sintomas típicos
da asma são pieira, dispneia e tosse com intensidade variável. Os sintomas podem piorar à noite.
Ao exame físico encontra-se taquipneia, taquicardia, tiragem, adejo nasal. À palpação teremos
vibrações vocais normais ou diminuídas. À percussão teremos hiperssonoridade. À auscultação
teremos murmúrio vesicular normal ou diminuido, com roncos e sibilos. Nos casos graves
teremos: paciente agitado, incapaz de adoptar uma posição, com cianose, bradicárdia,
hipotensão, abolição do murmúrio vesicular. Falta de ar, aperto no peito, pieira e tosse. Os sinais
e sintomas típicos da asma são pieira, dispneia e tosse, acompanhados de roncos e sibilos à
auscultação. TRATAMENTO DA CRISE: ß2 – agonistas – SALBUTAMOL solução
nebulizável (5mg/ml): diliuir 0.5 a 1 ml em soro fisiológico até perfazer 2-4 ml de solução e
inalar até terminar o aerossol (máximo 3 doses). Corticosteróides: PREDNISOLONA ou
HIDROCORTISONA. As doses já estão esclarecidas no diagrama. Xantinas –
AMINOFILINA injectável 240mg/10ml – ampola. Dose de ataque: 6 mg/kg adiministrada
lentamente, durante 20 a 30 min, ou de preferência em perfusão em soro fisiológico ou dextrose
a 5%, durante 30 min. Dose de manutenção: adultos não fumadores – 0.5mg/kg/h; adultos
fumadores – 0.75-0.85 mg/kg/h. TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO: Asma intermitente:
Broncodilatadores: SALBUTAMOL em aerossol pressurizado 100μg (bombinha), 2 - 3
jactos em dose única no tratamento das crises ligeiras. Asma persistente ligeira:
Broncodilatadores: SALBUTAMOL em aerossol pressurizado 100 μg (bombinha), 2 - 3
jactos, 3 a 4 vezes por dia, ou SALBUTAMOL nebulizável (como na crise) de 4 em 4 horas ou
de 6 em 6 horas, + Corticóides inalatórios em baixas doses: BECLOMETASONA em
aerossol pressurizado (100μg por inalação), 2 jactos 3 a 4 vezes por dia. Asma persistente
moderada: Broncodilatadores: SALBUTAMOL como na asma persistente ligeira +
Corticóides inalatórios em doses moderadas a altas: BECLOMETASONA em aerossol
pressurizado (100 μg por inalação), 3 jactos 3 a 4 vezes por dia. Asma persistente grave:
Broncodilatadores: SALBUTAMOL como na asma persistente ligeira/moderada +
Corticóides inalatórios em doses altas: BECLOMETASONA em aerossol pressurizado, 100
μg por inalação, 4 a 5 jactos 3 a 4 vezes por dia + AMINOFILINA: 5 a 10 mg/kg/dia divididos
em 3 tomas (geralmente 100 mg de 8 em 8 horas). Começar com baixas doses e aumentar-se de 3
em 3 dias até se obter resposta. Se insucesso do tratamento anterior, acrescentar
PREDNISOLONA na dose de 10-20 mg/dia (até máximo de 60 mg/dia), de preferência de
manhã depois do pequeno-almoço. Se não melhora, refira ao médico. Outros Tratamentos:
Hidratação agressiva, fisioterapia respiratória, mucolíticos e sedativos não estão
recomendados. Antibióticos estão indicados nos casos em que houver evidências de sobre-
infecção bacteriana. Não há restrições específicas sobre dieta ou actividade física.
4. PNEUMONIA: Em termos gerais, pneumonia significa inflamação do parênquima pulmonar. A
maior parte das pneumonias são causadas por agentes infecciosos, mas podem também ser causadas por
agentes químicos, aspiração de alimentos ou trauma. Pneumonia é definida como uma infecção
respiratória aguda, com afecção segmentar, lobar, ou multilobar do parênquima pulmonar. A sua etiologia
infecciosa pode ser bacteriana, viral, fúngica ou parasitária. A pneumonia pode ser classificada em
principalmente as zonas média e inferior dos pulmões; Pode ter resolução espontânea e ficar evidente sob
a forma de um nódulo calcificado (lesão de Ghon) ou evoluir para doença clínica grave rapidamente (em
crianças e imunodeprimidos), principalmente derrame pleural, cavitação aguda, compressão brônquica
por linfónodos aumentados, TB miliar ou meníngea; Febre de predomínio vespertino, sudorese nocturna,
astenia, perda de peso, mal-estar; Tosse, dor torácica, dispneia com alívio com o decúbito lateral (se
derrame pleural). TBP secundária: A TB secundária (também chamada pós primária) resulta da
reactivação da infecção latente. Geralmente a lesão localiza-se nos segmentos apicais e posteriores dos
lobos superiores. É mais frequente nos adultos; Febre de predomínio vespertino, emagrecimento, sudorese
nocturna, astenia; Tosse há mais de 2 semanas, frequentemente produtiva, que pode conter laivos de
sangue (expectoração hemoptóica) ou mesmo hemoptise. À auscultação, pode se encontrar fervores
crepitantes, roncos ou sopro anfórico (numa grande cavidade). Com a evolução da doença, podemos
encontrar anemia, dedos em baqueta de tambor ou hipocratismo digital, dispneia, podendo haver ou não
cianose periférica ou central. A mnemónica FESTA é característica desta forma de TBP – Febre,
Emagrecimento, Sudorese, Tosse produtiva há mais de 2 semanas e Astenia. TB pleural: A TB pleural é
a forma mais frequente de TBEP associada ao HIV. Em países com alto peso da TB como o nosso, a
causa mais provável de derrame pleural unilateral, é a TB; Dor torácica, dispneia com alívio em decúbito
lateral; Expansibilidade torácica diminuída; Frémito toracovocal diminuído e macicez a percurssão sobre
a área do derrame; Diminuição ou abolição dos sons respiratórios (murmúrio vesicular) sobre a área do
derrame. TRATAMENTO da tuberculose pulmonar: O tratamento da tuberculose é longo e dura cerca
de 6 a 8 meses, dependendo do regime. O regime padrão, em vigor no país, é dividido em duas fases, a
intensiva dura cerca de 2 semanas e de manutenção com duração de 4 meses, completado um total de 6
meses. Por outro lado, para aqueles doentes que são submetidos a retratamento, por abandono ou falência
do tratamento, o tratamento pode durar 8 meses ou mais, divididos em 3 meses para a fase intensiva e 5
meses para de manutenção. Os medicamentos usados são, preferencialmente em Doses Fixas
Combinadas (DFC). Os medicamentos de 1ª linha incluem a ISONIAZIDA (H), RIFAMPICINA
(R), ETAMBUTOL (E), PIRAZINAMIDA (Z) e a ESTREPTOMICINA (S), sendo que a
ESTREPTOMICINA (S) é o único fármaco injectável. Assim, conforme os medicamentos, existem 4
tipos de DFC disponíveis: 2 DFC – ISONIAZIDA e RIFAMPICINA (HR); 3 DFC pediátrico –
ISONIAZIDA, RIFAMPICINA e PIRAZINAMIDA (HRZ); 3 DFC – ISONIAZIDA,
RIFAMPICINA e ETAMBUTOL (HRE); 4 DFC – ISONIAZIDA, RIFAMPICINA, ETAMBUTOL
e PIRAZINAMIDA (HREZ). A resistência aos fármacos anti-tuberculose de 1ª linha, devido a
tuberculose resistente, resultou no desenvolvimento de fármacos de 2ª linha contra esta doença.
Os fármacos de 2ª linha são: Injectáveis: KANAMICINA, AMIKACINA, CAPREOMICINA; Orais:
ETIONAMIDA, CICLOSERINA, OFLOXACINA e LEVOFLOXACINA. Casos especiais: Mulher
grávida – não pode fazer ESTREPTOMICINA; TB e doença hepática crónica – 2SHE/10HE ou
2SHRE/6HR ou 9RE; TB e hepatite aguda – 3SE/6HR ou 3SE/9SE; TB e insuficiência renal –
2HRZ/4HR. NB: A associação do tratamento da TB com corticosteróides mostrou melhorar a
sobrevivência de casos graves tais como no Derrame pleural tuberculoso (quando grande e com
sintomas severos). Geralmente é usada a PREDNISOLONA na dose de 2 mg/kg de peso/dia durante 4
semanas e seguida dum período de desmame de 1 a 2 semanas.
inespecíficos como febre, mal-estar, anorexia e podem estar presentes suores nocturnos. O
hipocratismo digitálico pode aparecer mas é raro. Os sintomas respiratórios, incluem: Tosse: a
tosse é produtiva, com expectoração purulenta, em caso de comunicação do abcesso com os
brônquios, de início discreto, tornando-se após alguns dias abundante semelhante a um vómito
(vómica) com um cheiro pútrido (40% casos), e finalmente progride para sanguinolenta
(hemoptise); Dor torácica pleurítica contínua caso o abcesso esteja em contacto com as pleuras;
Hemoptise pode estar presente. Sem tratamento, passado algum tempo o paciente perde peso e
aparecem sinais da anemia. Estas manifestações são semelhantes às da pneumonia e quando não
melhoram com o tratamento antibiótico, deve-se suspeitar de abcesso. Os achados do exame
físico variam de paciente para paciente, podendo existir: A palpação: diminuição da
expansibilidade torácica no hemitórax afectado pelo abcesso, som maciço na área do abcesso; A
percussão: som timpânico se a cavidade é extensa; A auscultação: ausência ou diminuição do
murmúrio vesicular na área afectada pelo abcesso, aumento do frémito toracovocal, fervores
crepitantes, sopro anfórico ou cavitário; voz anfórica ou voz cavernosa. TRATAMENTO
medicamentoso: Alívio da dor e febre – anti-inflamatórios como DICLOFENAC ou
IBUPROFENO, associados ou não a PARACETAMOL. Tratamento antibiótico:
Antibioterapia endovenosa: AMPICILINA 1 a 3 g EV de 6 em 6 horas ou PENICILINA
CRISTALINA 2 - 3 milhões UI EV de 6 em 6 horas, + GENTAMICINA 240 mg EV por dia,
administrados em uma, duas ou três tomas, + METRONIDAZOL 500mg EV de 8 em 8 horas.
Após a melhoria do quadro clínico e dos sinais radiológicos, o paciente passa para antibioticoterapia
oral com: AMOXICILINA (500 mg) 2 comprimidos de 8 em 8 horas ou AMOXICILINA (500 mg)+
AC.CLAVULÂNICO (125 mg) 2 comprimido de 8 em 8 horas Mais METRONIDAZOL cpr 500mg
de 6 em 6 horas ; A duração do tratamento é longa, sendo em geral mantido por 4 a 6 semanas. O controlo
radiográfico é importante durante o tratamento antibiótico, orientando a sua manutenção até haver
evidências radiográficas de resolução da cavidade.
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9.BRONQUIECTASIAS: Bronquiectasia é a dilatação anormal e irreversível dos brônquios e
bronquíolos, resultante da destruição dos mesmos. Quadro clínico: A maior parte (80%) dos pacientes
com bronquiectasias apresentam tosse produtiva associada a expectoração muco purulenta de volume
variável e de evolução crónica, intercalada por períodos de exacerbação e melhoria. Quando procuram os
serviços de saúde, muitas vezes é devido ao agravamento dos sintomas decorrente de uma sobre-infecção,
ou do surgimento de um sintoma novo como hemoptises. A maioria dos pacientes com bronquiectasias
queixam - se de : Tosse com expectoração purulenta ou hemoptóica; Hemoptises: ocorre nos casos de
sobre-infecção bacteriana severa; Dor torácica pleurítica; Dificuldade respiratória. Sintomas
constitucionais como febre, calafrios, suores nocturnos, mal-estar, anorexia, fadiga. No exame físico
geral observam-se dedos em baqueta de tambor em 2/3 dos casos. À inspecção o tórax apresenta
expansibilidade normal ou diminuída, com vibrações vocais normais ou aumentadas. À percussão revela-
se normal ou com submacicez, e à auscultação revela-se fervores bolhosos localizados ou difusos. Roncos
e sibilos podem ser audíveis. CONDUTA: Antibioterapia: os antibióticos comuns são:
AMOXICILINA cpr 500mg: 2cpr de 8/8h durante 10 dias ou COTRIMOXAZOL cpr 480mg: 2comp
de 12/12horas durante 10 a 14 dias ou ERITROMICINA cpr 500mg: 1cpr de 6/6horas durante 10 dias
1.2.PARONÍQUIA/PANARÍCIO: É uma infecção piogénica da pele que fica ao redor das unhas dos
dedos das mãos ou dos pés. Quadro clínico: Característica da lesão e sua evolução: O início é
súbito; inicia com uma pústula dolorosa (dor latejante) que aparece na prega da unha com edema
e eritema; A unha torna-se amarelada e pode ser descolada pelas pústulas; a inflamação pode
estender-se a falange distal. TRATAMENTO medicamentoso: Antibioticoterapia –
AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂNICO como no impetigo. Geralmente este tratamento
é acompanhado de drenagem cirúrgica. No caso de não melhoria, poderá ser de causa fúngica,
pelo que deve-se administrar antifúngicos tópicos: KETOCONAZOL creme ou
CLOTRIMAZOL creme a ser aplicado 2 vezes por dia.
1.3.INFECÇÕES FOLICULARES: Infecções foliculares são infecções do folículo piloso. Podem ser
superficiais (foliculite) ou profundas (furúnculo). Quadro clínico: Foliculite: Característica da lesão e
sua evolução: as lesões começam habitualmente com uma pápula que evolui para pústula de base
eritematosa e com folículo no centro; Localização: as localizações mais comuns são na face (barba),
couro cabeludo, membros, tronco e nádegas, mas qualquer área com folículos pilosos pode ser afectada.
A cura dá-se sem cicatriz. Furúnculo: Característica da lesão e sua evolução: caracteriza-se por nódulo
eritematoso, doloroso, quente, com folículo piloso ao centro que em poucos dias evolui para massa
necrótica amarelada, com amolecimento e flutuação com rotura e expulsão do rolhão, deixando úlcera
irregular. Localização: áreas pilosas (face, axilas, nádegas, região cervical); Sinais e sintomas associados:
dor na sede da lesão, pode aparecer febre; A cura da lesão leva a cicatriz. Um aglomerado de furúnculos
denomina-se Antraz. Surtos sucessivos de furúnculos são uma ocorrência comum, evoluindo durante
meses ou anos e designa-se FURUNCULOSE. TRATAMENTO medicamentoso/cirúrgico: Limpeza e
desinfecção local – anti-sépticos como CETRIMIDA, IODOPOVIDONA, ou HIPOCLORITO DE
SÓDIO; Antibioticoterapia tópica – BACITRACINA ou creme de ÁCIDO FUSÍDICO de aplicação
local após desinfecção, 2-3 vezes por dia durante 7 dias; Antibioticoterapia sistémica – geralmente no
caso de foliculites múltiplas (mais de 5 lesões) ou furúnculo: AMOXICILINA E ÁCIDO
CLAVULÂNICO (como anteriormente) ou ERITROMICINA na dose de 500 mg de 6 em 6 horas
durante 7 a 10 dias. Incisão e drenagem dos abcessos
1.4.ABCESSO: É uma infecção aguda da hipoderme, caracterizado pelo acúmulo localizado de pús num
tecido, formando uma cavidade delimitada por uma membrana de tecido inflamatório (membrana
piogénica). Quadro clínico: A febre, arrepios de frio, mal-estar geral, por vezes precedem a doença;
Aparecimento depois de eritema e tumefacção localizada dura com aumento da temperatura e dor local: A
tumefacção evolui para flutuação com formação de material purulento, e Pode associar-se adenopatia
regional; Localização: pode aparecer em qualquer localização. CONDUTA: Limpeza e desinfecção
local: Compressa morna/quente; Lavagens ou banhos com anti-sépticos com: solução de
PERMANGANATO DE POTÁSSIO, soluto de CETRIMIDA, de IODO ou de HIPOCLORITO DE
SÓDIO; Pesquisar e tratar as portas de entrada. Antibioterapia sistémica: AMOXICILINA + ÁCIDO
CLAVULÂMICO, via oral, na dose de 500 mg de AMOXICILINA de 8 em 8 horas, durante 10 dias.
ou ERITROMICINA, via oral, na dose de 500 mg de 6 em 6 horas, durante 10 dias. Associar um anti-
inflamatório como DICLOFENAC 25 – 50 mg de 8 em 8 horas, ou IBUPROFENO 200 – 400 mg de 8
em 8 horas, ambos por 3 – 5 dias. A FLUCLOXACINA é uma óptima opção para os casos de
resistência. A dose é de 250 a 500 mg de 6 em 6 horas durante 7 a 10 dias. TRATAMENTO das
formas mais graves e das complicações: Limpeza e desinfecção local: Lavagens ou banhos anti-
sépticos com: solução de PERMANGANATO DE POTÁSSIO, soluto de CETRIMIDA, IODO ou de
HIPOCLORITO DE SÓDIO. Remoção dos tecidos necrosados, rotura de bolhas. Antibioterapia
sistémica: AMPICILINA: Adultos: 1gr administrado por via E.V de 8/8 horas, durante 10 dias; +
GENTAMICINA: Adultos: 80mg de 12/12 horas ou em dose única diária (160 a 240 mg),
administrados por via I.M ou E.V, durante 10 dias. NOTA: Em geral o tratamento antibiótico IM ou EV
pode ser substituído com o antibiótico por via oral, da mesma família do antibiótico usado por via
parenteral, após alguns dias se as condições gerais do paciente e a lesão cutânea estão melhorando. O
período total do tratamento antibiótico deve ser de 10 dias. Se ao fim de 3 dias não se observam
melhorias, avaliar o resultado do antibiograma e adequar o antibiótico ao resultado do exame.
1.6. CARBÚNCULO (ANTRAZ CUTÂNEO): É uma zoonose, ou seja, é uma infecção que afecta
primariamente animais (cabras, gado, ovelhas) e pode ser transmitida aos homens e afectar a pele, os
pulmões, o sistema gastrintestinal até dar forma disseminadas. Em Moçambique não há dados
epidemiológicos sobre a incidência e a apresentação mais frequente desta doença. O carbúnculo (antraz
cutâneo) é uma zoonose causado pelo Bacillus anthracis, e a forma cutânea (mais frequente) é
caracterizada por pápula que evolui em vesícula e pústula e úlcera com crosta (necrose), sem dor
associado. Quadro clínico: Na forma cutânea: Inicialmente com febre, mal-estar geral, mialgia, cefaleia;
Segue-se o aparecimento de uma pápula que rapidamente evolui para vesícula e pústula com acentuado
edema e eritema periférico que se expande nos dias subsequentes e finalmente a lesão evolui para uma
úlcera com secreção sanguinolenta, seguida de formação de uma crosta escurecida (necrose). As lesões da
pele não são dolorosas. Localização comum: áreas expostas, frequentemente a face, pescoço, membros
superiores. Sinais e sintomas associados: Adenopatia regional; Se não tratada a evolução pode ser grave
com disseminação da infecção e morte. Se tratada, a cura deixa uma cicatriz atrófica definitiva.
6.1.VARICELA: É uma doença infecciosa aguda e altamente transmissível e causada pelo VZV, também
conhecido como HHV3 (human herpes vírus 3). Manifestações clínicas da varicela: Pródromos: mal-
estar geral, cefaleia leve, febrícula. Podem não aparecer em crianças com menos de 10 anos e ser mais
acentuados em adolescentes e adultos. Características das lesões: as erupções inicias são máculas que
em poucas horas (6-8h) tornam-se pápulas e nas lesões mais características da varicela: vesículas com
conteúdo seroso. As lesões são muito pruriginosas. Na pele clara essas vesículas têm a pele circunjacente
muito hiperemiada (como se fosse gota de água em pétalas de rosa). As lesões apresentam características
diferentes no mesmo paciente e região, em diferentes estádios da sua evolução. Se o clínico observa a
pele de um paciente com Varicela vai encontrar no momento da observação pápulas, vesículas e crostas;
enquanto em outras doenças da pele há somente um tipo de lesão que evolui simultaneamente.
Localização: a área mais comum a ser afectada pelas lesões é o tórax e as mucosas oral, nasal, ocular e do
ouvido. As mucosas genitais são também afectadas, sobretudo em pacientes imunodeprimidos.
CONDUTA DA VARICELA: Em pacientes imunocompetentes: Banhos para reduzir o prurido. Coçar
uma lesão dissemina a infecção. Lavar a pele com água e sabão para prevenir as infecções bacterianas;
lavar mãos e cortar unhas; Anti-histamínicos tópicos e/ou por via oral: Loção de CALAMINA – aplicar
2-3 vezes por dia nas áreas afectadas, CLORFENIRAMINA – 4 mg 3 vezes por dia Usar anti-sépticos
ou antibióticos tópicos ou via oral em caso de sobreinfecção bacteriana. Em pacientes imunodeprimidos
usar ACYCLOVIR oral: Em adultos: ACYCLOVIR 800mg 5x/dia durante 7 dias, iniciado
possivelmente nas primeiras 24- 72 horas após o aparecimento das lesões da pele. O tratamento com
ACYCLOVIR é para prevenir as complicações, a difusão das lesões, e reduzir a duração das
manifestações clínicas e não para a cura!
queimadura e pode durar meses ou anos. Os sinais e sintomas associados mais comuns podem ser, além
da dor: Hipersensibilidade ao tacto que se manifesta como dor leve ao usar roupa, por exemplo. Prurido e
sensibilidade alterada na área afectada. CONDUTA da herpes zóster ou “queimadura da noite”: Em
pacientes imunocompetentes, com localização no tórax: Banhos húmidos na área com lesões.
PARACETAMOL cpr: 500-1000mg de 6 em 6 horas; ou IBUPROFENO 400 mg de 8 em 8 horas ou
ACIDO ACETILSALICÍLICO cpr 500mg de 8 em 8 horas, para a dor. AMITRIPTILINA cpr oral
(nível 3): para a dor se os medicamentos acima descritos não foram eficazes, começar com 10mg/dia à
noite e aumentar até 25mg (max 100mg/dia) durante 10 dias. Em pacientes imunodeprimidos, com
qualquer localização: Em adultos: ACICLOVIR 800mg VO, 5x/dia durante 7 dias, iniciado
possivelmente nas primeiras 24 - 72 horas após o aparecimento das lesões da pele. Em caso de
envolvimento oftálmico, em todos os pacientes: ACICLOVIR: 800mg 5x/dia por 10 dias e referência
para o oftalmologista ou médico. Em caso de Neuralgia pós-herpética: AMITRIPTILINA
comprimidos oral: começar com 10mg/dia e aumentar até 25mg (máx 100mg/dia) durante 10 dias.
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7.MOLUSCO CONTAGIOSO: É uma infecção viral benigna da pele, caracterizada por pequenas
pápulas umbilicadas no centro com diâmetro de 2 a 10 mm, com cor igual da pele circunjacente, sem
sintomas associados. É causada pelo um PoxVírus. Quadro clínico: Características da lesão e sua
evolução: Pequenas pápulas umbilicadas (com uma depressão que parece umbigo) no centro com
diâmetro de 2 a 10 mm, com cor igual da pele circunjacente. O número pode variar de 2 a 20, ou mais em
pacientes imunodeprimidos. A difusão é possível por auto-inoculação por coceira do vírus presente nas
lesões. A cura das lesões é espontânea na maior parte dos casos. Local de aparecimento: qualquer
localização é possível, mas as mais comuns são as áreas peri-oculares e as regiões púbica e ano-genital.
CONDUTA: Aplicação tópica de preparações a base de ÁCIDO SALICÍLICO (pomada de ácido
salicílico): 2-3 aplicações ao dia até as lesões desaparecer; Remoção mecânica (com agulha) da parte
central da pápula; Crioterapia após consulta com um cirurgião ou dermatologista, em caso seja muito
difuso.
8. VERRUGAS: As verrugas são neoformações da camada epitelial da pele. Podem ter formas e
localização variável dependendo do agente causal. Podem ser planas, elevadas e vegetantes com
superfície lisa ou grosseira, de várias dimensões e localizações. Classificação e quadro clínico: As
verrugas podem ser diferenciadas em 2 grandes grupos: verrugas comuns da pele e verrugas anogenitais.
As verrugas comuns da pele são: verrugas plantares e verrugas planas. Verrugas plantares: tem aspecto
relevado, com superfície rugosa, irregular e hiperqueratonizadas. Têm localização comum na planta dos
pés. Verrugas planas: tem aspecto plano. São pequenas com superfície lisa, são múltiplas e disseminadas
ou agrupadas de forma linear. São localizadas normalmente no rosto e nas extremidades. Verrugas
anogenitais: Característica das lesões: pequenas pápulas moles e húmidas que aumentam de volume
rapidamente e podem tornar-se pedunculadas, ou seja, ficar ligadas ao tecido por meio de um pedúnculo e
ter uma “cabeça” que acrescenta-se externamente. Normalmente são agrupadas e podem ser semelhantes
à uma couve flor, às vezes ficam isoladas. Em pacientes imunodeprimidos ou em mulheres grávidas
podem crescer mais rapidamente e portanto ser mais volumosas. Localização: prepúcio, meato uretral,
corpo do pénis, região perianal e recto nos homens; vulva, parede vaginal, colo do útero e períneo nas
mulheres. TRATAMENTO das verrugas comuns: Medicamentos queratolíticos a base de ÁCIDO
SALICÍLICO e ACIDO LÁCTICO, remoção cirúrgica entre outros.TRATAMENTO das verrugas
anogenitais: PODOFILINA – solução alcoólica tópica de resina de PODOFILINA a 20%, aplicar, com
toque restrito à vegetação, com porta-algodão fino. Seis horas depois da aplicação lavar bem com água e
sabão. Se necessário repetir a aplicação em intervalos de 14 dias.
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9.EXANTEMAS: Exantema é uma erupção cutânea difusa, simétrica mais ou menos extensa ao longo
da superfície do corpo caracterizada por uma ou mais lesões elementares primárias. Estas lesões cutâneas
são normalmente caracterizadas por lesões elementares da pele que podem ser: eritema, pápulas, pústulas,
vesículas, e podem ser localizadas ou confluir em grandes áreas. Quando estas lesões se manifestam a
nível das mucosas, são classificadas como Enantema. EXANTEMAS VIRAIS COMUNS:
9.3.RUBÉOLA: Doença infecciosa aguda, muito contagiosa, relativamente comum em crianças e adultos
jovens, e na maior parte das vezes é assintomática. Quadro clínico: Começa com febre, mal-estar geral,
cefaleias, mialgias, adenopatias retroauriculares, cervicais e suboccipitais. O exantema surge depois
rapidamente, como erupção fugaz constituído por pequenas manchas eritematosas que começam na face e
progridem em 24 horas no sentido cefalocaudal, ou seja, da cabeça para os membros inferiores, pouco
pruriginosas. Normalmente poupa as regiões palmoplantares e desaparecem em poucos dias. Acompanha-
se por vezes de artralgias. Este quadro é frequentemente mais grave no adolescente e adulto. As lesões
desaparecem em 3 a 4 dias deixando uma descamação fina.CONDUTA: Cuidados de suporte: Repouso
até febre, cefaleia e cansaço desaparecer; Evitar as actividades físicas e os desportos violentos para a
prevenção da ruptura do baco; Antipiréticos: PARACETAMOL.
10. INFECÇÃO AGUDA POR HIV (SINDROME RETROVIRAL AGUDO): É o conjunto de sinais
e sintomas que podem apresentar-se logo após a infecção pelo vírus HIV, representando a resposta aguda
do sistema imunitário e do organismo a esse vírus. Quadro clínico: Cerca de 40 a 90% das primo-
infecções apresentam sinais clínicos sistémicos como: Febre elevada ( 39°C ); Cefaleia, astenia,
suores, Mialgias, artralgias; Faringite dolorosa; Adenopatias generalizadas; Sinais digestivos:
diarreia, vómitos; Sinais neurológicos: letargia (sonolência), rigidez da nuca. Pode apresentar
exantema, que pode ser macular, maculopapuloso, eritemato-descamativo, urticariforme,
hemorrágico ou pustuloso. Não é pruriginoso. Localização: tronco, ombros, palmas e plantas e
mais raramente a face. A duração da síndrome retroviral aguda é, geralmente, de 3 a 14 dias.
TRATAMENTO: Cuidados de suporte: Repouso; Antipiréticos e anti-inflamatórios:
PARACETAMOL, ACIDO ACETIL SALICÍLICO.
11.PEDICULOSE (PIOLHO): A pediculose é uma infestação que pode atingir o couro cabeludo, o
corpo e a área genital. Comummente é conhecido por piolho. Essas três formas são causadas por agentes
etiológicos diferentes: Pediculus humanus capitis: couro cabeludo; vive na pele; Pediculus humanus
corporis: corpo; vive nas roupas; e Phthirus pubis: área genital; vive nos pelos púbicos. Classificação,
quadro clínico e TRATAMENTO:
11.3.PEDICULOSE GENITAL: o sinal de infestação é dado pela presença das dejecções do parasita nas
calcinhas ou cuecas em contacto com as áreas infestadas, parecem pontos marrom. A lesão da área
afectada é similar à dermatite de irritação. O agente etiológico não é muito fácil a ser identificado, é
similar a uma crosta. Os ovos estão colados a pele na base dos pêlos. Localização: nos pêlos do pube e da
região perianal, mas pode-se estender nas áreas ao redor, sobretudo se o paciente tem muitos pêlos.
TRATAMENTO: loção de HEXACLORETO DE BENZENO como na pediculose do couro cabeludo
e evitar relações sexuais até ser curado.
12. ESCABIOSE (SARNA): A escabiose ou sarna é uma parasitose da pele (ou infestação) muito
contagiosa, caracterizada por prurido intenso e presença de lesões vesiculo-papulares superficiais com
tendência a sobreinfecção bacteriana. Etiologia: é causada pelo Sarcoptes scabiei. Quadro clínico:
Característica da lesão e sua evolução: A lesão inicial é uma galeria tortuosa, de comprimento
variável de poucos mm a uns cm, com uma pápula na sua extremidade. Essa lesão inicial muitas
vezes não é visível pelo clínico quando o paciente chega a consulta com as lesões já evoluídas
em lesões vesiculopapulosas, escoriativas, crostas e lesões secundárias por coceira devido ao
prurido intenso. Local de aparecimento: Em adultos e adolescentes: axilas, área periumbilical,
pregas interdigitais, do pulso, punhos, nádegas, pregas genitais, ao redor da aréolas nas mulheres,
no pénis e na área ao redor do umbigo; pode difundirem-se no tronco e membros. Em crianças e
especialmente em menores de 2 anos: palmas das mãos e plantas dos pés; em lactentes na face e
couro cabeludo, e pescoço. Sinais e sintomas associados: Prurido intenso que aumenta a noite;
lesões devida a coceira. Sarna Norueguesa: Uma forma de Escabiose é a Sarna Norueguesa:
caracterizada pela exacerbação das lesões papulosas, crostosas e escoriativas de uma forma
generalizada sobretudo nas palmas das mãos e plantas dos pés, e no couro cabeludo em crianças.
Essa forma é frequente em pacientes imunodeprimidos com HIV. As lesões contem muitos
parasitas; não há prurido associado. TRATAMENTO: Sarna clássica: Higiene: banho com
água e sabão, lavar a roupa pessoal e da cama, toalhas com água quente e sabão e expor a luz do
sol. HEXACLORETO DE BENZENO: aplicar à noite, depois de um banho com água quente e
sabão, do queixo à planta dos pés insistindo onde há lesões ou prurido. Deixar na pele durante 24
horas. Tomar novo banho e mudar de roupa do corpo e da cama, esta roupa deve ser muito bem
lavada e passada a ferro. BENZOATO DE BENZIL a 20% a 30%: diluir 1/10 (uma parte de
medicamento em 10 partes de água fervida) se a criança tem menos de 1 ano de idade e 1/5 (uma
parte de medicamento em 5 partes de agua) se a criança tem mais de 1 ano e aplicar 2 noites
consecutivas depois do banho em toda a superfície da pele a partir do pescoço até os pés,
incluindo a cabeça caso esteja afectada. É necessário que o medicamente esteja em contacto com
a pele por pelo menos 24 horas. Em caso de criança, se o cuidador não percebeu bem como
diluir o medicamento, é melhor utilizar o HEXACLORETO DE BENZENO. Antibióticos
sistémicos em caso de impetigenização associada: AMOXICILINA com ÁCIDO
CLAVULANICO. Sarna Norueguesa: Mesmo tratamento, mas prolongando o período de
aplicação dos medicamentos para durar entre 2-3 semanas.
13.TUNGUÍASE (MATEQUENHA): A tunguíase, conhecida como matequenha em Moçambique, é
uma parasitose da pele causada pela Tunga Penetrans ou “pulga do pé”. Quadro clínico: Após 8-12 dias
da penetração da Tunga, a infecção começa a aparecer com sinais de inflamação e com pus no lugar da
penetração e prurido. Em seguida aparecem as lesões de coceira, os ovos podem sair deixando uma úlcera
circular que pode tornar-se infectada; a confluência de várias úlceras pode apresentar o aspecto de uma
colmeia de abelhas. CONDUTA: Remoção da fêmea utilizando agulhas estéreis para tirar toda a cápsula
em forma de “ervilha” que contém os ovos sem que se rompa. Lavagem e desinfecção da úlcera e
aplicação de antibióticos tópicos se sobreinfecção.
14.LARVA MIGRANS: A Larva Migrans é uma doença causada por parasitas helmintos Ancylostoma
brasiliense e Ancylostoma caninum que é um verme parasita do cão ou do gato. Quadro clínico: Na pele,
o parasita escava uma galeria tortuosa que pode ser visível na pele como linhas hipercrómicas tortuosas
(daí o nome de dermatite serpinginosa). Está presente prurido intenso e o coçar determina o
desenvolvimento de dermatite e sobreinfecção bacteriana.TRATAMENTO: ALBENDAZOL, na dose
de 400 mg/dia, durante 3 dias consecutivos. O ALBENDAZOL está contra-indicado na gravidez. Nos
casos de gravidez, não usar o ALBENDAZOL e pode ser usado o spray de CLORETO DE ETILO,
aplicando sobre as lesões, que mata a larva pela baixa temperatura. TIABENDAZOL tópico, pomada de
30 g: aplicar com fricção suave sobre os trajectos da larva e um centímetro à volta, 4 vezes por dia, até
cessar o avanço da larva e mais dois dias.
15.MICOSES CUTÂNEAS: As micoses cutâneas são infecções superficiais ou profundas causadas por
fungos.
bem delimitado, papular e/ou vesiculoso, e há tendência à cura no centro da lesão. Uma simples lesão
pode apresentar vários anéis concêntricos. A confluência das lesões forma lesões de aspecto policíclico ou
com vários anéis e a distribuição é assimétrica. Por vezes, há coexistência de lesões em outras áreas do
corpo nomeadamente: Tinha capitis (em crianças), e Tinha das unhas, pés, e virilhas (sobretudo em
adultos). O prurido normalmente está presente e constante. A evolução é crónica. TRATAMENTO:
Aplicação nas lesões de cremes antifúngicos: CLOTRIMAZOL, ou KETOCONAZOL ou
MICONAZOL,, 2-3 vezes ao dia. Se lesões extensas e/ou evolução > 3 meses, ou recaída das lesões:
Aplicação de cremes antifúngicos e tratamento por via oral com GRISEOFULVINA, comprimidos
de 500mg na dose de 500 a 1000 mg/dia durante 4 semanas.
15.4.TINHA DOS PÉS: É a infecção fúngica na planta dos pés. Quadro clínico: Afecta principalmente
espaços interdigitais, planta e bordo do pé (raramente o dorso). TRATAMENTO: Higiene geral e manter
as pregas interdigitais secas; Na forma de vesículas e pústulas: pedilúvios com soluto de
PERMANGANATO DE POTÁSSIO 1: 10.000: preparar a solução diluindo 1 comprimido ou meia
colherzinha de chá de pó ou granulado de PERMANGANATO DE POTÁSSIO e mergulhar os pés
nesta solução durante 20 a 30 minutos; fazer o banho 1 ou 2 vezes ao dia antes de aplicar os antifúngicos
locais. Aplicação de antifúngicos, preferencialmente na forma de solutos, pôs ou creme:
MICONAZOL, CLOTRIMAZOL, ou KETOCONAZOL, 2 - 3 vezes ao dia durante 2 a 3 semanas.
Arejamento dos sapatos. Tratamento da infecção bacteriana se presente: BACITRACINA pomada: 2
aplicações ao dia por 7 dias ou ÁCIDO FUSÍDICO 2 aplicações por dia por 7 dias. Tratamento da
onicomicose concomitante se presente com os mesmos antifúngicos. Correcção dos factores
predisponentes. Se evolução > 3 meses, ou recaída: Aplicação de antifúngicos, preferencialmente na
forma de solutos, pó ou creme e tratamento por via oral com GRISEOFULVINA comprimidos de
500mg na dose de 500 a 1000 mg/dia durante 4 semanas.
15.5.TINHA DAS UNHAS (ONICOMICOSE): é a infecção da prega e leito da unha por fungo
dermatófito. Quadro Clínico: Início no bordo livre ou bordos laterais da unha por mancha esbranquiçada
com perda de transparência e brilho, tornando-se amarelada ou esverdeada; evolui posteriormente com
aumento de espessura e quebra facilmente levando a destruição da unha. Atinge 1 ou várias unhas; é raro
atingir todas. Evolução lenta mas progressiva durante anos ou mesmo a vida inteira.Tendência a
cronicidade e frequentemente a unha constitui reservatório do fungo. TRATAMENTO: são frequentes as
recidivas, e a cura é difícil. Tratamento por via oral com GRISEOFULVINA comprimidos de 500mg
na dose de 500 a 1000 mg/dia durante 4 a 6 meses nas unhas das mãos e durante 6 a 12 meses nas
unhas dos pés. Desgaste metódico da unha com lima ou substâncias químicas: ureia 40% aplicando um
penso oclusivo; Aplicação de antifúngicos, preferencialmente na forma de solutos, verniz ou creme:
MICONAZOL, CLOTRIMAZOL, ou KETOCONAZOL, 2 - 3 vezes ao dia; Tratamento da Tinha dos
pés concomitante; Correcção dos factores predisponentes.
16. CANDIDÍASE CUTÂNEA E MUCOCUTÂNEA: É uma infecção aguda ou crónica da pele e/ou
mucosas, causada por um fungo, a Candida albicans. Esta infecção normalmente é recorrente pode
afectar pele, mucosas e unhas. Classificação e Formas Clínicas: Existem diversas formas clínicas de
Candidíase: Intertrigo Candidíasico; Candidose Bucal ou Oral que podem ser, Estomatite e Queilite
Angular; Boqueira ou perlèche; Candidíase vulvovaginal; Balanite Candidíasica; Anite Candidíasica; e
Candidíase. Ungueal
16.2.CANDIDÍASE BUCAL OU ORAL: Pode apresentar-se sob a forma de: Estomatite e Queilite
Angular.
16.2.1.Estomatite: É uma infecção da mucosa bucal muito comum em bebés que afecta a cavidade bucal,
parcial ou total: língua (muito comum nos bebés), mucosa jugal, palato, gengivas.
No adulto, e em criança > 2 anos, quando se manifesta está normalmente associado a estados de
imunodepressão por doenças debilitantes, por tratamentos imunosupressores, antibioticoterapia
prolongada, Diabetes, infecção pelo HIV. Quadro clínico: Caracteriza-se por Eritema difuso da mucosa
que se torna lisa, brilhante e dolorosa; Depósitos esbranquiçados de aspecto leitoso, grumoso e aderentes
à base que se erosionam ao destacar, deixando uma superfície vermelha e sangrenta; Ardor e sensação de
secura da boca, gosto metálico, dificuldade na deglutição e mastigação; Pode estender-se à traqueia e
esófago, sobretudo em doentes com imunodepressão; E frequente em doentes infectados pelo HIV
(adultos e crianças), correspondendo ao estadio III na classificação da OMS.
16.2.2. Queilite Angular, Boqueira ou Perleche: É caracterizada por afectar as comissuras labiais. É
comum em idosos, pessoas desdentadas, portadores de próteses dentárias mal adaptadas e atrofia da
mandíbula em que as pregas estão constantemente húmidas. Queilite Angular, Boqueira ou Perleche
É caracterizada por afectar as comissuras labiais. É comum em idosos, pessoas desdentadas, portadores de
próteses dentárias mal adaptadas e atrofia da mandíbula em que as pregas estão constantemente húmidas.
Quadro clínico: Pequenas lesões eritemato descamativas com exsudação cremosa nos cantos da boca e
no fundo fissura dolorosa; pode afectar ou não a mucosa labial. TRATAMENTO da estomatite e
queilite: Correcção ou tratamento dos factores predisponentes, (por ex. Diabetes, Sida ou outro
eventualmente identificado); Eliminação de factores patogénicos locais, (remoção ou substituição de
dentaduras); Tratamento local, MICONAZOL, 1 comprimido mucoadesivo/dia durante 7 dias ou
NISTATINA 1 comprimido para diluir na boca, 4 vezes /dia durante 7 dias; Tratamento oral se o
tratamento anterior não teve sucesso: FLUCONAZOL 100 mg, 1 cp/dia durante 10 dias.
16.5. ANITE CANDIDIÁSICA: É uma Inflamação perianal que apresenta: Placa com eritema, edema e
secreção esbranquiçada na região perianal; Pústulas à periferia da placa; Prurido, dor e ardor.
TRATAMENTO: Correcção ou tratamento dos factores predisponentes, (por ex. Diabetes ou outro
eventualmente identificado); Eliminação de factores patogénicos locais: manter a pele seca. Tratamento
local, preferencialmente com antifúngicos na forma de solutos ou cremes: MICONAZOL,
CLOTRIMAZOL ou KETOCONAZOL, 2 vezes ao dia até a melhora das lesões.
16.6. CANDIDÍASE UNGUEAL: É uma infecção por cândida, caracterizada sobretudo por afecção das
pregas periungueais.quadro clínico: Paroníquia: afecção das pregas periungueais: mostram-se
edemaciadas, tumefactas, eritematosas, brilhantes, tensas e dolorosas à palpação; pressão sobre a prega
origina saída de pus. Um ou vários dedos podem estar afectados. A unha pode eventualmente estar
envolvida; inicia-se na parte proximal e mais raramente nos bordos laterais: Mancha esbranquiçada ou
amarelada com opacificação da unha que depois se torna mole, e facilmente se quebra. TRATAMENTO:
Correcção ou tratamento dos factores predisponentes, (por ex. Diabetes, Sida ou outro eventualmente
identificado); Eliminação de factores patogénicos locais: Cuidados higiénicos com as mãos, evitando a
imersão repetida e prolongada em água; Uso de luvas ou redução dos traumatismos do trabalho doméstico
ou profissional no caso de donas de casa, domésticas, lavadeiras. Tratamento local, preferencialmente
com antifúngicos na forma de solutos, cremes ou vernizes: de MICONAZOL, CLOTRIMAZOL ou
KETOCONAZOL 2 - 3 vezes por dia, durante varias semanas ou meses. Tratamento por via oral:
KETOCONAZOL (200mg) 1 cp/dia durante 3 a 6 meses.
17. PITIRÍASE VERSICOLOR: É uma infecção fúngica (micose) superficial caracterizada por
alteração na pigmentação da cutânea, que varia de branco a castanho, justificando o atributo “versicolor”.
É a micose superficial mais comum nos países tropicais. É habitualmente assintomática, muitos doentes
não procuram tratamento médico e muitas vezes é diagnosticada em doentes que procuram médico por
outros motives. Quadro clínico: Pequenas manchas irregulares, levemente descamativas (escama
evidenciada por raspagem da lesão com as unhas) que podem confluir formando manchas maiores
acastanhadas ou hipopigmentadas. Localização preferencial: face, pescoço, nuca, região superior do
tronco, raiz dos membros superiores; no couro cabeludo manifesta-se com descamação fina, vulgarmente
chamada de caspa e sem sinais de inflamação. Normalmente o prurido está ausente, senão em casos de
excessiva transpiração. Evolução crónica. As recidivas são comuns. A despigmentação pode persistir por
meses. TRATAMENTO: Aplicação de tópicos imidazóis: CLOTRIMAZOL, KETOCONOZOL, 2
vezes/dia durante 3 a 4 semanas ou até as lesões desaparecerem e mais 1 ou 2 semanas depois das lesões
desaparecerem. Correcção se possível, de factores predisponentes. Se resistência ao tratamento local:
KETOCONAZOL (200mg): 1 cp/dia oral durante 1 semana, ou 1 vez/semana por 4 semanas ou
FLUCONAZOL (150 mg): 1 cp 1 vez/semana por 4 semanas.
18. ECZEMAS: O eczema, ou dermatite, é uma inflamação superficial da pele, que afecta a epiderme e
parcialmente a derme, caracterizada por lesões de diferentes aspectos dependendo da fase de evolução.
ano-genital. Sintomas associados: Prurido, quase sempre presente; hiperemia da pele; fissurações da pele
com exsudação clara. TRATAMENTO: Loção de CALAMINA: 3-4 aplicações por dia até o eczema
desaparecer; Esteróides tópicos para reduzir a inflamação: BETAMETASONA creme, 2-3x/dia
aplicações ao dia por 5 dias. Reduzir a frequência das aplicações logo que se verificar melhoria das
lesões, evitando aplicações prolongadas por mais de 2-3 semanas. Antibióticos em caso de sobreinfecção:
AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂNICO (cpr 375mg): 1cpr de 8 em 8 horas para 5-7 dias ou
ERITROMICINA 500 mg, 1 comprimido de 6/6 horas durante 7 dias. Anti-histamínicos orais em caso
de prurido: CLORFENIRAMINA cpr 4mg: 1 cpr 3 vezes ao dia por 5 dias.
couro cabeludo: ÁCIDO SALICÍLICO 1-2 vez por semana até o desaparecer das lesões. Lesões
descamantes no couro cabeludo ou na pele: loções com corticosteróides até o desaparecer das lesões
(HIDROCORTISONA ou BETAMETASONA). Lesões na cara: Creme com HIDROCORTISONA
ao 1% ou creme de KETOCONAZOLE a 2%.
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19. REACÇÕES ADVERSAS CUTANEAS AOS MEDICAMENTOS: As reacções cutâneas
provocada por medicamentos são similares a várias outras patologias, não relacionada à medicamentos,
que afectam a pele. A maior parte das erupções são leves e auto-limitantes e na maior parte das vezes
desaparecem com a suspensão do medicamento. Medicamentos associados à Reacções Adversas
Cutâneas: Os medicamentos mais comuns são: Antibióticos: Penicilinas: AMOXICILINA,
AMPICILINA, PENICILINA G; Sulfonamidas: como o SULFADOXINA e PIRIMETAMINA (SP-
FANSIDAR) e o CO-TRIMOXAZOL (trimetropim e sulfametoxazol). ISONIAZIDA; Anti-
inflamatórios não Esteróides (AINE’s): ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (aspirina);
INDOMETACINA; Anticonvulsivos: FENITOINA, CARBAMAZEPINA; Anti-retrovirais: NEVIRAPINA.
Quadro clínico: As manifestações podem variar de uma simples hiperemia à uma necrose da pele. As
mais frequentes são: Exantemas: que podem ser maculo-papular ou morbiliforme associados a prurido
(por exemplo os devidos a penicilina, barbitúricos, sulfamidas); escarlatiniforme (semelhante ao
exantema devido a escarlatina), roseoliforme (semelhante a roseola); Urticária, caracterizada por lesões
papulosas (por causa de penicilina); Eritema com ou sem descamação; Pústulas que parece a acne (por
causa de esteróides); Bolhas; Necrólise com áreas da pele que se descolam parecendo uma queimadura
(por causa de penicilina, sufamidas). Isso é a forma mais grave do reacção cutânea. Muitas vezes
apresenta com lesões na pele, e também úlceras nas mucosas. Os medicamentos podem também causar
prurido e alterações da sensibilidade da pele sem uma lesão específica evidente da pele. As erupções
cutâneas podem acontecer em diferentes tempos após a exposição: Logo após ter tomado o medicamento,
sobretudo em pacientes sensibilizados previamente; No fim do tratamento; Até 3 semanas após de ter
tomado o medicamento. É importante avaliar a gravidade das manifestações da pele para determinar uma
situação de potencial risco de vida. TRATAMENTO: O tratamento das erupções cutâneas devidas a
medicamentos depende da gravidade e localização das lesões: Anti-histamínicos orais:
CLOFERNIRAMINA 4mg 3 vezes ao dia até 2-3 dias após o desaparecimento das lesões (em casos
graves usar via IM/EV – DIFENIDRAMINA 50 mg); PREDNISOLONA se as reacções são difusas ou
grave: 30-60mg/dia no início e reduzindo segundo a resposta no decurso de duas semanas (em casos
graves usar via IM/EV – HIDROCORTISONA 100 mg EV ou PREDNISOLONA 25 a 100 mg
EV/IM); Referir em caso de lesões severas (ver acima) e internamento para dar hidratação
(LACTACTO DE RINGER ou SORO FISIOLÓGICO), medicação das lesões, antibióticos e
analgésicos.
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20. URTICÁRIA: A urticária é uma doença reactiva da pele caracterizada por prurido e pápulas.
Quadro clínico: Características da lesão: A lesão típica é de uma pápula edematosa de forma (oval,
redonda, serpinginosa) e tamanho variável (poucos mm até 4-5 cm) com uma área eritematosa ao redor
que na sua evolução tem uma forma de anel até ao desaparecer da lesão. Pode ter forma de “alvo”. Outras
lesões podem ser pápulas violáceas ou pápulas palpáveis que definem a presença de vasculite por
urticária. As lesões surgem em tempos diferentes: pode haver uma erupção de um grupo de pápulas e
sucessivas erupções a cada hora ou intervalo de tempo, que desaparecem e aparecem outras no mesmo
lugar ou em lugares diferentes. Na urticária aguda as lesões persistem por menos de 24 horas. Se
persistirem mais de 24h, deve-se considerar uma vasculite associada. É uma doença que pode persistir
poucos dias ou até anos. As lesões da urticária crónica começam com as mesmas características acima
descritas para a urticária aguda e tornam-se pápulas mais dura e infiltradas, às vezes placas, e com lesões
de coçamento. Localização: Pode aparecer em qualquer lugar do corpo, incluindo o rosto. Sinais e
sintomas associados: O prurido é geralmente o primeiro sintoma. Pode ser presente o fenómeno chamado
de dermografismo: a pele pode ser tocada com a ponta de um abaixador da língua ou tampa de uma
caneta e a pele desenvolve pápulas e ou eritema típicos da urticária, dentro de 5-15 minutos nas regiões
pressionadas. Pode ser presente angioedema, ou seja, o edema dos tecidos mais profundos, da derme e do
tecido subcutâneo e submucoso das seguintes localizações: cara, mais evidente nas palpebras e lábios; nas
extremidades, mãos e pés, língua, vias aéreas superiores. O angioedema (inchaço da pele e ou mucosas)
pode ser presente juntamente às lesões cutâneas (em 50% pacientes) ou pode aparecer sozinho, sem lesões
típicas da pele (em 10% dos pacientes). Em caso de afectação das vias aéreas superiores, podem também
ser afectadas as vias aéreas inferiores com broncoespasmo que pode levar a insuficiência respiratória
aguda e perigo de vida (ver anafilaxia). CONDUTA: O objectivo primário do tratamento é de tratar o
prurido; Suspender o agente desencadeante: caso seja um medicamento ou comida é necessário suspendê-
los. Evitar o contacto com o agente causal ou suspeito. Evitar a toma de agentes que libertam histamina:
em caso de urticária alimentar ou medicamentos. Evitar o stress mental, situações de cansaço excessivo,
medicamentos não-esteróides, vestidos muito apertados. CALAMINA loção: 4-6 aplicações ao dia.
Tomar banho morno à noite antes de se deitar para reduzir o prurido. Anti-histamínico oral:
CLORFENIRAMINA cpr 4mg: 1 cpr a cada 8 horas até as lesões da pele desaparecerem por 2-3 dias.
PREDNISOLONA: caso os anti-histamínicos não forem eficazes, ou em caso de urticária generalizada.
40mg 1 vez ao dia por 4 dias ou 1 semana em combinação com os anti-histamínicos. Esteróides tópicos:
BETAMETASONA creme: 2 aplicações ao dia; indicado nas formas crónicas.
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21. ACNE JUVENIL (VULGAR): É uma dermatose crónica inflamatória do folículo pilossebáceo e do
tecido perifolicular. É também chamada acne juvenil. Quadro Clínico e Classificação: Características
das Lesões: A acne é caracterizada pela presença de comedões (pequenos quistos com material
queratinoso e de sebo) devidos a bloqueio do óstio folicular. São os precursores das lesões inflamatórias
do acne, pápulas, pústulas, pápulas-pústolas e cistos superficiais que contem pus (purulentas), nódulos
inflamatórios, e nos casos mais graves, desenvolvem-se fistulas e supurações. A pele é untuosa,
seborreica na região frontal, no nariz, nas bochechas e mento. Os comedões são as primeiras lesões que
aparecem. São pontos elevados pretos ou comedonas abertos (mais visíveis na pele clara) ou brancos ou
comedonas fechados, que associam-se a pápulas, pústulas e nas formas mais graves a cistos e nódulos,
fístulas das quais saem um líquido purulento ou purulento hemorrágico. As lesões curam-se deixando
cicatrizes mais ou menos evidentes, incluindo também cicatrizes hipertróficas e retrácteis. Localização:
cara (mais comum), pescoço, tórax posterior e anterior, ombros. Classificação: Dependendo das lesões
predominantes, há 2 tipos de acne: Acne superficial: caracterizada por comedões abertos ou fechados,
pápulas, pústulas ou cistos superficiais; cura-se sem deixar cicatrizes. Acne profunda: caracterizada por
quistos mais profundos, nódulos inflamatórios com tendência a expansão e formação de abcessos e
cicatrizes evidentes. TRATAMENTO: Acne superficial: Lavagem diária com sabão: melhoram o
aspecto seborreico do rosto; Acne pustulosa superficial: aplicação local de BACITRACINA
pomada/ÁCIDO FUSÍDICO e lavagem com PERÓXIDO DE BENZIL ao 5-10% 2x ao dia ou a noite;
Acne profunda: o tratamento local não funciona; Antibiótico por via oral como TETRACICLINA
500mg de 12 em 12 horas durante 4 semanas e depois reduzindo a dosagem para 250 mg de 12 em 12
23.1. CHOQUE ANAFILÁCTICO: É uma reacção sistémica, aguda e severa de duração variável que
manifesta-se de repente após a sensibilização com o agente desencadeante, e pode levar a morte. Está
relacionada a uma reacção de hipersensibilidade de tipo I (vide PA 3 desta disciplina); Os agentes causais
mais comuns são: antibióticos da família das penicilinas, as picadas de insectos, o sangue e derivados. Os
pacientes que já apresentaram manifestações alérgicas contra aquele determinado agente causal têm maior
risco. Quadro clínico: Após 1-15 min o paciente torna-se irrequieto, agitado e tem palpitações,
parestesias, prurido, tosse, urticária, angioedema e dificuldade a respirar por causa do edema da laringe ou
de broncoespasmo. Sintomas gastro intestinais podem aparecer, sendo mais raros, como náusea, vómito,
dor abdominal, diarreia. Sintomas de choque com hipotensão e taquicardia, convulsões e perda de
consciência podem apresentar-se após 1-2 minutos do início da sintomatologia descrita acima.
CONDUTA: O manejo das complicações acima descritas é o seguinte: Em caso de reacções de média
gravidade (prurido generalizado, urticária, angioedema, leve dificuldade respiratória, náusea e vómito):
ADRENALINA Injecção 1 mg/ml (1:1000): 0.3-0,5ml intramuscular que pode-se repetir após 5
minutos se a primeira injecção não funcionou. Se angioedema da glote: aerossol de ADRENALINA:
1mg de ADRENALINA em 4 ml de SORO FISIOLÓGICO. Se não disponível equipamento para
aerossol: ADRENALINA 0.3 a 0.5 ml via IM/SC; Anti-histamínicos orais (CLORFENIRAMINA 4
mg); PREDNISOLONA 50mg (pode ir até 100 mg) EV ou IM. Em caso de reacções graves
(angioedema generalizado sem hipotensão): ADRENALINA como acima; Anti-histaminico EV:
DIFENIDRAMINA 50mg IM/EV; PREDNISOLONA 50 – 100 mg EV/IM ou HIDROCORTISONA
100 a 500 mg EV. Em caso de choque: Posição de Trendelemburg ou seja o paciente fica deitado com
as pernas levantadas em 45º. Reanimação cardio-pulmonar se paragem; ADRENALINA 1 ml da
solução a 1:10.000 (diluir 1 mg em 9 ml de SORO FISIOLÓGICO) EV lento repetindo a cada minuto
de acordo com a resposta obtida. SORO FISIOLÓGICO ou LACTATO DE RINGER 1000 ml rápido
em dois acessos EV, se houver hipotensão incontrolável, DIFENIDRAMINA 50 mg EV lentamente
em 3 minutos; PREDNISOLONA, 50 a 100 mg EV.
4.1.GONORREIA: Agente etiológico: Neisseria Gonorrhoeae. Sinais e Sintomas: A maioria dos casos
é assintomática. Pode causar corrimento vaginal, disúria, polaciúria e dispareunia. TRATAMENTO:
CIPROFLOXACINA 500mg, VO, dose única ou, CEFIXIME 400 mg via oral dose única ou,
KANAMICINA 1 g IM dose única; Grávidas: CEFIXIME 400 mg via oral dose única
4.3.CÂNDIDA: Agente etiológico: Cândida albicans. Sinais e Sintomas: Corrimento vaginal branco
em grumos (aspecto de iogurte), com prurido intenso e hiperemia da vulva. TRATAMENTO:
CLOTRIMAZOL óvulos, 500 mg, uso vaginal, dose única a noite, ou NISTATINA óvulos de
100.000 UI, 1 óvulo vaginal a noite, 14 dias. Grávidas: CLOTRIMAZOL óvulos, 500 mg, uso vaginal,
dose única a noite. Nas pacientes seropositivas e nos casos com doença extensa ou recorrente
administrar: CLOTRIMAZOL óvulos, 500 mg, uso vaginal a noite, 3 dias e associar medicação oral:
FLUCONAZOL 150mg, VO, dose única.
5.2. SÍFILIS PRIMÁRIA: Agente Etiológico: Treponema pallidum. Sintomas e Sintomas: Úlcera
única, indolor, de bordos elevados, regulares e firmes, com fundo duro e limpo. Cura espontaneamente
em 6 a 8 semanas, deixando uma cicatriz fina, mas nalguns casos pode persistir com sinais de Sífilis
secundária. Pode haver linfadenopatia inguinal. TRATAMENTO: PENICILINA BENZATÍNICA, 2,4
milhões UI dose única. Se alergia a PENICILINA usar DOXICICLINA 100mg 2x dia por 28 dias.
Grávidas com alergia à PENICILINA: ERITROMICINA 500 mg por via oral de 6/6 horas por 28 dias.
5.3. CANCROIDE: Agente Etiológico: Haemophilus ducrey. Sintomas e Sintomas: As lesões iniciais
surgem como tumefacções sólidas e dolorosas, que gradualmente se tornam moles (com flutuação) e por
fim fistulizam e formam múltiplas úlceras, devido a auto-inoculação. As úlceras apresentam bordos
irregulares, fundo sujo (purulento e fétido) e são muito dolorosas. O fundo das úlceras é mole, razão pela
qual o cancróide também é chamado de cancro mole. Localizam-se geralmente na face interna dos
pequenos e grandes lábios, mas podem estar presentes em outras localizações como ânus, boca e língua.
Na maioria dos casos, está presente a linfadenopatia inguinal ou femural, geralmente unilateral.
TRATAMENTO: AZITROMICINA (500mg), administrar 1 grama, via oral, dose única, ou
CIPROFLOXACINA (500mg) administrar por via oral, duas vezes por dia, durante 3 dias. Grávidas:
tratar com AZITROMICINA na mesma dose acima indicada.
(pelviperitonite); Moderada e com abcesso: Salpingite aguda com oclusão tubária ou abcesso
tubo-ovariano ou abcesso pelvico; Grave: Abcesso tubo-ovariano roto ou sinais de choque
septico; Os sintomas podem ser leves, sobretudo no início e se o agente causal for a Clamídia,
ou podem ser mais graves, caso o agente causal seja o Gonococo, que determina infecções mais
agudas e de início rápido. Os sintomas mais comuns incluem: Febre: pode estar ausente e
quando presente pode ser intermitente; Dor na região hipogástrica, ou na região lombar, que
pode se manter ou tornar-se mais severa e intensa. Secreção vaginal de cor, cheiro e consistência
anormal. Outros sintomas que podem aparecer são: Sangramento após uma relação sexual; Dor
durante a relação sexual (dispareunia); Calafrios; Astenia e fraqueza generalizada; Micção
frequente (poliúria) ou dolorosa (disúria); Aumento da dor durante o ciclo menstrual; Ciclo
menstrual irregular ou perdas hemáticas entre duas menstruações; Falta de apetite; Náusea com
ou sem vómito. Nota: em alguns casos os sintomas podem estar ausentes e a infecção evoluir
sem ser reconhecida. Os sinais presentes ao exame objectivo do abdómen e ginecológico
incluem: Dor à palpação do abdómen, na parte inferior (hipogástrica) com reacção de defesa
(parede abdominal como uma tábua) caso a dor seja intensa, sinal de Bloomberg positivo,
diminuição ou ausência de sons intestinais por íleo paralítico em casos graves. Dor intensa á
palpação e a mobilização do útero e anexos (exame bimanual).Sangramento do colo do útero;
Secreções do colo do útero. TRATAMENTO: fazer uma abordagem sindrómica, tratando as
principais causas (Gonorreia, Clamídia e agentes anaeróbios).Para Casos Leves e Moderados:
KANAMICINA 2g IM dose única + DOXICICLINA (100 mg): 100mg oral duas vezes ao dia
durante 14 dias (não usar em caso de gravidez) + METRONIDAZOL (500 mg): 500mg oral 2
vezes ao dia durante 14 dias; Para Casos Graves - internar e fazer tratamento com:
AMPICILLINA: 1gr por via EV de 6/6h, durante 7-10 dias + GENTAMICINA: 1 a 1,5 mg/kg
por via EV/IM de 8/8 horas, durante 7 a 10 dias + METRONIDAZOL: 500mg por via EV de
6/6h durante 7 a10 dias. É importante o controlo de seguimento após 4 semanas para controlar se
a infecção foi curada.
7.ABCESSO DE BARTHOLIN: Glândula de Bartholin: São glândulas produtoras de muco e estão
localizadas na vulva, entre os lábios maiores e os lábios menores. São pequenas estruturas com um
tamanho de 0.5 a 1 cm. Essas glândulas têm uma função lubrificante durante o acto sexual.
Abcesso de Bartholin: É o acúmulo purulento de fluidos que forma uma protuberância (inchaço) em
uma das glândulas de Bartholin. O mecanismo fisiopatológico subjacente é a obstrução do ducto da
glândula que provoca uma acumulação delimitada de muco chamada quisto. O quisto pode infectar-se
com consequente formação dum abcesso. Apresentação Clínica: Tipicamente o abcesso de Bartholin
apresenta-se com: Tumoração local acompanhada de dor intensa, rubor (vermelhidão), e aumento da
temperatura local; Os tecidos adjacentes ficam edemaciados; A tumoração evolui com flutuação;
Dificuldade para sentar-se ou caminhar; Dor durante as relações sexuais. Sintomas gerais podem estar
presentes: febre, mal estar geral, calafrios.TRATAMENTO: Quando o abcesso é pequeno pode ser
tratado de forma conservadora: Aplicação de panos quentes e banhos de assento; Para o alívio da dor:
Administrar analgésicos como PARACETAMOL (500 mg oral de 8/8 h S.O.S) ou IBUPROFENO
(400 mg oral de 8/8 h S.O.S). O antibiótico está indicado para algumas pacientes (pacientes diabéticas,
com comprometimento sistémico ou imunodeprimidas). Nestes casos, recomenda-se AMOXICILINA
com ÁCIDO CLAVULÂNCIO 500 mg oral de 8/8 h por 7 a 10 dias. Quando o tamanho do abcesso é
maior e há edema significativo dos tecidos circundantes, deve-se referir a paciente para drenagem.
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8.DISMENORREIA: Dismenorreia significa menstruação dolorosa. Se a dor for acompanhada por
dor no abdómen inferior com irradiação para a região lombar e membros inferiores, náuseas e cefaleia são
chamadas de síndrome da dismenorreia. Classificação: A dismenorreia pode ser: Primária ou idiopática
ou funcional: quando não tem patologia pélvica associada; Secundária: quando é devida a qualquer
doença pélvica orgânica.
8.1.DISMENORREIA PRIMÁRIA: Fisiopatologia: as causas da dismenorreia primária são as
contracções da musculatura lisa do útero por efeito das substâncias produzidas pelo próprio endométrio
(prostaglandinas). Manifestações Clínicas: A intensidade do quadro é variável de leve à casos
acentuados que obrigam a repouso absoluto. Dor hipogástrica tipo cólica de intensidade variável, aliviada
por massagem abdominal, pressão ou movimento. A dor pode ser constante e pode irradiar-se para as
fossas ilíacas, e região lombossacral. Em geral inicia algumas horas antes ou depois do início do ciclo
menstrual e pode durar 48 a 72 horas; Pode estar presente dor na região lombar com possível irradiação
para os membros inferiores. Náuseas e vómitos; Cefaleia; Obstipação ou diarreia; Polaciúria; Raramente,
podem estar presentes episódios de síncope; Sintomas da síndrome pré-menstrual podem iniciar duas
semanas antes da menstruação. Os sinais vitais e o exame ginecológico são normais. Pode haver dor a
palpação do útero, mas não há sinais de irritação peritoneal, nem dor a palpação do colo.
TRATAMENTO: Explicar a mulher que não é nenhuma doença e que seus órgãos genitais/ reprodutivos
estão normais, isso irá acalmá-la; Tratar a dor: devido aos mecanismos causadores da dor na dismenorreia
primária, algumas mulheres respondem a medicamentos específicos e não a outros, pelo que deve-se
iniciar o tratamento com um tipo de medicamento e mudar se após 2 a 3 meses, não tiver efeito. AINEs:
IBUPROFENO comprimido de 200-400mg 3 vezes ao dia, por via oral. Também se pode usar
DICLOFENAC. ASPIRINA deve ser usada como última alternativa devido aos efeitos secundários
(anti-agregante plaquetário). Analgésicos: PARACETAMOL 500mg, administrar 500mg a 1000 mg,
4 a 6 vezes ao dia por via oral, dependendo do nível de gravidade. BUTILESCOPULAMINA :
comprimidos de 10 mg, administrar 10 a 20 mg, 3 a 4 vezes por dia, dependendo da gravidade. O
tratamento é mais eficaz se a administração do medicamento for iniciada 24-48 horas antes do início da
menstruação e continuar por 1-2 dias de forma periódica e não quando tiver dor apenas.
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9. DISPAREUNIA: Dispareunia significa coito difícil e doloroso para a mulher. Geralmente a
dor aparece durante a penetração do pénis na vagina. É um sintoma inespecífico, que pode
ser manifestação de condições patológicas ou por consequência de práticas sexuais (posições
anatomicamente incorrectas e lubrificação inadequada durante o acto sexual).
TRATAMENTO: Deve-se fornecer aconselhamento ao casal, para procurar práticas sexuais
anatomicamente correctas que não agravem a dor; Nalgumas situações (ITS, infecções
urinárias) é aconselhável uma abstinência das relações sexuais ou pode ser usado um creme
com LIDOCAÍNA a 1% aplicada externamente.
10. MENOPAUSA: Climatério, é o período em que se considera que a mulher passa da etapa
reprodutiva para a etapa não reprodutiva. Engloba o período pré-menopausa e termina cerca de um ano
após a menopausa. Cada mulher pode iniciar seu climatério de forma diferente tanto em cronologia
quanto em sintomatologia. A menopausa ocorre durante o climatério, e é a última menstruação da
mulher, que geralmente ocorre entre os 45 e os 55 anos. A pós-menopausa é o período que decorre
depois da menopausa. Popularmente, o termo menopausa é usado para se referir ao climatério. A
menopausa é apenas um evento que ocorre dentro do climatério. Manifestações Clínicas: As
manifestações clínicas são determinadas pelas alterações da concentração dos hormônios estrogénio e
progesterona. Os sintomas são variáveis em cada mulher e podem permanecer por vários anos antes e
depois da menopausa. Podem ser leves e aparecer gradualmente ou podem ser graves e começar
rapidamente, sobretudo se a causa for cirúrgica ou farmacológica. Em algumas mulheres o fluxo
menstrual para repentinamente, mas na maior parte dos casos acontece lentamente e nesse período os
ciclos menstruais são irregulares e tornam-se mais escassos ou até mais frequentes. Os sintomas mais
comuns são: Ondas de calor (fogachos): 75% dos casos; Sudorese nocturna: 75% dos casos; Aumento da
frequência cardíaca; Palpitações; Hiperemia no rosto que aparece e desaparece rapidamente; Insónia;
Redução da libido ou interesse sexual; Dor de cabeça; Ciclo menstrual irregular (antes da menopausa);
Amenorreia (menopausa propriamente dita); Alterações do humor incluindo irritabilidade, depressão e
ansiedade e instabilidade emocional; Cistite; Vaginite atrófica; Dispareunia durante as relações sexuais;
Dor nas articulações e maior susceptibilidade à fracturas devido à osteoporose. TRATAMENTO:
Aconselhamento da mulher e explicação que esta é uma fase normal da sua vida; Aconselhamento para
mudança do estilo de vida, que ajuda a controlar e muitas das vezes a eliminar a maior parte da
sintomatologia: Evitar cafeína, álcool e comida picante; Vestir-se levemente; Comer SOJA e derivados;
Tomar CÁLCIO e VITAMINA D; Fazer exercício físico; Respirar profundamente e lentamente quando
aparecem as ondas de calor; Usar lubrificantes durante a actividade sexual; Caso hajam sintomas
significativos, deve-se referir para beneficiar de tratamento hormonal.
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11.VAGINITE ATRÓFICA: Vaginite atrófica é a inflamação ou irritação da vagina que ocorre como
consequência à alteração do ambiente normal da vagina. Estas alterações são devidas à redução dos níveis
de estrogénio após a menopausa. Manifestações Clínicas: Disúria; Sangramento leve após uma relação
sexual; Dispareunia; Secreções vaginais escassas; Dor tipo queimadura e prurido na vagina.
TRATAMENTO: Em caso de sintomatologia leve: lubrificante vaginal a base de água deve ser usado
durante a relação sexual. Não usar gelatina de petróleo ou óleo mineral, que podem irritar a mucosa
vaginal. Exercício físico para manter uma boa circulação também na área genital. Continuar com a
actividade sexual para manter a elasticidade da vagina e a produção fisiológica de lubrificante. Para
prevenir a vaginite atrófica é possível usar ESTROGÉNIOS vaginais antes da condição tornar-se grave
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12.MASTALGIA: Mastalgia é definida como uma dor da mama. É a condição benigna da mama
mais frequente. Pode ser unilateral ou bilateral. Maior parte dos casos decorrem em associação
com o ciclo menstrual (mastalgia cíclica), mas pode acontecer de forma independente e em
qualquer momento. Manifestações Clínicas: Dor difusa unilateral ou bilateral das mamas
TRATAMENTO: A mastalgia geralmente passa espontaneamente. Se este não for o caso receitar
tratamento para a dor (IBUPROFENO comp 200 - 400mg, 3x dia)
13.MASTITE: A mastite é uma infecção do tecido da mama que acontece mais frequentemente
durante o período em que a mulher está amamentando. Desenvolve-se geralmente após 1-3
meses do parto ou logo após o desmame. É geralmente unilateral. Pode também afectar mulheres
que não estão amamentando (raramente) ou mulheres em menopausa. Manifestações Clínicas:
A mastite infecciosa geralmente acomete uma mama, em apenas um quadrante ou lóbulo. A área
afectada apresenta-se com: massa dolorosa, edema, hiperemia e aumento da temperatura local;
Pode haver obstrução ao fluxo de leite, com consequente ingurgitamento (que agrava a dor);
Podem estar presentes sinais de toxicidade sistémica, com febre, arrepios de frio, mal-estar.
TRATAMENTO: Tratamento da dor: PARACETAMOL cpr 500mg/1gr de 6h/6h ou
IBUPROFENO cpr 200-400mg de 8h/8h. Estes medicamentos podem ser tomados em caso de
amamentação. Antibióticos em caso de mastite moderada ou grave: FLUCLOXACILLINA
oral cpr de 250 mg, administrar 1 cp de 6/6h 1 hora antes ou 2 horas depois das refeições,
durante 7 a 10 dias. (Dobrar as doses nas infecções mais graves). AMOXICILINA COM
ÁCIDO CLAVULÂNICO cpr de 250 mg de TRIHIDRATO DE AMOXICILINA e 125mg
de CLAVULANATO DE POTÁSSIO, 1 cpr de 8/8 horas no início da refeição, durante 7 a 10
dias. ERITROMICINA oral cpr 500mg (em caso de alergia a PENICILLINA): 1 cpr 6/6h
durante 7 a 10 dias. Aconselhar a mulher a: Continuar a amamentação também usando a mama
afectada, pode doer mas é importante para prevenir ingurgitamento; Aplicar em casa penso
húmido morno acima da mama para aliviar a dor; Beber muita água, até 10 copos por dia, e
comer uma dieta balanceada. A desidratação contribui para o agravamento do quadro.
14.VIOLÊNCIA SEXUAL: A violência sexual é definida como qualquer violência, física ou
psicológica, praticada por via sexual ou visando a sexualidade, que acontece sem mútuo acordo, ou seja,
sem consentimento, que pode ser explícito no caso de adultos, ou tácito ou implícito no caso de menores.
A violação sexual é uma forma de violência sexual definida como cópula ilícita com qualquer mulher,
contra sua vontade, por meio de violência física, de veemente intimidação, ou de qualquer fraude, que não
constitua sedução, ou achando-se a mulher privada do uso da razão, ou dos sentidos. Estupro: é uma
forma de violência sexual, definida como a cópula vaginal, por meio de sedução, com mulher virgem
menor de dezoito e maior de doze anos. Manifestações clínicas em caso de violência sexual: A
sintomatologia que se manifesta após uma violência sexual pode ser a curto e/ou longo prazo. Pode ser:
Sintomas orgânicos, ligados a lesões dos órgãos genitais ou da área do períneo: dor, sangramento,
inchaço. Sintomas de somatização, ou seja, o paciente transforma o seu mal-estar, o medo da situação
vivida, numa sintomatologia que reflecte uma doença de um ou vários órgãos não necessariamente
relacionados aos órgãos genitais. É devida ao mecanismo de defesa que a paciente actua para ultrapassar
uma situação desagradável. Sintomas ligados a vida sexual. Sintomas psicológicos: Sintomatologia
psicológica após a violação sexual ou estupro: Relativa à vida sexual; Disfunções sexuai; Dificuldade
em ter relações sexuais; Pensamentos sexuais alterados; Dor vaginal; Inabilidade de atingir o orgasmo;
Distância emocional durante uma relação sexual; Medo de ter relações sexuais; Falta de tolerância ou
procura exagerada de situações de intimidade; Sensações de medo, culpa, raiva enquanto está tendo
relação sexual. Geral: Depressão; Ansiedade; Doença de distress pós-traumático; Baixa auto-estima;
Alterações da personalidade; Abuso ou início do uso de substâncias como álcool, drogas; Automutilação;
Tentativa de suicídio; Comportamentos anti-sociais como: roubar, mentir, fugir; Doenças da alimentação:
anorexia, bulimia; Fraca adesão aos aconselhamentos do pessoal de saúde. TRATAMENTO: Caso a
agressão tenha ocorrido há menos de 72 horas providenciar: Quimioprofilaxia para o HIV por um
mês, caso a vítima seja HIV negativa; Profilaxia para as ITS; Profilaxia para a HBV;
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA (dentro de 120 horas), somente em caso de
adolescentes/mulheres após a menarca. Caso a agressão tenha ocorrido há mais de 72 horas,
providenciar: Profilaxia para as ITS; Profilaxia para a HBV; CONTRACEPÇÃO DE
EMERGÊNCIA (dentro de 120 horas) somente em caso de adolescentes/mulheres após a menarca.
Profilaxia pós-exposição para o HIV: Deve iniciar-se logo que possível nas primeiras 6 horas após a
exposição ao HIV, ou no máximo até 72 horas. Se a paciente já for seropositiva, não se deve fazer. Deve
incluir sistematicamente 3 ARV, o protocolo nacional recomenda: AZT 300mg + 3TC 150 mg, 1
comprimido de manhã e outro à noite, tomado juntamente com as refeições durante quatro semanas (ou
D4T 30mg + 3TC 150 mg)+ LOPINAVIR/RITONAVIR (200/50mg), 2 comprimidos de 12 em 12
horas, durante quatro semanas. Caso haja falta de LOPINAVIR/RITONAVIR pode-se substituir com
EFAVIRENZ: 600mg 1 comprimido à noite. Depois da serologia inicial, repetir a serologia para o HIV
na 6ª semana, e no 3º e 6º mês; Serologia para hepatite 1º, 3º, 6º e 9º mês; Aconselhamento adicional
conforme a necessidade.
Profilaxia de ITS: As ITS constituem uma grande preocupação nos casos de abuso sexual, e portanto,
deve ser indicado a profilaxia medicamentosa das ITS enquanto se aguarda o resultado dos exames
laboratoriais colhidos. PENICILINA BENZATÍNICA 2.4 milhões UI IM Dose Única;
CIPROFLOXACINA 500 mg VO Dose Única; METRONIDAZOL 2g VO Dose Única;
AZITROMICINA 1g VO Dose Única.
1.4.2. REMILD (rede mosquiteira impregnada com insecticida de longa duração): Entrega de uma
REMILD (para prevenção da malária), a todas as mulheres grávidas na primeira consulta pré-natal e nas
consultas seguintes, para aquelas que por algum motivo não tiverem recebido na primeira consulta.
1.6. EXAMES DE ROTINA: Para despiste de patologias como anemia, infecções urinárias, infecções de
transmissão sexual (ITS), entre outras.
1.7. EDUCAÇÃO SANITÁRIA:
1.7.1 Nutricional: Aconselhar a gestante a comer o que quiser, na quantidade que desejar e com sal
suficiente para seu paladar, pois ao contrário do que popularmente se pensa, a toxemia gravídica não está
relacionada ao consumo de sal. Educação Nutricional (aumentar a frequência de refeições para pelo
menos 5 por dia, e reduzir as quantidades de alimentos ingeridos por refeição).
1.7.2 Higiene Geral: Exercício: não há limitação, desde que não se torne excessivamente fatigada ou haja
risco de lesar a si própria ou ao feto. Banho: não há objecção durante a gravidez ou puerpério.
Desaconselhar banhos de banheira no último trimestre. Hábitos intestinais: atenção às alterações
intestinais da gravidez (obstipação), ingerir quantidades suficientes de líquido, alimentos ricos em
fibras em quantidades razoáveis, e exercício diário. Coito: Sempre que há ameaça de aborto ou
trabalho de parto pré-termo deve-se evitar o coito. Prevenção: vacina anti-tetânica, desparasitação
com mebendazol, TIP, ATS (aconselhamento e testagem em saúde), PTV, TPC, Uso de REMILD.
Tabagismo: em virtude dos riscos (morte fetal, baixo peso ao nascer, descolamento da placenta), devem
ser totalmente evitados. Álcool: não consumir álcool. Medicamentos: Se um medicamento for
administrado durante a gravidez, as vantagens a serem obtidas devem superar claramente quaisquer riscos
inerentes ao seu uso. No primeiro trimestre da gravidez a contra-indicação para a administração de
medicamentos é mais forte. Parto Institucional: recomendar sempre o parto institucional e prestar
aconselhamento sobre os benefícios do parto efectuado na Unidade Sanitária, para a mãe e para o feto.
Recomenda-se o uso destas casas para garantir um melhor controlo destas mulheres, para que o seu parto
seja realizado na unidade sanitária e sem complicações.
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2.COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS RELACIONADAS COM A GRAVIDEZ:
2.1. HIPERÉMESE GRAVÍDICA: São vómitos suficientemente persistentes e prolongados para
produzir dificuldade em alimentar-se, emagrecimento e desequilíbrios hidroelectrolíticos
(desidratação, hipocaliemia, perda de ácido clorídrico, alcalose, perda de peso). Deve ser
diferenciada dos episódios de náuseas e vómitos habituais que acontecem na mulher grávida e
sem efeitos sistémicos significativos. Quadro Clínico: Náuseas e Vómitos persistentes; Perda de
Peso; Desidratação moderada a grave; Hipotensão; Fraqueza muscular acentuada, principalmente
nos membros inferiores. TRATAMENTO : CLORPROMAZINA injectável (25mg/2ml) 25 a
50mg I.M de 6/6horas (não ultrapassar 200 mg por dia), ou PROMETAZINA injectável
(50mg/2ml) 25mg I.M e repetir 2 horas depois se necessário. Tanto a CLORPROMAZINA
como a PROMETAZINA, são ambos medicamentos que pertencem ao nível 3 (para clínicos
gerais) de prescrição. Por essa razão só devem ser usados em casos de extrema necessidade e
com muito controlo. Fluidos: administrar fluídos (SORO FISIOLÓGICO, DEXTROSE 5%,
LACTATO DE RINGER) de acordo com o nível de desidratação e outros factores
(hipoglicémia, estado geral). Electrólitos: CLORETO DE POTÁSSIO A 10% (1g/10ml)
(quando alimentação parenteral >48h ou potássio sérico< 3,5mmol/l) dar 1ampola E.V diluido
em 500 ml de NaCl 0.9% de 6/6h. Interrupção terapêutica da gravidez: Excepcionalmente, se
não houver remissão do quadro clínico com o tratamento médico adequado, a interrupção
terapêutica da gravidez será o único recurso para salvar a vida da paciente grave e com
hiperémese gravídica refractária ao tratamento.
2.2. ABORTO: O aborto (em Moçambique) é a expulsão ou extracção do concepto pesando
menos de 1000g ou com idade gestacional menor que 28 semanas completas. Pode ser
espontâneo ou induzido, dependendo da existência ou não de intervenção humana,
respectivamente.
2.2.1. AMEAÇA DE ABORTO: É o sangramento de origem intra-uterina antes de completar 28
semanas de gestação, com ou sem contracções uterinas, sem dilatação da cérvix e sem expulsão dos
produtos de concepção. Sintomas: hemorragia uterina ligeira com ou sem dor ligeira. CONDUTA:
Repouso absoluto até parar o sangramento; Proibição absoluta do coito, enquanto perdurar a ameaça;
Miorrelaxantes uterinos: TERBUTALINA comprimidos de de 2,5 mg, 1 a 2 comprimidos (geralmente
1) de 6/6 horas devendo a dose ser ajustada de acordo com a frequência cardíaca fetal e materna, bem
como das contracções uterinas. Administrar só nos casos com mais de 15 semanas. SALBUTAMOL
comprimidos de 2 mg, até 1 a 2 comprimidos (geralmente 1) de 6/6 ou 8/8 horas. Administrar só nos
casos com mais de 15 semanas.
2.2.2. ABORTO COMPLETO: É a expulsão de todos os produtos de concepção antes de completar 28
semanas de gestação. Sintomas: hemorragia mínima ou nula, com ou sem dor ligeira, no período pós
aborto. CONDUTA: Curetagem ou aspiração uterina, para assegurar que não há fragmentos do concepto
retidos que irão causar posteriormente hemorragias e infecções. Se o produto de concepção estiver
completo após expulsão não há necessidade de realizar estes procedimentos. Administrar
METILERGOMETRINA 0.2 mg IM; Alta com: AMOXICILINA cps 500mg, 1cp de 8/8h +
METRONIDAZOL cps 250mg, 2cps de 8/8h (ATB para 7 dias) + METILERGOMETRINA cps
0.125mg, 1cp de 8/8h (05 dias)
2.2.3.ABORTO INCOMPLETO: É a expulsão de algumas partes dos produtos de concepção.
Sintomas: hemorragia uterina abundante misturada com fragmentos do produto de concepção (depende
da IG), com cólicas moderadas a intensas. CONDUTA: Aspiração ou curetagem uterina o mais cedo
possível; Se houver hemorragia abundante: METILERGOMETRINA 0.2mg IM imediatamente; Na
presença de sinais de choque: administrar OXITOCINA 40UI em Soro NaCl 0,9% 1000ml EV (cateter
16) e transfundir hemoderivados de acordo com as necessidades. Assegurar que a aspiração/curetagem foi
completa; Alta com: AMOXICILINA cps 500mg, 1cp de 8/8h + METRONIDAZOL cps 250mg, 2cps
de 8/8h (ATB para 7 dias) + METILERGOMETRINA cps 0.125mg, 1cp de 8/8h (05 dias) + SAL
FERROSO 30mg 12/12h para 30 dias
2.2.4. ABORTO INEVITÁVEL: Refere-se ao sangramento de origem intra-uterina antes das 20
semanas, com dilatação do cérvix e rotura das membranas, mas sem expulsão dos produtos de concepção.
Nestes casos, o aborto é considerado inevitável e pode acontecer a qualquer momento. Sintomas:
hemorragia uterina moderada ou abundante, com dores pélvicas tipo cólica. CONDUTA: O mesmo que o
aborto incompleto
2.2.5. ABORTO RETIDO: é a condição na qual o embrião ou feto morre dentro do útero, mas os
produtos da concepção ficam retidos no útero. Sintomas: sem hemorragia, ou com hemorragia escassa e
sem dor. Sem febre. CONDUTA: Esvaziamento uterino: MISOPROSTROL cps 200μg, introduzir
600μg (3cps) no fundo de saco posterior da vagina. Pode ser repetido após 24h. Assegurar que o aborto
seja completo (Aspiração após expulsão do concepto); Alta com: o mesmo do aborto incompleto
2.2.6. ABORTO SÉPTICO: É a condição na qual há infecção do útero e algumas vezes de estruturas
adjacentes no contexto de um aborto. Sintomas: hemorragia ligeira, com miscelânea de fragmentos do
concepto e corrimento fétido, com dores intensas e contínuas; febre. CONDUTA: Antibioterapia EV de
amplo espectro durante 7 a 10 dias, seguido de formas orais: Primeiras 24 a 48 horas, AMPICILINA 1 a
2g EV 6/6h ou PENICILINA CRISTALINA, 3.000.000 UI, EV de 6/6 horas; GENTAMICINA 80mg
EV 8/8h ou KANAMICINA, 500 mg IM de 12/12 horas; METRONIDAZOL 500mg EV 8/8h; Após
melhoria do estado geral, passar para METRONIDAZOL oral, AMOXICILINA (500mg) oral (1 a 2 c
de 8/8h) e manter GENTAMICINA IM. Fluídoterapia e/ou transfusão de hemoderivados de acordo com
as necessidades. Curetagem: depois de estabilizar situação cardiovascular (TA> 110/70mmHg, Pulso
<100/min). Nota: o uso de pílulas combinadas (por pelo menos um mês) após procedimentos invasivos
intra-útero no contexto de aborto é aconselhável para evitar o síndrome de Asherman (fibrose cicatricial
da cavidade uterina).
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3.PREMATURIDADE/AMEAÇA DE PARTO PRÉ-TERMO: É definida como a interrupção da
gravidez antes das 37 semanas completas, desde que não enquadrada na definição de aborto (em
Moçambique com mais de 28 semanas). Quadro Clínico: Resume-se ao início precoce (antes
das 37 semanas) do trabalho de parto. CONDUTA: Medidas profiláticas: tratamento das
complicações médicas ou obstétricas com potencial para causar parto pré-termo (HTA, Malária,
ITSs). Após o início do trabalho de parto pré-termo: Inibir a contractilidade uterina:
DEXTROSE 5% ou RINGER 1000ml + SALBUTAMOL 4 ampolas (dentro do soro), a correr
40gotas/min para diminuir ou parar as contracções;
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5.3.2. Cistite Aguda: Na cistite aguda, a flora bacteriana é semelhante à detectada na bacteriúria
assintomática. Do ponto de vista clínico temos: Disúria; Frequência e urgência urinária; Dor retropúbica,
agravada pela pressão (à palpação); Sem febre, sem náuseas, sem vómitos, sem calafrios; Urina II:
leucócitos, bactérias; Urocultura: identifica a bactéria. TRATAMENTO em ambulatório: Beber muitos
líquidos; AMOXICILINA + ÁC. CLAVULÂNICO cps 625mg, 8/8h durante 10 dias.
5.3.3. Pielonefrite aguda: A pielonefrite aguda complica pelo menos 2% de todas gestações, e está
associada a riscos materno-fetais elevados (referidos anteriormente). O quadro clínico caracteriza-se
por: Anorexia, náuseas e vómitos; Febre e calafrios; Dor lombar (sinal de Murphy renal positivo) é
altamente específica; Urina II: leucócitos e bactérias. TRATAMENTO: Internar; PARACETAMOL
SOS em caso de dor ou febre; Assegurar hidratação por via oral ou endovenosa dependendo do caso;
AMPICILINA 1g EV 6/6h durante 10 a 14 dias; GENTAMICINA 80mg EV 8/8h, até 24h após
remissão de sintomas.
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6. INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO: A indução do trabalho de parto é o processo
usado para iniciar o trabalho de parto por meios artificiais. Difere da Aceleração do trabalho de
parto, que é a estimulação do trabalho de parto que começou espontaneamente.
6.1.2. Indução com Oxitocina: OXITOCINA (ampolas de 5 UI/ml)– 5UI (1ml) + GLICOSE 5%
1000ml; iniciar com 15 gotas por min., com aumento gradual (ex: 30-60) do gotejo até se obter bom
padrão de contracções. O intervalo entre os aumentos do gotejo deverá ser de 30-40min. Dose máxima até
120 gotas/min.
6.1.3. Amniotomia: A amniotomia (ruptura artificial das membranas) pode induzir ao trabalho de parto,
mas seu uso indica firme compromisso com o parto; após romper as membranas, não há volta. A
principal desvantagem da amniotomia, quando usada isoladamente para indução do trabalho de parto, é o
intervalo imprevisível e algumas vezes longo, até que haja início das contracções uterinas e portanto, do
parto. Pode aumentar o risco de infecção se o trabalho de parto não ocorrer imediatamente. As
membranas devem ser rotas com um instrumento apropriado denominado amniótomo.
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7. CONDUTA NO 2º, 3º E 4º ESTÁGIOS DO TRABALHO DE PARTO (PERÍODO EXPULSIVO, DEQUITADURA E
PUERPÉRIO IMEDIATO):
7.1. CONDUTA NO PERÍODO EXPULSIVO: Assistência ao parto: A assépsia deve ser feita
com SAVLON ou outro anti-séptico nas coxas, região vulvar, períneo e abdómen. Cuidados
com o recém-nascido: Após a expulsão do feto e depois de se confirmar que não há outro bebé,
administrar OXITOCINA 10 UI IM ou EV lento logo no 1º minuto. Caso não haja oxitocina,
optar por MISOPROSTOL (comp. de 200 mcgs), 3 C via oral ingeridos com um copo de água,
ou METILERGOMETRINA (0,2 mg) IM.
8.1.1.2.Pré-eclâmpsia Severa: Aos sinais da PE moderada acima descritos junta-se: T.A. diastólica ≥110
mmHg; Distúrbios visuais (visão turva); Cefaleias de difícil controlo; Dor epigástrica; Vómitos;
Hiperreflexia (resposta aumentada dos reflexos); Oligúria e edema pulmonar podem ocorrer.
CONDUTA: O tratamento da pré-eclâmpsia severa é o mesmo que o da eclâmpsia excepto que na
eclâmpsia, o parto deve ocorrer nas primeiras 12 horas após o início das convulsões e a dose de ataque de
DIAZEPAN, não é dada na pré-eclâmpsia grave.
8.2. ROTURA PREMATURA PROLONGADA DAS MEMBRANAS: Em 90% dos casos, a Rotura
de membranas ocorre durante o parto. A rotura prematura das membranas é a que teve efeito
antes do início do trabalho de parto. Se tiverem decorrido 24h entre a Rotura das membranas e o
início do trabalho de parto, o problema é descrito como Rotura prematura prolongada das
membranas.Quadro Clínico: O diagnóstico é evidente na maioria dos casos: A mulher queixa-se
de perdas pela vagina de quantidades anormais de líquidos. Pode referir que a roupa interior ou
os seus lençóis ficam molhados. Pode-se observar líquido no canal vaginal. CONDUTA: Rotura
prematura prolongada em trabalho de parto de termo: Indução ou aceleração do trabalho de
parto; Antibioprofilaxia pelo risco elevado de infecção intra-uterina: AMOXICILINA 500 a
1000 mg 8/8 em 7 dias oral, e METRONIDAZOL 500mg (2cps) 8/8 em 7 dias oral.
8.3.2. Prolapso do Cordão Umbilical: É a exteriorização do cordão umbilical através da cérvix uterina,
podendo projectar-se para fora da vagina. Sinais: O cordão umbilical apresenta-se no canal de parto
abaixo da parte fetal apresentada. O cordão umbilical é visível na vagina após a rotura das membranas.
Queda abrupta do FCF. CONDUTA: Administre OXIGÉNIO a 4-6 L por minuto por máscara ou sonda
nasal, à todas as mulheres nesta condição. Se disponível, administre 0,25 mg de SALBUTAMOL,
diluído em 10 ml de SORO FISIOLÓGICO, por via IV, lentamente, durante 2 minutos para reduzir as
contracções;” OU administre um SORO RINGER 500 ml com 1 mg (2 ampolas) de SALBUTAMOL
por via IV, para reduzir as contracções”. Solicite de imediato a ajuda especilizada para a realização de
uma cesariana (mantendo sempre a mão em apoio abdominal).
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9.TRABALHO DE PARTO OBSTRUÍDO: Também chamado de distócia mecânica, define-se
como o trabalho de parto que apesar de contracções uterinas fortes, não pode progredir devido a
factores mecânicos. Quadro clínico: Progressão anormal do partograma; Palpa-se apresentação
fetal acima da sínfise púbica; Ao toque vaginal, detecta-se moldagem no caso de apresentação
cefálica; As contracções uterinas são muito fortes e frequentes com a possibilidade de o útero
estar hipertónico, por vezes. Quando se atinge a exaustão uterina as contracções podem estar
ausentes; Evolui com sinais de ameaça de rotura uterina (ver rotura uterina); Evolui com sinais
de sofrimento fetal: foco irregular ou bradicárdico e/ou presença de L.A com mecónio espesso;
Evolui para morte fetal intra-uterina. CONDUTA GERAL: DEXTROSE 5% ou RINGER
1000ml + SALBUTAMOL 4 ampolas (dentro do soro), a correr 40gotas/min para diminuir ou
parar as contracções; Algaliar a paciente; AMPICILINA 1g ou PENICILINA CRISTALINA
5M UI EV;
10.2. GRAVIDEZ MÚLTIPLA: A gravidez gemelar resulta de dois mecanismos diferentes. Nos
gémeos monozigóticos um único óvulo fertilizado divide-se, produzindo dois indivíduos
geneticamente idênticos. Nos gémeos dizigóticos são libertados e fertilizados dois óvulos ao
mesmo tempo. Quadro clínico: À palpação: Útero anormalmente grande para idade gestacional,
geralmente a altura uterina está aumentada em 4cm, em relação à esperada. Número não usual de
extremidades. Mais de um pólo cefálico. Cabeça ou cabeças são pequenas, em comparação com
o grande volume uterino. Auscultação: com identificação positiva de dois focos fetais, podendo
ser difícil com o estetoscópio de Pinnard, neste caso batem 2 corações com uma zona silenciosa
(de pelo menos 10 cm) entre eles. CONDUTA: Primeiro gémeo: Pode estar em apresentação
cefálica, pélvica ou de espádua. Neste caso, o parto dá-se por via vaginal ou por cesariana, de
acordo com os critérios habituais (conduta no trabalho de parto de acordo com a presentação).
Segundo gémeo: A mortalidade é duas vezes maior, em relação ao primeiro, na maioria das
vezes devido a prolapso do cordão ou ao deslocamento prematuro da placenta. Se as contracções
forem fracas, colocar OXITOCINA 10UI + GLICOSE 5% 1000ml cerca de 60 gotas/minuto
(vide critérios de indução de contracções com OXITOCINA). Se não resultar, nenhuma das
manóbras acima, efectuar cesariana.
10.3. PLACENTA RETIDA: A dequitadura (ou expulsão da placenta) resulta da contracção contínua do
útero, o que provoca o descolamento e expulsão da placenta através do canal de parto. Normalmente a
placenta deve ser expulsa até o máximo de meia hora após à saída do feto. Retenção placentar é
diagnosticada quando a placenta não é expulsa na meia hora que se segue à expulsão fetal. Quadro
clínico: Manifesta-se essencialmente pela ausência de expulsão da placenta na primeira meia hora depois
do parto e por sangramento. CONDUTA: Os princípios do tratamento são: esvaziar o útero; contraí-lo; e
10.4. INVERSÃO UTERINA: É uma situação rara em que o útero se inverte durante a
dequitadura. Quadro Clínico: Dor ligeira ou intensa; Hemorragia discreta ou abundante; À
palpação abdominal não se encontra o fundo do útero; Toque vaginal revela um útero invertido
na vagina ou na vulva. CONDUTA: usa-se METILERGOMETRINA 0.5mg IM e inicie
antibióticos (AMPICILINA e METRONIDAZOL). Nos casos em que a inversão ocorreu há
mais de 30 min., não tentar reposição. Dar AMPICILINA 1g EV.
11. PUERPÉRIO: O puerpério é definido como o período que começa após a dequitadura e vai
até 42 dias completos (6 semanas). PUERPÉRIO PATOLÓGICO: As complicações do
puerpério são aquelas que se instalam durante os 42 dias que se seguem ao parto. Estas
perturbam a saúde materna, e algumas são causas de doença grave podendo levar a morte
materna. As mais comuns são: Hipertensão; Hemorragia pós-parto; Anemia; Infecções
puerperais; Doença tromboembólica; Distúrbios da amamentação; Depressão pós-parto.
11.2. SÉPSIS PUERPERAL: É uma infecção do trato genital, que ocorre a qualquer altura no
período de 42 dias após o parto. Quadro clínico: Febre puerperal; Dor pélvica, útero e abdómen
sensíveis; Lóquios fétidos que podem até ter aspecto purulento. CONDUTA: Hidratação
venosa (SOLUÇÃO FISIOLÓGICA ou RINGER LACTATO 1000ml 8/8h); Analgésicos e
anti-piréticos. Antibioterapia: Duração do tratamento de pelo menos 10 dias; Tratamento
endovenoso nos primeiros dias até a febre regredir (pelo menos 48h sem hipertermia): 1ª linha –
AMPICILINA 1g de 6/6h EV + METRONIDAZOL 500 mg 8/8h EV + GENTAMICINA
80mg 8/8h EV/IM; Na ausência de AMPICILINA, substituir por PENICILINA
CRISTALINA 5M na 1ª dose, depois 2M de 6/6h EV; Quando a paciente melhorar poderá fazer
antibióticos orais durante 7 dias: AMOXICILINA oral 1 grama de 8/8 horas +
METRONIDAZOL 500mg de 8/8 horas.
11.3. MASTITE: É um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante,
habitualmente à partir da segunda semana após o parto e geralmente unilateral. Ocorre devido a um
ingurgitamento ou fissura mal tratada. Quadro clínico: Dor, vermelhidão, calor e edema; Adenopatia
axilar; Febre. TRATAMENTO: Manter a amamentação na mama saudável e deve-se evitar a suspensão
da mama acometida; Manter a amamentação ou a ordenha manual na mama afectada, para evitar o
ingurgitamento e agravamento do quadro clínico; Usar compressas frias locais; Administrar
PARACETAMOL ou um AINE (IBUPROFENO, DICLOFENAC) nas doses habituais; Administrar
AMOXICILINA + ÁCIDO CLAVULÂNICO (250+125 mg) oral, administrar 1 comprimido 8/8h por 7
a 10 dias. Nota: administrar no início da refeição. Nas infecções graves usar doses elevadas de
AMOXICILINA (comprimidos de 500 mg de AMOXICILINA + 125 mg de ÁCIDO
CLAVULÂNICO).
11.4. ABCESSO MAMÁRIO: É resultado de uma mastite não tratada; Os sinais são similares aos da
mastite, acrescentando-se: Dor forte e constante; Edema intenso; Pode aparecer edema da pele (pele com
textura da casca de laranja); Flutuação; Febre alta (> 39ºC). CONDUTA: Administrar
PARACETAMOL ou um AINE (IBUPROFENO, DICLOFENAC) nas doses habituais; Administrar
AMOXICILINA + ÁCIDO CLAVULÂNICO (250+125 mg) oral, administrar 1 comprimido 8/8h por 7
a 10 dias;
1.2.ÚLCERAS GENITAIS: As principais causas de úlceras genitais no homem, são as mesmas que na
mulher, e constituem o leque de patologias abrangidas nos protocolos de tratamento, por via da
abordagem sindrómica. São as seguintes: Herpes genital; Sífilis; Cancróide; e Linfogranuloma venéreo
(LGV). Segundo um estudo realizado pelo MISAU em 2003, a distribuição dos agentes etiológicos nos
casos de úlceras genitais, é a mesma para os homens e mulheres. A principal etiologia é a Herpes genital,
com mais de 60% dos casos, seguindo-se a Sífilis e o Cancróide, respectivamente. Quadro clínico: O
quadro clínico é variável, dependendo do agente etiológico envolvido, e se há infecção por mais de uma
agente. Na maior parte dos casos (Sífilis, Cancróide e Herpes), o principal sintoma, é o surgimento da
úlcera genital, que assim como para as mulheres, pode ter características variáveis (descritas na disciplina
de SSRI). Em outros casos (principalmente linfogranuloma venéreo e por vezes o Cancróide), o bubão
inguinal representa o sintoma predominante. As características das lesões são as mesmas que as das
mulheres, no homem, a maior diferença, é sua localização resultante das diferenças anatómicas. As lesões
localizam-se preferencialmente no escroto, no corpo do pénis, no prepúcio, na glande ou no sulco coronal.
Também podem estar localizadas em outras regiões como as regiões anal e perianal, rectal, perineal e
supra-púbica. Outros sinais e sintomas que podem estar presentes são: Sintomas de uretrite: corrimento
uretral, disúria; Prurido genital; Dor a nível das lesões; Linfadenopatia inguinal dolorosa ou não, bilateral
ou unilateral. CONDUTA: são os mesmos aplicados para a mulher.
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2.SÍNDROMES DA PRÓSTATA: A próstata é uma glândula exócrina que faz parte do sistema
reprodutor masculino. Tem a função de criar um meio de transporte líquido adequado para os
espermatozoides e é responsável principalmente pela produção da enzima PSA (antigénio prostático
específico) que inactiva o inibidor de motilidade do espermatozóide, permitindo a mobilidade dos
espermatozóides. As principais patologias benignas que afectam a próstata são: Prostatite; e Hiperplasia
prostática benigna – HPB;
2.1. PROSTATITE: A prostatite é a inflamação da próstata, normalmente causada por uma
infecção bacteriana. Pode ser causada por uma série de microrganismos, geralmente os mesmos
que causam as infecções urinárias. A bactéria mais frequentemente encontrada em prostatites
infecciosas é a Escherichia coli (80%) que é também encontrada em infecções do aparelho
urinário. Quadro clínico: Na prostatite aguda, o paciente refere: Sintomas constitucionais (mal-
estar geral, febre, calafrios, mio-artralgias); Dor: lombar e perineal; Sintomas urinários:
polaquiúria, nictúria, urgência, disúria, e graus variáveis de sintomas de retenção urinária. O
paciente também pode referir corrimento uretral, hemoespermia e/ou hematúria mascroscópica.
Como a prostatite aguda geralmente se associa à cistite, a urina pode se apresentar turva. Na
prostatite crónica, os sintomas são mais subtis, alguns pacientes são assintomáticos e apresentam
apenas bacteriúria. Quando presentes, os sintomas apresentam-se em graus variáveis com:
Desconforto no períneo, testículos e região lombar; Febre e outros sintomas constitucionais ,
assim como as descargas de secreções uretrais geralmente não estão presentes; Os pacientes vêm
também com uma história de infecções do trato urinário recorrentes, intercaladas com períodos
assintomáticos. Na síndrome da dor pélvica crónica inflamatória, os sintomas são igualmente
subtis, e o paciente apresenta: Dor perineal e lombossacra intermitente. CONDUTA: O
tratamento das prostatites bacterianas inclui: Medidas gerais: Repouso; Hidratação: 2 a 3 litros
de água por dia; Analgésico e anti - inflamatório: uma opção seria IBUPROFENO (400mg
comprimido): 1 comprimido de 8/8 horas, até a resolução dos sintomas (sobretudo a febre e a
dor). Tratamento com antibióticos: Primeira linha: COTRIMOXAZOL (400mg de SMX e
80mg de TMP): 2 comprimidos de 12/12 horas por 4 semanas na prostatite bacteriana aguda e
por 12 semanas na prostatite bacteriana crónica; Segunda linha: CIPROFLOXACINA (500mg
comprimido): 1 comprimido de 12/12 horas por 4 semanas na prostatite bacteriana aguda e por
12 semanas na prostatite bacteriana crónica;
3. SÍNDROMES DOS TESTÍCULOS E ESCROTO: O escroto é uma bolsa que contém os testículos,
epidídimos e ductos deferentes. A importância desta bolsa é de manter os testículos fora da cavidade
abdominal e dar a possibilidade de mantê-los a uma temperatura de cerca de 32ºC, pois a
espermatogénese e a vitalidade dos espermatozóides estaria comprometida se os testículos estivessem
expostos à temperatura intra-abdominal (37ºC). Os testículos são as gónadas masculinas, os órgãos
responsáveis pela produção das células reprodutoras masculinas (espermatozóides) e de hormonas
masculinas (testosterona). Existem várias patologias que afectam o escroto e os testículos. As principais
são as seguintes: Gangrena de Fournier; Torção testicular; Orquite e Orquiepididimite; Varicocele;
Hidrocele; Tumores dos testículos.
frequente de apresentação da epididimite e a distinção entre elas é muito difícil, razão pela qual a
epididimite tem sido considerada sinónimo da orquiepididimite na prática clínica. Uma forma
importante da orquite aguda em adolescentes e adultos jovens, é a que se apresenta associada à
parotidite epidémica (causa viral), afectando cerca de 20 a 35% dos casos de parotidite
epidémica. Tanto a epididimite como a orquite podem ser agudas ou crónicas. Quadro clínico:
Na forma aguda: em ambas as condições, o paciente refere início abrupto de sintomas
constitucionais como febre, calafrios e mal-estar geral. Desenvolve-se uma tumefacção
significativa do escroto, que fica vermelho e quente. Um outro sintoma muito comum é o
aparecimento da dor na zona do escroto, que costuma ser muito intensa, e pode irradiar para a
virilha e abdómen (até o flanco). A orquite da parotidite epidémica surge cerca de 3 a 4 dias
após o seu início. Na epididimite (incluindo orquiepididimite), é comum a presença de
sintomas de uretrite e de prostatite associados. Ao exame físico: em ambas as condições
(epididimite/orquiepididimite e orquite) o escroto encontra-se edemaciado e sensível à
palpação, com a pele eritematosa. Pode haver dor à palpação da região inguinal ou do quadrante
inferior do abdómen da região afectada. E excepto nas primeiras horas de evolução do quadro,
não se consegue distinguir o epidídimo do testículo à palpação. Na forma crónica: os sintomas
na maior parte das vezes estão ausentes, mas o paciente pode perceber um endurecimento local e
algum desconforto ao palpar o escroto (epidídimo fibrosado). CONDUTA: O tratamento inclui:
Medidas gerais: repouso geral, repouso sexual, alívio da dor com analgésicos e anti-
inflamatórios, suporte do escroto e aplicação de calor local. Tratamento antibiótico:
Epididimite (ou orquiepididimite) não transmitida sexualmente: 1ª linha –
COTRIMOXAZOL (comprimidos de 400mg de SMX e 80mg de TMP): 2 c de 12/12 horas
durante 4 semanas; 2ª linha – CIPROFLOXACINA (comprimidos de 500 mg) 1 c de 12/12
horas durante 4 semanas. Orquite causada por infecção bacteriana: nestes casos o tratamento
é o mesmo descrito para a epididimite não transmitida sexualmente.
VIII. SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO
Crise Aguda: O objectivo é tratar a artrite (inflamação e dor) e não a hiperuricémia: o tratamento
de escolha é feito à base de AINEs, e posteriormente à sua estabilização: INDOMETACINA
comprimidos de 25 mg, administrar 50 mg de 6 em 6 horas no 1º dia, e passar para 50 mg de 8
em 8 horas no 2º e 3º dias. Ou DICLOFENAC 75mg IM, depois 50mg 8/8h durante 5 dias.
Também pode-se usar o ibuprofeno nas doses de 400 a 600 mg de 8 em 8 horas. O uso da
aspirina é desrecomendado, pois pode agravar os sintomas da gota.
2.OSTEOPOROSE:A osteoporose é uma doença caracterizada pela fragilidade acentuada do esqueleto
como resultado da diminuição da quantidade e qualidade ósseas. Quadro clínico: Geralmente
assintomática até a fractura ocorrer, contudo, o doente pode referir dor na região lombar. As fracturas
ocorrem espontaneamente ou após traumatismos mínimos e afectam geralmente os seguintes segmentos
ósseos: Coluna vertebral (fractura ou colapso) – manifesta-se por dor ou deformidade óssea, e ou perda da
altura (por cifose ou colapso vertebral); Anca (cabeça e colo do fémur); Antebraço ou punho.
CONDUTA: Não farmacológica: Dieta com elevado teor calórico contendo VITAMINA D e CÁLCIO
(banana, leite, ovos, peixe, gergelim, fígado). Exposição diária ao sol (para síntese de VITAMINA D)
por meia hora por dia nas pessoas de pele clara e uma hora nas pessoas de pele escura. Exercícos
(caminhada por pelo menos 30 minutos, 3 vezes por semana). Retirar ou reduzir factores de risco
modificáveis (tabagismo, corticosteróides, alcoolismo). Considerar terapia de reposição hormonal em
mulheres pós menopáusica.
4.OSTEOMIELÍTE: Osteomielite é um processo inflamatório que afecta todo o tecido ósseo (córtex,
perióstio e medula) causado por microrganismos piogénicos. O termo osteomielite provém de: Osteítes –
infecção do córtex; e Mielite – infecção da medula. Quadro clínico: A osteomielite tem padrões
diferentes dependendo se for Aguda ou Crónica. Osteomielíte Aguda: Sinais de toxémia: Cefaleias, febre,
calofrios, anorexia, letargia, vómitos; Dores inexplicáveis nas zonas das metásifes dos ossos longos,
geralmente bem localizadas; Inflamação local dolorosa, dor a pressão e limitação do movimento.
Osteomielite Crónica: o quadro clinico, depende do local e dos factores de risco envolvidos: Nos ossos
longos os pacientes apresentam: mal estar, anorexia, perda de peso, febre, suores nocturnos, dor
persistente e drenagem de secreções por tratos fistulosos. Nas vértebras os pacientes apresentam: dor nas
costas que piora anoite, agravada pela actividade física e aliviada pelo repouso. Nos pacientes diabéticos,
podem não apresentar febre, nem dores significativas. Mas apresentam edema e rubor no local. A pele é
escura, fina, fibrosada e desnutrida. Qualquer lesão na pele produz uma ulceração de difícil cicatrização.
CONDUTA: Tratamento medicamentoso: Terapêutica endovenosa (EV) com antibióticos de amplo
espectro, geralmente por um curso prolongado (semanas a meses) de acordo com os patógenos mais
prováveis, enquanto se aguarda o resultado da cultura e antibiograma: Osteomielite aguda:
Antibiótico de escolha é a FLUCLOXACILINA 250 a 1000mg EV, de 6/6horas. Na Falta deste, usar:
AMPICILINA 2 a 12g/dia, EV, divididos em 4 tomas e GENTAMICINA 80mg EV de 8/8 horas. Em
doentes com anemia falciforme usar CEFALOSPORINAS (CEFTRIAXONA 1g por dia ou de 12 em
12 horas) ou CLORANFENICOL (50 mg/kg/dia dividido em 4 doses. Se o doente melhorar (diminuição
da febre, diminuição da VS) deve se mudar a terapia endovenosa para oral (não antes de uma semana) e
continuar por pelo menos 6 semanas, controlando a função renal e hepática. Se o doente não melhorou, e
apareceram sinais de cronicidade (fistulas, sequestro e invólucro) – actue como osteomielite crónica e
considere tratamento cirúrgico.
5.ARTRÍTE SÉPTICA: É uma reacção inflamatória, que afecta as articulações, resultante da invasão
directa do espaço articular por microorganismos patogénicos. Quadro Clínico: Artrite aguda:
Geralmente monoarticular, afectando a articulação do joelho, anca (quadril) ou ombro; Sinais
inflamatórios (dor, calor, rubor e edema) e limitação do movimento articular na articulação afectada;
Sintomas gerais: febre, calafrios, mal estar. Na artrite gonocócia, geralmente inicia com uma
poliartralgia migratória que afecta o punho, tornozelo, cotovelo que pode evoluir para tenossinovite (60%
dos casos) ou monoartrite purulenta (40% dos casos), afectando principalmente o joelho. Também pode
apresentar com erupção papular da pele. Artrite crónica: Geralmente monoarticular, podendo acometer
os discos intervertebrais e corpos vertebrais adjacentes, mas também afecta o joelho, punho e anca.
Deformidade em cunha da vértebra, com Gibosidade (deformação da coluna que se torna saliente –
cifose); Ausência de sinais inflamatórios, com um abcesso frio e fistulização. CONDUTA: Tratamento
não medicamentoso: Repouso articular, imobilização com elevação do membro. Compressas quentes
locais; Tratamento medicamentoso: Na artrite não gonocóccica Antibioticoterapia intravenosa:
FLUCLOXACILINA 250 a 1000mg EV, de 6/6horas associado a GENTAMICINA 80mg EV de 8/8
horas. CEFTRIAXONA é uma alternativa para os casos graves. O tratamento intravenoso geralmente é
feito por 1 semana, após o qual passa-se para antibióticos orais (FLUCOXACILINA ou
CIPROFLOXACINA) por 4 a 6 semanas. Na artrite gonocócica: PENICILINA CRISTALIZADA 6 a
10 milhões/dia em 4 tomas ou CEFTRIAXONE 1 a 2 gramas intravenoso por dia Depois de
antibioticoterapia endovenosa passar para antibiótico oral (CIPROFLOXACINA 500mg de 12 em 12
horas por 7 a 10 dias).
8. PIOMIOSITE: É uma doença infecciosa bacteriana dos músculos esqueléticos. Quadro clínico:
Apresenta 3 estágios clínicos: No primeiro estágio, há início subagudo de febre, e sinais inflamatórios
locais como: aumento de volume, eritema, dor e consistência lenhosa ou endurecida da região afectada. O
segundo estágio, ocorre cerca de 10 a 21 dias após o primeiro, com hipersensibilidade, aumento do
volume, febre, aparece o pus e desaparece o eritema (passando a ter aspecto pálido). No terceiro estágio,
aparece de novo o eritema, flutuação, intensa sensibilidade e sinais de sépsis (hipotensão, taquicardia,
hipoperfusão periférica); O doente pode adoptar uma posição antiálgica (exemplo: flexão da coxa na
piomiosite do músculo psoas). CONDUTA: Antibioticoterapia: Casos leves, sem toma significativa do
estado geral: administrar FLUCLOXACILINA comprimidos de 250 mg, 1 comprimido de 6 em 6 horas,
ou AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂNICO (250mg AMOXICILINA+ 125 mg ÁC.
CLAVULÂNCIO), na dose de 250mg (de AMOXICILINA) de 8 em 8 horas, durante 10 dias. Nos
casos graves, com toma significativa do estado geral e complicações: administrar primeira dose de
antibióticos endovenosos: PENICILINA CRISTALIZADA 2 a 3 milhões UI mais GENTAMICINA
240 mg IM em dose. AINES – IBUPROFENO comprimidos de 200 mg (200 a 400 mg de 8/8 horas) ou
DICLOFENAC comprimidos de 50 mg (25 a 50 mg de 8 em 8 horas) para controle da febre, dor e
inflamação.
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9.1. BURSITE: É uma inflamação da bolsa sinovial ou bursa. A bursa é um pequeno saco cheio de
líquido que actua como amortecedor entre o osso e as partes que o movem (músculos, tendões e pele).
Quando a bursa fica inflamada verifica-se o aumento de fluido no seu interior. Quadro clínico: Início
abrupto com dor, edema e eritema localizado. Limitação do movimento que depende da área afectada. Por
exemplo: a bursite subdeltoidea causa dor à abdução do ombro; na bursíte trocantérica, a rotação externa
e abdução do quadril induzem a dor. Pode ou não haver febre. Com o avançar da doença, o quadro evolui
com: Hipersensibilidade local. Bursite crónica – resultado de ataques anteriores de bursite aguda;
Calcificação na superfície da bursa. TRATAMENTO medicamentoso: AINES – DICLOFENAC ou
IBUPROFENO nas doses habituais Antibióticos, se infecção estiver presente: FLUCLOXACILINA,
AMOXICILINA e ÁCIDO CLAVULÂNICO nas doses acima descritas.
9.2. TENDINITE: É a inflamação dos tendões. Quando a tendinite é acompanhada pela inflamação da
bainha protectora que recobre o tendão recebe o nome de tenossinovite. Quadro clínico: o quadro clínico
varia de acordo com a localização da lesão, mas tem como denominador comum a dor e limitação de
certos movimentos. CONDUTA: Tratamento não medicamentoso: repouso e imobilização da região
afectada, compressas frias no local e fisioterapia; Tratamento medicamentoso: AINES – DICLOFENC
ou IBUPROFENO nas doses habituais; Tratar a causa subjacente, se infecção presente (administrar
antibióticos – PENICILINA CRISTALIZADA ou CEFTRIAXONA EV por 48 horas e depois passar
para CIPROFLOXACINA por 7 a 10 dias.
10.LOMBALGIAS: Lombalgia, é a dor que ocorre nas regiões lombar. Causas: As lombalgias podem
ter causas mecânicas (como: postura corporal incorrecta, excesso de peso, sedentarismo), doenças
degenerativas (como: hérnias discais, osteoartrites) inflamatórias, infecciosas (pielonefrite), traumáticas e
neoplásicas.
10.1.HÉRNIA DO DISCO: É a protrusão da parte central do disco intervetebral (o anel pulposo) através
das fibras do anel fibroso do disco intervertebral (parte externa). Sinais e Sintomas: Dor lombar com
irradiação para a coxa, perna e podendo atingir o pé. A tabela abaixo resume a semiologia da dor, de
acordo com a sua localização. TRATAMENTO: Analgésicos – PARACETAMOL 500mg de 6 em 6
horas associado ou não aos AINES – DICLOFENAC 50 mg ou IBUPROFENO 400 mg de 8 em 8
horas. Pode ser necessário recorrer a CODEINA 30 mg de 6 em 6 horas. Corticosteróides –
PREDNISOLONA 10 a 20 mg/dia por 7 dias pode ser usado.
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11.CELULITE: É uma infecção e inflamação superficial da pele e do tecido celular subcutâneo com
ligeiro envolvimento da derme. Os locais mais afectados são os membros, face e região perianal.
Quadro clínico: A área afectada apresenta-se com eritema, edema, calor, dor localizada, e com bordos
mal definidos, não elevados. Para alem dos sinais inflamatórios (acima descritos) a pele pode apresentar-
se linfangite (uma fina linha vermelha que progride) e linfadenopatia associada Podem existir sinais
sistémicos: febre, mal-estar, anorexia. CONDUTA: Em ambulatório: FLUCLOXACILINA
comprimidos de 250 mg de 6 em 6 horas ou AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂMICO (250 + 125
mg) de 8 em 8 hoas ou ERITROMICINA 500 mg de 6 em 6 horas. Todos tratamentos devem ser feitos
no intervalo de 10-14 dias. Em regime de internamento: FLUCLOXACILINA associada a
GENTAMICINA IV/IM (80 mg de 8/8 h), ou CEFTRIAXONA na dose de 1g IV/IM de 12/12 horas ate
melhoria clínica e posteriormente mudar para tratamento oral ate completar 10 a 14 dias.
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12.GANGRENA: É o termo usado para a descrição de tecido morto (necrose), geralmente devido a perda
de suprimento sanguíneo. As áreas mais frequentemente acometidas são as extremidades dos membros,
dos dedos e áreas submetidas a pressão (Hálux, Calcâneo). Quadro Clinico: Gangrena húmida – também
chamada de gangrena infectada, o tecido necrosado de cor negra é mole, húmido, por vezes com pús e
odor fétido. Febre alta e aparência tóxica são achados comuns. Pode evoluir para sépsis e morte.
TRATAMENTO sintomático: AINES (ex: IBUBROFENO ou DICLOFENAC nas doses habituais)
Iniciar antibióticoterapia: PENICILINA CRISTALIZADA 3.000.000 UI de 6/6h associada a
GENTAMICINA 80mg de 8/8h).
13.PÉ DIABÉTICO: É o pé de um indivíduo diabético, que apresenta infecção, ulceração e ou
destruição dos tecidos profundos associados com anormalidades neurológicas e/ou vários graus de doença
vascular periférica no membro inferior.Quadro clínico: Forma ligeira: Sinais de celulite (eritema, edema)
associados ou não a presença de uma úlcera, que não é profunda e não afecta as articulações e ossos. O
fluxo sanguíneo é adequado. A febre, quando presente, é mínima. Forma severa: geralmente a infecção e
úlcera são profundas atingindo o músculo (Mal Perfurante Plantar), os ossos (Osteomielite), a fáscia
profunda (fascite plantar) podendo chegar a gangrena dos dedos e da parte distal do pé. Quando a febre
está presente, é alta. CONDUTA: antibioticoterapia: Casos leves: FLUCLOXACILINA ou
AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂMICO nas doses habituais 10 dias, associado ao
METRONIDAZOL 500 mg de 8 em 8 horas durante 10 dias; Casos graves: PEN.CRISTALINA 3M
6/6h EV e GENTAMICINA 240mg EV/dia, e METRONIDAZOL 500 mg EV de 8/8 hate atingir
melhoria clínica e depois mudar para tratamento oral ate completar 10 dias de tratamento. O Controlo da
Diabetes é fundamental.
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14. CONTUSÃO: É uma lesão traumática aguda aos tecidos moles, sem rompimento da pele. Causas:
Traumatismo directo (pancada, queda). Quadro clínico: Dor localizada agravada pela movimentação da
região afectada. Edema, equimose ou hematoma; Limitação do movimento activo e passivo da região
afectada.
15. ENTORSE: É a perda momentânea da congruência articular (cápsula articular e ou ligamentos).
Sinais e sintomas: Dor articular, equimose e edema, impotência funcional; Dor articular e edema mais
acentuado, com laxidão articular ao exame físico quando se realiza uma força em abdução ou adução na
articulação afectada; Dor articular, com maior na laxidão e instabilidade articular, podendo haver desvio
do membro.
16. LUXAÇÃO: É a perda completa de contacto das superfícies articulares. Existe sempre uma lesão
capsular combinado muitas vezes com lesão ligamentosa. Sinais e sintomas: Dor intensa, hematoma;
Deformidade no nível da articulação, sendo possível palpar os contornos das superfícies articulares;
Impotência funcional do membro e da articulação.
TRATAMENTO DA CONTUSÃO, ENTORSE E LUXAÇÃO: analgésicos e anti-inflamatórios não
esteróides orais: IBUPROFENO 200 a 400 mg de 8 em 8 horas durante 3-7 dias ou DICLOFENAC 25
a 50 mg de 8 em 8 horas durante 3-7 dias.
EMERGÊNCIAS DAS INFECÇÕES DOS TECIDOS MOLES
17. GANGRENA: Conduta: O manejo imediato da gangrena inclui: Limpeza cirúrgica da ferida
(lavagem com hipoclorito e desbridamento do tecido necrosado); Antibioticoterapia agressiva (altas
doses de PENICILINA CRISTALIZADA, 4.000.000 UI endovenoso); Reposição hidroelectrolítica
para manutenção dos sinais vitais (LACTACTO DE RINGER).
18. FASCITE NECROSANTE: É uma infecção extremamente grave dos tecidos moles, caracterizada
por necrose rápido e extensa do tecido celular subcutâneo e fáscias, com compromisso secundário da pele,
porém com preservação dos músculos adjacentes.Quadro clínico: Inicia com eritema, edema e calor
local que progride rapidamente para formação de bolhas e flictenas com líquido serohemático e
hemorrágico de odor fétido. O eritema é substituído por uma coloração azul-escuro, acinzentado,
tornando-se em seguinte de cor roxa. Pode surgir crepitação a palpação da área afectada, sugerindo
infecção por Clostridio. O estado geral do doente é bastante tóxico com febre que pode chegar aos 40º
célsios, taquicardia e hipotensão (choque séptico). Conduta: SORO FISIOLÓGICO ou LACTATO
DE RINGER 1000 ml EV em 30 min, seguido pela mesma quantidade a correr em 1 hora. 1ª dose de
antibióticos EV (PENICILINA CRISTALIZADA 4.000.000 UI ou AMPICILINA 2 g associado a
GENTAMICINA 80 a 160 mg).
EMERGÊNCIAS DOS TRAUMAS ORTOPÉDICOS
19. FRACTURA EXPOSTA: é uma fractura é exposta quando há uma ferida da pele comunicando com
o foco da fractura. Quadro clínico – dificuldade de mobilizar o membro afectado, dor e sangamento no
local da fractura. O osso pode ser visível à inspecção. Tratamento medicamentoso: 1ª dose de
PENICILINA CRISTALIZADA 3.000.000 UI intravenosa (IV) ou intramuscular (IM) associado a
GENTAMICINA (80 a 160 mg IV ou IM) ou KANAMICINA (500mg IM); Profilaxia do tétano
(VACINA ANTI TETÂNICA). Nota: É importante não suturar a ferida da fractura exposta
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IX. NEUROLOGIA
2. EPILEPSIA: A epilepsia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma "afecção
crónica de etiologia diversa, caracterizada por crises repetidas, devidas a uma carga excessiva dos
neurónios cerebrais, associada eventualmente a diversas manifestações clínicas e paraclínicas" como
convulsões. A crise epiléptica é uma perturbação de funcionamento do cérebro, temporária e reversível,
que produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurovegetativas, mas sem febre.
Quadro Clínico: Os sinais e sintomas de uma crise epiléptica nomeadamente, distúrbios da consciência,
dos movimentos ou da sensibilidade, reflectem a activação da parte do cérebro afectada por esta
actividade excessiva. Pode ser afectada apenas uma parte do cérebro (crise parcial ou focal) ou toda
extensão dos dois hemisférios cerebrais (crise generalizada). Especificamente temos os seguintes sinais e
sintomas: Paragens bruscas da actividade; Perda de consciência; Quedas no chão; Convulsões e
contrações musculares; Movimentos automáticos e despropositados (vestir ou despir, caminhar, mastigar
ou engolir); Contracções simples e repetitivas de um dos membros (braço, perna) ou da face. O quadro
clínico varia em função do tipo de crise epiléptica: Crise Generalizada Tónico-Clónica (Grande Mal):
É caracterizada por queda súbita (com ou sem grito), enrijecimento muscular seguido de convulsões,
paragem da respiração, possível perda de urina e/ou mordedura da língua, todo este episódio durante
menos de 5 minutos após o qual reaparece a respiração e ocorre uma possível confusão e/ou fadiga antes
do retorno à normalidade. Crise de Ausência (Pequeno Mal): É caracterizada por episódios breves (3 a
30 segundos) de paralisia e desatenção que podem até passar despercebidos pelas outras pessoas. A
recuperação é rápida mas os episódios são acompanhados por perda da consciência. Crise Mioclónica: É
caracterizada por contracções musculares súbitas e maciças atingindo todo o corpo ou partes do mesmo.
O doente pode atirar o que tiver nas mãos ou cair de uma cadeira. Crise Atónica: É caracterizada por
queda súbita, sem perda de consciência. Dura cerca de 10 a 60 segundos; depois o doente pode pôr-se de
pé e andar. Crise Parcial Simples: É caracterizada por convulsões limitadas a uma área do corpo, mas
que podem estender-se a outras áreas, sem haver perda de consciência. Podem generalizar-se e provocar
uma crise de grande mal. Sensação de formigueiros ou picada percorrendo uma ou mais áreas corporais.
Visualização ou audição de coisas ou sons que não estão presentes. Sensação inexplicável de medo ou
prazer. Cheiros ou gostos desagradáveis, sem que haja nada que os provoque. Sensação "esquisita" no
estômago. Crise Parcial Complexa: É caracterizada por súbito enrijecimento muscular seguido de
movimentos mastigatórios e automatismos, constando de gestos desajeitados de mexer na roupa, agarrar
ou manusear objectos, despir-se. O Doente pode deambular ou pode resistir quando agarrado. O episódio
dura alguns minutos e após a crise pode-se estabelecer confusão no doente que pode ser longa e
acompanhada por perda de consciência. Estado de Mal Epiléptico: É uma situação em que as convulsões
se seguem umas às outras sem haver, entre elas, recuperação da consciência. Necessita de hospitalização e
tratamento médico imediato, pois pode ser mortal ou provocar lesões cerebrais graves. CONDUTA:
Iniciar a medicação com anti-epilépticos: FENITOÍNA, CARBAMAZEPINA, VALPROATO DE
SÓDIO. FENOBARBITAL, comprimidos de 100 mg, por via oral, na dose de 50 a 200 mg/dia. A dose
máxima pode ir até 600 mg/dia. Administrar de preferência ao deitar.
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4. CEFALEIAS: A cefaleia ou cefalalgia (dor de cabeça) é um mal-estar físico, caracterizado por dores
na zona da cabeça, de um modo difuso ou localizado, cuja origem pode ter diversas causas. Classificação
Etiológica da cefaleia: Cefaleias primárias: são as que não têm causa demonstrável através de exame
clínico e laboratorial de rotina. São exemplo deste tipo de cefaleia a Enxaqueca (Migraine), cefaleias
Tencionais e cefaleia em Salvas (ou de Horton). Cefaleias secundárias: são as que ocorrem em resultado
de causa demonstrável ao exame físico e ou laboratorial. Exemplo: cefaleia consequente à doença
orgânica que pode ser sistémica (malária, síndromes gripais), focal (otites e sinusites), do sistema
nervoso central (malária, meningites, encefalites, hemorragias intracranianas, tumores cerebrais ou pós
trauma crânio-encefálico), por distúrbios metabólicos (hipoglicêmia, hipóxia) e por causas
neuronovascular extracraniana (nevralgias dos pares cranianos, sobretudo do trigémeo -V par e pós
Herpes Zóster facial, assim como por arterite temporal).
4.1.ENXAQUECA: Quadro clínico: dor de cabeça sub-aguda ou aguda unilateral, pulsátil, moderada à
severa, agravada por actividades físicas de rotina; associa-se a náusea ou vómitos, fotofobia (paciente
prefere ambiente de escuridão porque há agravamento da dor pela luz) e fonofobia (paciente prefere
silêncio por que há agravamento da dor por sons); cada ataque pode durar 4-72 horas. A enxaqueca pode
ter sinais prodrômicos (que anunciam o início do episódio), geralmente designados por aura, que
consistem em escotomas visuais ou cintilações (descritos geralmente como vendo estrelas no campo
visual), fotofobia, alteração do humor e diminuição do vigor corporal em geral (sentir-se
cansado/asténico). CONDUTA: Educação do paciente em relação a evitar factores desencadeadores
como desidratação, consumo de álcool, queijos, chocolate, tabagismo. No tratamento farmacológico,
ter em conta a escala da dor e respectiva escada, conforme abordado na aula anterior. Iniciar com
PARACETAMOL ou AINES. ERGOTAMINA e CAFEÍNA, comprimidos de 1 mg de
ERGOTAMINA + 100 mg de CAFEÍNA, 1-2 mg de ERGOTAMINA no início do ataque, seguido de
1-2 mg em intervalos de 30 min., até um total de 6 mg/dia. Pode-se combinar 1 analgésico anti-
inflamatório não esteróide com Ergotamina se necessário (exemplo, PARACETAMOL +
ERGOTAMINA). Para a profilaxia da enxaqueca, pode-se usar a AMITRIPTILINA (10-75 mg/dia)
ou PROPRANOLOL (iniciando com 20-40 mg de 12/12 horas, até dose máxima de 360 mg/dia).
4.3. CEFALEIA TENSIONAL: Quadro clínico: dor de cabeça sub-aguda ou aguda unilateral ou
generalizada, não pulsátil (tipo aperto, pressão ou peso), leve à moderada (não impede actividades
diárias), não agravada por actividades físicas de rotina; não se associa à náusea ou vómitos; pode estar
associado à fotofobia ou fonofobia como um dos factores agravantes, mas não aos dois; cada ataque pode
durar algumas horas até uma semana. Conduta: tratamento farmacológico - o mesmo que o da
enxaqueca.
4.4. ARTERITE TEMPORAL (OU DE CÉLULAS GIGANTES): É uma doença vascular sistémica
(as artérias de grande calibre como carotídeas, aorta, subclávias e ilíacas estarão também acometidas), que
pode apresentar-se com manifestação focal como inflamação da artéria temporal. A perda da visão é uma
das complicações sérias deste quadro clínico, por isso constitui uma emergência médica. Quadro clínico:
é raro em pacientes com idade menor de 50 anos; dor geralmente hemicraneana, na região temporal;
ocorre dificuldade na utilização dos músculos da mastigação (músculos masseteres e temporais) por
causarem exacerbação da dor durante a mastigação; à palpação local há exacerbação da dor e percepção
de sinais inflamatórios à volta da artéria temporal superficial. Perda de visão pode ser súbita e indolor.
Paresia do VI par dos nervos cranianos. Astenia, febre, dor muscular, mal-estar geral ocorrem por causa
de inflamação de outras artérias de grande-médico calibre. Conduta: Anti-inflamatórios;
corticoesteróides (PREDNISOLONA 60 mg/dia).
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5. MENINGITE: É uma doença que consiste na inflamação das meninges, isto é, das membranas que
revestem o sistema nervoso central (o encéfalo e a medula espinhal). Quadro Clínico: A apresentação
pode ser com uma doença aguda fulminante, que evolui em algumas horas, ou uma infecção subaguda
que piora progressivamente no transcorrer de vários dias. Oitenta e cinco por cento dos adultos tem
cefaleia, febre e meningismo (rigidez de nuca). Pode ocorrer também alteração do estado mental (75%),
convulsões (40%). Sinais de Kerning positivo (paciente deitado com os quadris e joelhos flectidos; a
tentativa de estender uma perna provoca dor) e Brudzinski positivo (a flexão passiva do pescoço provoca
flexão espontânea dos quadris e joelhos). Outros sinais e sintomas: náuseas e vómitos, fotofobia,
sudorese, mialgias, paralisia dos nervos cranianos. Pode ocorrer uma erupção (meningococcémia) do tipo
exantema maculopapuloso difuso, que rapidamente se transforma em petequial, acometendo o tronco e
membros inferiores, mucosas e conjuntivas, e em alguns casos palmas das mãos e plantas dos pés.
CONDUTA: Em face de meningite bacteriana, deve-se iniciar urgentemente antibióticos empíricos. O
Tratamento antibiótico deve durar entre 7 e 21 dias, sendo mais prolongado para Tuberculose (terá aula
específica), e nas infecções oportunistas nos doentes com SIDA (criptococose é para toda a vida).
Meningite Bacteriana – Tratamento empírico: PENICILINA G CRISTALIZADA, EV, 20-24
milhões de UI por dia de 6/6 horas ou de 4/4 horas, isto é, 5 a 6 milhões de UI EV de 6 em 6 horas, ou
AMPICILINA, EV, 12 gramas por dia de 6/6 horas ou de 4/4 horas, isto é, 3 g de 6/6 horas ou
Alternativamente, usar CLORANFENICOL, EV, na dose máxima de 4 gramas/dia, isto é, 1 g de 6 em 6
horas. Antibioticoterapia, segundo a etiologia bacteriana: Neisseria meningitidis, Streptococcus
pneumoniae - respondem a PENICILINA G e AMPICILINA. O meningococo também responde ao
CLORANFENICOL , Haemophilus influenzae – CLORANFENICOL ou CEFTRIAXONA (nível 3
de prescrição). Edema Cerebral: MANITOL 1 g/kg/dose e.v. a correr em 30 min. Convulsões:
DIAZEPAM conforme abordado na aula sobre convulsões. Instituir tratamento intensivo de suporte à
respiração (desobstrução das vias aéreas), nutricional, hidratação e de cuidados gerais de enfermagem.
Em termos de profilaxia, é necessário intervir, na medida do possível, no controle dos factores de risco
modificáveis acima descritos. Neisseria meningitidis é prevenível por vacina e quimioprofilaxia, e
Haemophilus influenza tipo B por vacina e tratamento atempado de infecções respiratórias em crianças. A
Quimioprofilaxia dos contactos de casos de meningite meningocócica (Neisseria meningitidis) é feita com
RINFAMPICINA 20 mg/kg/dia dose única ou CIPROFLOXACINA ou DOXICICLINA em adultos
(100mg/dose * 2 doses/dia). A meningite meningocócica geralmente cursa em epidemias, pelo que
nestes casos, poderá ser necessário o recurso ao CLORANFENICOL oleoso para fazer face ao
tratamento dos casos. As meningites virais, deve-se instituir as medidas de apoio ou tratamento
sintomático. Tratamento com anti-virais (ACICLOVIR, se for o caso).
6. ENCEFALITE: Encefalite é uma inflamação do parênquima cerebral, que geralmente está associada a
meningite (“meningoencefalite”). Quadro clínico: O quadro clínico é de uma meningite viral (febre,
cefaleia e irritação meníngea, com mal-estar, anorexia, náuseas e vómitos, dor abdominal e diarreia)
combinadas com sinais e sintomas que indicam o comprometimento dos tecidos cerebrais (alteração da
consciência e comportamento, convulsões e deficits neurológicos focais como afasia, hemiparesia,
movimentos involuntários e deficits dos nervos cranianos). As infecções virais exantemáticas (que
causem lesões cutâneas) podem manifestar-se com as lesões cutâneas específicas, como no caso de
Herpes simples, Varicela e Sarampo. CONDUTA: Instituir tratamento de suporte para todos casos de
encefalite, corrigindo: Hipóxia (desobstrução das vias aéreas e administração de oxigénio se saturação
baixa), a Hipovolemia e Choque (Cristaloides e.v.), Hidratação de manutenção, baixar a febre
(PARACETAMOL/IBUPROFENO); instituir também Suporte Nutricional, Anticonvulsivantes
(DIAZEPAM se necessário) e cuidados intensivos gerais de enfermagem. MANITOL é indicado (1g/kg
e.v./dose) se suspeitar-se de edema cerebral, desde que haja volêmia normal. Medidas profilácticas (de
saúde pública) devem ser accionadas para casos de Sarampo, Raiva e suspeita de outros agentes
causadores de epidemias.Tratamento específico deve ser instituído na suspeita de Encefalite causada por:
Vírus do grupo Herpes (ACICLOVIR 10-15 mg/kg dividido por 3 doses/dia, 14-21 dias),
Toxoplasmose, Criptococose, Tuberculose, Parasitas.
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até completar 7 dias de tratamento (21 doses). É importante que durante o tratamento se consiga garantir a
correcção de eventual hipoglicémia, quer por via EV (combinação de DEXTROSE A 5% E
DEXTROSE A 30%). Medidas de suporte: Tratar convulsões com DIAZEPAM.
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10.ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC): é o termo usado para referir as síndromes de
comprometimento de irrigação sanguínea do Encéfalo, que resultam na perda da função neurológica do
território encefálico específico onde ocorre o défice de aporte sanguíneo. Apresentações clínicas comuns
no AVC Isquémico dependendo do território cerebral afectado: Infarto do hemisfério cerebral
dominante: paralisia do lado oposto do corpo, diminuição do campo visual oposto, olhar fixo, disartria,
afasia; Infarto do hemisfério cerebral não dominante: paralisia do lado oposto do corpo, diminuição
do campo visual oposto, incapacidade (apraxia) de desenhar/escrever, disartria; Infarto do hemisfério da
artéria cerebral média: foi acima descrito, paralisia maior dos braços e face do que da perna; Infarto do
hemisfério da artéria cerebral anterior: paralisia do lado oposto do corpo, mais pronunciada na perna
do que nos braços e face. Associa-se às alterações de emoção e dificuldade em reconhecer formas de
desenhos (dispraxia); Síndrome derivado de “acidente” da artéria vertebrobasilar (tronco cerebral e
Cerebelo): tonturas, vertingem, dupla visão, dificuldade em deglutir, paralisia dos pares craneanos,
instabilidade na marcha, paresia bilateral dos membros. Síndrome derivado de “acidente” da artéria
basilar (tronco cerebral e Cerebelo): Quadriplegia (paralisia dos 4 membros) e Coma profunda, morte.
Síndrome derivado de “acidente” da artéria que irrigem o córtex lacunar: défice motor ou sensitivo
puro. Apresentações clínicas comuns no AVC hemorrágico dependendo do território cerebral
afectado. O AVC hemorrágico pode ser devido a hemorragia dentro do tecido cerebral (hemorragia
intraparênquimatosa) ou hemorragia subaracnoideia. O quadro clínico é a seguir descrito: Hemorragia
intraparenquimatosa: semelhante aos respectivos territórios do AVC isquémico, porém associa-se
frequentemente à náuseas e vómitos; Hemorragia subaracnoidea: Cefaleia explosiva, intensa, vómitos,
meningismo, coma. Gravidade da Hemorragia Subaracnoidea: Grau I: dor de cabeça sem sinais de
meningismo. Grau II: dor de cabeça severa, alteração ligeira da consciência, sinais neurológicos focais
ausentes. Grau III: alteração no exame neurológico (meningismo), depressão moderada do nível de
consciência. Grau IV: alteração no exame neurológico (meningismo), depressão importante do nível de
consciência. Grau V: paciente em coma. CONDUTA: Do leque de antihipertensivos disponíveis, os -
bloqueadores (PROPANOLOL) são os fármacos de eleição se necessário controlo da HTA; Do leque de
antihipertensivos disponíveis, não usar NIFEDIPINA sublingual – pois implica maior risco de
depressão súbita da T.A. e causar agravamento do AVC. Evitar dentro do possível o uso de DEXTROSE
E.V. Baixar a febre se esta ocorrer. A febre aumenta lesão neuronal. Usar de preferência o
PARACETAMOL, pois ACIDO ACETIL SALICÍLICO diminui a coagulabilidade sanguínea, e se o
AVC for hemorrágico, aumentam a probabilidade de piora do quadro hemorragico intracraniano.
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11. PARALISIA FACIAL: é um distúrbio (parésia) ou uma paralisia total de todos, ou alguns, músculos
da expressão facial. Paralisia do nervo facial (VII par dos nervos cranianos) é um distúrbio neurológico
que por ser disfigurante, têm um impacto importante sobre o paciente (aparência e autoestima).
Quadro clínico: Os sinais que mais facilmente levam à identificação da existência de Paralisia Facial
Unilateral são:Abolição das pregas frontais do lado afectado; Incapacidade de oclusão das pálpebras na
hemiface afectada (Sinal de Charles de Bell); Desvio do Nariz, Boca e Língua para o lado não afectado;
O Sulco Nasogeniano –a prega que separa nariz e a “buchecha” encontra-se lisa/apagada/aplanada/abolida
do lado afectado, Apagamento da Comissura labial do lado afectado; Bochecha pendente “ em saco “ do
lado afectado; Ptose (queda) da Pálpebra Superior e Inferior do lado afectado; Os ⅔ anteriores da língua
ficam com a sensação gustativa abolida; Três tipos de complicações podem ocorrer durante a evolução da
Paralisia Facial Periférica: Espasmo hemifacial pós-paralisia: contracção espasmódica involuntária da
região/ hemiface paralisada; Contracturas: contracção muscular permanente do lado paralisado que vai
atrair o lado são, podendo parecer uma paralisia facial do lado oposto. O quadro pode ser intenso com
espasmos localizados principalmente nas pálpebras e comissura labial; Sincinesias: Aparecem durante os
movimentos voluntários. Quando o paciente fecha o olho, a comissura labial pode elevar-se; ao contrário,
quando mostra os dentes, pode apresentar fechamento palpebral. CONDUTA: Os pacientes com paralisia
facial geralmente apresentam-se na fase aguda. Deve ser instituído tratamento conservador com:
Corticoesteroides: PREDNISOLONA 60 mg/dia ACICLOVIR: 200-400 mg 5x/dia, durante 10 dias.
Indicar lágrimas artificiais para uso frequente de dia e pomada oftálmica para uso de noite. Protecção
do olho
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12. ALCOOLISMO: é definido como uso regular excessivo ou abusivo de álcool que se acompanhe de
problemas sociais, ocupacionais e ou físicos. O álcool causa dependência física e psíquica, sendo também
um dos principais factores associados à acidentes de viação. Apresentação clínica: Delirium tremens;
Síndromes de Wernicke-Korsakoff; Degeneração cereberal;e Neuropatias periféricas. Delirium
tremens: é essencialmente um síndrome de abstinência alcóolica grave, manifesta por hiperactividade do
sistema nervoso autónomo (sudorese, taquicardia, hipertensão, taquipneia e febre), confusão mental,
ilusões e alucinações visuais e tácteis.Tratamento de doença/manifestações físicas: Administrar 100
mg de TIAMINA/dia por pelo menos 1 semana. Na ausência de TIAMINA, usar COMPLEXO B;
Hidratação e correcção de hipoglicêmia; Instituir uma dieta equilibrada e suplementar a dieta com
comprimidos multi-vitamínicos. Tratar convulsões e dificuldade em dormir com benzodiazepínicos
(DIAZEPAM dá melhor resultados que o CLORDIAZEPÓXIDO, mas ambos são úteis). Tratar a dor
neuropática periférica com analgésicos (PARACETAMOL ou IBUPROFENO) e neurolépticos
(AMITRIPTILINA ou CARBAMAZEPINA). A toma de DISSULFIRAM 250 mg/dia, um
medicamento que se usa para induzir efeitos desagradáveis no paciente que reincida no consumo de
álcool, costuma ser abordagem em centros especializados. Se o paciente ingerir álcool enquanto estiver
em curso o tratamento com DISSULFIRAM, ele terá manifestações (efeito antabus) que assemelham-se
à fase aguda de abstinência alcóolica com delirium tremens. Não é aconselhável essa abordagem se não
por médicos com experiência.
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15. TRAUMA DA MEDULA ESPINHAL: O trauma das vértebras associa-se muitas vezes à lesão da
medula espinhal nos seus diferentes segmentos (8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sagrados e 1
coccígeo). O traumatismo da medula espinhal causa importante invalidez das pessoas afectadas, pois
ocorre perda das funções motora, sensorial e reflexa desta porção do SNC; a maior parte das pessoas
vítimas destes traumatismos são jovens (20-30 anos). Segundo dados do HCM, as causas mais frequentes
no nosso contexto são os acidentes de viação seguido de quedas. CONDUTA: PREDNISOLONA
30mg/kg primeira dose, depois 5 mg/kg/ a cada hora se trauma < que 24 horas de evolução. Administrar
fluidos ev (L.RINGER 1000 ml de 8/8h ou 100ml/kg/dia em crianças).
1.ANEMIA: Define-se anemia como a redução da concentração de hemoglobina no sangue, com valores
de Hgb abaixo do valor normal por sexo e idade. Em adultos considera-se anemia uma Hgb inferior a 13
g/dl em homens e inferior a 12 g/dl em mulheres. Anemia ferropénica: o défice de ferro pode ser
causado por uma alimentação deficiente em ferro, má-absorção (ex: doenças gastrointestinais
inflamatórias crónicas), por excesso de perda por hemorragias (perdas menstruais excessivas, hemorragias
intestinais ocultas, hematúria microscópica), por aumento das necessidades de ferro como acontece
durante a gravidez ou nas fases de crescimento rápido (crianças, adolescentes); Anemia megaloblástica
(Ácido Fólico e Vitamina B12): por carência na dieta, defeitos na absorção (principalmente B12) ou por
consumo excessivo em algumas fases como gravidez e lactação. Anemia das doenças crónicas (ou
anemia associada à inflamação); Mau funcionamento da medula óssea: pode ter várias causas. As
principais são as seguintes: Toxicidade por fármacos ou produtos químicos: CLORANFENICOL,
anticonvulsivantes, quimioterapia, ARVs (ZIDOVUDINA). Infecções bacterianas ou virais (ex:HIV).
Neoplasias que podem infiltrar a medula óssea como leucemias agudas ou crónicas, linfomas ou
carcinomas. Outras: causas genéticas, endócrinas (ex: hipotiroidismo) ou metabólicas (ex: insuficiência
renal e hepática) que interferem com o processo de síntese e de maturação dos GV; Excesso de
Destruição de Eritrócitos: Estes tipos de anemias são causados por uma destruição prematura ou
excessiva dos glóbulos vermelhos e determinam as chamadas anemias hemolíticas. As causas incluem:
Causas corpusculares (defeitos da estrutura dos próprios glóbulos vermelhos que predispõem à
destruição dos GV); Defeitos de membrana dos GV: exemplo na esferocitose; Defeitos de enzimas dos
GV: exemplo défice de G6PDH (glucose-6fosfato-dehidrogenase); Hemoglobinopatias ou defeitos da
estrutura da Hgb: por exemplo a drepanocitose ou anemia falciforme devido a presença de uma forma
anormal da Hemoglobina chamada HgbS. Causas extra-corpusculares: (factores externos aos GVs que
predispõem à sua destruição); Hiperesplenismo (há aumento da destruição dos GV pelo baço); Infecções:
virais (ex: Citomegalovírus), protozoários (Plasmodium, Toxoplasma), bacterianas (sépsis por Gram
Negativos); Distúrbios imunológicos: anticorpos anti GV; Agentes tóxicos (venenos); Traumas
mecânicos (ex: destruição dos GV por próteses valvulares cardíacas); Anemia por perda de sangue,
cujas causas incluem: Hemorragias agudas: traumas, hemorragia digestiva, hemorragia pós-parto.
Hemorragias crónicas: perdas insensíveis nas fezes (ex: tumores intestinais, parasitose intestinal), na urina
(ex: schistossomíase), perdas menstruais. Sinais e sintomas: Os sinais e sintomas inespecíficos de
anemia mais frequentes incluem: Fadiga, astenia; Apatia; Palidez; Tonturas; Hipotensão postural;
Taquicardia; Palpitações; Dispneia ; Insuficiência cardíaca (em caso de anemia grave ou de aparecimento
rápido). Deficiência na produção de eritrócitos: Ferropénica: Estomatite angular, glossite, disfagia,
coiloníquea (unhas em forma de colher), alterações do apetite (ex: vontade de comer areia), amenorreia;
Anemia megaloblástica: Carência de Vitamina B12: Neuropatia periférica, demência, glossite,
estomatite angular, sintomas gastrointestinais. Anemia megaloblástica: Carência de Ácido fólico: Os
mesmos que da carência de Vit B12. Os sintomas gastrointestinais são mais intensos (incluem diarreia e
esteatorreia). Os sintomas neurológicos podem não estar presentes. Anemia das doenças crónicas:
Presença de sinais e sintomas associados à causa subjacente; Anemia aplásica: Geralmente associa-se à
alteração dos outros tipos celulares, manifestando-se com tendência hemorrágica (alteração das plaquetas)
e a contrair infecções (alteração dos GB) facilmente. Aumento da destruição de eritrócitos: Anemia
falciforme ou drepanocitose -hemoglobina anormal que determina alteração da forma de GV; GV em
forma de foice rompem-se facilmente e entopem os vasos sanguíneos, provocando infartos teciduais:
Atraso no crescimento; Palidez e icterícia (durante os episódios de hemólise); Fadiga intensa; Crises
dolorosas ósseas que afectam principalmente os membros; Dores articulares; Sintomas respiratórios
(causados por infarto pulmonar); Sintomas gastrointestinais (causados por infarto gastrointestinal);
Úlceras cutâneas, sobretudo nos membros inferiores; Maior tendência à infecções; Priapismo (erecção
mantida devido à obstrução venosa no pénis). Aumento das perdas de sangue: Anemia por perdas
hemorrágicas agudas e crónicas: Nas perdas agudas ou de evolução rápida associam-se os sinais e
sintomas de choque (hipotensão, taquicardia, pulso fraco, confusão mental e outros). Nas perdas crónicas
geralmente são imperceptíveis ou pouco significativas e não despertam preocupação. Desenvolvem-se
mecanismos compensatórios e podem ser assintomáticas ou apresentar apenas sintomas inespecíficos
ligeiros. Com níveis mais baixos de Hg, podem surgir os sinais de descompensação cardíaca.
CONDUTA: Anemia Ferropénica: O primeiro passo é identificar os casos instáveis ou graves (anemia
descompensada) e tratá-los; Para os casos de anemia estável ou compensada (sem indicação para
transfusão sanguínea), deve ser administrado o FERRO, conforme indicado abaixo: SULFATO
FERROSO, comprimidos de 200 mg (65 mg de ferro elementar): Adultos: 1 comprimido 2 a 3 vezes
por dia dependendo da gravidade; Em alguns casos os pacientes poderão precisar da administração de
ferro endovenoso. Após o início da terapia com SAL FERROSO, deve ser feito o controlo da Hgb após
2-3 semanas. Uma boa resposta terapêutica, equivale a um aumento de 1g/dl por mês. Para além do
tratamento farmacológico, a causa da carência de ferro (gravidez, carência alimentar, perdas de sangue)
deve ser identificada e corrigida (se aplicável). Profilaxia da Anemia Ferropénica: Mulheres grávidas:
vizinhas e ser grave, sobretudo quando afecta o cérebro; Sangramento superior ao esperado, após
procedimentos invasivos (ex: intervenções cirúrgicas, toracocentese, canalização de veia); Sangramento
espontâneo em qualquer aparelho (gastrointestinal, genitourinário, etc). CONDUTA: Administrar
PLASMA fresco congelado (se disponível), na dose de 15 a 20 ml/kg ou alternativamente sangue total
(10 a 15 ml/kg) se sangramento activo Administrar VITAMINA K na dose de 10 mg IM. Não
administrar nos pacientes com doença hepática severa ou nas gestantes prestes a dar a luz.
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4. DISTÚRBIOS TROMBÓTICOS: O s distúrbios trombóticos, também chamados de trombofilias são
condições que predispõem o paciente à trombose (formação de trombos). Quadro Clínico: Algumas
manifestações clínicas frequentes da hipercoagulabilidade incluem: Tromboflebite: as veias afectadas
são as superficiais; o trombo determina o aumento de temperatura, dor, vermelhidão e edema na área
afectada. Pode-se palpar um endurecimento no trajecto da veia sob a pele. Raramente provoca
complicações, fica localizado e pode ser retirado com uma pequena cirurgia. CONDUTA: No caso de
trombose superficial (tromboflebite): aplicação de calor na área afetada, elevação das pernas e uso de
anti-inflamatórios não esteróides (IBUPROFENO 400 mg de 8/8 horas) por um período de uma a duas
semanas.
5.3. REACÇÃO FEBRIL NÃO HEMOLÍTICA: Reacção dos anticorpos do paciente contra
componentes do sangue transfundido ; Surge após uma hora ou mais depois da transfusão, com febre,
calafrios e outros.TRATAMENTO: Parar a transfusão canalizar outra veia e manter acesso venoso com
SORO FISIOLÓGICO, PARACETAMOL (500 a 1000 mg cada 4 a 6 h) ou outro anti-pirético
(ASPIRINA não recomendada).
NB: Dose de concentrado de plaquetas: depende do caso clínico. A dosagem mínima no adulto é de 4
unidades; Dose de PLASMA fresco congelado: 15 a 20 ml/kg de peso corporal. Dose de
FUROSEMIDA: 1 a 2 mg/kg de peso.
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6.MANEJO DA DOR: A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável ligada a uma lesão
tissular existente ou potencial. É o que se sente quando temos uma lesão, mas também o que a pessoa
sente como doloroso mesmo se não se vê nenhuma lesão física. Dor Leve (Nível 1): de 0 a 2, o paciente
diz que “não dói”; Dor Moderada (Nível 2): de 3 a 7, o paciente diz que “ dói um pouco” ou “dói mais
ou menos”; Dor Intensa (Nível 3): de 8 a 10,o paciente diz que “dói muito” ou “não aguento mais esta
dor”. TRATAMENTO: Nível 1 – dor leve: ASPIRINA cpr 500mg:1 a 2 comprimidos a cada 4 ou 6
horas (máximo 4 g/dia). Nota: A aspirina deve ser administrada com alimentos para reduzir a irritação
gástrica e com precaução em doentes com antecedentes de úlcera péptica (risco de hemorragia digestiva)
ou com tumor gastrointestinal ou do fígado. PARACETAMOL cpr 500mg: 1 a 2 comprimidos a cada 6
a 8 horas. Nível 2 – dor moderada: Associar a máxima dose de PARACETAMOL cpr 500mg ou de
ASPIRINA cpr 500mg com CODEÍNA FOSFATO cpr 30mg: 15 a 60 mg a cada 4 ou 6 horas se
necessário (dose máxima 240 mg / dia). Nível 3 – dor intensa: PETIDINA HIDROCLORETO,
100mg/2ml Ampola: é a 1ª escolha. Caso use a via I.M. ou S.C.: 50 - 100mg a cada 4 horas se necessário;
Caso use a via I.V.: 25 mg IV administrados lentamente a cada 5 minutos, até obter o efeito analgésico
(máximo de 100 mg); MORFINA: nos casos em que não há resposta aos analgésicos acima descritos a
MORFINA é de nível de prescrição superior; Caso use a via oral: administre solução oral 5mg
SULFATO DE MORFINA/5ml, 5 - 20mg (1-4 colheres de chá) a cada 4 horas, aumentando-se, se
necessário, de acordo com a resposta clínica. Iniciar o tratamento com doses baixas (5mg/ 4 horas) e ir
aumentando progressivamente a dose mantendo o intervalo, até se atingir a dose mais baixa que permita
controlar a dor; a analgesia é mais eficaz com a administração regular do que com a administração em
S.O.S; se se tornar impossível usar a via oral (vómitos incoercíveis) passar a via S.C. ou I.M. Caso use a
via injectável prefira a via subcutânea: MORFINA SULFATO 10mg/ml, 5 a 20 mg a cada 4 ou 6 horas
se necessário.
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7. MANEJO DE NÁUSEAS E VÓMITOS: Geralmente a náusea e o vómito são devidos a acção directa
da neoplasia caso seja localizada no tracto gastrointestinal ou por efeito de outros medicamentos. É
necessário aliviar estes sintomas para permitir que o paciente se alimente adequadamente.
TRATAMENTO: METOCLOPRAMIDA cpr 10 mg por via oral: 1 cpr a cada 8 horas, 15 a 30 minutos
antes das refeições. Nos casos em que não for possível a via oral (vómitos incoercíveis) usar a via
injectável. METOCLOPRAMIDA Amp 10mg/2ml, por via IM ou IV: 1 ampola (10 mg) a cada 8 horas;
PROMETAZINA HIDROCLORETO, cpr 10mg: por via oral,10 a 20 mg cada 4 a 6 horas até 100
mg/dia. Nos casos em que não for possível a via oral (vómitos incoercíveis) usar a via injectável.
PROMETAZINA Inj. 50 mg/2 ml por via IM: 25 mg I.M. (ou Ev lento) a repetir após 2 horas se
necessário; CLORPROMAZINA HIDROCLORETO cpr 25mg:12,5 - 25 mg a cada 4 ou 6 horas.
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Caso novo com TB Pulmonar (aplicado também para a TB Extra-pulmonar com a excepção da TB
do Sistema nervoso central). Fase Intensiva: 2HRZE: dois (2) meses de 4DFC (ISONIAZIDA,
RIFAMPICINA, PIRAZINAMIDA E ETAMBUTOL). A toma é diária. Fase de Manutenção: 4HR:
quatro (4) meses de 2DFC (ISONIAZIDA E RIFAMPICINA). Toma diária.
Caso novo com TB Extra-pulmonar meníngea e com a TB com complicações neurológicas (por
exemplo, Mal de Pott com afectação medular). Fase Intensiva: 2HRZS: dois (2) meses de 4DFC
(ISONIAZIDA, RIFAMPICINA, PIRAZINAMIDA E ESTREPTOMICINA). A toma é diária. Fase
de Manutenção: 4HR: quatro (4) meses de 2DFC (ISONIAZIDA E RIFAMPICINA). Toma diária.
de Katayama): É uma síndrome febril que aparece cerca de 4 a 8 semanas após invasão da pele e ocorre
tanto na infeccção por S. mansoni como por S. haematobium. Caracterizada por febre, mal-estar, mialgia,
urticária, diarreia (por vezes sanguinolenta), tosse seca, linfadenopatia generalizada e
hepatoesplenomegália. A Schistosomíase crónica pode-se apresentar de várias formas. O S.
haematobium leva ao desenvolvimento de doença genito-urinária. O S. mansoni (e os outros) leva ao
desenvolvimento das outras formas de doença. CONDUTA: O tratamento da Schistosomíase é dividido
em tratamento médico e cirúrgico. O fármaco de eleição é o PRAZIQUANTEL: PRAZIQUANTEL –
dose de 40mg/kg em dose única. Apresentação: comprimidos de 600mg; Via de administração: Oral;
Correcção de anemia existente com SALFERROSO; Antibioticoterapia no caso de infecção secundária
– AMOXICILINA ou COTRIMOXAZOL ou CIPROFLOXACINA são antibióticos que podem ser
usados empiricamente na suspeita de infecção urinária secundária.
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6. FILARÍASE: Filaríase linfática – é uma doença com carácter crónica e incapacitante, causada pelos
helmintos nemátodes, que habitam nos vasos linfáticos. A filaríase linfática também é conhecida por
Elefantíase devido as características dos órgãos acometidos, que aumentam de tamanho numa analogia
ao elefante. Quadro clínico: Filaríase Linfática Aguda: adenolinfangite aguda (ADL) caracterizada por
uma febre alta recorrente, associada à inflamação dos linfónodos (adenite) e/ou vasos linfáticos (linfagite)
e edema local transitório. A linfagíte é retrógrada, estendendo-se, ao nível periférico, desde o linfónodo
que drena a área onde o parasita adulto reside. Os linfónodos regionais mostram-se frequentemente
dilatados. Pode haver edema da genitália, hiperémia e hiperestésia. Filaríase Linfática Crónica: A forma
crónica da doença se manifesta, geralmente 10 a 15 anos após a fase aguda, com linfedema, hidrocele,
quilúria (urina com linfa de aspecto leitoso), ascite linfática, linfotórax e elefantíase. O edema é duro,
sendo acompanhado por espessamento dos tecidos subcutâneos e hiperceratose. Surgimento de fissuras na
pele e alterações hiperplásicas. Eosinofilia Pulmonar Tropical (EPT). A EPT é uma forma de
apresentação da filaríase linfática que se caracteriza por bronquite asmatiforme (tosse, dispnéia
paroxística nocturna, sibilância, roncos, podendo apresentar febre). CONDUTA: Eliminação das
Microfilárias e Vermes Adultos (macrofilárias): O tratamento de eleição para a eliminação de
microfilárias e de vermes adultos é a DIETILCARBAMAZINA (fármaco de nível 3). Um tratamento
alternativo é o ALBENDAZOL (comprimidos de 400mg): tem acção microfilaricida na dose de 400 mg
em dose única e macrofilaricida na dose de 400 mg duas vezes por dia durante 21 dias.
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7. FEBRE TIFÓIDE E A PARATIFÓIDE: são um conjunto de doenças muito semelhantes,
denominadas de febre entérica. A febre tifóide é uma doença bacteriana, multi-sistêmica, potencialmente
fatal causada pela Salmonella typhi (serotipos A,B,C). A febre paratifoide, é uma doença semelhante e
relacionada com à febre tifóide, mas muito mais rara, causada pela Salmonella paratyphi (serotipos
A,B,C). Quadro Clínico: O quadro clínico é relativamente inespecífico, e tem como principal sintoma a
febre alta (38.8-40.5ºC) e prolongada, que sem tratamento pode durar até 4 semanas. Apresenta início
insidioso com febre do tipo contínuo, cefaleia, mialgias, astenia, tosse seca e calafrios. Dor abdominal,
náuseas, vómitos, diarreia que pode ou não ser sanguinolenta ou menos frequentemente obstipaçã;
Epistaxis; Sintomas neurológicos em 2 a 40% dos casos: meningismo, movimentos estereotipados das
mãos (como alisamento contínuo da roupa da cama ou tentativa de apreender no ar objectos inexistentes)
O exame físico pode revelar: Bradicardia relativa em desproporção com o grau da febre (dissociação
pulso x temperatura) Abdómen distendido, hepatoesplenomegália; Exantema maculopapular por volta do
fim da primeira semana - “roséolas tíficas” - no tórax ou abdómen, que empalidecem à pressão; Sinais
neurológicos: rigidez da nuca, paralisia, fraqueza muscular; Icterícia; O curso da febre paratifoide tende a
ser menor e com sintomas mais leves, mas pode ser clinicamente indistinguível. Os casos registados em
Tsangano – Tete em 2009 apresentavam-se com: febre, cefaleia, dores abdominais, rigidez de nuca,
dificuldade em falar e caminhar. CONDUTA: A febre tifóide é uma doença infecto-contagiosa pelo que
devem ser tomadas medidas de isolamento do paciente. Antibioticoterapia: A CIPROFLOXACINA
(nível de prescrição 3), é o fármaco de eleição, administrado na dose de 250 a 750 mg (geralmente 500
mg) de 12 em 12 horas, durante 6 dias. O CLORANFENICOL é o fármaco de 1ª linha para o tratamento
da febre tifóide. Nas formas ligeiras preferir tratamento ambulatório pela via oral. Nas formas moderadas
a graves preferir a via EV. Posologia: CLORANFENICOL (fármaco alternativo) – adultos e crianças
maiores de 2 meses: 50 a 100 mg/kg/dia em 4 tomas, 6/6h (máximo 4 gramas/dia no adulto). Um
esquema em adultos seria de cápsulas de 250 mg de 6 em 6 horas ou 500 mg de 6 em 6 horas. Nos casos
graves usar o CLORANFENICOL SUCCINATO SÓDICO EV 500 a 1000mg de 6 em 6 horas.
Reduzir a dose logo que a situação melhore (recordar que o CLORANFENICOL pode induzir a aplasia
medular que é dose-dependente ou dose-independente). A duração do tratamento é de 14 a 21 dias. A
CEFTRIAXONA (1 a 2 gramas/dia EV) é uma alternativa ao CLORANFENICOL, se não houver
melhoria. Se estiver presente co-infecção schistossoma, é necessário tratar: PRAZIQUANTEL 40mg/kg
dose única Nos casos que se detecta perfuração intestinal com peritonite – aplicar a 1ª dose de
CLORANFENICOL, colocar líquidos endovenos (SORO FISIOLÓGICO ou LACTATO DE
RINGER). Terapia de suporte: Manter o equilíbrio hidro-electrolítico: fluídoterapia oral (SAIS DE
REHIDRATAÇÃO ORAL, água de coco, sumos) ou por via endovenosa nos estados mais graves
(LACTACTO DE RINGER ou SORO FISIOLÓGICO); Controlar a febre (arrefecimento corporal,
anti-piréticos – PARACETAMOL); Se anemia estiver presente, e dependendo da gravidade, usar
suplementos de ferro e/ou transfusão de sangue.
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8. BRUCELOSE: Brucelose é uma doença, geralmente de carácter crónico, causada por
bactérias do género Brucella transmitida aos seres humanos a partir de animais infectados.
Quadro Clínico: Brucelose Aguda: Febre, cefaleia, mialgia, artralgia, sudorese nocturna (com
odor fétido). A febre pode ser remitente com largas oscilações diárias. Embora não frequente,
porém mais característica, é a febre do tipo “ondulante” – temperatura mais alta a cada dia, até
atingir um nível máximo que é mantido por 10 a 15 dias, para depois começar a cair,
gradualmente, até ao estado de apirexia que dura um curto período, seguindo-se depois outras
“ondas” febris. Ao exame físico pode-se encontrar a linfadenopatia generalizada,
hepatoesplenomegália. Brucelose Localizada: Afecta principalmente o sistema osteo-articular:
dor na coluna vertebral, dor no quadril, dor no joelho, associado a sinais inflamatórios
caracterizando uma sacroileíte, artrite coxo-femoral e do joelho, osteomielite, ou inflação da
coluna vertebral e dos respectivos discos intervertebrais (espondilodiscíte). Também pode afectar
outros sistemas: Sistema nervoso – com rigidez de nuca, kerning e brudzinski positivo,
caracterizando uma meningoencefalite. Paralisia dos membros, ansiedade, irritabilidade. Coração
– pode haver sinais e sintomas sugestivos de pericardite, miocardite e endocardite; Aparelho
respiratório – com bronquites de repetição; Fígado – abcessos hepáticos e sinais e sintomas de
uma hepatite (icterícia, astenia); Sistema genito-urinário – com prostatite, orquite, epidemite,
orquiepidemite, abcesso ovariano, salpingite e outras); Tracto gastrointestinal – anorexia,
náuseas, vómitos, dor abdominal, diarreia ou obstipação. Brucelose Crónica: Febre baixa ou
apirexia, astenia, mal-estar, artralgia, emagrecimento, sudorese, associado a um estado
depressivo. CONDUTA: O tratamento da brucelose visa curar a infecção actual e a
sintomatologia, bem como prevenir recidivas. Nos adultos, é usada a associação de dois
antibióticos: ESTREPTOMICINA e DOXICICLINA, nas seguintes doses:
ESTREPTOMICINA – 1 grama por dia, via intramuscular, por 14 a 21 dias + DOXICICLINA
– 100 mg de 12 em 12 horas por 42 dias nos adultos; O tratamento deve ser prolongado para até
pelo menos 12 semanas, quando há evidência de infecção localizada.
9. PESTE: Peste é uma doença bacteriana zoonótica envolvendo roedores e pulgas, que transmitem a
infecção bacteriana para outros animais ou pessoas. A peste é febril e aguda, frequentemente associado a
linfadenopatia e com uma elevada taxa de letalidade (>50 %). É causada por Yersínia pestis. Quadro
Clínico: Segundo as 3 formas clínicas de peste o quadro clinico pode ser: Peste Bubônica: É a forma
mais frequente e tem um período de incubação de 2 a 6 dias. Apresenta início súbito de febre alta (> 38º
C), cefaleia intensa, mialgias, artralgias, astenia. Pode-se acompanhar de marcha insegura e cambaleante
(andar do ébrio), confusão mental e delírio. Linfadenopatia (bubão) frequentemente inguinal, mas que
pode ser axilar, cervical ou ter outra localização. O bubão é hipersensível e doloroso, com crescimento
rápido que pode atingir o tamanho de um ovo de galinha. O paciente apresenta defesa à palpação do
bubão e limita os movimentos da região com o bubão. A inspecção da pele ao redor do bubão pode
mostrar o local da picada da pulga, marcada por uma pápula, pústula ou úlcera. Os pacientes podem ter
vómitos e diarreia, exantema vesiculopustuloso, petéquias, hemorragias; Sem tratamento a taxa de
letalidade é de entre 50-60%. Peste Pulmonar: Pode ser secundária e ocorrer como complicação da peste
bubônica ou ser primária. A peste pulmonar primária tem um período de incubação de 3 a 5 dias (faixa de
1 a 7 dias). Os sinais e sintomas são semelhantes aos da forma bubônica (excepto que na peste pulmonar
primária não existe o bubão). Os sinais e sintomas respiratórios são: tosse, expectoração aquosa ou
mucosa, espumosa com laivos de sangue, mas podendo se tornar francamente sanguinolenta. Taquipneia,
dispneia, dor torácica e fervores crepitantes. Sem tratamento a taxa de letalidade é quase 100%. Peste
Septicêmica: A septicemia pode ser secundária a qualquer das formas anteriores (bubônica ou
pneumónica) ou ser primária. A septicemia primária tem um período de incubação de menos de 3 dias. O
paciente apresenta febre alta, calafrios, cefaleia intensa, diarreia, vómitos, petéquias, equimoses,
sangramentos, marcada toxémia, delírio e rápida instalação do coma. O paciente pode entrar em choque
séptico levando ao óbito. Sem tratamento a taxa de letalidade é quase 100%. CONDUTA:
TETRACICLINA – 500 mg via oral de 6 em 6 horas durante 10 dias ou DOXICICLINA 100 mg de 12
em 12 horas durante 10 dias. A ESTREPTOMICINA constitui uma alternativa às TETRACICLINAS,
nas doses de 2 gramas por dia divididos de 12 em 12 horas durante 10 dias (1 grama de 12 em 12 horas).
Nos casos de peste complicada com meningite, preferir o uso de CLORANFENICOL à
ESTREPTOMICINA, pela melhor penetração através da barreira hemato-encefálica. As doses são de
50 a 100 mg/kg/dia de 6 em 6 horas, por via intravenosa. Nos casos de peste pulmonar, deve-se efectuar o
isolamento do paciente. Medidas de Prevenção e Controlo da Peste: Isolamento de casos de peste
pulmonar; Quimioprofilaxia dos contactos; TETRACICLINA 500 mg de 6 em 6 horas por 7 dias;
DOXICICLINA 100 mg de 12 em 12 horas por 7 dias; COTRIMOXAZOL – 320 mg da componente
trimpetropim por dia (2 comprimidos de 12 em 12 horas) por 7 dias;
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10.FEBRE RECORRENTE POR MORDEDURA DE CARRAÇA: é uma doença zoonótica
aguda, caracterizada por febre recorrente e transmitida de roedores para o ser humano pela
picada de carraça. QUADRO CLÍNICO: Febre (> 40º C) com padrão irregular, cefaleia,
calafrios, sudorese, mialgia e artralgia. Vertigens, náuseas e vómitos são comuns; O paciente
pode referir que tem dificuldade em apanhar sono e tem tido pesadelos; Fotofobia (aversão à
luz), com conjuntivas congestas (avermelhadas), epistaxe, desidratação; Tosse não produtiva,
com taquipneia e taquicardia, petéquias e hemorragias podem surgir; Pode haver
hepatoesplenomegália dolorosa. CONDUTA: O tratamento da FRMC é feito durante 7 dias de
antibioticoterapia. Doses únicas são desaconselháveis devido ao risco de recorrência e
persistência da doença. Adultos – TETRACICLINA 500 mg de 6 em 6 horas; ou
DOXICICLINA 100 mg de 12 em 12 horas; ou ERITROMICINA 500 mg de 6 em 6 horas; ou
CLORANFENICOL 500 mg de 6 em 6 horas.
11. SÉPSIS: é uma síndrome de resposta inflamatória (SIRS), desencadeada por um agente agressor,
associado à infecção sistêmica. É basicamente a forma mais extrema de infecção sistêmica. O clínico
deve efectuar um tratamento agressivo de modo a evitar o óbito do paciente que pode ocorrer nas
primeiras horas. Quadro Clínico: Fase inicial (1) – o paciente está consciente, febril, com pele quente,
seca e rosada, taquicardia e a TA está normal ou discretamente reduzida, taquipneia; Fases avançadas (2-
3) – o paciente evolui para um estado mais grave, podendo se apresentar com agitação, desorientação,
confusão ou estar inconsciente, com pele fria, sudorese, icterícia, cianose das extremidades. A TA reduz,
podendo se apresentar com valores sistólicos menores de 90 mmhg, taquipneia. Pode surgir petéquias,
hemorragias, trombose ou necrose. O paciente pode estar com oligúria ou mesmo anúria. Lesões
cutâneas sugestivas de patógenos específicos:Lesões petequiais ou purpúreas sugerem
meningococcemia (Neisseria meningitidis);Lesão bolhosa circundada por edema com necrose e
hemorragias centrais (ectima gangrenoso) sugere Pseudomonas. CONDUTA: Estabilização
hemodinâmica: administração de líquidos intravenosos – SORO FISIOLÓGICO ou LACTATO DE
RINGER. Administrar 1 a 2 litros por 1 a 2 horas. Administrar líquidos de modo que a TAS se mantenha
acima de 90 mmhg e ocorra melhoria da diurese. Estabilização respiratória: administrar OXIGÉNIO na
dose de 2 a 4l por minuto, até conseguir uma saturação de OXIGÉNIO>90 ou melhoria do status
respiratório. Se não houver melhoria, pedir ajuda para entubar; Antibioterapia empírica combinada com:
AMPICILINA ou PENICILINA CRISTALIZADA, mais GENTAMICINA e METRONIDAZOL:
AMPICILINA 2 - 4 gramas ou PENICILINA CRISTALIZADA (3.000.000 UI) EV como dose de
ataque que pode ser repetida de 6 em 6 horas; dose máxima de AMPICILINA (14 g/dia).
GENTAMICINA – 160 a 240 (dose diária total) mg EV como dose de ataque. Os pacientes com sépsis
podem ter uma insuficiência renal, pelo que o clínico deve estar atento a esta situação tendo em conta que
a GENTAMICINA é nefrotóxica. Nestas condições, administrar dose de ataque de 80 mg, sobretudo
nos doentes com maior risco (crianças, idosos, debilitados, desidratados ou com patologia renal prévia),
METRONIDAZOL – 500 mg EV como dose de ataque, que pode ser repetida de 8 em 8 horas.
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12. DOENÇA MENINGOCÓCICA: pode se apresentar sob a forma localizada ou disseminada
podendo evoluir para sépsis grave ou choque séptico. QUADRO CLÍNICO: Pode ser
disseminada (meningococemia) ou localizada: Meningococémia – 10 a 30% dos pacientes que
1.OTITE EXTERNA (OE): a otite externa é definida como sendo uma infecção ou inflamação do canal
auditivo externo e pavilhão auricular. Classificação, quadro clínico e tratamento da otite externa:
1.1.OE AGUDA DIFUSA: Conhecida como “swimmer’s ear” – ouvido do nadador. Consiste num
processo infeccioso e inflamatório do ouvido externo. Quadro Clínico: Otalgia que se irradia para região
temporal e mandibular, , eritema, otorreia, prurido, hipoacúsia (de condução)e hipersensibilidade à
palpação; Febre e linfadenopatia em casos mais graves. TRATAMENTO: Cuidados locais: limpeza
atraumática do CAE por aspiração e debridamento de restos celulares. Pode se usar água oxigenada para
facilitar a remoção e limpeza de fragmentos e crostas aderidas, com completa secagem do CAE
posteriormente. Analgésia: AINEs – IBUPROFENO 200-400 mg oral ou DICLOFENAC 25 a 50 mg
oral, de 8 em 8 horas por 3-5 dias; Antibioticoterapia: Tópica - CLORANFENICOL gotas auriculares
a 5%, 3-5 gotas 2-3 x/dia; HIDROCORTISONA gotas para reduzir a inflamação: 5 gotas 3 vezes ao dia
durante 7 dias; Sistêmica – casos graves com manifestações gerais, infecção disseminada ao redor do
CAE, linfadenite, estado tóxico. CIPROFLOXACINA 500 mg oral de 12 em 12 horas durante 7 dias ou
se mais grave, GENTAMICINA 80 mg EV de 8/8 h + AMPICILINA 1 grama EV de 6 em 6 horas
1.2.OE AGUDA LOCALIZADA (FURUNCULOSE): É uma OE Aguda limitada a uma área do CAE,
geralmente no 1/3 externo, onde existem glândulas sebáceas e folículos pilosos. Quadro Clínico:
Prurido, otalgia localizada, edema, eritema do CAE, pontos de flutuação. Hipoacúsia (se oclusão do
CAE). TRATAMENTO: O mesmo que o anterior, no entanto nos casos graves usar drogas
antiestafilocócicas: AMOXICILINA (500 mg) com ÁCIDO CLAVULÂMICO (125), oral, 500 mg de
8 em 8 horas por 7 dias ou FLUCLOXACILINA 250 mg, oral, 250 mg de 6 em 6 horas por 7 dias. Os
furúnculos não devem ser mexidos, deve-se aguardar pela sua maturação, fistulização e cura espontânea.
Só em casos excepcionais o especialista deve recorrer à incisão do furúnculo.
1.3.OE CRÔNICA: Geralmente ocorre quando os processos infecciosos e inflamatórios não são tratados
adequadamente. Quadro Clínico: Desconforto leve, prurido intenso, , ressecamento da pele do CAE e
hipoacúsia. Geralmente indolor. Otorréia mucopurulenta se infecção secundária agudizada.
TRATAMENTO: Tratamento local com objectivo de restaurar a pele normal do CAE e promover
produção de cerúmen: limpeza frequente e debridamento local, seguido de aplicação de VIOLETA DE
GENCIANA. Uso de corticóides tópicos e gotas queratolíticas.
1.4.OE GRANULOSA: Consiste em exsudação purulenta do 1/3 interno do CAE, incluindo a MT. Pode
ocorrer em pacientes que não trataram adequadamente um episódio prévio de OE. Quadro Clínico:
Hipoacúsia, otorréia purulenta e prurido leve. TRATAMENTO: Limpeza do CAE com água morna
seguida de secagem. Aplicação de antibiótico tópico (GENTAMICINA, CLORANFENICOL).
1.7.OE HERPÉTICA: O Herpes Zoster Oticus ou Síndrome de Ramsay Hunt é a infecção dos
gânglios do nervo acústico e do gânglio geniculado do nervo facial pelo Vírus do Herpes Zoster. Quadro
Clínico: Por Herpes Zóster: paralisia facial periférica, otalgia, zumbidos, erupção cutânea vesicular no
pavilhão e CAE ipsilateral, hipoacúsia: Síndrome de Ramsey Hunt; Por Hérpes simplex: semelhante ao
H. zóster sem afecção do nervo facial. TRATAMENTO: Síndrome de Ramsey Hunt:
PREDNISOLONA oral, 40mg/dia durante 2 dias, 30mg/dia durante os seguintes 7-10 dias; seguir
diminuindo progressivamente a dose, associado a: ACICLOVIR 800 mg oral 5x/dia durante 7 dias. OE
por herpes simplex: ACICLOVIR 200 mg 5x/dia ou 400 mg de 8/8 horas por 10 dias; Analgésicos para
a dor. Se não melhora, referir ao Médico
1.8.OE BOLHOSA: É uma das otites mais dolorosas. Quadro Clínico: Vesículas ou bolhas
hemorrágicas na porção óssea do CAE; Otorréia serossanguinolenta. TRATAMENTO:
ERITROMICINA 500 mg de 6 em 6 horas por 10 dias. Analgésicos para a dor. Limpeza e secagem do
CAE
2. OTITE MÉDIA: : otite média é a inflamação do ouvido médio.A disfunção da Trompa de Eustáquio
dificulta a drenagem normal de secreções, sendo o factor causal básico. É geralmente secundária a uma
infecção das vias aéreas superiores, como a faringite ou a rinite. Classificação, quadro clínico e
tratamento da otite média:
2.2.OM COM DERRAME: Pode ser: Seroso – fluido seroso e transparente; Purulento – pús, e pode
ficar espesso como cola (glue ear). Quadro Clínico: Hipoacúsia, autofonia (ressonância da própria voz
do doente), otalgia variável, sensação de pressão no ouvido. Se MT perfurada, o derrame pode ser visível.
TRATAMENTO: Antibioticoterapia: AMOXICILINA (500 mg) e ÁCIDO CLAVULÂMICO (125
mg): 500 – 1000 mg de AMOXICILINA de 8 em 8 horas. Alternativamente pode-se usar a
ERITROMICINA 500 mg de 6 em 6 horas. Corticóides: PREDNISOLONA oral ou
HIDROCORTISONA em gotas como na OE; Descongestionantes nasais: SORO FISIOLÓGICO,
gotas nasais de EFEDRINA, ou FENILEFRINA (1 a 2 gotas em cada narina, 3-4 x/dia); Anti-
alérgicos: CLORFENIRAMINA 4 mg de 8/8 horas
2.3.OMA: Existe um processo inflamatório agudo da mucosa do ouvido médio, porém sem formação de
nenhuma coleção líquida na cavidade timpânica. Quadro Clínico: Sensação de ouvidos intupidos, otalgia
variável, hipoacúsia. Dor a pressão da ponta da mastóide, zumbidos sincrónicos com o pulso/batimento
cardíaco. TRATAMENTO: Limpeza e aspiração do CAE; Antibióticos orais por 10 dias como na OM
com derrame. Descongestionantes nasais: SORO FISIOLÓGICO, gotas nasais de EFEDRINA, ou
FENILEFRINA.
2.4.OMC: É a inflamação crónica da mucosa do ouvido médio. Quadro Clínico: Hipoacúsia (de
condução), sem dor, otorréia muco-purulenta não fétida. TRATAMENTO: Limpeza do CAE com
SORO FISIOLÓGICO. Antibióticos locais: CLORANFENICOL, GENTAMICINA. Antibióticos
sistêmicos em casos graves: AMOXICILINA COM ÁCIDO CLAVULÂMICO, ou CIPROFLOXACINA.
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3. MASTOIDITE: é a infecção bacteriana do osso mastóide, geralmente devida a extensão do processo
infeccioso de uma otite média não tratada adequadamente ou atempadamente. Quadro Clínico: os
sintomas aparecem 2 ou mais semanas após a sintomatologia de uma otite média aguda não tratada. A
febre é alta e persistente, há dor na região do ouvido e retro auricular, que irradia para a região temporal e
occipital , existência de otorreia purulenta e fétida com diminuição da audição. CONDUTA: Inicie
antibióticos E.V. com PENICILLINA G 2 a 3 milhões de UI (pré-transferência/referêcnia).
4. SURDEZ: Surdez é definida como a perda da audição, uni ou bilateral. Considera-se surdo o indivíduo
cuja acuidade auditiva esteja abaixo de 70DB, podendo chegar a perda total da audição.
SURDEZ SÚBITA: É a perda súbita da audição, de natureza neurosensorial, geralmente unilateral, que
se manifesta numa pessoa com audição normal. Avança em poucas horas e progride em alguns dias.
Quadro clínico: Começa como uma pressão no ouvido, seguido de zumbido intenso, mais tarde
hipoacusia severa e algum tempo depois instalação de surdez total. Há perda profunda da audição, que
pode ser associada a nistagmo e vertigens. Os sintomas são geralmente unilaterais. Na maior parte dos
pacientes, há recuperação total espontânea da função auditiva em 10-14 dias. Em outros pacientes há
recuperação parcial. CONDUTA: O tratamento deve ser instituído o mais precocemente possível. A
conduta farmacológica e não farmacológica para o tratamento da perda parcial ou total da audição é a
seguinte: PREDNISOLONA 60mg/dia durante 2 dias e a seguir 40mg/dia durante 5-7 dias, com seguinte
redução progressiva da dose; Antibióticos orais: ver tratamento da otite média.
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6. RINITE: é a inflamação da mucosa das fossas nasais. A rinite pode ser de vários tipos: aguda, crónica,
infecciosa, alérgica, congestiva, medicamentosa, gravídica ou atrófica. Neste bloco iremos abordar apenas
a rinite infecciosa, alérgica e medicamentosa.
6.1. RINITE INFECCIOSA: É a infecção da mucosa nasal. É a infecção mais frequente das vias aéreas
superiores. É classificada em: aguda quando tem duração de 5-7 dias e crónica quando tem uma duração
superior que 2 semanas. Quadro Clínico: A rinite infecciosa é caracterizada por: Edema da mucosa nasal
por vasodilatação; Rinorreia: secreção do nariz que é transparente/ serosa em caso de etiologia viral e é
amarelada ou purulenta em caso de infecção bacteriana. Espirros frequentes; Prurido nasal inicial; Ardor
e secura das fossas nasais e da faringe; Obstrução nasal com voz anasalada; Hiposmia ou anosmia;
Febrícola pode estar presente ou não; Mal-estar geral; Cansaço; Dor de cabeça pode estar presente ou
não. TRATAMENTO: a rinite geralmente é auto-limitada e não precisa de nenhum medicamento;
Rinite viral: cura-se espontaneamente em 5-7 dias. Geralmente o tratamento com antibiótico não é
necessário; Pode ser administrado um vasoconstritor para reduzir o edema e a rinorréia como a
FENILEFRINA 0,5% gotas: 1 gota por narinas a cada 4 horas por 3-4 dias. É importante não usar o
vasoconstrictor mais do que 4 dias para evitar a síndrome de ‘rinite medicamentosa’. Gotas de
SORO FISIOLÓGICO são igualmente eficazes, constituindo descongestionantes nasais baratos. Pode
ser necessário, para alívio dos sintomas, o uso de anti-histamínicos (CLORFENIRAMINA 4 mg de 8
em 8 horas), corticóides orais (PREDNISOLONA 10-20 mg/dia) e analgésicos (IBUPROFENO 200-
400 mg de 8 em 8 horas).
6.2.RINITE ALÉRGICA: É a inflamação da mucosa nasal causada por alérgenos (substâncias que
desencadeiam alergia). Quadro Clínico: Os sinais e sintomas aparecem após um tempo variável da
exposição ao alérgeno, geralmente após minutos ou horas e continuam por todo o tempo em que o
indivíduo fica exposto ao alérgeno ou até semanas após a suspensão da exposição, dependendo do grau de
inflamação provocada. Os sinais e sintomas característicos são: Espirros frequentes, chamados espirros
em “salva”; Rinorreia serosa ou aquosa abundante; Obstrução nasal; Intenso prurido nasal e/ou no palato
e nos olhos com lacrimejo. O prurido nasal pode induzir ao hábito de fricção frequente do nariz com a
palma da mão, gesto conhecido como “saudação alérgica”. Anosmia ou hiposmia; Dor de cabeça ou
sensação de cabeça cheia ou pesada; Anorexia: ou falta de apetite em casos graves; Insónia: em casos
graves; Dependendo da hipersensibilidade do indivíduo ao alérgeno causal, a inflamação pode progredir
até as vias respiratórias inferiores e determinar uma sintomatologia característica de asma com
broncoespasmo mais ou menos grave e dificuldade de respirar. TRATAMENTO: Além de evitar o
máximo possível a exposição ao alérgeno e aplicação de descongestionantes nasais tópicos (EFEDRINA,
FENILEFRINA), é necessário iniciar o tratamento com medicamentos anti-histamínicos orais e
corticóides para reduzir a vasodilatação e os sintomas. CLORFENIRAMINA 4mg de 8 em 8 horas;
PREDNISOLONA 10-20mg/dia durante 4-5 dias, com progressiva redução da dose nos dias seguintes.
Bronocodilatadores em caso de broncoespasmo associado.
7. SINUSITE: É a inflamação da mucosa dos seios perinasais. Nos adultos o seio mais afectado é o seio
maxilar, seguido do etmoidal e do frontal. Quadro clínico: Os sinais e sintomas da sinusite aguda e
crónica são similares, diferem somente na duração. A sintomatologia é variável, dependendo do seio
afectado: Sinusite maxilar: dor na região geniano-malar espontânea ou a palpação, dor nos dentes,
cefaleia frontal; Sinusite frontal: dor na área de projeção do seio frontal, cefaleia frontal; Sinusite
etmoidal: dor entre os olhos (ângulo interno do olho), atrás dos olhos e cefaleia frontal; Sinusite
esfenoidal: dor menos localizada, as vezes referido ser na região occipital e vertex; Outros sintomas
associados podem ser: Cefaleia que aumenta ao abaixar a cabeça ou tossir; Hiperemia do nariz, bochechas
ou pálpebras; Mal-estar generalizado; Secreção purulenta ou verde do nariz, que pode também não estar
presente, e o paciente referir que não consegue eliminar as secreções do nariz; Febre é geralmente ausente
ou há febrícula, se presente significa uma extensão do processo infeccioso; A mucosa nasal é hiperemiada
e edematosa; Tosse persistente e seca se a orofaringe for afectada; Dor de dentes da arcada superior;
Hiposmia; Sensação de ter os ouvidos “cheios”, “entupidos”; Especificamente na sinusite crónica podem
ser presentes:Tosse crónica seca, Febre de origem desconhecida, Dor dos dentes e Halitose.
TRATAMENTO: O tratamento da sinusite tem o objectivo de melhorar a drenagem do conteúdo dos
seios paranasais, controlar a infecção e evitar as complicações. Inalação de vapor aquoso para determinar
uma vasoconstrição e diluição das secreções, melhorando a drenagem; Descongestionantes nasais com
vasoconstritores (EFEDRINA, FENILEFRINA). A sinusite viral cura espontaneamente e não precisa
antibióticos. A sinusite bacteriana é tratada com antibióticos focados no agente causal:
AMOXICILLINA ou AMOXICILLINA E ÁCIDO CLAVULÂNICO: cpr 500mg por via oral, 3
vezes ao dia durante 2 semanas ou ERITROMICINA, em caso de alergia à AMOXICILLINA: cpr
500mg por via oral a cada 6h durante 2 semanas ou COTRIMOXAZOL: cpr 480mg por via oral 2 vezes
ao dia durante 2 semanas; METRONIDAZOL, associar em caso de infecção suspeita por anaeróbios
(infecção dental): cpr 500mg por via oral 3 vezes ao dia durante 2 semanas; Em caso de exacerbação de
sinusite crónica: AMOXICILINA ou AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂMICO (nas doses já
referidas); TETRACICLINA cpr 500mg por via oral a cada 6h; Na sinusite crónica a duração do
tratamento deve ser de 4-6 semanas e devem ser associados aos seguintes medicamentos:
Descongestionantes da mucosa nasal por uso local; Corticosteróides por via oral, PREDNISOLONA
20-40 mg/dia durante 4-5 dias.
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9.LARINGITE: É a inflamação da mucosa da laringe. Quadro clínico: O sintoma principal é a
disfonia,ou rouquidão e a mudança do tom de voz, que é reduzida até chegar a afonia ou perda da voz.
Sinais de inflamação da mucosa orofaríngea podem estar presentes. Em casos graves: Febre, Mal-estar,
Disfagia, Estridor, Faringodinia e Dispneia se há também edema laringeo. CONDUTA: Em caso de
etiologia viral: Repouso vocal; Inalações de vapor aquoso; Evitar a exposição aos agentes irritantes:
evitar fumar; IBUPROFENO como anti-inflamatório: 200 - 400mg a cada 8h durante 4-6 dias; Caso a
laringite esteja associada à uma bronquite ou seja bacteriana, é necessário tratar a bronquite com
AMOXICILLINA (500 mg) E ÁCIDO CLAVULÂNICO (125mg) oral, 500 mg de AMOXICILINA a
cada 8h durante 10 dias, ou TETRACICLINA oral: 500mg a cada 6h durante 10 dias.
respiratórias superiores e as inferiores: O paciente parece inquieto; A voz pode ser normal ou com
roquidez; Há taquicardia, taquipneia; Há estridor inspiratório com retração dos músculos intercostais; A
auscultação dos pulmões é normal. CONDUTA: Os objectivos do tratamento do CRUPE é de reduzir o
desconforto respiratório. Administrar aerossol com SORO FISIOLÓGICO, 3ml e ADRENALINA 5-
10mg, que pode ser repetido a cada 2h; Corticóides EV: PREDNISOLONA 50 mg ou
HIDROCORTISONA 100 mg em casos moderado e grave.
Sumo de limão (sialogogo) 3 vezes ao dia para estimular o fluxo salivar; Antibióticos orais:
AMOXICILINA (500mg) com ÁCIDO CLAVULÁNICO (125mg), 1 comprimido de 8 em 8 horas
durante 7-10 dias. Em pacientes alérgicos às penicilinas, usa-se a ERITROMICINA 500 mg de 6/6
horas. Na sialodenite crónica usar: AMOXICILINA com ÁCIDO CLAVULÂNICO (ou
ERITROMICINA nos pacientes alérgicos a penicilina) combinado com METRONIDAZOL 250 mg
de 8 em 8 horas durante 10 dias. No caso de suspeita de infecção viral, a infecção é auto-limitada e basta
o tratamento sintomático (analgésicos e AINES); Caso o paciente tenha sintomas gerais e seja séptico ou
haja um abcesso deve ser internado para tratamento E.V. e para drenagem do abcesso (refira estes casos)
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13. TRACOMA: É uma conjuntivite crónica infecciosa, caracterizada por exacerbações progressivas e
remissões da doença. É uma importante causa de cegueira em Países com escassos recursos, como
Moçambique. Quadro clínico: Início de uma conjuntivite, bilateral, caracterizada por hiperémia
conjuntival, edema palpebral, fotofobia e lacrimação, chamada “olho rosa”. Após 7-10 dias pequenos
folículos formam-se na conjuntiva palpebral superior e gradualmente aumentam de volume e número
durante 3-4 semanas, tornando-se um tecido de granulação de cor transparente-cinzento com folículos
inflamatórios ao redor. A fase seguinte é a formação do “pano” ou seja neoformação de vasos sanguíneos
na parte superior da córnea. Esta fase pode durar alguns meses até 1 ano, dependendo do tratamento e da
resposta ao mesmo; O estadio a seguir é a formação de entropion. Nesta fase os cílios ficam por dentro
dos olhos e lesionam a córnea, contribuindo para a formação de cicatrizes. Há também a obstrução do
ducto lacrimal: o epitélio da córnea torna-se opaco e espesso e a lacrimação diminui. Nas áreas
isquémicas do pano há formação de úlceras. O último estadio da doença é a cegueira; Há aumento dos
gânglios pré-auriculares. CONDUTA: O objectivo do tratamento é a cura da infecção e corte da cadeia
de transmissão, prevenindo deste modo as complicações, de entre as quais a cegueira. Tópico: com creme
oftálmico de TETRACICLINA a 1%: 2-3 aplicações ao dia durante 4-6 semanas + Sistémico via oral
com ERITROMICINA (500mg de 6/6 horas) ou DOXICICLINA (100mg de 12/12 horas) ou
TETRACICLINA (250-500mg de 6h/6h), durante 3 semanas.
14. OLHO VERMELHO: A hiperémia conjuntival ou “olho vermelho” é um dos sinais mais comum
de patologia do sistema visual. As causas de olho vermelho são numerosas, as mais comuns incluem: Não
severas: que geralmente passam após o tratamento; Trauma leve da conjuntiva: corpo estranho;
Conjuntivite de varias etiologias e duração, aguda ou crónica ; Hemorragia sub-conjuntival. Severas: que
podem levar à sequelas permanentes como perda da visão: Glaucoma agudo; Trauma grave; Infecções:
Chlamydia tracomatis, Neisseria gonorrea; Queratite ou inflamação da córnea que pode ter várias causas
(tracoma, exposição a luz do sol, uso de lentes de contacto, herpes vírus).
14.1. Causas Não Severas do Olho Vermelho: TRAUMA LEVE DA CONJUNTIVA: Qualquer
trauma do olho como uma contusão, presença de um corpo estranho como poeira ou insecto, que
determina uma irritação ou lesão da conjuntiva ou escoriação da córnea. Quadro clínico: em resposta ao
factor traumático há uma hiperemia conjuntival devido à irritação do epitélio da conjuntiva e inflamação
da mesma. O paciente reclama de incómodo, prurido. TRATAMENTO: geralmente não é necessário
nenhum tratamento, somente lavagem do olho com água; em caso de corpo estranho é necessário a sua;
em caso de escoriação da córnea é necessário pomada antibiótica de TETRACICLINA 4 vezes ao dia
e bandagem do olho por 4-5 dias
Conjuntivite Alérgica: É causada por alergénios que podem ser pólenes de plantas, casca do pêlo de gato
ou outros animais. A transmissão é por contacto directo do alérgeno com a conjuntiva; A sintomatologia é
caracterizada por: Edema palpebral: de moderado a muito importante; Prurido geralmente intenso;
Secreção transparente e ou mucosa; Não há aumento dos gânglios cervicais ou pré-auriculares; Presença
de papilas na conjuntiva tarsal.; A evolução: geralmente evolui dependendo da exposição ao alérgeno; Se
o paciente evitar a exposição a conjuntivite cura-se em 1-2 semanas com o uso de anti-histamínico orais:
CLORAFENIRAMINA cpr 4mg a cada 8h; Se a causa é pólen, o paciente deve tentar reduzir a sua
exposição ambiental e tratar a conjuntivite como acima, com anti-histamínico orais.
14.3. Causas Severas do Olho Vermelho: GLAUCOMA: inclui muitas entidades clínicas que tem em
comum o aumento da pressão intra-ocular, que pode determinar uma redução leve ou grave da capacidade
de visão até a cegueira. No adulto, o glaucoma primário pode ser de 2 tipos: O glaucoma agudo ou
crónico de ângulo fechado; O glaucoma crónico simples de angulo aberto; Existe o glaucoma secundário
a doenças oculares pré-existentes como uveíte, tumor intra-ocular e catarata.
Glaucoma Agudo: é chamado também de glaucoma de ângulo fechado; é uma condição devida ao
aumento da pressão por obstrução da drenagem do humor aquoso dentro da câmara anterior do olho. É
caracterizado por ataques súbitos de aumento da pressão intra-ocular, geralmente unilateral, com forte dor
e perda da visão. Quadro Clínico: Há pródromos com episódios transitórios de redução da acuidade
visual, visão alterada da luz, dor ocular e cefaleia.A pupila fica em midriase fixa e sem reacção à luz. Esta
sintomatologia pode durar poucas horas e apresentar-se várias vezes antes da sintomatologia típica do
glaucoma. O ataque típico é caracterizado da rápida perda da visão e dor lancinante no olho afectado que
irradia-se seguindo o decurso do nervo facial. Podem estar presentes náuseas e vómito, edema da pálpebra
superior, lacrimação, hiperemia conjuntival nas áreas periféricas, midriase pupilar fixa. A cada ataque há
uma redução progressiva da capacidade visual e um défice do campo visual. CONDUTA: O objectivo do
tratamento inicial do glaucoma primário de ângulo fechado é o controlo da pressão intra-ocular.
Idealmente seria o início do manejo com ACETAZOLAMIDA (diurético inibidor da anidrase
carbónica). MANITOL a 20% (inj.12,5 g/50 ml – frasco de 500 ml), por via EV, na dose de 1-2
gramas/kg a correr em 30 a 60 min.
15. CELULITE ORBITAL: É uma inflamação dos tecidos da órbita, geralmente devido à uma patologia
infecciosa de origem dos seios paranasais, após um trauma ou seguindo uma infecção dos dentes. Quadro
Clínico: A celulite orbital é geralmente unilateral e é caracterizada por: Edema palpebral: é geralmente o
sinal inicial; Dor intensa da órbita; Ptose ou protrusão do bulbo ocular para fora da cavidade orbitaria;
Motilidade ocular diminuída e dolorosa nas várias direcções; Edema conjunctival (quemose); Febre; Mal-
estar geral. CONDUTA: Por causa da evolução rápida das complicações, a progressão e resposta ao
tratamento da celulite orbital devem ser seguidos. É aconselhável, portanto internar o paciente e iniciar
rapidamente o tratamento parenteral com: AMPICILINA por via endovenosa: 1-3 gr a cada 6 horas ou
PENICILINA CRISTALIZADA 2-3 milhões UI EV de 6 em 6 horas + GENTAMICINA EV 160 ou
249 mg EV 1 vez por dia ou 80 mg de 8 em 8 horas até a melhoria dos sinais locais e o desaparecimento
da febre; depois continuar com AMOXICILINA (500 mg) e ÁCIDO CLAVULÂNICO (125 mg) por
via oral a cada 8h por 10 dias.
16. TRAUMA OCULAR DE CAUSA QUÍMICA: Este tipo de trauma é causado por substâncias
químicas em contacto com o olho e suas estruturas. Geralmente este contacto é acidental. O agente
químico pode ser de natureza básica ou ácida, e a lesão varia de acordo com a natureza do agente:
Substância básica - penetra em profundidade e continua a danificar os tecidos em profundidade.
Substância ácida - determina uma lesão superficial com limitação do dano. Geralmente estas substâncias
determinam uma queimadura dos tecidos e devem ser tratados logo. Quadro Clínico: O contacto com
uma substância química provoca uma dor intensa imediata. O paciente não consegue abrir o olho afectado
por causa do espasmo da musculatura das pálpebras (blefaroespasmo). Pode haver hiperemia da
conjuntiva com hemorragia conjuntival, dependendo da entidade e profundidade da queimadura.
CONDUTA: O tratamento deve ser imediato, pois trata-se de uma emergência, através dos seguintes
passos: Lavagem (irrigação) com abundante (vários litros) água estéril ou SORO FISIOLÓGICO por
um mínimo de 30 minutos, anestesia prévia do olho com gotas de PROPARACAINA 1% (1 ou 2 gotas),
se disponível. A seringa com o SORO FISIOLÓGICO deve ser conectada com um cateter EV cuja
extremidade é posta logo acima da superfície conjuntival. Gotas de ATROPINA 1%: 1 gota a cada 8-12h
para o tratamento da dor até a dor desaparecer. Caso haja material ou secreções que aparecem durante a
irrigação podem ser retirada usando um cotonete estéril apoiado no canto nasal do olho. Pomada
antibiótica local como a TETRACICLINA oftálmica: 1 aplicação com bandagem compressiva. Se a dor
é muito intensa dar codeína cpr 30-60mg por via oral dose única
18. HORDÉOLO (OU TERÇOLHO): O hordeolo é uma infecção aguda com formação de um abscesso
das glândulas de Zeis (hordéolo externo) ou da glândula de Meibomius (hordéolo interno), sendo este
último mais raro. É popularmente conhecido como terçol, terçolho ou viúvo. Quadro Clínico: A
sintomatologia compreende sinais e sintomas típicos de uma inflamação aguda. Aparece como um nódulo
hiperémico, edematoso, doloroso e com pele sobreposta quente na borda da pálpebra afectada. É
geralmente centrado na base de um cílio. O nódulo é geralmente único e unilateral, mas pode ser bilateral
ou múltiplos nódulos podem coexistir. A evolução consiste em maturação do abcesso e drenagem externo
espontâneo. O hordéolo interno pode evoluir para um calázio (vide mais adiante). Raramente a
inflamação extende-se aos tecidos adjacentes e pode determinar uma celulite pré-orbital/pré-septal.
CONDUTA: O hordéolo cura-se espontaneamente em 1-2 semanas. O tratamento consiste em manter a
higiene das pálpebras lavando o olho afectado e removendo as eventuais secreções, colocar compressas
húmidas e mornas e fazer massagem da lesão por 10 minutos 4 vezes ao dia até a drenagem espontânea. É
necessário a aplicação de uma pomada antibiótica (BACITRACINA) em caso de ruptura do abcesso e
drenagem do conteúdo para evitar a infecção de outras estruturas do olho, ou se houver uma conjuntivite
associada: aplicar TETRACICLINA pomada oftálmica 4 vezes ao dia por 3-4 dias. Em caso de celulite
pré-orbital é necessário administrar AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂNICO por via oral como
descrito acima.
19. CALÁZIO é a inflamação crônica da glândula de Meibomius ou de Zeis. Quadro Clínico: Antes do
chalázio aparecer o paciente refere um desconforto/incómodo da pálpebra afectada, seguido por
inflamação aguda e edema da mesma. Depois há o surgimento de um nódulo, geralmente único
(raramente múltiplo), duro, fixo e não doloroso na parte tarsal da pálpebra. As pálpebras superiores são as
mais afectadas já que as glândulas de Meibomius são mais numerosas nas pálpebras superiores.
CONDUTA: O tratamento consiste em: Manter a higiene das pálpebras lavando o olho afectado e tirando
as eventuais secreções; Por compressas húmidas e mornas durante 10-15 min, 2 vezes ao dia; Fazer
massagem da pálpebra com o dedo indicador acima do nódulo por 10 minutos, 4 vezes ao dia; Aplicar
gotas de HIDROCORTISONA 0,5%-1%: 1 gota 4 vezes ao dia até o calázio desaparecer. Caso haja
sobre infecção bacteriana é necessário administrar pomada antibiótica local como a TETRACICLINA
ou CLORANFENICOL oftalmico ou em casos mais graves: DOXICICLINA cpr 100mg por via oral:
1 cpr por dia por 10 dias. Caso seja um calázio evoluído de um hordéolo interno é necessário seguir o
tratamento do hordéolo associando a pomada de CORTISONA.
21. CÁRIE DENTÁRIA: A cárie dentária é uma doença microbiana dos tecidos calcificados dos dentes
que se caracteriza pela desmineralização da porção inorgânica e a destruição da substância orgânica do
dente. A cárie dentária é uma das patologias dentárias mais antigas e bem estudada. A ciência que se
dedica exclusivamente ao estudo da cárie, é a Cariologia. Quadro Clínico: Sintomas: Na fase inicial da
cárie, esta é assintomática. A sintomatologia da cárie dentária inicia a partir do momento em que esta
atinge a dentina e as estruturas mais abaixo do seguinte modo: Dor no dente ao beber algo frio ou comer
algo doce, que melhora quando se remove o estímulo. O qual indica que a polpa está ainda sã; Dor no
dente persistente, mesmo depois do estímulo (por exemplo, água fria). Ou dor também sem qualquer
estímulo (dor de dentes espontânea) quando a cárie atinge a polpa. Quando as bactérias atingem a polpa
dentária e esta morre, a dor pode cessar temporariamente. Mas em breve (de horas a dias), o dente volta a
doer, tanto ao morder como ao pressioná-lo com a língua ou com um dedo, porque a inflamação e a
infecção se propagaram para além da extremidade da raiz, causando um abcesso (uma acumulação de
pus). Sinais: O primeiro sinal da cárie são manchas esbranquiçadas ou acastanhadas no dente afectado.
Nas fases mais avançadas podem se observar cavitações ou orifícios nos dentes, a superfície dental pode
mostrar-se mole quando tocada com um instrumento pontiagudo e com dor ao toque. CONDUTA: O
tratamento da cárie dentária é feito pelo estomatologista. Alívio de dor: Dependendo da intensidade da
dor, e da condição médica do doente o seu alívio pode ser conseguido seguindo a escala de alívio da dor:
Não opiáceos – uso de PARACETAMOL, ACIDO ACETILSALICÍLICO e IBUPROFENO:
PARACETAMOL comprimido de 500 mg: 0.5-1gr de 4/4 ou 6/6h oral (dose máxima 4g/dia) até a dor
aliviar ou ACIDO ACETILSALICÍLICO comprimido de 500 mg: 0.5-1gr de 4/4 ou 6/6h oral (dose
máxima 4 g/dia). até a dor aliviar ou IBUPROFENO comprimidos de 200 ou 400 mg: 200-400 mg
comprimido, oral 8/8 h até a dor aliviar (dose máxima 2,400mg/dia).
22. ESTOMATITE AFTOSA: A estomatite aftosa, comummente conhecida por aftas, são lesões
vesiculares únicas ou múltiplas, que se rompem e formam úlceras arredondadas, com bordas elevadas,
bastante dolorosas. São amareladas e cobertas por uma camada amarela de círculo eritematoso. Elas
podem localizar-se em qualquer parte da cavidade bucal. Quadro Clínico: O quadro clínico caracteriza-
se por dor ou ardor na boca durante a ingestão de alimentos, principalmente alimentos ácidos ou
alimentos picantes. O paciente refere saída de “ferida” na boca qe devido a uma queimadura de chá ou
outro alimento quente. Raramente evolui com sintomas sistémicos, e quando presentes, são mais
atribuídos a doença coexistente, do que a lesão aftosa. No exame físico o paciente apresenta lesões
ulcerosas, recobertas por uma membrana fibrinopurulenta branco amarelada, removível que medem em
torno de 3 a 10mm nas úlceras menores ou 1 a 3cm nas úlceras maiores, muito dolorosas. Afectam
principalmente a mucosa jugal e labial, seguidos pelo ventre da língua, fundo do vestíbulo, assoalho da
boca e palato mole. A infecção tem uma duração de cerca de 7 a 14 dias nas úlceras menores e curam sem
deixar cicatriz ou de duas a seis semanas nas úlceras maiores, neste caso deixando cicatriz. A úlcera da
afta, pode ser facilmente confundida com a úlcera da Herpes simplex. CONDUTA: Anti-inflamatórios e
Analgésicos: ÁCIDO ACETILSALICÍLICO comprimido de 500 mg: 0.5-1gr de 4/4 ou 6/6 h oral (dose
máxima 4 g/dia) ou IBUPROFENO comprimido de 200 ou 400 mg: 200-400 mg comprimido, oral 8/8 h
(dose máxima 2,400mg/dia) ou PARACETAMOL comprimido de 500 mg: 0.5-1gr de 4/4 ou 6/6h oral
(dose máxima 4g/dia) Anti-sépticos: CLOREXIDINA: Bochechar durante 1 minutos 2 a 3x por dia
com 10 ml de uma solução de CLOREXIDINA a 0,25% (isto equivale a 5 ml de CLOREXIDINA a 5%
diluída em 95ml de água); SOLUÇÃO SALINA; Os anti-sépticos além de manterem a cavidade oral
limpa, ajudam a reduzir a inflamação e promovem a cura: A CLOREXEDINA pode provocar irritação
da pele e mucosas. A aplicação bocal pode provocar coloração acastanhada reversível da língua e dentes e
ardor na boca. Incompatível com sabão e agentes amoniacais, incluindo pastas dentífricas. Se se usarem
estas, fazer lavagem abundante com água antesda aplicação da CLOREXIDINA. Em caso de carência
de ferro, ÁCIDO FÓLICO ou VITAMINAS B6 E B12, dar o suplemento vitamínico em falta.
23. GENGIVITES: A gengivite é a inflamação limitada dos tecidos moles que circundam os dentes. Não
inclui os processos inflamatórios que podem estender-se até a crista alveolar subjacente, ao ligamento
periodontal ou até ao cemento. A maior parte das gengivites ocorre por falta de higiene bucal adequada, o
que leva ao acúmulo da placa dentobacteriana que mais tarde mineraliza e se transforma em cálculo. A
inflamação gengival pode ser localizada ou generalizada. Os primeiros sinais de gengivite são: perda do
pontilhado e sangramento ao menor toque com a sonda e a presença de uma cor avermelhada e de edema
gengival. À medida que a lesão progride a gengiva vai-se tornando vermelho-brilhante, e as suas margens
podem estar deformadas, reduzidas ou hiperplásicas. Tipos de gengivite: Gengivite Ulcerativa Necrosante
(GUN) ou infecção de Vincent ou Boca de Trincheira); Gengivite relacionada à placa dentobacteriana;
Gengivite associada a medicamentos; Gengivite alérgica; Gengivite relacionada a infecção específica;
Gengivite relacionada a dermatoses. Do grupo de gengivites acima listados, falaremos apenas de dois
tipos a saber: Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN) ou infecção de Vincent ou Boca de Trincheira);
Gengivite relacionada a infecção específica.
grupos de máculas eritematosas, que podem coalescer ou aumentar ligeiramente de tamanho. O epitélio
afectado é perdido, e desenvolve-se uma área amarelada central de ulceração.A cicatrização ocorre entre 7
a 10 dias. CONDUTA: A GHA e a estomatite herpética recidivante são doenças autolimitadas, portanto,
o seu tratamento tem como objectivo manter o doente o mais confortável possível e inclui: Bochechar
durante 1 minuto 2 a 3x por dia com 10 ml de uma solução de CLOREXIDINA a 0,25% (isto equivale a
5 ml de CLOREXIDINA a 5% diluída em 95ml de água). IBUPROFENO comprimidos de 200 ou 400
mg: 200-400 mg comprimido, oral 8/8 h (dose máxima 2,400mg/dia). OU PARACETAMOL
comprimido de 500 mg: 0.5 1gr de 4/4 ou 6/6h oral (dose máxima 4g/dia); Beber muitos líquidos; Ingerir
alimentos frios e moles, entre os quais leite, papas, gelatinas, sopa fria, fruta esmagada (banana, maçã).
Evitar os citrinos (ex: laranja, limão) pelo facto da acidez poder agravar a dor; Evitar também alimentos
picantes ou condimentados (temperos).
24. CANDIDÍASE ORAL (CANDIDOSE): A candidíase oral é a infecção fúngica bucal mais comum
no homem, e por apresentar diversas manifestações clínicas muitas vezes é difícil fazer o seu diagnóstico.
Quadro Clínico: A candidíase oral tem várias formas clínicas, e as mais descritas são: Candidíase
Pseudomembranosa: também conhecida como “sapinho”, caracteriza-se pela presença de placas brancas
aderentes na mucosa bucal que lembram leite coalhado. Estas placas se distribuem na mucosa jugal,
palato, e superfície dorsal da língua. Em casos graves ela se estende até a orofaringe ou mesmo até ao
esófago – candidíase orofaríngea e candidíase esofágica, respectivamente. Podem ser removidas por
raspagem com um abaixador de língua ou por fricção com uma gaze seca. A mucosa à volta da lesão pode
estar normal ou eritematosa. Se a candidíase oral evoluir com sintomas, eles são leves. O paciente refere
sensação de queimação da mucosa bucal, dor á deglutição e um gosto desagradável na boca. Candidíase
Eritematosa: ao contrário da forma pseudomembranosa, os pacientes com candidíase eritematosa não
apresentam manchas brancas e nenhum outro componente branco com aspecto relevante. O paciente
refere sensação de queimadura na boca e observa-se uma língua com perda de papilas. A candidíase
eritematosa está muito associada ao uso prolongado de antibióticos de amplo espectro. CONDUTA:
NISTATINA suspensão oral, 100.000U.I./ml: 1 ml 4x por dia, após as refeições. Recomendar ao
paciente que deposite a suspensão por baixo da língua, espalhe-a na cavidade oral e a mantenha por pelo
menos 60 segundos. Depois bochechar com um pouco de água e deglutir a mesma. Em pacientes
seropositivos recomenda-se o uso de 5 ml de NISTANTINA oral 4x por dia, e continuar o tratamento até
pelo menos 48 horas após resolução das lesões. Em casos mais graves ou resistentes à NISTATINA,
trata-se com: FLUCONAZOL comprimidos de 200mg oral: 100mg/dia durante 7-14dias
SÍFILIS PRIMÁRIA: O cancro típico é uma úlcera, habitualmente única, indolor, redonda ou oval; A
úlcera é de contornos muito regulares, de 0,5 a 2cm, com fundo limpo, superfície lisa, rosada, exsudato
claro; A base é dura (cancro duro); Evolui com adenopatia regional; Se não tratada a lesão inicial cicatriza
dentro de 3 a 8 semanas; As lesões ocorrem mais comummente nos lábios, mas também em outras regiões
como língua, gengiva, palato, e amígdalas. TRATAMENTO: PENICILINA BENZATINICA 2,4
milhões UI I.M. dose única. Em caso de alergia a PENICILINA: usar DOXICICLINA 100 mg 2x dia
por 14 dias.
SÍFILIS TERCIÁRIA: A lesão típica da fase terciária é o goma sifilítico intra-oral que afecta a língua e
o palato. Tem forma nodular, firme que se ulcera e pode produzir perfuração do palato. São indolores; As
queixas do doente são geralmente secundariam a dor óssea, que piora durante a noite. TRATAMENTO:
PENICILINA BENZATINICA 2,4 milhões UI I.M. por semana x 3 semanas; Em caso de alergia a
PENICILINA: usar DOXICICLINA 100 mg 2x dia por 28 dias.
26. ABCESSO DENTÁRIO: Abcesso dentário, é uma colecção de pus formada num dos espaços da
cavidade oral. Pode ser nos espaços periodontais, faríngeos, submandibulares ou sublinguais. Quadro
clínico: Sinais e sintomas locais: A gengiva afectada pode estar eritematosa e edematosa com uma
superfície lisa e vermelha ou pode ser hemorrágica, com uma coloração vermelho escura. E apresenta:
Dor latejante; Extrema sensibilidade à palpação; Mobilidade ou extrusão do dente adjacente; Mau hálito;
Linfadenopatia; Sabor amargo da boca e; Sangramento gengival; Nas fases mais avançadas, ao se fazer
uma leve pressão na gengiva afectada resulta na saída do pús que pode drenar na superfície através de um
trajecto fistuloso. Com a drenagem o abcesso se torna assintomático, mas pode apresentar exacerbação
aguda se a mucosa da superfície cicatriza e a pressão se eleve novamente. Sinais e sintomas sistémicos:
O paciente refere febre e mal-estar geral. Pode-se apresentar com aumento do pulso e da frequência
respiratória e muita sede. Em geral todos os abcessos dentários devem ser transferidos para o tratamento
com o estomatologista, entretanto, alguns casos necessitam de maior urgência, são eles: Saída de pus em
volta do colo de vários dentes; Dor intensa que só cessa quando administrados sedativos; Extensão da
inflamação para além da linha média, quando inicialmente ele era unilateral; Aumento da temperatura
local e sistémica ao longo dos dias; Aparecimento de queixas novas como vómitos, calafrios, dor toráxica,
dispneia, convulsões ou cianose; CONDUTA: Repouso no leito; Aumento de consumo de líquidos;
Analgésicos e anti-inflamatórios: (IBUPROFENO comprimidos de 200 ou 400 mg: 200-400 mg
comprimido, oral 8/8 h (dose máxima 2,400mg/dia). OU PARACETAMOL comprimido de 500 mg:
0.5-1 gr de 4/4 ou 6/6h oral (dose máxima 4g/dia); Antibióticos de amplo espectro: AMOXICILINA
500 mg de 8/8 horas cápsulas orais por 7 dias; Em infecções mais graves: PENICILINA
CRISTALIZADA 1.000.000 U.I./E.V de 6/6 horas por 7 dias. Se o doente tiver alergia as penicilinas,
pode-se usar um ERITROMICINA nas mesmas doses que a AMOXICILINA. Colocar compressas
mornas no local afectado. Bochechos com água morna salgada (a água não deve ter um sabor muito
salgado). OU Bochechar durante 1 minuto 2 a 3x por dia com 10 ml de uma solução de
CLOREXIDINA a 0,25% (isto equivale a 5 ml de CLOREXIDINA a 5% diluída em 95ml de água);
28.ANGINA DE LUDWING: Angina de Ludwig é uma forma severa de celulite. Ela se espalha
rapidamente pelo soalho da boca, regiões sublingual e submandibular. Quando a infecção penetra no
espaço submandibular, ela pode seguir o trajecto: espaço faríngeo lateral e segue para o espaço retro
faríngeo. Esta disseminação pode levar a obstrução das vias aéreas. Quadro clínico: Tumefacção
volumosa do pescoço, que em geral se estende até a clavícula; Alargamento posterior e protrusão da
língua (língua lenhosa); Restrição dos movimentos do pescoço; Disfagia, disfonia, disartria, sialorreia e
garganta dolorida; Febre e calafrios; Obstrução das vias aéreas (quando evolução sem tratamento), a qual
caracteriza-se por: Taquipneia, dispneia, taquicardia, sibilo, inquietação e necessidade do paciente se
manter na posição erecta. CONDUTA: METRONIDAZOL 500 mg E.V. de 8/8 h E PENICILINA G
SÓDICA 3.000.000 UI E.V de 6/6 h; Nota: Administrar por via E.V. lenta ou, de preferência, diluída em
100ml de DEXTROSE a 5% ou SORO FISIOLÓGICO e perfundir durante 30 a 60 minutos. Para além
disso deve-se manter as vias aéreas permeáveis e fazer o tratamento para o alívio da dor, de preferência
com analgésicos e anti-inflamatórios: IBUPROFENO comprimido, 400mg oral de 8/8 h (dose máxima
2,400mg/dia)
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resultam em um transtorno de ajustamento. Os transtornos desta categoria são supostos surgirem sempre
como uma consequência directa de grave stress ou de trauma continuado. De forma resumida, podem ser
considerados como respostas mal adaptativas a stressores graves ou persistentes, porque interferem com
mecanismos de adaptação bem sucedidos e levam a problemas no funcionamento social. Quadro
Clínico: Surgimento de sintomas de ansiedade como taquicardia, sudorese, hiperactividade,
hiperventilação que surgem dentro de minutos após o impacto do factor stressante e desaparecem dentro
de 2 a 3 dias ou excepcionalmente dentro de horas (reacção aguda ao stress). Surgimento de reacções
mais prolongadas ao stress, nas quais os sintomas começam dentro de um 1 mês após o acontecimento
traumático e duram menos de 6 meses. Caracterizado essencialmente por depressão, irritabilidade,
ansiedade, preocupação com o sucedido, dificuldade de concentração, explosões de cólera ou raiva
(perturbação de ajustamento). Surgimento de sintomas dentro de 6 meses após um acontecimento
traumático, com uma recordação ou revivência repetitiva e intrusa do evento em forma de memórias,
imaginação durante o dia ou a noite, evitamento de estímulos que possam provocar recordação do trauma
(perturbação pós stress traumático). TRATAMENTO: Para Reacção ao Stress Grave e Transtorno de
Ajustamento com Depressão Grave: administrar AMITRIPTILINA comprimidos (10 ou 25 mg),
iniciar com 25-50 mg/dia por via oral ao deitar, e posteriormente referir. Estes pacientes devem ser
tratados em regime de internamento. Para Reacção ao Stress Grave e Transtorno de Ajustamento com
Sintomas Psicóticos e/ou agitação psicomotora: administrar HALOPERIDOL injectável IM
(excepcionalmente IV), na dose de 2,5 a 10 mg de início e depois 5 mg a cada 4 a 8 h conforme as
necessidades, enquanto se aguarda para transferir. Alternativamente pode-se administrar por via oral.
Estes pacientes devem ser tratados em regime de internamento. Nota: HALOPERIDOL deve ser
administrado em associação com PROMETAZINA para reduzir os efeitos adversos.
5.DEMÊNCIA: A demência é descrita como um síndrome devido à uma doença cerebral, geralmente de
natureza crónica ou progressiva, na qual há comprometimento de numerosas funções corticais superiores
(memória, orientação, pensamento, compreensão, o cálculo, a capacidade de aprendizagem, a linguagem e
o julgamento). Quadro Clínico: Os principais sintomas são: Prejuízo da memória para situações recentes,
como esquecer números de telefones, acontecimentos do dia e conversações; Prejuízo na memória
remota, podendo o paciente esquecer nomes de parentes conhecidos, sua ocupação ou seu próprio nome;
Prejuízo na capacidade de solucionar problemas, raciocinar e comprometimento do juízo crítico;
Desorientação temporal, espacial e pessoal; Perda em lugares familiares e não reconhecimento das
pessoas; Dificuldade na realização de tarefas domésticas (ex: limpeza, cozinhar) e actividades individuais
(ex: vestir, higiene pessoal); Pouco controlo dos impulsos e instabilidade do humor. TRATAMENTO
Farmacológico e encaminhamento: As situações de urgência associadas a demência são: agitação
psicomotora e sintomas psicóticos. Nestas condições, o tratamento a administrar é a base de
antipsicóticos (HALOPERIDOL).
6.INTOXICAÇÃO: Droga ou substância psicoactiva: Designa-se droga ou susbtância psicoactiva a
toda substância que após contacto humano, é capaz de alterar o humor, cognição (pensamento) e
comportamento do indivíduo. Dependência de Substâncias Psicoativas: Trata-se do conjunto de
fenómenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de
uma substância psicoativa, associado ao desejo poderoso de consumir a droga, à dificuldade de controlar
o consumo, à utilização persistente apesar das suas consequências negativas (nefastas), a uma maior
prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras actividades e obrigações (familiares, laborais,
académicos), a um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um estado de abstinência física (na
falta do consumo da droga ou redução da dose geralmente consumida). QUADRO CLÍNICO:
Intoxicação Aguda relacionada com o consumo do álcool: Desinibição; Agressividade; Atenção
Comprometida; Capacidade de julgamento comprometida; Marcha instável; Dificuldade em manter-se em
pé, perda de equilíbrio; Fala ininteligível; Diminuição do nível de consciência; Em caso de intoxicação
grave: hipotensão, hipotermia, diminuição do reflexo de vómito. Intoxicação Aguda Relacionada com
Cannabinóides: Euforia ou desinibição, ansiedade ou agitação; Desconfiança ou ideação paranóide;
Lentificação do tempo (sensação de que o tempo passa muito lentamente e rápido fluxo de ideias);
Capacidade de julgamento comprometida; Comprometimento da atenção. Comprometimento do tempo de
reacção; Ilusões auditivas, visuais e tácteis; Alucinações com orientação preservada; Despersonalização
(sensação de estranheza em relação a sua pessoa); Desrealização (sensação de estranheza em relação ao
seu ambiente); Aumento de apetite. Boca seca; Hiperemia Conjuntival; Taquicardia; Hipotensão.
Intoxicação Aguda Relacionada com Opióides: Cursa em duas fases, sendo a primeira de curta duração
(fase de excitação: zumbidos, agitação psicomotora, sede intensa, bradicardia e bradipneia) e a segunda
de longa duração (fase de depressão: diminuição da consciência até coma profundo, miose, depressão
respiratória, colapso, hipotermia e anúria). Outras características:Apatia, sedação; Desinibição e
1.2.2. HIPERNATRÉMIA: É definida pela concentração plasmática de sódio maior que 145 mEql/l.
Classificação: pode ser classificada em: Ligeira: Na entre 146 – 155 mEq/l; Severa: Na entre 156 – 175
mEql/l ; Muito grave: Na acima de 175 mEq/l. Sinais e Sintomas: Da mesma forma que na
hiponatremia, a gravidade das manifestações clínicas está relacionada com a elevação na concentração de
sódio plasmático, ou seja, quanto maiores as concentrações de sódio plasmáticos, maior a gravidade dos
sinais e sintomas, entre eles: Poliúria; Sede; Fraqueza; Debilidade; Letargia; Hipotensão; Taquicardia;
Irritabilidade neuromuscular; Défices neurológicos focais; Convulsões e Coma. TRATAMENTO:
Objectivo do tratamento: Interromper as perdas hídricas vigentes com a eliminação da causa subjacente
e corrigir o défice hídrico. Os défices de água devem ser corrigidos lentamente durante, no mínimo, 48 a
72 horas pelo risco de convulsões e danos neurológicos permanentes. Para que não corram risco de haver
uma diminuição muito rápida, a concentração de Na+ plasmática deve ser diminuída a uma velocidade
máxima de 0,5 mEq/L/h ou 10 mEq/L/dia. Pacientes com choque hipovolémico devem ser tratados com
SORO FISIOLÓGICO A 0.9 % ate estabilizarem, 1L/h a correr normalmente. A quantidade de água
necessária para corrigir o défice pode ser calculada com a seguinte equação:
Défice de água = Concentração plasmática de Na – 140 x água corporal total
140
Água corporal total = C x P Exemplo:
C = constante de perdas hídricas (50% nos Dados do paciente:
homens e de 40% nas mulheres) Sexo feminino;
P = peso corporal [Na+] plasmático 160 mEq/L;
peso corporal = 50 kg.
Défice de água = [160 – 140] x (0.4 x 50) = 2.850 ml
140
Pacientes com perda somente de água, como no Diabetes Insípidus, deve ser administrado somente água
por via oral ou sonda nasogástrica. Se a VO não é possível, usar DEXTROSE EV.
Pacientes com perda de sódio e água como nas diarreias e vómitos, deve-se usar o CLORETO DE
SÓDIO hipotónico (com SORO FISIOLÓGICO A 0.45%: diluir o SORO FISIOLÓGICO em
GLICOSE A 5%). Quanto mais hipotonica a solução, mais lenta deve ser a administração.
por comprometimento da musculatura respiratória; Toxicidade cardíaca com alteração de ECG: Aumento
da amplitude da onda T ou onda T apiculada; Atraso da condução atrio-ventricular; Desaparecimento da
Onda P; Prolongamento tanto do Intervalo PR quanto do QRS; Fusão do QRS com Ondas T produzindo
padrão sinusoidal com evento terminal em FV ou Assistolia. TRATAMENTO: Em casos de alteração
do ECG: GLICONATO DE CÁLCIO 10% para reduzir a excitabilidade da membrana celular; Dose: 10
ml infundida em 2 a 3 minutos; (contra-indicada em patientes com DIGOXINA). O efeito inicia-se em
minutos porém a duração é curta (de 30 a 60 minutos); A dose pode ser repetida se não forem observadas
melhoras no ECG após 10 minutos; Terapia com INSULINA: INSULINA promove um deslocamento do
K+ para dentro das células, diminuindo temporariamente a concentração plasmática de Potássio.
Recomenda-se de 10 a 20 UI de INSULINA Regular com 50 ml de GLICOSE 40% (pacientes
hiperglicémicos não precisam receber a GLICOSE, somente a INSULINA); Tratamento da
hipercaliémia associada a acidose metabólica: Uso do BICARBONATO DE SÓDIO A 8.4%:
1mEq/kg Ev em 30 minutos. Repetir metade da dose 10 min mais tarde. Resina de troca CATIONICA
que provoca a troca de Sódio por Potássio no trato gastrintestinal. Dose de 25 a 50 gramas diluído em 100
ml de SORBITOL A 20% por via Oral. Hemodiálise para pacientes com hiperpotassemia grave, como forma
rápida de reduzir a concentração de K+.
1.4.ALTERAÇÕES DO CÁLCIO:
1.4.1. HIPOCALCÉMIA: É definida pela concentração plasmática de cálcio menor que 4.5 mEq/L.
Sinais e Sintomas: Parestesias (dedos das mãos e dos pés) e convulsões; Tremores, espasmos musculares
(casos graves: tetania); Laringospasmo e broncoespasmo; Arritmias cardíacas.
TRATAMENTO: Correcção da causa, se possível; Uso do GLUCONATO DE CÁLCIO A 10% 10 ml
diluídos em 50 ml de GLICOSE A 5% ou SORO FISIOLÓGICO, infundidos em 5 min seguido de
perfusão de 10 mL de GLUCONATO DE CÁLCIO 10% em DEXTROSE 5% 1000 mL a uma
velocidade de 50-100 mL/h. No caso de hipocalcémia grave: 10 ampolas de GLUCONATO DE
CÁLCIO ou 1.000 mg de cálcio em 1 L de GLICOSE A 5% ou NACL a 0.9%, administrados lenta em
24h. VITAMINA D: 50.000 UI 2-3 vezes por semana durante vários meses.
1.4.2. HIPERCALCÉMIA: É definida pela concentração plasmática de cálcio maior do que 5.5 mEq/L.
Sinais e Sintomas: No hiperpatiroidismo primário, mais de 50% dos pacientes é assintomática. Os
pacientes sintomáticos podem apresentar alterações: Cardíacas: alterações no ritmo cardíaco;
Gastrointestinais: Náuseas, vómitos; anorexia; obstipação; Urinários: poliúria; Neurológicas:
sonolência, dificuldade de concentração, confusão, depressão, estupor, coma; Ósseas: risco de fracturas
por osteopenia. Sinais radiológicos da osteíte fibrosa: substituição do contorno cortical das falanges
geralmente nítido do osso nos dedos por um contorno irregular (reabsorção subperióstea) ou diminutas
lesões em “saca-bocado” no crânio causando o chamado aspecto sal e pimenta.TRATAMENTO: Uso do
SORO FISIOLÓGICO A 0.9% 5l/dia ou mais (suprime o défice hídrico e diminui a reabsorção de
cálcio). No paciente já hidratado administração de doses baixas de FUROSEMIDA 10-20 mg/dia (inibe a
reabsorção de sódio e cálcio). Uso de CALCITONINA: 4-8 UI/kg administrada por via SC ou IM a cada
6-8 horas; O tratamento depende das causas. O tratamento da hipercalcemia do câncer tem por objectivo
controlar o tumor. Em geral, a redução da massa tumoral corrige a hipercalcemia.
2. ALTERAÇÕES ÁCIDO-BASE: O papel dos rins no equilíbrio ácido-base consiste na reabsorção total
e síntese de novo bicarbonato pelas células renais em situações de acidose sanguínea e de reabsorção de
H+ (acido) em condições de alcalinização do sangue.
2.1. ACIDOSE METABÓLICA: Na acidose metabólica a principal alteração consiste na redução do
bicarbonato sérico, tendo como consequência uma diminuição no pH sistémico (acidose). A compensação
ocorre com o aumento da ventilação que provoca diminuição da pressão parcial de dióxido de carbono
(PCO2) e eliminação de H+ pelos rins. Ex. de acidose metabólica: pH = 7.32; Pa O2 = 89; Pa CO2 = 30;
HCO3 = 15; Sat O2 = 97%. Sinais e Sintomas: Fadiga; Dispneia; Náuseas; Vómitos; Taquicardia
(vasodilatação); Hipotensão (vasodilatação). TRATAMENTO: O tratamento mais importante é corrigir
a causa de base quando possível, por ex: hemodiálise para a intoxicação por salicilatos ou IR; tratamento
da infecção com antibióticos. O BICARBONATO só está indicado em casos de acidose grave (pH <
7,2) e deve ser feito com cautela pelo seu efeito rebote com agravamento posterior da acidose. Administra
nesses casos 50 a 100mmol em 30-40 minutos.
débito urinário; Monitorização diária das concentrações séricas de electrólitos, ureia e creatinina;
Suspender a administração de qualquer nefrotoxina (ex: GENTAMICINA) ou medicações que
atrapalham a auto-regulação renal (ex: AINE, inibidor ECA); Dieta hipoproteica ( 0,6 g/Kg/dia);
carboidratos ( 100g/dia) e de acordo com a situação hidro-eletrolítica; Controlo regular das doenças de
base (glicemia, TA); Corrigir a hipovolémia/desidratação com fluidos EV – coloides ou SORO
FISIOLÓGICO conforme indicação; Corrigir alterações eletrolíticas; Se paciente séptico, tratamento
empírico com ATBs segundo a suspeita da infecção primária. Remover qualquer potencial fonte de
infecção desnecessário como cateteres ou algálias; Evitar o uso de diuréticos de alça (ex.
FUROSEMIDA); Avaliar necessidade de transfusão sanguínea; Realização de exames de imagem
segundo a suspeita diagnóstica.TRATAMENTO das Complicações: Distúrbios eletrolíticos:
Hipercalemia; Restrição de K+ na dieta; GLUCONATO DE CÁLCIO a 10% (10 ml) EV em 5 min;
BICARBONATO DE SÓDIO (em geral, 50 a 100 mmol); GLICOSE 50% (50 ml) + INSULINA
RÁPIDA 10UI EV. Resinas de troca iónica; Hiponatrémia: evitar soluções hipotónicas endovenosas.
Edema pulmonar (dispneia, fervores subcrepitantes bilaterais, dor torácica difusa) : Oxigénio – 6l/min;
MORFINA 2.5mg EV + METOCLORPRAMIDA 10mg EV; FUROSEMIDA 120-250mg EV durante
1h (diuréticos não têm impacto sobre a recuperação da função renal). Hemorragias (epistaxes e ou
sangramentos espontâneos): Hidratação com RINGER LACTATO; PLASMA fresco ou concentrado
de plaquetas (1UI); Transfusão de sangue para manter Hb> 10g/dl e hematócrito> 30%, conforme o caso.
dieta pobre em fosfato e utilizar fármacos que se ligam ao fosfato, como por ex: ACETATO DE
CÁLCIO e CARBONATO DE CÁLCIO são fármacos fixadores de fosfato, que levam a acumulação
de cálcio corporal com hipercalcémia em pacientes com doença óssea, atenuando a deposição de cálcio
nos vasos sanguíneos. A anemia da IRC não responde a reposição de ferro. Ela deve ser tratada com
ERITROPOETINA, medicação disponível apenas em centros de referência que realizam diálise.
5. SÍNDROME NEFRÍTICA E GLOMERULOPATIAS: As glomerulopatias são patologias de
etiologias diversas que provocam lesões glomerulares com consequente comprometimento da filtração
glomerular e aparecimento de proteínas plasmáticas e células sanguíneas na urina. A lesão glomerular,
que pode surgir em consequência de diversas doenças renais e sistémicas, é a principal causa de doença
renal terminal. Classificação: Agudas, Subagudas e Crónicas; e Primárias ou Secundárias. Primárias:
quando a patologia limita-se ao rim e as características sistémicas representam uma consequência directa
da disfunção glomerular (por ex: edema pulmonar, hipertensão, síndrome urémica). As glomerulopatias
primárias têm cinco principais apresentações clínicas: Síndrome Nefrítica Aguda; Glomerulonefrite
Rapidamente Progressiva (GNRP); Síndrome Nefrótica; Anormalidades assintomáticas do sedimento
urinário; Glomerulonefrite crónica. Síndrome Nefrítica: é uma das formas de apresentação das
glomerulopatias caracterizando-se por uma disfunção renal de início súbito (no decorrer de dias ou
semanas), hematúria, proteinúria e oligúria, que por sua vez manifestam-se em edema e hipertensão
arterial. Quadro Clínico: A Síndroma Nefrítica e a GNRP apresentam mesma sintomatologia porém na
primeira o quadro clínico é agudo e na segunda sub-agudo, instalando-se em semanas ou meses. Os sinais
e sintomas clássicos se destacam a seguir: Edema palpebral matutino que posteriormente se estende a
parede abdominal e extremidades; Oligúria (<400 ml de urina/dia); Hematúria macroscópica; Hipertensão
arterial ligeira a moderada. TRATAMENTO da Síndrome Nefrítica: Como principais medidas de apoio
nos pacientes com doença glomerular destacam-se: Controle da hipertensão e edema (diurético de alça:
FUROSEMIDA, se necessário). Controle dietético de: Sódio (sal de cozinha) até que a diurese se
normalize e o edema desapareça. Proteico, com a redução do aporte proteico nos casos de uremia. Uso de
corticoesteróides na maioria dos quadros imunomediados (para redução da proteinúria e da insuficiência
renal progressiva) - PREDNISOLONA 1mg/kg/dia.
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6. SÍNDROME NEFRÓTICA: é um complexo clínico caracterizado por: proteinúria de> 3 - 3.5 gr/24h,
associada a hipoalbuminémia, edema, hiperlipoproteinémia, lipidúria e hipercoagulabilidade. Quadro
Clínico: A Síndrome Nefrótica é caracterizada por manifestar-se por sinais e sintomas renais e extra-
renais, com destaque para as seguintes: Manifestações renais da Síndrome Nefrótica: Edema – a
principal manifestação clínica da síndrome nefrótica é o edema, o qual pode progredir para anasarca e
derrames cavitários (pleural); HTA; Urina espumosa (pelo aumento de proteínas). Manifestações extra-
renais da Síndrome Nefrótica: Fadiga e perda de massa muscular - estão comumente presentes, mas esta
última deve ser sempre um sinal de alerta, principalmente em idosos, pois algumas doenças que levam à
síndrome nefrótica podem estar associadas a neoplasias. CONDUTA terapêutica: Medidas Gerais:
Monitorar o débito urinário, TA, o peso matinal e a ingestão hídrica; Preferir hidratação VO quando
possível; Uso de I-ECA (ex: CAPTOPRIL); Controlo do Edema: Dieta com restrição moderada de sal
(1 a 2 g/dia) e hipoproteica (a dieta hiperproteíca pode acelerar a doença renal e aumentar a proteinúria);
Uso cuidadoso de diurético de alça (FUROSEMIDA). Muito cuidado para não agravar o quadro com
uso excessivo de diurético, piorando a hipovolemia com consequente IRA pré-renal; Na suspeita de causa
primária imunológica ou doenças auto-imunes: iniciar corticoterapia com PREDNISOLONA 1 a 1,5
mg/Kg/dia, podendo ir até 60 mg/dia. A dose inicial deve ser mantida por 4 semanas após a remissão da
proteinúria, quando inicia-se redução gradual da droga (redução progressiva, de até 20 mg/mês, até a
retirada), completando um período total de 2 a 4 meses de corticoterapia. Efeitos cushingóides mais
prováveis com doses superiores a 7,5 mg/dia. Se houver recidiva: podem ser novamente tratados com o
mesmo esquema de corticóides
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7.INFECÇÃO DAS VIAS URINÁRIAS: A Infecção bacteriana de trato urinário (ITU) é muito comum,
com maior incidência em mulheres que em homens, intensificando-se com a idade. No homem tem maior
incidência apenas a partir dos 36 anos e tem seu pico em maiores de 65 anos.
7.1.BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA: Refere-se a presença de bactérias na urina sem qualquer
manifestação clínica (sinal ou sintoma) de infecção urinária. O diagnóstico é definido pelo crescimento da
mesma espécie de bactéria em 2 amostras de urina (>100.000 unidades formadoras de colonias/ml) em
mulheres assintomáticas ou 1 amostra positiva em homens assintomáticos. Ocorre mais frequentemente
em crianças com refluxo vesicoureteral ou outras alterações do trato urinário, em mulheres grávidas e em
pessoas idosas de ambos sexos. Mulheres grávidas devem ser investigadas para bacteriúria no primeiro
trimestre da gravidez. TRATAMENTO: Bacteriúria assintomática; Mulheres grávidas com bacteriúria
assintomática devem ser tratadas pelo risco aumentado de pielonefrite, parto prematuro e baixo peso dos
recém-nascidos. Tratar com: 1a escolha: AMOXICILINA/ÀCIDO CLAVULÂNICO (500 mg de
TRIHIDRATO DE AMOXICILINA e 125 mg CLAVULANATO DE POTÁSSIO) de 8/8 h no início
da refeição durante 3- 7 dias. 2a escolha: AMOXICILINA (500mg) 1 cp de 8/8h durante 7 dias; Nos
pacientes diabéticos, deve-se optar por uma Fluorquinolona oral: CIPROFLOXACINA (500mg), 1 cp
de 12/12h durante 3-7 dias.
7.1. CISTITE: Cistite é um processo inflamatório ou infeccioso da mucosa da bexiga. Sinais e Sintomas
da Cistite: Os pacientes com cistite apresentam-se com os seguintes sinais e sintomas: Disúria;
Polaquiúria; Urgência miccional; Dor supra-púbica; Pode ocorrer mudança na cor da urina (turva, rósea,
avermelhada) devido a presença de leucócitos e/ou hematúria (30% dos casos); Geralmente com ausência
de febre. Cistite aguda sem complicações (adultos e mulheres não grávidas).TRATAMENTO: 1a opção:
antibiótico nitrofurantoínico: NITROFURANTOÍNA 100mg (MACRORDANTINA): 1 comp
12/12horas por 5 dias; 2 a opção, uma sulfonamida: COTRIMOXAZOL (400mg de sulfametoxazol e
80mg de trimetoprim), 2 cp de 12/12h durante 3 dias; 3 a opção, uma quinolona: CIPROFLOXACINA
(500mg) 1 cp de 12/12h durante 3 dias (reservar para casos de recaídas).
7.3. PIELONEFRITE: Pielonefrite é definida como inflamação dos rins e pelve renal. Sinais e Sintomas.
Na ITU superior (pielonefrite), para além dos sinais e sintomas descritos anteriormente nas cistites, que
podem ou não estar presentes, destacam-se manifestações sistémicas como: Febre e calafrios; Dor
lombar ou no flanco; Náuseas e Vómitos; Diarreia; Mialgia generalizada; É potencialmente grave se não
tratada podendo levar a sépsi. Em crianças, o único sinal de ITU pode ser a febre (pensar sempre em ITU
na criança com febre). TRATAMENTO: Pielonefrite não-complicada: Em pacientes que não
necessitam de hospitalização: 1 a Opção, fluorquinolona oral: CIPROFLOXACINA (500mg), 1 cp de
12/12h durante 7 dias; 2 a Opção, sulfonamida: COTRIMOXAZOL (400mg de sulfametoxazol e 80mg
de trimetoprim), 2 cp de 12/12h durante 14 dias 3 a Opção: lactâmico: AMOXICILINA /ACIDO
CLAVULANICO (500mg), 1 cp de 8/8 h durante 7 dias; Considerar iniciar o tratamento com
antibioticoterapia injectável nas primeiras 24 horas em casos de maior risco de complicações. Em
pacientes que necessitam de hospitalização, utilizar sempre antibioticoterapia intravenosa:
as drogas anti-tuberculosas. O tracto genito-urinário é um dos locais mais comumente acometido pela
tuberculose extra pulmonar, podendo ser afectados um ou mais órgãos e causar uma infecção crónica. A
tuberculose urinária é mais frequente em adultos (60%), entre os 20 e 60 anos de idade e no sexo
masculino. Quadro Clínico: Os sinais e sintomas da tuberculose genitourinária são de intensidade e
duração variáveis. A tuberculose urinária deve ser considerada na presença de qualquer uma das situações
seguintes: Cistite crónica, insidiosa com predomínio polaquiúrico e que não responde a tratamento
adequado; Piúria e cultura de sedimento urinário sem bactérias; Hematúria microscópica ou
macroscópica. A maioria dos sintomas, mesmo no estádio avançado, tem origem vesical (cistite),
associados a um mal-estar generalizado, fatigabilidade, febre baixa persistente, sudorese
nocturna.Tuberculose renal / ureteral: Geralmente assintomática, sendo os sintomas provenientes do
envolvimento vesical; Ocasionalmente, pode haver dor no flanco; Cólica renal e ureteral: resultado da
passagem de um cálculo, por exemplo, uma massa de resíduos ou um coágulo sanguíneo.Tuberculose
vesical: Disúria; Polaquiúria; Nictúria; Hematúria total e intermitente; Irritabilidade vesical intensa (num
estádio mais avançado); Dor supra púbica (quando há ulceração, durante o enchimento vesical).
Tuberculose na próstata, ductos seminais e epidídimo: É geralmente assintomática. Sintomas leves
aparecem nos casos em que a infecção se estende ao epidídimo como dor e edema leve. Abcesso que
drena para o testículo é altamente sugestivo de tuberculose. TRATAMENTO: O tratamento da
tuberculose urinária (extra pulmonar) segue a mesma linha usada na tuberculose pulmonar: com doses
fixas combinadas. Fase intensiva: 2 HRZE: 2 meses de 4DFC (ISONIAZIDA, RIFAMPICINA,
PIRAZINAMIDA e ETAMBUTOL). A toma e diária e de preferência na unidade sanitária de
seguimento. Fase de manutenção: 4HR: 4 meses de 2 DFC (ISONIOAZIDA e RIFAMPICINA).
Toma diária. Caso especial: TB Urinaria + Insuficiência renal. Fase intensiva: 2 HRZ: 2 meses de 4
DFC (ISONIAZIDA, RIFAMPICINA E PIRAZINAMIDA). Toma diária. Fase de manutenção: 4
HR: 4 meses de 2 DFC (ISONIAZIDA E RIFAMPICINA). É importante recordar que todo doente com
diagnóstico de tuberculose deve ser aconselhado e testado para HIV.
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10.NEFROPATIAS ESPECÍFICAS: são aquelas que se manifestam dentro de um quadro sindrómico
de variadas doenças sistémicas, constituindo parte do quadro clínico ou complicação tardia. Podem ser a
principal causa de insuficiência renal terminal, com critério para hemodiálise ou transplante renal. Muitas
delas são consideradas de maior incidência e prevalência no nosso meio, como sendo o caso das
nefropatias: diabética, associada ao HIV, HTA e malaria.
10.1.NEFROPATIA ASSOCIADA AO HIV/SIDA: A nefropatia por HIV pode representar uma
consequência ou complicação directa da infecção pelo HIV, ser causada por infecção oportunista ou
neoplasia, ou estar relacionada com os efeitos tóxicos dos fármacos. Quadro Clínico: Oligúria;
Hematúria; Piúri. TRATAMENTO geral: Hidratação; Evitar o uso de PENTAMIDINA,
ANFOTERICINA, ADEFOVIR, CIDOFOVIR, TENOFOVIR, FOSCARNET, INDINAVIR
(fármacos fortemente associados a lesão renal e formação de cálculos em pacientes com HIV);
Modificação da dieta para ingestão normoproteica, normocalórica e hiposódica. TRATAMENTO
específico: Uso dos IECAs (inibidores da enzima de conversão da angiotensina): CAPTOPRIL 1 Cp. de
8/8h ou ENALAPRIL, ½ Cp. de 12/12h. TARV segundo critérios clínicos e imunológicos. Uso de
corticosteroides para a remissão da proteinúria: PREDNISOLONA, 60mg/dia durante 4 semanas, com
desmame gradual. Deve ser usada com cuidado levando em conta os efeitos negativos potenciais do uso
prolongado de glicocorticóides em pacientes HIV.
10.5. NEFRITE MALÁRICA: A malária é a primeira infecção parasitária que apresenta uma associação
com a síndrome nefrótica nas regiões tropicais. Quadro clínico: Para além da clínica da malária (febre,
náuseas, vómitos, cefaleias, artralgia) que pode já estar a resolver-se em decorrência do tratamento, o
quadro clínico decorre na vigência de um síndrome nefrótico (astenia, urina espumosa, edemas palpebral
e pré-tibial, hipertensão) conforme evolução da doença.TRATAMENTO farmacológico: O tratamento
das nefropatias como complicação da malária segue a linha de tratamento da malária severa ou
complicada e da síndrome nefrótica: QUININO injectável (600mg/2ml): 10 mg/kg diluídos em 10 ml/kg
de DEXTROSE a 5%, administrados em perfusão EV lenta durante 4 horas. Repetir a perfusão de 8/8 h
horas, ate no mínimo de 14 dias de tratamento; Controle da hipertensão sistémico e glomerular com o uso
de IECAs, por ex: CAPTOPRIL (50mg), iniciar com 25 mg ½ Cp./dia e ir subindo as doses ate
100mg/dia; Controlo do volume do líquido extra celular (edema), com o uso de diuréticos:
FUROSEMIDA – 1 a 5 mg/kg/dia (via oral ou endovenosa); Modificação da dieta, optando por ingestão
normoproteica, normocalórica e hipo sódica; Expansão com solução fisiológica, iniciando com 500ml de
8/8h, logo seguida da realização dum plano de hidratação; Controle da proteinúria: O controlo da
proteinúria é feito com o uso de corticoesteróides: PREDNISONA 1 mg/kg/dia (ou 2 mg/kg em dias
alternados), dose máxima de 80 mg/dia.
em média 10 dias após uma faringite ou 2 semanas após infecção cutânea por estreptococo beta-
hemolítico. Quadro Clínico: O quadro clínico é bastante variável, podendo existir casos assintomáticos
ou com sintomas discretos, até casos mais graves com insuficiência renal severa. Clinicamente, a GNPE
corresponde a um quadro clássico de síndrome nefritica. Assim, apresenta-se com início súbito de:
Hematúria; Edema; Hipertensão; Oligúria; Cefaleia; Mal-estar geral; Náuseas; Dor no flanco.
TRATAMENTO: Restrição hidro-salina; Dieta hipo-sódica; Repouso; IECAs (controle da TA):
CAPTOPRIL 1 Cp. de 8/8h ou ENALAPRIL ½ Cp. de 12/12h. Antibioterapia com PENICILINA G,
12 milhões de UI de PENICILINA G/dia durante 10 a 14 dias. Adultos com meningite ou endocardite
associada devem fazer 18-24 milhões de unidades/dia durante 10 dias.
11. NEFROPATIA POR REFLUXO: Denomina-se Nefropatia por refluxo (NR) ao conjunto de lesões
cicatriciais do rim secundárias ao refluxo vesico-ureteral (RVU), isto é, fluxo retrógrado do fluido
urinário da bexiga para o trato superior causando hidronefrose e insuficiência renal. Quadro clínico: Os
sintomas do refluxo vesico-uretral estão relacionados a presença de uma ITU (cistite e pielonefrite), com
a idade do paciente e com a virulência da bactéria (infecções do trato urinário não são comuns nas
crianças menores de 5 anos de idade e não são frequentes em meninos de nenhuma idade a menos que o
RVU esteja presente). Em crianças, o quadro clínico varia desde sintomas inespecíficos com falta de
apetite crónico, ganho de peso inadequado até aos sinais e sintomas clássicos de pielonefrite (febre,
disúria, polaquiúria, etc). Pode haver também enurese nocturna. Em jovens e adultos dor referida na
região lombar por ocasião da micção pode esporadicamente ser observada, assim como sintomas
miccionais tipo disúria, polaquiúria, urgência. A nefropatia do refluxo é a causa mais comum de
hipertensão e insuficiência renal na infância, No adulto, a nefropatia de refluxo é responsável por cerca de
20% das hipertensões graves. Os sintomas podem não estar presentes se apenas um rim for afectado. O
quadro clínico pode ser o mesmo apresentado quando se trata apenas de um rim afectado: Como por
exemplo: Febre, Dor na região lombar, Disúria, Polaquiúria, Hipertensão. CONDUTA: As medicações
mais frequentemente utilizadas são: SULFAMETOXAZOL (10 mg/kg) + TRIMETOPRIM (2 mg/kg),
1 vez/dia, ou NITROFURANTOÍNA (1 mg/kg), 1 vez/dia, ou CEFALEXINA (25 mg/kg), 1 a 2
vezes/dia, intervalos regulares para as micções em torno de seis vezes ao dia; Evitar e tratar a obstipação
intestinal; Realizar higiene perineal rigorosa nas meninas; Realização de exames periódicos de urina (a
cada dois a três meses), ou quando houver sinais ou sintomas de infecção do trato urinário; Monitorização
clínica quanto ao crescimento e à pressão arterial. Estimular a ingestão de água visando a aumentar o
volume urinário e o número de micções.
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12. LITÍASE URINÁRIA OU NEFROLITÍASE: aborda os cálculos que se originam nos rins, mas que
podem, subsequentemente, movimentar-se distalmente, atingindo outros locais do tracto urinário. É mais
comum em homens que em mulheres apesar da prevalência em mulheres estar aumentando nos últimos
anos em alguns países. Os cálculos são agregados policristalinos compostos por diferentes quantidades de
cristalóides e uma matriz orgânica. Tipos de cálculos: Cálculos de cálcio, Oxalato de cálcio (puros ou
associados com fosfato de cálcio): 59%, Cálculos de ácido úrico: 17%, Cálculos de estruvita: 12%,
Cálculos de cistina e outros: 2%. Quadro Clínico Geral: dor tipo cólica, Hematúria micro/macroscópica,
Febre, A cólica ureteral pode estar acompanhada de: Agitação, Taquicardia, Taquipneia e Hipertensão.
TRATAMENTO da Dor: AINE: DICLOFENAC 100mg IM; DICLOFENAC ou IBUPROFENO VO
a cada 8 horas; Espasmolíticos: BUTILESCOPULAMINA 20mg IM/IV de 6/6h ou 1 comp de 6/6h;
Analgésicos; antipiréticos: PARACETAMOL, DIPIRONA; Opiáceos (casos mais grave, sem alivio
com as medicações acima): MORFINA ou PETIDINA 10mh IM de 6/6h. Hidratação:
Em casos graves deve ser feita via endovenosa. Os que podem ser hidratados via oral devem aumentar a
ingestão hídrica para no mínimo 2,5 a 3 litros por dia.
AS EMERGÊNCIAS URINÁRIAS
13. CÓLICA NEFRÍTICA: Caracteriza-se por uma dor aguda, intensa, oscilante proveniente do tracto
urinário superior. É resultado de obstrução aguda do uréter em qualquer de suas porções, desde a junção
uretero-pélvica (JUP) até o meato ureteral. Quadro clínico: O sintoma principal é a dor lombar em
cólica, intensa, com irradiação antero-inferior, que pode atingir o hipogástrio e os genitais; Pode ser
acompanhada de sintomas irritativos vesicais como disúria, polaquiúria e sensação de resíduo pós-
miccional; Náuseas e vómitos associados; Taquicardia, sudorese; palidez cutânea. ABORDAGEM
TERAPÊUTICA: Para o controle da dor usam-se: Anti-inflamatórios não esteróides (AINEs):
IBUPROFENO 200 a 400mg de 8/8 horas (dose máxima diária 2400mg) por via oral; DICLOFENAC
25 a 50mg de 8/8 horas via oral ou 75mg 1 a 2 vezes por dia via intramuscular. INDOMETACINA 25 a
50mg de 8/8 horas via oral; Opiáceos - Em pacientes com cólicas mais intensas e refratárias às
medicações acima; PETIDINA 50 a 100mg ou 1 a 2ml intramuscular de 4/4 horas. Hidratação – Por via
endovenosa com LACTATO DE RINGER, dose variável, de acordo com o quadro clínico do paciente.
14. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA): A insuficiência renal aguda é caracterizada pela
redução abrupta da função renal, que se mantém por períodos variáveis de tempo, resultando na
incapacidade dos rins exercerem as suas funções básicas de excreção e manutenção da homeostase
hidroelectrolítica do organismo. Quadro clínico: O paciente com insuficiência renal aguda pode
apresentar sintomatologia de qualquer uma das complicações listadas acima, ou de todas em simultâneo,
como por exemplo: Ansiedade, Tosse com expectoração espumosa rosada (devido a presença de sangue),
Dispneia significativa, Fervores bolhosos bilaterais, roncos e/ou sibilos, Ortopneia, Sintomas urinários
como oligúria (uma diurese inferior a 400 ml/dia em adultos) ou anúria (uma diurese inferior a 100
ml/dia), Palidez, sudorese, taquipneia, Pulso rápido, taquicardia e/ou arritmias cardíaca, Hipotensão,
Pulso jugular aumentado e Edema palpebral e/ou generalizado. CONDUTA TERAPÊUTICA: No
edema agudo do pulmão: OXIGÉNIO – 5 l/min, MORFINA 2.5mg EV + METOCLORPRAMIDA
10mg EV, FUROSEMIDA 120-250mg EV. Na Hipercalémia: Restrição de K+ na dieta,
GLUCONATO DE CÁLCIO a 10% (10 ml) EV em 5 min, se há alterações eletrocardiográficas,
BICARBONATO DE SÓDIO (em geral, 50 a 100 mmol), se acidose metabólica grave, GLICOSE 50%
(50 ml) + INSULINA RÁPIDA 10UI EV. No tamponamento cardíaco: Repouso absoluto no leito com
a cabeça ligeiramente levantada a 30º, OXIGÉNIO 5 l/min, Depois de estabilizar o paciente: redução da
ansiedade e da dispneia, início da diurese, normalização dos sinais vitais, transfira para uma unidade de
nível superior ou para o médico.
15. SÉPSIS URINÁRIA: Definida como a presença de microorganismos patogénicos ou das suas
toxinas na corrente sanguínea e tecidos provenientes do sistema urinário. Quadro clínico: Febre,
Taquicardia, Hipotensão, Desidratação e Agitação. CONDUTA TERAPÊUTICA: É de fundamental
importância hidratação venosa com SORO FISIOLÓGICO ou RINGER LACTATO;
Oxigenioterapia quando necessário; Antibioticoterapia endovendosa. Podem ser usados diferentes
esquemas terapêuticos: CEFTRIAXONA 1-2g Ev/dia durante 10 dias, Fluorquinolonas:
CIPROFLOXACINA 400mg IV 12/12 horas por 7-10 dias, AMPICILINA 1-2gr Ev 4/4 h durante 10-
14 dias + GENTAMICINA 3-5mg/kg/dia durante 10-14 dias.
XVI. GERIATRIA
ataque usada para se obter a sedação e deve ser administrada em doses fraccionadas nas 24 horas
seguintes, com diminuição gradual da dose nos próximos dias até a resolução do quadro. NOTA: a
prescrição dos medicamentos neurolépticos é de competência do médico ou do Técnico de Psiquiatria.
Benzodiazepínicos – não são recomendados como tratamento de primeira linha do delirium, devido
a sua tendência de causar sedação excessiva e exacerbar o estado de confusão. Mas são de escolha para
os casos de síndromes de abstinência de álcool e de medicamentos sedativos. Na síndrome de
abstinência de álcool administrar DIAZEPAM 10-20 mg EV (seguidos de 5 mg de DIAZEPAM de 4 em
4 horas).
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4. ÚLCERAS DE PRESSÃO: São lesões de tecidos de áreas que recobrem uma proeminência óssea, nas
zonas onde a pele e os tecidos subjacentes foram pressionados por uma cama, por uma cadeira de rodas,
por um aparelho gessado, por uma tala ou por outro objeto rígido durante um período prolongado. A
pressão exercida sobre a area envolvida provoca uma insuficiencia do fluxo sanguineo responsavel pelos
processos de degeneração e de necrose tissular. As úlceras classificam-se em 4 estágios dos quais o III e
IV para além da profundidade da úlcera, apresentam sinais de infecção que devem ser imediatamente
controlados para evitar a sua propagação. TRATAMENTO empírico com: AMOXICILINA
comprimidos de 500mg 1 cp de 8/8 horas durante 7 dias, METRONIDAZOL comprimidos de 250 mg 2
cp de 8/8 horas durante 7dias, Analgésicos (PARACETAMOL 500mg 1 cp de 8/8 horas) e
MULTIVITAMINAS 1cp por dia.
5. ABUSO DO IDOSO ou maus tratos – é todo acto único ou repetido, ou mesmo falta de acção,
praticado por um cuidador ou outra pessoa de confiança sobre o idoso que resulte em danos ou prejuízo,
ameaçando a sua saúde ou o seu bem-estar. Tipos de abuso: Abuso físico - Uso da força física que pode
resultar em ferimentos corporais, em dor física ou em incapacidade. Punições físicas de qualquer tipo.
Abuso psíquico ou emocional – correspondem a agressões verbais (insultos, humilhações, tratamento
infantilizado) ou gestuais com o objectivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade
ou isolá-los do convívio social. Abuso sexual – contacto sexual de qualquer tipo não consentido. Abuso
financeiro ou material - Uso ilegal ou inapropriado de fundos, propriedades ou bens do idoso.
Negligência – recusa ou ineficácia em fornecer os cuidados de que a pessoa necessita. Auto – negligência
- Diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de
prover cuidados necessários a si mesma. Estão excluídas situações nas quais uma pessoa idosa
mentalmente capaz (que compreende as consequências das suas decisões) toma decisões conscientes e
voluntárias de se envolver em actos que ameaçam a sua saúde ou segurança. PAPEL DOS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE: Em caso de abuso sexual comprovado ou com fortes suspeitas, deve
ser feito: Tratamento Clínico: PPE – Profilaxia pós exposição ao HIV se o contacto tiver sido recente
(nas 48 horas prévias) com: AZT + 3TC ou D4T + 3TC associados a LOPINAVIR/RITONAVIR
durante 4 semanas, iniciada logo que possível nas primeiras 6 horas ou o mais tardar até 72 após o abuso.
Tratamento para ITS (incluindo teste do HIV).
6. FRAGILIDADE: é uma síndrome clínica caracterizada por redução das reservas dos diversos sistemas
fisiológicos, determinada pelo efeito combinado do envelhecimento biológico, doenças crónicas e maus
hábitos de vida (tabagismo, alcoolismo e sedentarismo), que provoca uma inabilidade do organismo a
reagir apropriadamente as várias situações de estress. São três as principais mudanças relacionadas à
idade, subjacentes à síndrome: 1) alterações neuromusculares (principalmente sarcopénia); 2)
desregulação do sistema neuroendócrino; 3) disfunção do sistema imunológico. Sintomas mais comuns:
Perda de peso, Fadiga, Fraqueza muscular, Anorexia e Falta de actividade física. TRATAMENTO: Em
primeiro lugar tratar as causas e os factores associados: Uso de anti – inflamatórios como
(PARACETAMOL, IBUPROFENO e DICLOFENAC entre outros) para controlar o processo
inflamatório quando instalado. Reposição hormonal (ESTROGÉNIO, TESTOSTERONA…) nos casos
de deficiências hormonais. Tratar a obstipação: Uso de emolientes fecais ou laxantes que devem se
usados por um período muito curto como: BISACODIL 5 a 10mg oral á noite, PARAFINA LÍQUIDA
10 a 30ml à noite. Aumento da ingestão de fibras (20g/dia em forma de cereais, pão integral, legumes,
verduras e frutas). Adequada ingestão de líquidos (1.500 ml/dia)
7.CUIDADOS PALIATIVOS: Segundo a OMS, cuidados paliativos definem-se como cuidado integral
e activo de um paciente, cuja doença não responde ao tratamento curativo. Nos cuidados paliativos são
usadas técnicas que aumentam o conforto do paciente mas não interferem na sobrevida do paciente.
Sintomas – são um dos elementos chaves dos cuidados paliativos. Os mais frequentes são: Esfera
somática: dor, dispneia, anorexia, imobilidade, confusão, fadiga, tosse, náuseas, vómitos, diarreia,
obstipação e incontinência. Esfera emotiva: depressão, medo, ansiedade, insónia, e confusão mental.
Esfera social: perda de estatuto social, mudança de papel que joga em sua família, medo e dependência.
CONDUTA NOS PACIENTES TERMINAIS: Vários fármacos são usados na prática dos cuidados
paliativos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes sendo os mais comuns: Analgésicos não
opióides e opióides, anti-inflamatórios esteróides e não esteróides, antieméticos, antipsicóticos,
antibióticos, protectores da mucosa gástrica e laxativos. Serão discutidos em pormenor mais abaixo.
Os principais fármacos usados no tratamento da dor são: Analgésicos não opióides e os opióides;
antidepressivos e anticonvulsivantes. Analgésicos não opióides: são indicados para os casos de dor
ligeira a moderada nociceptiva. São administrados isoladamente ou em combinação com outras classes de
fármacos antidoloríficos.
Efeito Nome Via habitual Dose habitual no adulto
Anti-inflamatório, antipirético e analgésico Diclofenac Oral, mas há injectável 75-100 mg inicial seguido de 50 mg a cada 8 horas
Indometacina Oral 25-50 mg a cada 6 ou 8 horas
Ibuprofeno Oral, mas há injectável 400-600 mg a cada 6 ou 8 horas ( max. 1800mg/dia)
Ácido Acetil Salicílico (AAS) Oral, mas há injectável 650-1000 mg a cada 6 ou 8 horas ( max. 4g/dia)
Antipirético e Analgésico Paracetamol (Acetominofeno) Oral, mas há injectável 500-1000 mg a cada 6 ou 8 horas. ( max 4 g/dia)
Analgésicos opióides: também designados de narcóticos, são substâncias químicas naturais ou sintéticas
que ligam-se a receptores específicos no SNC para causar a analgesia. São indicados nos casos de dor
aguda refractária ao tratamento com analgésico não opióides, bem como a primeira linha na dor moderada
a severa de trauma e cirurgias. Alem disso, podem ser indicados no tratamento da dor cronica; Neste caso
poder ocorrer algum grau de tolerância e de dependência física com o uso prolongado.
Nome Apresentação a ser usada Dose habitual
Codeína Comprimidos/Xarope 60 mg (1 mg/kg) pode dar-se até de 4/4 horas (máximo 240 mg/dia).
Petidina Injectável 25-100 mg (1-2 mg/kg) até de 4/4 horas se necessário
Outros opióides fortes usados para o alívio da dor como a MORFINA e o HIDROCLORETO DE
TRAMADOL
Fármacos usados para dor neuropática: Há casos em que o tratamento sintomático da manifestação
dolorosa responde somente a anticonvulsivantes e antidepressivos tricíclicos.
Classe Nome Apresentação à ser usada Dose habitual
Anticonvulsivante Carbamazepina( nível 3 de prescrição) Comprimidos 200-400 mg/dia
Anestésico Lidocaína Adesivos cutâneos/injectável/gel Adesivos conforme necessidade de alivio
Antidepressivos tricíclicos Amitriptilina ( nível 3 de prescrição) Comprimidos 25 mg/dia à noite
Antiinflamatório esteroide Dexametasona (nível 3 de prescrição) Injectável 0.5-4 mg/dia
Prednisolona Injectável/comprimidos 5-60 mg/dia
Doença pulmonar obstrutiva crónica e broncoespasmos: Broncodilatadores como SALBUTAMOL e
AMINOFILINA, uso da dose e da via depende do estado do paciente e das patologias subjacentes. Pode
ser por inalação, nebulização, comprimidos orais ou endovenoso. Cortocosteróides como a
PREDNISOLONA 20 a 60mg por dia, via oral. Outros: DIAZEPAM 2,5 a 5mg por dia, via oral, para o
controle da ansiedade; Diuréticos como a FUROSEMIDA via oral ou endovenosa dependendo do estado
do paciente para o controle da Insuficiência cardíaca congestiva. Náuseas e vómitos: São sintomas
comuns nos pacientes com câncer terminal. A etiologia é multifactorial e pode incluir medicamentos,
alterações metabólicas, patologia visceral, aumento da pressão intracraneana, factores psicogénicos entre
outros. É importante que a sua causa seja investigada e tratada. Medidas farmacológicas: Uso dos
antieméticos como PROMETAZINA via oral 25 mg 12/12h ou METOCLOPRAMIDA 10mg oral de
8/8 horas ou injectável (IM ou IV) 2ml de 8/8 horas.
Diarreia: É pouco comum, mas contribui para ocorrência de desidratação, alterações do balanço
hidroelectrolítico, malnutrição, declínio da função imune e aparecimento das úlceras de pressão. Nestes
pacientes ela é causada por medicamentos (Ex. antibióticos, antiácidos, quimioterapia, antiretrovirais, uso
excessivo de laxativos, etc), obstrução intestinal, tumores do trato gastrointestinal, mal absorção e
infecções entéricas. O tratamento deve ser primeiro direccionado para a causa, se possível. Medidas
farmacológicas: Hidratação do paciente dependendo do nível de desidratação, pode ser oral usando SAIS
DE REHIDRATAÇÃO ORAL para casos leves a moderados, ou endovenosa usando soros (Ex.
LACTATO DE RINGER ou SORO FISIOLÓGICO) para os casos graves. As quantidades ou doses a
administrar são as mesmas que nos outros pacientes, mas nos idoso deve ser administrado de forma mais
lenta e com muita cautela controlando sempre os sinais vitais.
XVII. PEDIATRIA-PARTE-II
repetidos ou suspeita de oclusão intestinal, não deve receber leite mas soro EV c/ Dextrose 10%
(Dextrose 30% 1/5 + Dextrose 5% 4/5).
3. ENTEROCOLITE NECROSANTE é uma patologia caracterizada por morte das células intestinais
imaturas que afecta frequentemente os RN de peso <1500gr. Quadro clínico: Os sintomas podem
aparecer lentamente e em 2 ou 3 semanas ou rapidamente após algumas horas do nascimento e incluem:
Distensão abdominal: é o primeiro sinal; Sangue nas fezes; Diarreia; Problemas na alimentação:
vómito,regurgitação; Letargia; Instabilidade da temperatura; Apneia; Bradicardia; Possíveis
complicações: Perfuração intestinal, peritonite e Sépsis.TRATAMENTO: Antibióticos de amplo
espectro: AMPICILINA ev 200mg/kg/dia e GENTAMICINA ev 3mg/kg/dia ou CEFTRIAXONA 80
mg/kg intravenosa uma vez por dia durante 30 a 60 minutos.
6. SÍFILIS CONGÉNITA: A sífilis congénita é uma doença grave resultante de uma infecção adquirida
pelo feto por via transplacentar em qualquer estágio da gravidez. sinas e sintomas da sífilis precoce:
Hepatomegalia; Deformidade do esqueleto, as vezes com inchaço e dor; Lesões ósseas (Pseudo paralisia
de Parrot) – a criança recusa-se a mover o membro envolvido; Linfoadenomagalia; Lesões na pele:
máculopapulares no corpo, palmas das mãos e plantas dos pés, que podem evoluir em vesículas e
pústulas: o pus das lesões cutâneas é contagioso; Rinite: as secreções das narinas são contagiosas; Febre;
Anemia; Icterícia; Hemorragias; Lesões do sistema nervoso central; Pancreatite; Nefrite. Sífilis tardia é
caracterizada por: Deformidades dos ossos: Nariz em forma de sela de montar; Dentes incisivos com
chanfradura chamados dentes de Hutchinson); Mandíbula curva; Arco palatino elevado; Fronte olímpica;
Tíbia em lâmina de sabre Alterações dos olhos: queratite com visão alterada; Tríade de Hutchinson
(dentes de Hutchinson + queratite intersticial + lesão do VIII par); Surdez que se apresenta entre os 10 e
40 anos de vida. CONDUTA: PENICILINA G E.V.: RN < 7 dias 100 000UI/kg, 12/12h 10 a 14 dias;
RN 7 – 28 dias 150 000UI/kg, 8/8h, 10 a 14 dias; Crianças> 28 dias 200,000-300,000 U/kg/dia a cada
6h durante 10-14 dias, Ou PENICILINA G PROCAÍNA im: 50,000 U/kg é uma alternativa mas as
concentrações deste medicamento no liquor são menos eficazes. Tratamento das mulheres grávidas:
devem ser tratadas, em qualquer altura da gravidez, com: PENICILINA BENZATÍNICA IM: 2.4
milhões UI uma vez por semana por 3 semanas; Em caso de alergia a PENICILINA:
ERITROMICINA 500 mg por via oral de 6/6 horas por 28 dias. Nota: a ERITROMICINA não parece
tratar o feto. O parceiro também deve ser avaliado e tratado, mesmo se for assintomático.
7. INFECÇÃO CONGÉNITA POR HSV-2: A infecção congénita por Herpes Simplex Vírus-2 (HSV-
2) é uma infecção transmitida ao RN através da placenta (raramente) ou durante o parto (mais
frequentemente) através do contacto da pele e mucosas do RN com as secreções infectadas do canal
vaginal da mãe. Quadro clínico: Forma localizada: Caracteriza-se por: máculas que evoluem em
vesículas sobre uma pele hipermiada em áreas de trauma, no couro cabeludo, na orofaringe Forma
sistémica ou disseminada: Caracteriza-se por: Icterícia, hepatoesplenomegália, febre, hemorragia (CID);
Convulsões, Queratoconjuntivite; Lesões cutâneas do tipo vesicular que aparecem em menos de 30% dos
casos. Forma caracterizada por envolvimento do sistema nervoso central e encefalite: como única
manifestação da infecção. Aparece no RN com 2-3 semanas de vida. Caracteriza-se por: Letargia,
irritabilidade, convulsões focais. CONDUTA: O tratamento antiviral especifico para esta patologia é o
ACICLOVIR (comp de 200, 400 mg) dar 100mg de 8/8 horas durante 10 dias.
8. TÉTANO NEONATAL: O tétano neonatal é uma intoxicação pela toxina produzida pelo Clostridium
tetani que é introduzida no corpo do RN no momento do parto ou logo após o parto. Quadro clínico:
Irritabilidade; Incapacidade de se alimentar; Rigidez; “Fazer caretas”: o RN tem contracções dos
músculos da face; Espasmos após estímulo táctil ou sonoros; Espasmos persistentes que podem
determinar uma postura em opistotono com as costas encurvadas e a cabeça extensa, os braços em adução
(perto do tórax) e as pernas extensas; As extremidades superiores são flectidas, a nível dos ombros,
cotovelo e pulso, esta posição é dolorosa; Convulsões podem ser generalizadas por estímulos tácteis e
sonoros; Pode haver arritmia severa, alterações da tensão arterial; Pode haver hipertermia; Pode haver
espasmo laríngeo. CONDUTA: O tratamento é de suporte, controlando as manifestações clínicas e as
complicações. As medidas de tratamento incluem: Internar o RN em local calmo e sem muita luz;
Limpeza e higiene do cordão umbilical e feridas; PENICILINA G EV durante 10-14 dias, é a primeira
escolha; a dose varia dependendo do peso e idade do RN como ilustra a tabela 1 abaixo. Tabela 1: doses
de Penicelina G ev de acordo com o peso/idade
<1200 g 50,000 U/kg/dia dividido em duas doses a cada 12h 50,000 U/kg/dia dividido em 2 doses a cada 12h
>2000 g 75,000 U/kg/dia dividido em três doses a cada 8h 100,000 U/kg/dia divididos em 4 doses a cada 6h
1200-2000 g 7.5 mg/kg uma vez por dia 15 mg/kg/dia divididos em 2 doses a cada 12 horas
>2000 g 15 mg/kg/dia divididos em 2 doses a cada 12 horas g/kg/dia dividido em duas doses a cada 12h
Imunoglobulinas contra o tétano se disponíveis: 500U IM. Benzodiazepinas para induzir sedação,
reduzir rigidez e controlar os espasmos: DIAZEPAM EV ou oral por tubo nasogástrico: 1-2 mg/Kg/dia
EV, repetir cada 3-4 horas se necessario. Por sonda ou perfusão 3-10 mg/Kg/dia. Maiores de 5 anos: 5-
10mg. Manutenção da alimentação e do equilíbrio hidroelectrolítico. Vacinação completa após dos
sintomas serem resolvidos
10. SÉPSIS NEONATAL: A Sépsis é uma condição severa consequente de uma infecção inicialmente
localizada ou extensa, a qual expandiu-se para todo o corpo: o agente causal esta no sangue podendo
atingir qualquer órgão. Quadro clínico: Manifestações gerais: Hipo ou hipertermia, letargia, dificuldade
de sucção e icterícia; Sistema Respiratorio: Taquipneia, dispneia, apneia, gemidos, retracçao
diafragmatica intercostal e cianose. Sistema cardiovascular: Palidez, taquicárdia, bradicárdia, hipotensão e
edema. Sistema hemopoietico: Petéquias, hemorragias e esplenomegalia. Sistema Gastrintestinal:
Distensão abdominal, vómitos, diarreia e hepatomegalia. Sistema nervoso central: Hipotonia ou
hipertonia, tremores, convulçoes e abaulamento da fontanela. CONDUTA: Antibióticos EV:
AMPICILINA 50mg/kg/dose e GENTAMICINA 3-5mg/kg/dia se idade <28 dias ou 5-7,5 mg/kg/dia se
idade> 28 dias divididas em 2 doses; Em caso de lactente com menos de 2 semanas: administrar 1 mg de
VITAMINA K intramuscular; Caso não seja possível medir a glicémia dar: GLUCOSE oral se a criança
consegue engolir: amamentar se possível, ou dar 25ml/kg de GLICOSE 10% com uma seringa,
lentamente na boca, ou com sonda nasogástrica ou por via rectal; Ou GLICOSE EV: 5ml/kg de
GLICOSE 10% rapidamente.Tratamento antipirético com PARACETAMOL: oral ou rectal 10mg/kg e
5mg/kg se icterícia presente
afectar um membro ou generalizadas que afectam todo o corpo com hipertonia e extensão dos membros
superiores e inferiores e as vezes do tronco; são as mais graves; Sinais que podem acompanhar as
convulsões incluem: Apneia; Cianose; Choro súbito e sem motivação aparente; Respiração barulhenta;
Sonolência após a convulsão, de duração variável, e exame neurológico fora das crises pode ser normal.
CONDUTA: No caso de convulsão patológica com a duração de mais 30 segundos administrar:
DIAZEPAM: 0,5mg/Kg/dose por via rectal que pode ser repetida 3 vezes com intervalos de 5-10
minutos: Retire a dose de uma ampola de DIAZEPAM usando uma seringa de tuberculina; Remova a
agulha; Insira a seringa no recto por 4 a 5 cm e injecte a solução de DIAZEPAM; Segure as nádegas da
criança fechadas por alguns minutos. Se as convulsões continuarem após 10 minutos, administre uma
segunda dose de DIAZEPAM por via rectal (ou administre DIAZEPAM IV 0,3 mg/kg) se o acesso
venoso foi posicionado. Se as convulsões continuarem após mais 10 minutos, administre uma terceira
dose de DIAZEPAM por via rectal:
sendo amamentado ao peito, dar também 100 – 200 ml de água limpa durante este período. Se a criança
vomitar, aguardar 10 minutos e depois continuar, porém mais lentamente; Para o caso de desidratação
grave, o RN deve ser internado: Começar a dar líquidos imediatamente por via IV. Se a criança consegue
beber, dar SRO por via oral enquanto o conta-gotas estiver a ser montado. O importante é tirar a criança
do estado de gravidade com expansores plasmáticos até sair da situação critico ou shock hipovolémico
dando LACTATO RINGER 20-30ml/kg de 30 em 30 minutos se a criança não for malnutrida e 10
ml/kg de 1 em 1h se a criança for malnutrida depois da - se o remanescente até que desapareçam os Sinais
de desidratação. Dar LACTATO DE RINGER ou SORO FISIOLÓGICO como se segue:
Dar SRO (cerca de 5 ml/kg/hora) logo que a criança conseguir beber: geralmente depois de 3-4 horas;
15. CANDIDÍASE ORAL: A Candidíase oral no lactente é uma infecção fúngica da mucosa da cavidade
oral que acontece nos primeiros meses de vida. Quadro clínico: Dor durante a sucção; Dificuldade de
alimentação por causa da dor; Irritabilidade, agitação como resposta a dor; Não ganho de peso por
dificuldade de se alimentar; Ao exame físico o clínico pode observar placas brancas na mucosa oral das
bochechas, das gengivas, do palato e dos lábios e nos casos graves da orofaringe; Estas placas brancas
podem ser facilmente removidas com uma espátula e aparecer uma mucosa hipermiada. A mucosa ao
redor das placas aparece hiperemiada. Caso o RN seja imunodeprimido a candidíase oral pode-se difundir
para todo o organismo. CONDUTA: NISTATINA suspensão: 3-4 aplicações por dia, preferivelmente
10 minutos antes de mamar. OU VIOLETA DE GENCIANA: 3 aplicações por dia até 48h após as
lesões terem desaparecido. Aconselhar a mãe a continuar o tratamento em casa: Lavar as mãos; Lavar a
boca da criança usando um pano limpo e macio enrolado no dedo e humedecido com água fervida e
morna; Pincelar a boca com VIOLETA DE GENCIANA;
16. PNEUMONIA NO RN: A pneumonia é definida como uma inflamação, com ou sem infecção, das
vias respiratórias inferiores (os alvéolos, sacos alveolares, interstício e parênquima pulmonar). A
pneumonia no RN é a patologia infecciosa mais comum nesta idade. A pneumonia pode ser: adquirida
durante a gravidez ou período perinatal que é também chamada por pneumonia congénita, e a que aparece
depois do nascimento chamada por pneumonia pós-natal. Quadro clínico: Dificuldade de alimentação;
Irritabilidade, letargia; Palidez; Hipo/hipertermia; Distensão abdominal; Tosse sem febre alta no caso de
pneumonia intersticial; A evolução pode ser rápida ou lenta e o RN apresentar sinais de distress
respiratório; Cianose; Taquipneia, FR. >60 resp/min; Adejo nasal; Gemido respiratório; Taquicardia;
Apneia; Tiragem subcostal. CONDUTA: Terapia antibiótica com: AMPICILINA (50 mg/kg/dia, IM, a
cada 6 h) e GENTAMICINA 3-5mg/kg/dia se idade <28 dias divididas em 2 doses a cada 12h. Ou
CLORAFENICOL (25 mg/kg, IM ou IV a cada 8 h); Na suspeita de Clamydia: ERITROMICINA EV
30-50 mg/kg/dia divididos em 4 tomas a cada 6h ou COTRIMOXAZOL por via oral ou EV
10mg/kg/dia a cada 6 horas. Na suspeita de Pneumocystis jiroveci: COTRIMOXAZOL por via oral ou
EV 20mg/kg/dia a cada 6 horas. OXIGÉNIO: em todas as crianças com pneumonia muito grave, dar
oxigénio durante todo o tempo usando sondas nasais: Se a oximetria de pulso estiver disponível,
administre o oxigénio se a saturação < 90%. O oxigénio deve ser mantido até os sinais de hipoxemia
(cianose, tiragem subcostal significativa ou FR> 70/min) desaparecerem. O pessoal de enfermagem deve
verificar a cada 3 horas se o cateter ou a sonda não estão bloqueados com secreção, ou se estão
correctamente posicionados e se todas as conexões estão bem fixadas. Tratamento da febre: se TC ≥ 39oC
administrar PARACETAMOL oral 10-15mg/kg.
17. DOENÇA DAS MEMBRANAS HIALINAS: também chamada por síndroma de dificuldade
respiratória, é uma condição patológica aguda dos pulmões, presente ao nascimento, devida a uma
alterada dinâmica da troca entre o oxigénio e o CO2.por imaturidade pulmonar e deficiência do
surfactante. Apresenta-se com maior frequência no RN pré-termo e de baixo peso, sendo directamente
proporcional a menor idade gestacional e ao menor peso. Quadro clínico: O RN apresenta sinais e
sintomas dentro de poucos minutos após o nascimento como: Taquipneia; Respiração ruidosa; Retracções
intercostais e subcostais; Adejo nasal; Cianose que piora progressivamente e não melhora após
administração de oxigénio Se não for tratada imediatamente a situação piora rapidamente e o RN
apresenta dispneia grave, hipotensão, hipotermia, palidez, cianose mais grave, apneia, respiração
irregular, paralisia intestinal, oligúria, edema, difusão do ar nos tecidos, enfisema pulmonar,
pneumotórax, hemorragia intraventricular. Conduta: Aplicação dos cuidados de rotina ao RN pré-termo e
de baixo peso para diminuir o risco desta doença: mantendo a oxigenação, a temperatura corporal, a
tensão arterial com infusão de GLICOSE 10%. Prevenção: Prevenção da prematuridade se for possível.
Prevenção da Asfixia durante o parto se for possível; Evitar Cesariana desnecessária. Uso de
Glucocorticoides na mãe que esta a parir um RN pré-termo: DEXAMETASONA 12mg IM, 2 doses, a
cada 24h ou 4 doses de 6mg IM.
19. DIARREIA: A diarreia define-se como um aumento da frequência e volume das fezes em relação ao
hábito normal do RN. Quadro clínico: Vómitos; Incapacidade de se alimentar; Irritação, sonolência, sono
agitado; Choro com pernas encolhidas sobre o abdómen; Febre; Distensão abdominal; Perda de peso;
Sangue ou muco nas fezes; No caso de doença de Hirschprung: vómito biliar, mecónio eliminado
tardiamente, distensão abdominal; Desidratação. A diarreia é a causa principal de desidratação.
CONDUTA: desidratação é tratada com SOLUÇÃO REIDRATANTE ORAL: a ser administrada
sempre que o RN consiga consumir algo por via oral Manter a amamentação; Solução reidratante por
via EV no caso de desidratação grave ou do RN não aceitar nada por via oral. Caso haja sangue nas
fezes, internar e dar: Antibióticos IM: GENTAMICINA 2,5mg/Kg e PENICILINA CRISTALINA 50 a
100.000U/Kg por pelo menos 5 dias; Administrar VIT.K IM: se peso > 2500g: 1mg; se peso< 2500g: 0,5
mg; Prevenir hipoglicemia: administrar lentamente 30-50 ml de leite do peito OU GLICOSE 10%
(5ml/Kg em bolus e 80 ml/Kg em manutenção) OU água açucarada com colher/chávena, pela boca ou
através de uma sonda nasogástrica.
20. INFECÇÕES DAS VIAS URINÁRIAS: Define-se infecção do trato urinário (ITU) como a resposta
inflamatória do epitélio urogenital à invasão bacteriana, que geralmente está associada a bacteriúria e
piúria. Quadro clínico: No caso de infecções das vias urinárias inferiores (cistites) o RN pode ter: Pode
haver febre mas frequentemente está ausente; Irritação; Dor durante a micção que o RN manifesta
chorando; Micções frequentes e de pouco volume: difíceis de avaliar no RN devido a fralda; Hiperemia
dos genitais externos: mais visíveis no sexo masculino aonde há hiperemia da glande; Secreções
amareladas da uretra no RN de sexo masculino. No caso de infecções das vias urinárias superiores
(pielonefrite) o RN pode ter: Febre inexplicável ou hipotermia; Choro inexplicável; Irritação; Dificuldade
de alimentação, vómito; Diarreia; Falência de crescimento; Icterícia; Mau cheiro da urina. CONDUTA:
antibióticos por via oral durante 14 dias: AMPICILINA EV 100mg/Kg/dia dividido em 2 doses se RN
<1 semana e dividido em 4 doses se RN> 1 semana, Ou GENTAMICINA EV 3-5 mg/kg/dia em 1-2
tomas (nos prematuros administrar doses menores e espaçar a administração para 36-48 h); Em caso de
suspeita de Pseudomonas administrar os dois antibióticos. Em caso de suspeita de cistite ou como
continuação do tratamento EV de uma infecção superior, administrar: AMOXICILINA por via oral: 50 -
100mg/Kg/dia dividido em 2 doses, durante 3 dias para o caso de cistite e 10 dias para a pielonefrite, Ou
AMOXICILINA E AC.CLAVULÂNICO por via oral: 50mg/Kg/dia dividido em 3 doses a cada 8h.
21. MENINGITE NEONATAL: A meningite é uma inflamação das meninges devida a uma infecção
das membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal, conhecidas colectivamente como meninges.
Geralmente há também o envolvimento do cérebro e neste caso fala-se de meningo-encefalite. Quadro
clínico: Sucção fraca ou ausente; Hipotonia; Hiporeactividade; Dispneia; Vómito e diarreia; Gemidos;
Alteração da temperatura; Apneia que pode piorar muito rapidamente; Bradicardia; Hipotensão;
Irritabilidade alternada a letargia; Sinais mais específicos, mais tardios e por vezes ausentes no RN são:
Convulsões; Fontanela anterior abaulada; Opistotono; Rigidez da nuca; Sinais focais como o desvio dos
olhos e hemiparesia. CONDUTA: O tratamento deve ser iniciado atempadamente, mesmo se não houver
o resultado dos testes, com: Antibióticos EV: AMPICILINA 200mg/kg/dose de 6/6h, e
GENTAMICINA 3-5mg/kg/dia divididas em 2 doses a cada 12h durante 14-21 dias. Tratamento de
suporte: manter a TA, tratar as convulsões com DIAZEPAM: 0,2-0,3mg/kg por via IV infusão lenta.
delicado para as crianças, oleosos e creme aquoso; No caso de lesões crostosas pode se aplicar 2 vezes ao
dia loções com ÁCIDO SALICÍLICO a 10% em óleo mineral.
24. RN DE MÃE DIABÉTICA: O RN nascido de mãe diabética é uma condição que afecta o RN cuja
mãe teve uma diabetes não controlada durante a gravidez (Tipo 1, tipo 2 ou gestacional). Quadro clinico:
Macrossomia: RN obeso; Hipoglicemia que se manifesta por: sonolência, apatia, hipotonicidade, sucção
fraca; Dispneia e distress respiratório nas primeiras horas apos o parto, em metade dos casos; Tremores e
clonos se houver hipocalcemia associada com níveis <7mg/dl devida a um atraso da secreção da
paratormona das glândulas paratiróides com possibilidade de convulsões e jitteriness; Malformações
fetais congénitas cardíacas, neurológicas e outras. CONDUTA: Nos RN sintomáticos ou com a glicemia
< 36mg/dl (2mmol/l) nas primeiras 24h e que não aumenta com a alimentação materna: Administrar bolo
de GLICOSE 10% EV 2mL/kg (que correspondem a 200mg/kg de glicose) em 5-10 min e manter
infusão nas horas sucessivas com 6-8 mg/kg/min. Controlar a glicemia após 30 min, 1h, 2h, 4h, 8h e 12h
e em qualquer altura se os sinais clínicos estiverem presentes. O objectivo é atingir uma
glicémia>45mg/dl (2.5mmol);
25. CONJUNTIVITE: Conjuntivite significa inflamação da conjuntiva. Pode ser de duração variável:
Aguda: se a duração for de cerca uma semana. Crónica: se a duração for maior de 1-2 semanas; esta
forma inclui também a conjuntivite aguda recorrente durante meses ou anos. Quadro Clínico:
Conjunctivite Infecciosa: Edema palpebral: mínimo no caso de etiologia viral, moderado no caso de
etiologia bacteriana. Os lactentes podem não conseguir abrir os olhos que aparecem inchados. Secreção
da conjuntiva: transparente no caso de etiologia viral e amarelada (purulenta) no caso de etiologia
bacteriana; a secreção geralmente está presente durante todo o dia, e não somente de manha: a secreção
que surge somente a noite não é de origem infecciosa, mas sim fisiológica. Presença de folículos na
conjuntiva palpebral, no caso de etiologia viral. Gânglios pré-auriculares aumentados e dolorosos a
palpação, no caso de etiologia viral. Prurido ausente. Fotofobia no caso de CMV ou de conjunctivite de
origem bacterniana, mas este sintoma pode ser referido somente pela criança mais velha. Presença de
outros sintomas da infecção como espirros, tosse, Febrícola. O quadro clínico da conjuntivite por
Chlamydia tracomatis será abordado na PA 18 de disciplina da Oftalmologia ou PA63 nesta disciplina.
Conjunctivite Alérgica: Olhos avermelhados. Edema palpebral: de moderado a muito importante.
Prurido geralmente intenso. Secreção transparente e ou mucosa bilateral. Não há aumento dos gânglios
cervicais ou pré-auricolares. Presença de papilas na conjuntiva tarsal. Espirros frequente por
envolvimento da mucosa nasal e das vias aéreas superiores também. CONDUTA: Conjunctivite
Infecciosa: A evolução é benigna e cura-se em alguns dias: A conjuntivite viral geralmente não precisa
de nenhum medicamento; A conjuntivite bacteriana precisa de tratamento com antibiótico local:
TETRACICLINA pomada oftálmica: 3 aplicações/dia por 5-7 dias; Conjunctivite Alérgica: a evolução
depende da duração da exposição ao alérgeno; Medicamentoso: Se o paciente evitar a exposição ao
alergeno, a conjuntivite cura-se em 1-2 semanas com o uso de anti-histamínicos orais:
CLORFENIRAMINA: 0,4 mg/kg/ dia a cada 8h; Não Medicamentoso: Aconselhar a mãe/cuidador para:
Se a causa é pólen, o paciente deve tentar reduzir a sua exposição ambiental; Limpar os olhos com
compressas com água ou soro fisiológico: úteis para alívio na fase aguda da conjuntivite; Não usar
colírios por conta própria; Forrar o seu travesseiro e colchão; Trocar seu travesseiro periodicamente;
Lavar sempre as mãos; Evitar coçar ou esfregar os olhos. NOTA: No tratamento da conjuntivite é
absolutamente contra-indicado usar gotas de corticosteróides para evitar piorar a sintomatologia, caso a
etiologia seja viral por HSV ou CMV.
26. CELULITE PERIORBITAL: A celulite periorbital ou palpebral é uma inflamação, com ou sem
infecção, limitada aos tecidos das pálpebras. Quadro Clínico: Anamnese: A celulite periorbital pode ser
bilateral ou e manifesta-se com os seguintes sintomas: Dor nos olhos; Olhos vermelhos; Olhos
lacrimejantes; Visão turva; Pode estar presente prurido se for de origem alérgica. Exame Físico: Edema
palpebral: é geralmente o sinal inicial; Hiperemia da pele das pálpebras; Conjuntivite; Ausência de dor da
região ocular; Ausência de exoftalmia ou protrusão do bulbo ocular da cavidade orbitária; Motilidade
ocular mantida em todas as direcções e não dolorosa; Elevações ligeiras a moderadas de temperatura.
TRATAMENTO medicamentoso: Sendo uma condição benigna o tratamento é feito ambulatorialmente
administrando AMOXICILINA ou ÁCIDO CLAVULÂNICO por via oral 50mg/kg/dia dividido em 3
doses por 7-10 dias. É necessário aconselhar a mãe/cuidador a voltar caso o edema não desaparece 1-2
dias após o início do tratamento, se aparecer febre, mal-estar, dor da área dos olhos, protrusão ocular.
27. CELULITE ORBITÁRIA: A celulite orbitária é uma inflamação dos tecidos moles que rodeiam a
órbita. Esta patologia é considerada uma emergência oftalmológica. Quadro Clínico: Anamnese: A
celulite orbitária é geralmente unilateral e é caracterizada por os sintomas seguintes: Dor intensa da região
ocular, Inchaço da pálpebra; Dor de cabeça; Febre elevada; Mal-estar geral; Falta de apetite, Irritabilidade
se a criança for lactente. Exame Físico: Dos Olhos: Edema palpebral: é geralmente o sinal inicial;
Exoftalmo ou protrusão do bulbo ocular da cavidade orbitária, Motilidade ocular diminuída e dolorosa
nas várias direcções; Diminuição da visão; Edema da conjuntiva, Aparelhos adjacentes: Pele adjacente
aos olhos: que aparece hiperemiada e edematosa, Orofaringe: para identificar um possível foco infeccioso
nas amígdalas/os dentes que pode se manifesta com eritema, exsudato tonsilar, petéquias no palato ou
inchaço das gengivas e dor de dente; Seios paranasais: sobretudo nas crianças >5-6 anos, a dor dos seios
pode ser sinal de sinusite. TRATAMENTO medicamentoso: Estes doentes devem ser internados e e
iniciados com tratamento parenteral com AMPICILINA por via endovenosa: 100mg/kg/dia a cada 6
horas mais GENTAMICINA: Recém-nascidos: 3 - 5 mg/kg por dia, em 1 - 2 tomas. 4 Semanas - 12
Anos :6 mg/kg/dia em dose única ou dividida em 2-3 tomas até a melhoria dos sinais locais e o
desaparecimento da febre; depois continuar com AMOXICILINA E ÀCIDO CLAVULÂNICO por via
oral: Crianças até 20kg: calcular a dose em função da AMOXICILINA, 20-50mg/kg/dia de 8/8 horas.
Crianças com mais de 20kg: 50 - 80mg/kg/dia de 8/8 horas 7 dias. Outro antibiótico que pode ser usado é
a CLORANFENICOL: Crianças com < de 2 semanas: 25 mg/kg/dia divididos em 2 ou 3 tomas;
Crianças de 2 semanas – 1 ano de idade: 50 mg/kg/dia divididos em 4 tomas Crianças> de 1 ano: 50-
100mg/kg/dia divididos em 4 tomas, por 7-10 dias.
28. HORDÉOLO: O hordéolo é uma infecção aguda com formação de um abcesso das glândulas de Zeis
(hordéolo externo) ou da glândula de Meibomius (hordéolo interno), sendo este último mais raro. É
comummente conhecido como terçolho. Quadro clínico: Anamnese: Apresenta como uma inflamação
aguda na pálpebra, dolorosa, vermelho, quente, nódular, com inchaço. Exame Físico: O hordéolo aparece
como um nódulo hiperémico, edematoso, doloroso e com pele sobreposta quente na borda da pálpebra
afectada. É geralmente centrado na base de um cílio. O nódulo é geralmente único e unilateral, mas pode
ser bilateral ou múltiplos nódulos podem coexistir. Fig 1. O hordeolo interno, por vezes, não se apresenta
na parte externa da pálpebra, mas se apresenta como um nodulo na parte tarsal da pálpebra na parte
29. CHALÁZIO: O chalázio é a inflamação crónica da glândula de Meibonio ou de Zeis (que manifesta-
se como um pequeno quisto). Quadro clínico: Anamnese: Antes do chalázio aparecer o paciente refere
um desconforto da pálpebra afectada, seguido por inflamação aguda e inchaço da mesma. Exame Físico:
Depois há o surgimento de um nódulo, geralmente único, duro, fixo e não doloroso na parte tarsal da
pálpebra (vide Figuras 2 e 3). As pálpebras superiores são as mais afectadas já que as glândulas de
Meibonius são mais numerosas nas pálpebras superiores. TRATAMENTO medicamentoso: Aplicar
gotas de HIDROCORTISONA 0,5%-1%: 1 gota 4 vezes ao dia até o chalázio desaparecer. Caso haja
sobreinfecção bacteriana é necessário administrar TETRACICLINA oftálmica: 4 aplicações/dia por 5-7
dias. Caso seja um chalázio evoluído de um hordéolo interno é necessário seguir o tratamento do hordéolo
associando a pomada de CORTISONA.
31. TRAUMATISMO OCULAR: É o termo específico para definir qualquer tipo de lesão traumática
que envolve uma ou mais estruturas do globo ocular com/sem envolvimento de seus anexos e via óptica.
Os Traumas mais frequentes são: Trauma leve da conjunctiva e Abrasão corneano. ABRASÃO
CORNEANO: É uma lesão superficial da córnea devida a um trauma leve da parte anterior do bulbo
ocular. Anamnese: apresenta-se com dor leve ou desconforto no olho afectado que pode ser contínuo e
surdo ou lancinante que vai e vem. Exame Físico: geralmente é unilateral e acompanhado por hiperemia
da conjuntiva bulbar. CONDUTA: No caso de presença de corpo estranho é necessário a sua remoção.
Não deve haver nenhuma cobertura de olho para crianças. Em todos os casos usar pomada antibiótica de
TETRACICLINA: 4 vezes/dia e bandagem do olho para 4-5 dias.
32. TRACOMA: É uma conjuntivite crónica infecciosa, caracterizada por exacerbações progressivas e
remissões da doença. É uma importante causa de cegueira em países com escassos recursos, como
Moçambique. Quadro clínico: Anamnese: As crianças apresentam com os olhos vermelhos, secreção
ocular, inchaço das pálpebras e alta sensibilidade à luz (fotofobia). CONDUTA: O objectivo do
tratamento é a cura da infecção e corte da cadeia de transmissão, prevenindo deste modo as complicações,
de entre as quais a cegueira. Tópico: com creme oftálmico de TETRACICLINA a 1%: 2-3 aplicações ao
dia durante 4-6 semanas + Sistémico via oral com AZITROMICINA. A OMS recomenda 20mg/kg dose
única, máximo: 1g. Para crianças mais de 14 anos, 1g uma vez oral. Em caso de falta de
AZITROMICINA pode-se usar: ERITROMICINA 40 mg/kg/dia divididos em 3 tomas por dia por 3
semanas.
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33. ABCESSO DENTÁRIO: O abcesso dentário é uma colecção de pús entre o dente e a gengiva, que
pode atingir o osso mandibular ou maxilar superior. Quadro Clínico: Dor latejante e persistente no dente
ou área da gengiva podendo se estender para a face e/ou cabeça; Gengiva avermelhada e edematosa ;
Edema dos tecidos da face; Febre; Gânglios do pescoço inchados; Dente escurecido; Presença de pús nas
gengivas; Halitose. TRATAMENTO: No caso de suspeita ou confirmação de abcesso é necessário
administrar antibióticos por via oral: AMOXICILLINA E AC.CLAVULÂNICO (comp. 250mg de
trihidrato de amoxicilina e 125mg de clavulato de potássio): em crianças> 20kg – 1 cp (375 mg) de 8/8 h
no inicio da refeição; crianças até 20 kg – suspensão oral 20-50mg/kg/dia de 8/8 h durante 7-10 Dias.
Atenção aos efeitos colaterais como: diarreia, eritema multiforme, síndrome de stevens-johnson, hepatite
e icterícia. Tratamento sintomático (dor, febre): dar PARACETAMOL Crianças: 6-12 anos, 250-500
mg de 4/4-6/6 h até um máximo de 4 doses/dia; 1-5 anos: 120-250 mg; 3-12 meses: 60-120 mg; menores
de 3 meses: 10 mg/kg (5 mg/kg se icterícia presente).
34. GENGIVITE: A gengivite é uma inflamação da gengiva, de várias causas. Quadro Clínico: As
gengivas aparecem hiperemiadas, edematosas em relação as gengivas não afectadas; Pode estar presente
dor espontânea, após ingestão de alimentos, a palpação, No caso de infecção por Cândida estão presentes
lesões esbranquiçadas típicas da cândida com mucosa ao redor hiperemiada, No caso de aftas as gengivas
apresentam uma erosão superficial redonda de poucos milímetros, e muito dolorosas, Sangramento
espontâneo; Halitose (mau cheiro oral). TRATAMENTO: Da gengivite dos lactentes: dar
PARACETAMOL se a criança estiver a chorar e estiver incomodada; Da gengivite de origem viral dar
ACICLOVIR (Cp de 400mg) crianças maiores de 2 anos: 200 mg, 5 x/dia ou 400 mg de 8/8 h durante
10 dias, para o episódio primário. As recorrências devem ser tratadas durante 5 dias. Crianças menores
de 2 anos: 1/2 da dose do adulto, em particular nos imunodeprimidos. Podem ocorrer efeitos colaterais
como: náuseas, vómitos, diarreia, cefaleia, fadiga, erupção cutânea incluindo urticária, prurido,
fotossensibilidade. Das aftas não há tratamento eficaz, pode ser usado VIOLETA DE GENCIANA
(solução aquosa a 1%), aplicar localmente 1-2 vezes/dia ate as lesões desaparecerem e mais 5 dias. Da
candidíase: NISTATINA suspensão ora (100.000UI/ml - frasco 30ml)l: espalhar pela cavidade oral 1
mL 4 x/dia, após as refeições até as lesões desaparecerem.
35. LÍNGUA GEOGRÁFICA: é uma lesão benigna e assintomática, define uma característica particular
da superfície ventral da língua que aparece com manchas bem definidas, de cor amarela, cinza ou branca,
que lhe confere um aspecto que a língua parece um mapa. A sua causa é desconhecida, pode ser familiar
ou estar associada a uso de comida picante, álcool. Não há necessidade de tratamento, somente se houver
sintomas como por ex. a dor (PARACETAMOL)
36. TRAUMATISMO DENTÁRIO: O trauma dentário é qualquer trauma que afecta os dentes, sejam
de leite ou permanentes, com ou sem envolvimento da gengiva, osso mandibular ou maxilar.
CONDUTA: Antibióticos: AMOXICILINA E AC.CLAVULÂNICO; Analgésicos:
PARACETAMOL
37. ESTOMATITE: A estomatite é um termo geral para indicar uma infecção da mucosa da cavidade
oral. Causas: Os agentes etiológicos mais comuns de estomatite na criança são: Vírus: herpes simples
tipo 1, HIV, sarampo, varicela zoster, CMV; E Fungos: Candida albicans.
37.1. Estomatite por HSV: É a infecção da mucosa oral devida a Herpes Simples vírus tipo 1, HSV-1. É
uma doença frequente sobretudo na infância e nos paciente imunodeprimidos, em particular em pacientes
com imunodepressão por HIV. Quadro Clínico: As crianças mais velhas antes das lesões aparecerem
podem referir uma sensação de prurido ou de ardor na área onde irão aparecer as lesões características; as
crianças mais novas podem manifestar através da irritabilidade. As lesões aparecem como pequenas
vesículas sobre uma mucosa avermelhada; as vesículas ficam agrupadas como “as uvas em um cacho” e
podem confluir. As lesões persistem por alguns dias para depois secar e formar pequenas crostas
amarelada. As lesões são localizadas ao redor da boca, nos lábios, na lÍngua, e podem também estender-se
a conjuntiva e cornea. Existem dois tipos de estomatite por HSV1: a infecção primária e a recorrente.
TRATAMENTO sistémico: Em crianças maiores de 2 anos: ACICLOVIR 20mg/kg/dose, 4 doses, 7 –
10 dias. Recomendado nos casos graves. Casos ligeiros à moderados têm resolução espontânea.
37.2.Estomatite por cândida ou Candidíase Oral (Monilíase): É a infecção da mucosa oral pelo fungo
Candida albicans e pode apresentar-se sob a forma de: Estomatite (infecção da mucosa bucal) e Queilite
Angular (também chamada de boqueira ou perleque que afecta as comissuras labiais). Quadro Clínico:
Estomatite por Cândida oral: As lesões são caracterizadas por eritema difuso da mucosa que se torna
lisa, brilhante e dolorosa; acima da qual há depósitos esbranquiçados de aspecto leitoso, grumoso e
aderentes à base que se erosionam ao destacar, deixando uma superfície vermelha e sangrenta; (Fig 3),
com dor, dificuldade na deglutição e mastigação; em lactentes pode haver recusa na amamentação por
causa da dor. Em doentes com imunodepressão pode estender-se ao esófago e por mais raramente para a
traqueia. Quelite angular por Cândida: Apresenta-se com pequenas lesões eritemato-descamativas com
exsudação cremosa nos cantos da boca e no fundo tem uma fissura dolorosa; pode afectar ou não a
mucosa labial. Caracteriza-se clinicamente por presença de áreas de atrofia e hiperemia das comissuras
labiais.TRATAMENTO da estomatite e queilite por Cândida: Tratamento com antifúngicos:
suspensão de NISTATINA - suspensão ora (100.000UI/ml - frasco 30ml) l: espalhar pela cavidade oral 1
mL 4 x/dia, após as refeições até as lesões desaparecerem., gel de MICONAZOL a 2% - 30gr, 2 vezes
por dia, até a melhoria das lesões. Atenção as reacções adversas locais. Se não passar com o tratamento
tópico dar: FLUCONAZOL 3-6 mg/kg no primeiro dia seguido de 3 mg/kg/dia durante 7-14 dias. Se a
candidíase for extensa a traqueia, e esófago ou for crónica-recidivante, associar o tratamento por via oral:
FLUCONAZOL (cp de 200mg): 3-6 mg/kg no primeiro dia seguido de 3 mg/kg/dia durante 7-14; nas
infecções graves: 6-12 mg/kg/dia durante 3 semanas. Ter atenção aos efeitos colaterais que possam surgir
como: dor abdominal, náusea, vómitos, diarreia, flatulência, distúrbios no paladar, cefaleia, erupção
cutânea.
40. OTITE MÉDIA: A otite média é a infecção do ouvido médio. É geralmente secundária à uma
infecção das vias aéreas superiores, como a faringite ou a rinite. Quadro Clínico: Otite média aguda:
Apresenta sinais e sintomas diferentes relacionados a idade e alguns comuns: Em todas as idades:
Otorreia ou secreções do ouvido externo: purulenta no caso de otite bacteriana, Febre até 40°C, Mal-estar.
Em lactentes: Dificuldade em alimentar-se até chegar a recusar e em dormir; Choro inexplicável: por
causa da otalgia, Irritabilidade: por causa da otalgia; O lactente ou criança de 1-3 anos, pode tocar-se na
área auricular e chorar o que indica a presença da otalgia; Sintomas associados a infecção das vias aéreas
superiores como rinorréia, dispnéia leve, voz anasalada. Na criança mais velha: A otalgia forte: é o
sintoma inicial que a criança refere; Toca ou puxa a orelha, Hipoacusia transitória de transmissão: a
criança aumenta o volume da televisão; não ouve a voz de quem lhe chama; Ocorrem sintomas associados
a infecção das vias aéreas superiores como rinite, dor de cabeça, rinorreia. Otite crónica supurativa: Os
sinais e sintomas são os mesmos da otite média aguda com a excepção da febre e do mal-estar que
geralmente não estão presentes. Por ser um processo crónico e apresenta as seguintes características:
Hipoacusia de transmissão: diagnosticáveis na criança mais velha; Otorreia purulenta com mau cheiro no
caso de sobre infecção bacteriana por S.aureo ou Pseudomonas aeruginosa. CONDUTA: Otite média
aguda: No caso de otite média bacteriana é sempre indicado o tratamento com antibiótico:
AMOXICILINA: crianças> 3 meses e até 20 kg: 50-100 mg/kg/dia divididos em 3 tomas. Crianças < 3
meses: 30mg/kg/dia em 2 tomas. Ou AMOXICILINA COM AC. CALVULÂNICO por via oral: 50 -
80mg/Kg/dia de 8/8h durante 7 dias. Em caso de alergia a PENICILINA: ERITROMICINA por via
oral: 30-50mg/Kg/dia de 6/6h. COTRIMOXAZOL: trimetoprim 8 mg/kg e sulfametoxazol 40 mg/kg, 2
vezes/dia, durante 7 dias. Medicamentos para a dor: PARACETAMOL cpr: 10-15mg/Kg/dose 6/6h
durante 2-3 dias, até a dor desaparecer. IBUPROFENO cpr: 10mg/Kg/dose 8/8h durante 2-3 dias até a
dor desaparecer. Otite média crónica: Lavagem do ouvido médio com sucção e limpeza com algodão
seco; Manter o ouvido seco utilizando um pano torcido. Solução antiséptica de ÁCIDO ACÉTICO 2%
com ou sem HIDORCORTISONA 1%: 5-10 gotas 1 vez por dia por 2 semanas ou gotas de antibiótico
tópico. No caso de imunossupressão e exacerbação dos sintomas dar antibiótico como para a otite média
aguda. Nos casos graves: AMPICILINA EV: nas crianças 100-200 mg/kg/dia divididos em 4-6 tomas
em RN > 1 semana: 50-100 mg/kg/dose de 8/8h, em RN < 1 semana: 50-100 mg/kg/dose de 12/12h
41. MASTOIDITE: É a infecção bacteriana do osso mastóide, geralmente devida a extensão do processo
infeccioso de uma otite média não tratada adequadamente ou atempadamente ou secundária a um trauma
craniano grave. Quadro Clínico: Os sintomas aparecem após a sintomatologia de uma otite média aguda
não tratada ou que não responde ao tratamento prescrito. A febre é alta e persistente, há dor na região do
ouvido e retroauricular e existência de otorreia purulenta. Há dor na região retroauricular espontâneo e a
palpação. Dor nos olhos (sintoma proeminente devido a irritação do V par craniano). Há edema da região
retroauricular com retroflexo do pavilhão auricular. O edema é bem visível se o clínico colocar-se atrás da
criança e olhar para as orelhas; no lado afectado o pavilhão auricular é empurrado para frente pelo edema
da região. CONDUTA: AMPICILINA ev: 50mg/kg/dose ou PENICILINA CRISTALINA, 100.000-
200.000UI/kg/dia de 6/6hora, + GENTAMICINA ou METRONIDAZOL durante 72 horas e depois
pode se continuar com AMOXILINA ou CLAVAMOX na mesma dose administrada na otite média.
CLORANFENICOL (100 mg/kg de 6/6 h intramuscular ou intravenoso).
XVIII. PEDIATRIA_PARTE_III
1. TOSSE CONVULSA: Define-se tosse convulsa ou pertussis ou ainda coqueluche como uma infeção
das vias respiratórias causada pela bactéria Bordetella pertussis que se caracteriza por paroxismos de
tosse seca. Quadro Clínico: A tosse convulsa evolui em três fases sucessivas cada uma com a duração de
1-2 semanas. Fase catarral: após um período de incubação de 7 a 10 dias, a criança desenvolve febre
(que pode estar ausente), tosse seca, síbilos e uma secreção nasal. Tudo isso é clinicamente indistinguível
de um episódio comum de resfriado. Fase paroxística: na segunda semana, ocorre a tosse paroxística e
seca. A criança apresenta episódios de tosse muito importantes que impedem a respiração normal e a
criança quase não consegue respirar durante a tosse, quando tentar inspirar o ar emite um som como de
guinchos e após o término do paroxismo ela fica muito fraca e pode ter vómitos ou tendência para
vomitar. Lactentes podem não manifestar o guincho; em vez disso, a tosse pode ser seguida pela
suspensão da respiração (apneia) ou cianose, ou a apneia pode ocorrer sem a tosse. Este esforço em tossir
pode provocar hemorragia subconjuntival. Fase convalescente: doentes têm uma tosse crônica, que pode
continuar por três meses ou mais, mas geralmente dura 1-2 semanas. CONDUTA: Nos casos leves, em
crianças ≥ 6 meses, o tratamento pode ser domiciliar com: ERITROMICINA oral (12,5 mg/kg 4 vezes
por dia) por 10 dias. O tratamento aborta a patologia no estado catarral, mas não afecta a duração do
estagio paroxistico se subministrada em isto estagio. Nos casos graves, se idade <6 meses e se criança
com pneumonia, convulsões, desidratação, desnutrição grave, apneia prolongada ou cianose após a tosse
é necessário internar a criança e providenciar os seguintes tratamentos: ERITROMICINA oral (12,5
mg/kg 4 vezes por dia) por 10 dias. Se houver febre ou se a ERITROMICINA não estiver disponível,
administrar CLORANFENICOL oral (25 mg/kg 3 vezes por dia) por cinco dias para tratar uma possível
pneumonia secundária. Corticosteróides por via oral: PREDNISOLONA 1 – 2 mg/kg/dia, 2 vezes dia
durante 4-5 dias. SALBUTAMOL: 0,03 mL/kg, diluir em 4 mL de SORO FISIOLÓGICO. Nebulizar
com 6 litros de oxigénio. Pode se repetir estas doses 4 x/dia. Os outros cuidados a ser administrados são
os mesmos da pneumonia grave. Administrar oxigénio 1 a 2 L/min (0,5 L/min em lactentes pequenos),
com sondas nasais se estiver disponível, para crianças que apresentam crises de apneia ou cianose, ou
paroxismos grave de tosse. Manter o oxigénio até que os sinais mencionados não estejam mais presentes.
Manter as narinas livres de muco, já que o procedimento bloqueia o fluxo de oxigénio. Não administrar
medicamentos para supressão da tosse, sedativos, agentes mucolíticos ou anti-histamínicos. Se a criança
tiver febre (≥ 39ºC) administrar PARACETAMOL por via oral, nas doses habituais (crianças: 6-12 anos,
250-500 mg de 4/4-6/6 h até um máximo de 4 doses/dia; 1-5 anos: 120-250 mg; 3-12 meses: 60-120 mg;
menores de 3 meses: 10 mg/kg num máximo de 4 doses diárias). Prevenção: Administrar
ERITROMICINA profilática (12,5 mg/kg 4 vezes por dia) por 10 dias aos contactos próximos do
doente.
2. RINITE: É uma a infecção da mucosa das cavidades nasais de origem bacteriana, viral ou fúngica. É
uma das infeções das vias aéreas superiores mais frequentes nas crianças. A rinite pode ser aguda se a
duração for menos de 5-7 dias e crónica se a duração for maior que 2 semana. As manifestações clínicas
típicas da renite são: Prurido nasal inicial; Ardor e secura das fossas nasais e da faringe; Secreção nasal:
Pode ser de qualquer tipo, serosa, mucóide ou purulenta; Respiração oral por ter as cavidades nasais
obstruidas pelas secreções; Dor de cabeça pode estar presente ou não, devida ao enchimento dos seios
paranasais de secreções, sobretudo no caso de infecção bacteriana; Espirros frequentes, Dificuldade em se
alimentar pode ocorrer em lactentes porque durante a sucção não conseguem respirar pelas narinas,
Epistaxe no caso de rinorreia crónica; Hiposmia ou anosmia: reduzida capacidade ou incapacidade de
diferenciar os cheiros, que pode ser referida pelas crianças mais velhas. TRATAMENTO
medicamentoso: No caso de rinite bacteriana que não passa é muito provável que se estenda à faringe.
Se houver febre e se a duração for superior a 7 dias pode ser devido à difusão da infecção e causou uma
supra-infecção bacteriana. Portanto se deve fazer tratamento antibiótico com Amoxicilina (> 3 meses e
até 20Kg: 50m/kg/dia 3 vezes/dia por 5 dias). Crianças com >de 20 Kg: 250-500 mg de 8/8h (máximo 3
g por dia).
3. GRIPE: Define-se gripe ao conjunto de sintomas e sinais devidos a infecções virais comuns e
autolimitadas, que afectam as vias aeras superiores e que necessitam apenas de cuidados de suporte.
Manifestações Clínicas: Tosse. Secreção nasal, geralmente serosa ou mucosa. Respiração oral por ter as
cavidades nasais obstruídas pelas secreções. Febre. Sibilos ou estridor podem ocorrer em algumas
crianças, especialmente lactentes. Mal-estar geral. Dor nas articulações e músculos. A maioria dos
episódios termina em 7-10 dias, espontaneamente. TRATAMENTO não medicamentoso: Não devem
ser administrados antibióticos nem outros medicamentos para a tosse. Geralmente esta condição passa
espontaneamente em 7-15 dias. Se a criança tiver dificuldade em respirar ou alimentar-se por causa das
secreções nasais é necessário limpar as narinas com o SORO FISIOLÓGICO. Se a febre estiver
presente, administrar PARACETAMOL: 10-15mg/Kg/dose a cada 4-6h.
4. SINUSITE: A Sinusite é uma inflamação dos seios paranasais geralmente associada a um processo
infeccioso por vírus, bactéria ou fungo mas que também pode estar associada a um processo alérgico. Os
seios paranasais são formados por um grupo de cavidades que contêm ar e que se abrem dentro do nariz e
se desenvolvem nos ossos da face. Quadro Clínico: As sinusites apresentam-se com os seguintes sinais-
sintomas: Sinusite etmoidal: dor entre os olhos, atrás dos olhos e cefaleia frontal; Sinusite frontal:
cefaleia frontal, Sinusite maxilar: dor na área maxilar espontânea ou a palpação, dor dos dentes, cefaleia
frontal. Sinais-sintomas gerais: A dor aumenta ao baixar a cabeça: as crianças mais velhas podem referir
este sintoma; Secreção nasal amarelada, verde e muito densa; mas esta pode estar ausente por ser muito
densa e não conseguir fluir; Voz anasalada; Pode haver tosse seca ou produtiva (purulenta), sem outros
sinais de comprometimento das vias aéreas inferiores; A febre geralmente está ausente; Pode haver
otalgia ou sensação de ter os ouvidos “cheios”, “entupidos” caso esteja afectado o ouvido médio;
Hiposmia: capacidade reduzida de sentir cheiros; Especificamente na sinusite crónica podem estar
presentes os seguintes sinais-sintomas: Tosse crónica seca; Febre de origem desconhecida; Dor dos
dentes; Halitose. TRATAMENTO medicamentoso: A sinusite bacteriana é tratada com antibióticos:
AMOXICILLINA E ÁCIDO CLAVULÂNICO por via oral: crianças > de 3 meses e até 20 Kg
50mg/kg/dia, 3 vezes ao dia durante 2 semanas. Crianças com >20 Kg: 250-500 mg 8/8h (máxima 3 g
por dia); ERITROMICINA por via oral, no caso de alergia à AMOXICILINA, na dose de 50mg/Kg/dia
a cada 6h durante 2 semanas; METRONIDAZOL por via oral, associar no caso de infecção dental ou
com secreçôes particularmente mal cherosas que fazem pensar em uma componete etiologica anaerobia,
15-20 mg/kg/dia divididos em 3 tomas durante 2 semanas; Na sinusite crónica a duração do tratamento
antibiótico deve ser de 4-6 semanas e devem ser associados também com aos seguintes medicamentos:
Descongestionantes da mucosa nasal por uso local nas crianças com mais de 6 anos de idade.
Corticosteróides por via oral, PREDNISOLONA 1 – 2 mg/kg/dia, 2 vezes dia durante 4-5 dias para
crianças com rinite alérgica concomitante.
função defensiva no organismo, estão literalmente revestidas por um manto com inúmeras vilosidades
microscópicas, com o objectivo de reter e filtrar os microrganismos presentes no ar e nos alimentos.
Muitas vezes são afectadas as duas estruturas em simultâneo e portanto fala-se de faringo-amigdalite.
Quadro Clínico: A criança apresenta-se com sinais/sintomas comuns as duas condições: Sensação de
prurido a nível da garganta/orofaringe: frequentemente é o primeiro sintoma; Faringodinia ou dor tipo
ardor da garganta, Disfagia ou dor na deglutição de alimentos sólidos ou líquidos. A criança recusa
alimentar-se ou aceita somente alimentos líquidos e não quentes; Febre: que é mais elevada em caso a
origem for bacteriana, Hiperemia da mucosa da faringe e em particular dos pilares palatinos, Aumento
dos gânglios cervicais laterais que doem a palpação. Sinais característicos de amigdalite: Hiperemia e
hipertrofia das amígdalas: no caso de amigdalite viral ou no primeiro estadio de amigdalite bacteriana;
Presença de exsudado nas amígdalas, Presença de placas amareladas nas amígdalas: típico da amigdalite
por Estreptococo. Sinais em outros aparelhos adjacentes no caso de etiologia viral: Presença de
conjuntivite serosa, Hiperemia da membrana timpânica; Rinite. TRATAMENTO não medicamentoso:
Caso a etiologia seja viral não é necessário dar nenhum medicamento, somente o PARACETAMOL se
houver febre. Administrar PARACETAMOL por via oral, nas doses habituais (crianças: 6-12 anos, 250-
500 mg de 4/4-6/6 h até um máximo de 4 doses/dia; 1-5 anos: 120-250 mg até um máximo de 4 doses/dia;
3-12 meses: 60-120 mg até um máximo de 4 doses/dia; menores de 3 meses: 10 mg/kg) até um máximo
de 4 doses/dia. Tratamento Medicamentoso: Caso a etiologia seja bacteriana é necessário dar
antibiótico por via oral. AMOXICILINA E ÁCIDO CLAVULÂNICO 50mg/kg/dia a cada 8h por 7-10
dias sobretudo para prevenir a febre reumática. Caso a criança seja alérgica a Penicilina como alternativa
pode ser usada a ERITROMICINA oral 50mg/Kg/dia a cada 6h durante 10 dias. O abcesso
periamigdalino trata-se com PENICILINA G EV, nas crianças maiores de 12 anos: 500.000 U.I. de 6/6
h, aumentando se necessário para 1.000.000 U.I. ou mais de 6/6 h; crianças de 1 mês -12 anos: 50.000-
100.000 U.I./kg/dia dividido em 4 tomas. Após a resolução da febre e melhoria dos sintomas o tratamento
E.V. deve ser substituído pela forma oral com PENICILINA V oral, 25-50 mg/kg/dia divididos em 4
tomas durante 10 dias. Em caso de um ataque de febre reumática é necessário iniciar a profilaxia para
prevenir sua repetição administrando PENICILINA BENZATINICA IM, crianças com menos de 30 kg:
600.000 U.I. uma vez por mês. A duração da profilaxia depende de vários factores como o número de
ataque de febre reumática, o tempo entre dois ataques, a idade do paciente, o risco de exposição ao
Estreptococo, o eventual envolvimento do coração.
6. DIFTERIA: A difteria é uma infecção bacteriana das vias aéreas superiores nomeadamente a
nasofaringe causada por a bactéria Corynebacterium diphtheriae. NB: Difteria cutânea pode ocorrer em
um ou mais locais, geralmente localizadas em áreas de trauma leve anterior ou nódoas negras. É mais
comum em climas tropicais. Dor, sensibilidade e eritema no local da infecção pode progressar para
ulceração com bordas bem definidas e formação de uma membrana cinza acastanhado. Quadro Clínico:
Estridor e obstrução destas vias áreas. Uma secreção nasal sanguinolenta. Há aumento dos gânglios da
região cervical. Paralisia muscular. Miocardite. A miocardite e a paralisia podem ocorrer de 2 a 7
semanas após o início da doença e estão associadas com aumento da mortalidade por esta doença. Sinais
de miocardite incluem pulso fraco e irregular e evidências de insuficiência cardíaca. TRATAMENTO
medicamentoso: ANTITOXINA DIFTÉRICA (se disponível): logo que o clínico tiver a confirmação do
diagnóstico de difterite deve administrar 40.000 unidades da ANTITOXINA DIFTÉRICA (IM ou EV).
Como há um pequeno risco de reacção alérgica grave a antitoxina, um teste intradérmico inicial para
detectar hipersensibilidade deve ser realizado, conforme as instruções, e o tratamento para anafilaxia deve
estar disponível imediatamente, pois o retardo neste procedimento pode levar a um aumento da
mortalidade. Antibióticos: PENICILINA PROCAÍNA (50.000UI/kg, IM) uma vez por dia por sete dias
ou PENINCILINA CRISTALINA 100 000UI/kg/dia de 6/6h por 7 dias. No caso de alergia a
Penicilina, usa ERITROMICINA: Crianças 30-50 mg/kg/dia divididos em 4 tomas por 7 dias. Se
houver febre: administrar PARACETAMOL por via oral, nas doses habituais (crianças: 6-12 anos, 250-
500 mg de 4/4-6/6 h; 1-5 anos: 120-250 mg; 3-12 meses: 60-120 mg; menores de 3 meses: 10 mg/kg) até
um máximo de 4 doses/dia. Prevenção: Vacinação segundo o calendário vacinal nacional com a vacina
contra o tétano e pertussis. Manter a criança em isolamento, sendo cuidada por pessoal totalmente
imunizado contra difteria. Administrar um reforço do toxóide diftérico para todos os contactos
domésticos imunizados. Administrar para todos os contactos domésticos não-imunizados uma dose IM de
PENICILINA BENZATINA (600.00UI para crianças com ≤5 anos; 1.200.000UI para >5 anos) e
imunização com toxóide diftérico; controlar diariamente durante cinco dias quaisquer sinais de difteria
nos contactos.
8. BRONQUIOLITE: A bronquiolite é uma infecção viral dos bronquíolos (vias aéreas inferiores),
sendo caracterizada pela obstrução destas vias aéreas, devida ao edema, secreções, produtos celulares e ao
broncoespasmo reactivo. Quadro clínico: Anamnese: Os sintomas da bronquiolite incluem: Forma leve:
Rinite com secreção serosa pelo nariz: sintoma inicial, primeiros 2-3 dias. Febre: máximo 38,5-39°C:
sintoma inicial, primeiros 2-3 dias. Dificuldade de alimentação, amamentação ao seio ou ingestão de
líquidos por causa da dificuladade respiratória: sintoma inicial, primeiros 2-3 dias. Gemidos (em crianças
pequenas). Tosse seca; Irritabilidade. Dificuldade em dormir. Forma moderada-grave: todos os sinais
acima descritos mais os seguintes: Parar de respirar (Apneia: pode ser o único sintoma); Incapacidade de
sugar o seio (mamar) ou de beber líquidos, ou vomita tudo que ingere. TRATAMENTO medicamentoso:
Broncodilatadores: SALBUTAMOL 0,03 mL/kg, diluir em 4 mL de SORO FISIOLÓGICO.
Nebulizar com 6 litros de oxigénio; iniciar sempre com 3 aerossóis a cada 20 min na primeira hora e
depois a frequência irá mudar dependendo da gravidade da forma clínica e da resposta aos 3 aerossóis
iniciais. A seguir ao primeiro ciclo de 3 aerossóis a criança deve ser reavaliada após 1 hora para avaliar a
resposta e decidir a frequência seguinte dos aerossóis: nas formas leves pode ser de 8/8h podendo ser
aumentada de 6/6h, até de 3/3h nos casos graves; os casos graves podem fazer os primeiros aerossóis após
20 minutos um a seguir ao outro. ADRENALINA por aerossol nos casos graves: 0,25mg/kg/dose
(máximo 2mg) (0,3-0,4ml/kg/dose da diluição 1:1000) com 3ml de SORO FISIOLÓGICO, que pode
ser repetida a cada 1-3 horas por 3 doses. TRATAMENTO antibiótico: sendo uma doença de origem
viral o tratamento antibiótico não deveria ser administrado, mas devido as frequentes infecções bacteriana
secundária no nosso contexto inicia-se o antibiótico se a criança apresentar taquipneia: AMOXICILINA
(50 mg/kg/dia dividido em 3 tomas) por via oral por 7 dias, OU COTRIMOXAZOL (4 mg/kg de
Trimetoprim ou 20 mg/kg de Sulfametoxazol/dose) 2 vezes/dia por via oral por 7 dias. Se a criança tiver
febre (≥ 39ºC) administrar PARACETAMOL por via oral, nas doses habituais (crianças: 6-12 anos,
250-500 mg de 4/4-6/6 h até um máximo de 4 doses/dia; 1-5 anos: 120-250 mg; 3-12 meses: 60-120 mg;
menores de 3 meses: 10 mg/kg).
Asma leve e moderada: Tratamento não medicamentoso: Oxigénio: 6-8L/min (com máscara simples).
Tratamento medicamentos: SALBUTAMOL por aerossol: 0,03 mL/kg, diluir em 4 mL de SORO
FISIOLÓGICO. Nebulizar com 6 litros de oxigénio; até 3 vezes cada 20-30 min. Se o SALBUTAMOL
não estiver disponível, administrar ADRENALINA subcutânea: 0,01 mL/kg da solução 1:1.000 (até o
máximo de 0,3 mL), medida com precisão com uma seringa de 1 mL. Se não houver melhoria após 15
minutos, repetir a dose mais uma vez. Esteróides orais (PREDNISOLONA 1-2 mg/kg 12/12h (máximo
de dosagem é 50mg/dia) para 5 dias,) devem ser usados somente se a asma for moderada ou na presença
de factores de risco que levam a recorrência de asma grave, isto é quando existe história de episódios de
asma grave no passado. A administração de esteróides reduz a gravidade do ataque e melhora a resposta
de todo o tratamento, começam a ser eficazes 4-5h após a administração.
10. PNEUMONIA: A bronquite é uma síndrome clínica produzida pela inflamação da traquéia,
brônquios e bronquíolos. A broncopneumonia refere-se a inflamação do pulmão que está centrado nos
bronquíolos e leva à produção de um exsudato mucopurulento que obstrui algumas destas pequenas vias
Pneumonia atípica: É uma doença de início gradual e insidioso de vários dias a semanas. Tem sintomas
de: Mal-estar; Febre; Tosse seca, persistente e lentamente agravamento; Dor de cabeça; Calafrios; Dor de
garganta coçando, Dor de peito (resultado da tosse prolongada).
Pneumonia viral: Tem geralmente início gradual. Anamnese: Tosse seca. Rinite e envolvimentos das
vias aéreas superiores. O estado geral é menos comprometido. A febre muitas vezes não é tão
proeminente.
11. DERRAME PLEURAL E EMPIEMA: Derrame pleural é a acumulação de líquido entre os dois
folhetos que recobrem os pulmões ou seja as pleuras. O líquido pode ser de diferente constituição,
dependendo da etiologia do processo patológico que determinou o derrame: Purulento ou empiema:
líquido com pus, secundário a um processo infeccioso por bactérias; Quadro clínico: Febre persistente;
Tossir; Falta de apetite, Mal-estar; Dor no peito ou ombros ou abdómen. TRATAMENTO
Medicamentoso: Continuar a terapia com antibióticos ou trocar o antibiótico e iniciar com:
AMPICILINA 100mg/kg/dia EV 6/6h OU PENINCILINA CRISTALINA 100 000UI/kg/dia EV de
6/6h + GENTAMICINA 5 – 7,5mg/kg/dia EV de 12/12h para 7 dias; Se não melhorar passa para
CEFTRIAXONA 80mg/kg/dia 1 vez dia EV; Se for identificada a infecção por Staphylococcus aureus:
CLOXACILINA (50 mg/kg, IM ou EV de 6/6 h) e GENTAMICINA (7,5 mg/kg, IM ou IV uma vez por
dia). Quando a criança melhorar, manter a CLOXACILINA por via oral 6/6h, até completar um curso
total de três semanas.
O tratamento recomendado para quimioprofilaxia das crianças que tiveram contactos é a ISONIAZIDA
10 mg/kg/dia durante 6 meses.
A dose diária de Etambutol recomendada é mais alta nas crianças (20 mg/kg) do que nos adultos (15
mg/kg), porque a farmacocinética é diferente (pico de concentração sérica do Etambutol é menor nas
crianças que nos adultos recebendo a mesma dose em mg/kg).
Definição Tratamento
4- 6,9 1 1 1
7-10,9 2 2 2
11-14,9 3 2 3
15-19,9 4 3 4
13. FEBRE REUMÁTICA: A febre reumática é uma doença inflamatória imuno-mediada ou imune que
afecta vários sistemas e que aparece 1 a 5 semanas após uma faringomaigdalite por Streptococcus
pyogenes (ß-hemolitico do grupo A). Quadro Clínico: Anamnese: Algumas semanas após uma faringite
por estreptococo podem aparecer os sintomas característicos da febre reumática que dependem do sistema
envolvido: Dor nas articulações pode aparecer após 2-3 semanas, Nódulos sob a pele podem aparecer
após 1-2 meses; Aumento da irritabilidade e atenção encurtado com alterações de personalidade pode
aparecer após 2-3 semanas; Disfunção motora pode aparecer após 2-6 meses; No início a sintomatologia
associada pode ser: Febre contínua> 39°C; Mal-estar, Palidez, Dificuldade respiratória; Epistaxe; Dor no
peito; Dor abdominal que pode parecer a dor por apendicite. TRATAMENTO Medicamentos: Tratar a
infecção estreptocócica logo no início com: PENICILINA G BENZATINICA em dose única 600.000UI
para crianças com < de 30kg e 1.200.000 UI para crianças com > de 30kg OU
FENOXIMETILPENICILINA por via oral (Comp. 500 mg ou Susp. oral 250 mg/5 ml) 25-50
mg/kg/dia, dividida em 4 tomas: crianças com mais de 12 anos: 1- 2 comp. (500-1000 mg) 4 vezes por
dia; crianças de 6 a 12 anos: ½ comp. Ou 5ml (250 mg) 4 vezes por dia; crianças de 1 a 5 anos: ¼ comp.
Ou 2.5ml (125 mg) 4 vezes por dia; crianças com menos de 1 ano: 62,5 mg (1,25 ml medido com uma
seringa) 4 vezes por dia. Duração do tratamento 10 dias. Em casos de alergia à PENICILINA pode ser
usada a ERITROMICINA na dose de 40mg/kg/dia de 6/6 horas durante 10 dias. Nas formas com artrite
ou com cardite sem cardiomegália: ASPIRINA 80-100mg/kg/dia dividido em 4 administrações, até a
normalização da VS, geralmente cerca de 6-8 semanas. Nas formas com cardite e com cardiomegalia ou
descompensação cardíaca: PREDNISOLONA 2mg/kg/dia 2 vezes por dia durante 2 a 3 semanas seguida
por uma redução gradual de 5 mg/dia a cada 2-3 dias + ASPIRINA 80mg/kg/dia que deve ser dada por 6
semanas + tratamento para a descompensação cardíaca. DIGOXINA via oral: Criança de idade 1 mes-10
anos: Dose de ataque: oral 0,03 mg/kg (30micrograma/kg/dia) divididos em 3 tomas nas primeiras 24
horas, da qual metade da dose na hora zero e o resto da metade da dose dividido em 2 tomas nas horas 8 e
16 seguintes administrando com muito cuidado porque a dose terapêutica é muito próxima da dose
tóxica –para treino do cálculo da dose. Seguida por uma dose de manutenção: é de 0.01 mg/kg/dia
dividida em 2 doses (12/12h). Criança de idade> 10 anos: Dose de ataque: oral 0.75-1.5mg divididos em
3 tomas nas primeiras 24 horas; Manutenção: oral 0.062mg (62 micrograma) -0.25mg (250 micrograma)
dividido em 2 tomas diárias + diuréticos (FUROSEMIDA 1-2 mg /kg de 12 em 12 horas). NOTA: 1mg
= 1000 micrograma. Profilaxia secundária: Após febre reumática ou cardiopatia reumática aguda.
Podem ser usados: PENICILINA BENZATINICA: crianças com > de 30 kg de peso 1.200.000UI I.M.
1 vez por mês e crianças com < de 30kg de peso 600.000 UI I.M. 1 vez por mês OU
FENOXIMETILPENICILINA por via oral (Comp. 500 mg ou Susp. oral 250 mg/5 ml) 25-50
mg/kg/dia, dividida em 2 tomas: Crianças com > de 12 anos: 1 comp. (500 mg) 2 vezes por dia; Crianças
de 6 a12 anos: ½ comp. ou 5ml (250 mg) 2 vezes por dia; Crianças de 1 a 5 anos: ¼ comp. ou 2.5ml (125
mg) 2 vezes por dia. Prevenção da endocardite: As crianças com cardiopatia reumática com dano
valvular devem tomar uma dose de antibiótico 1 hora antes de qualquer cirurgia ou procedimento dentário
para prevenir uma endocardite, mas não usar o mesmo antibiótico que está a usar para a profilaxia
secundária mas usar a CLINDAMICINA (20mg/kg/dose por via oral) ou AZITROMICINA ou
CLARITROMICINA (15mg/Kg/dose) contudo.
14. PERICARDITE: A pericardite é uma doença inflamatória do pericárdio, a membrana que envolve o
coração. A maioria das vezes a pericardite é parte dum quadro infeccioso mais complexo. (vide PA14 da
disciplina do sistema cardiovascular). Quadro clínico: O sintoma mais característico da pericardite é a
dor toráxica, especificamente pré-cordial ou retroesternal. A dor é de intensidade variável que piora
durante a inspiração, tosse ou movimento do tórax quando o paciente se coloca na posição supina. Esta
dor é aliviada quando o paciente se senta especialmente quando se inclina para frente. A dor pode irradiar
para o pescoço, dorso ou ombros. Palpitações. Dor abdominal. Sintomas associados incluem: Febre baixa
intermitente; Dificuldade em respirar; Tosse; Disfagia; Na pericardite tuberculosa, febre, suores noturnos
e perda de peso eram comumente observado (80%); Dificuldade nas mamadas, Défice de
desenvolvimento ponderal. TRATAMENTO: antibiótico parenteral (AMPICILINA (25-50 mg/kg, IM
ou EV, de 6/6 horas e GENTAMICINA (7,5 mg/kg, EV, uma vez por dia) e por instilação. O tratamento
antibiótico geral tem que ser feito durante 4 semanas. O tratamento também consiste na utilização não
esteróides anti-inflamatórios como o IBUPROFENO (20mg/kg/dia oral dividida 3-4 vezes ao dia)
durante um mínimo de um mês.
15. MIOCARDITE: A miocardite é uma doença inflamatória do miocárdio, músculo do coração. Pode
ser aguda ou crónica. Pode ser devida a infecção, doenças imuno-mediada ou toxinas. Quadro clínico:
Os sintomas da miocardite são muito variáveis sendo que a doença pode-se apresentar de forma aguda
com insuficiência cardíaca congestiva ou ter uma evolução crónica. As manifestações clínicas costumam
ser mais agudas e graves nos recém-nascidos e nas crianças menores. As crianças mais velhas apresentam
uma história de infecção respiratória ou gastroenterite nas 2-4 semanas anteriores ao desenvolvimento dos
sintomas da miocardite. Dor no peito. Palpitações. Dificuldade respiratória. Sinais de insuficiência
cardíaca (cansaço, vômitos, letargia, aumento da transpiração, respiração rápida, falta de respiração). A
presença dum exantema é mais frequente na miocardite devida a infecções virais. Sintomas associadas:
Febre; Dificuldade nas mamadas; Défice de desenvolvimento ponderal; Mal-estar; Fraqueza, Perda de
apetite. CONDUTA: O uso da PREDNISOLONA é indicado somente nos casos de miocardite na
presença de febre reumática. PREDNISOLONA 2mg/kg/dia 2 vezes por dia durante 2 a 3 semanas
seguida por uma redução gradual de 5 mg/dia a cada 2-3 dias. O tratamento com a DIGOXINA tem que
ser feito com muita precaução e pelo médico visto que a margem entre a dose terapêutica e a dose tóxica é
muito estreita e a criança pode piorar em pouco tempo após a dministrção deste medicamento.
16. DIARREIA: presença de 3 ou mais evacuações de fezes sem formato por dia. Estas evacuações
determinam uma perda excessiva de água e electrólitos. Consoante a duração da diarreia define-se:
Aguda: menos de 14 dias; Persistente: duração entre 14 dias e 3 semanas (21 dias); Crónicas: diarreia
com duração maior de 3 semanas. Devida a diarreia a criança perde água e electrólitos, se a criança não
consegue ingerir (por causa de vómito ou porque não sendo dada a solução de rehidratação ou de diarreia
profusa como na cólera) a mesma quantidade de água que está a perder, a criança desenvolve
desidratação. Esta é a complicação mais severa da diarreia e pode levar a morte da criança. CONDUTA
DA DAIRREIA AGUDA: Reidratação oral: administração por meio de um copo, colher ou de uma
sonda nasogástrica, duma solução com a composição adequada para repor as perdas e manter o correcto
equilíbrio dos electrólitos. Reidratação intravenosa administração intravenosa de solução de
LACTATO DE RINGER ou SORO FISIOLÓGICO. Com desidratação leve ou moderada: Durante
as primeiras 4 horas a criança tem que receber SRO em quantidade de aproximadamente 75ml por kg.
Podem ser usadas as seguintes quantidade: <6 kg: 200-400 ml; 6-10 kg: 400-700 ml; 10-12 kg: 700-900
ml; 12-19 kg: 900-1400 ml. É importante mostrar à mãe como administrar a SRO, usando uma colher
(para crianças <2anos) ou copo e dando pequenas quantidades a cada 1-2 minutos. Crianças com vómito:
também devem ser tratadas com SRO. Após um episódio de vómito aguarda-se 10 minutos e depois
continua-se administrar a SRO mais lentamente (cada 3-4 minutos). Sem Desidratação: Crianças que
não recebem amamentação exclusiva devem receber: SRO; Líquidos nutritivos (como sopa, água de arroz
e bebidas com iogurte); Água potável; Para prevenir o desenvolvimento da desidratação a criança tem que
receber por cada evacuação de fezes diarreicas: <2 anos: 50-100 ml de líquido (meio copo); >2 anos:
100-200 ml de líquido (um copo). Tratamento domiciliar: Os pais devem receber os pacotes de SRO e
uma explicação clara de como prepará-lo. Não é somente a correcta diluição que tem que ser garantida
mas também a higiene durante a preparação da solução e deve-se explicar que a solução deve ser usada
dentro de um dia/24h após a preparação (o que sobrar será descartado). Reidratação Intravenosa (na
desidratação grave): A solução de primeira escolha para a reidratação intravenosa é o RINGER
LACTATO, mas se este não estiver disponível pode-se usar o SORO FISIOLÓGICO. O RINGER
LACTATO é preferido pois contém potássio, cálcio e lactato que não estão presentes no SORO
FISIOLÓGICO (este é NaCl 0.9%). Tratamentos medicamentoso da diarreia: Disenteria: o
tratamento de primeira escolha é COTRIMOXAZOL mais METRONIDAZOL;
COTRIMOXAZOL: Menos de 3kg: 8mg/kg/dia de trimetropim de 12 em 12 horas: 3-6 kg: 1/4
comprimido de 12/12 h, 6-10 kg: 1/2 comp. de 12/12 h, 10-30kg: 1 comp. de 12/12 h, >30: 2 comp de
12/12h. METRONIDAZOL, 7,5 mg/kg de 8/8 h durante 8-10 dias: 1-3 anos: 1/2 a 1 comp. 8/8 h, 4-7
anos: 1/2 a 1 comp. de 6/6 h, 8-10 anos: 1-2 comp. de 8/8 h. Em caso de a criança não ser capaz de tolerar
medicação oral, AMPICILINA EV pode ser usado (100mg/kg/dia dividido em 6/6h). Em caso de
resistência ao CTZ e de infecção de Shigella usa-se CIPROFLOXACINA: 20-30 mg/kg/dia oral
divididos em duas tomas para 5 dias. Giardíase: METRONIDAZOL durante 5-10 dias,15mg/kg/dia
dividido em 3 tomas. Amebíase por Entamoeba histolítica: METRONIDAZOL 7,5 mg/kg de 8/8 h
durante 8-10 dias: 1-3 anos: 1/2 a 1 comp. 8/8 h, 4-7 anos: 1/2 a 1 comp. de 6/6 h, 8-10 anos: 1-2 comp.
de 8/8 h. Administração de micronutrientes: O Zinco é um dos micronutrientes absorvidos ao nível do
intestino delgado e essencial para o correcto desenvolvimento e crescimento das crianças. Portanto, todas
as crianças com diarreia devem receber suplementação com Zinco o mais cedo possível após o início da
diarreia: Lactente até os 6 meses: ½ comprimido por dia (10mg) durante 10-14 dias a ser dissolvida em
água potável, leite materno ou SRO. Crianças maiores de 6 meses: 1 comprimido por dia (20mg), durante
10-14 dias. DIARREIA CRÓNICA/PERSISTENTE: Tratamento da própria desidratação: algumas
crianças apresentam deficiência da absorção da glicose com diarreia osmótica quando se administra a
SRO (a criança apresenta evacuações diarreicas após ter recebido a SRO). Nestas crianças é necessária a
reidratação intravenosa para a resolução da desidratação. Administração de micronutrientes por 14 dias:
Zinco, Vitamina A, Folato, Ferro, Cobre, Magnésio. Crianças maiores de 2 anos (não em aleitamento):
oferecer refeições frequentes (6x por dia): iogurte, papa de milho, arroz com pouco óleo vegetal, feijão,
peixe, vegetais.
17. Explicação aos pais sobre o tratamento domiciliar para a gastroenterite: como se deve preparar
o SRO: Lavar bem as mãos com água e sabão; Ferver água pelo menos 10 minutos e deixar arrefecer
num recipiente tapado; Medir 1 litro de água, usando qualquer recipiente disponível, como um frasco,
jarra ou garrafa de 1 litro. É essencial que o recipiente esteja limpo, Esvaziar todo o pó de 1 pacote de
SRO, Mexer bem até que o pó se dissolva completamente; Manter sempre tapado o recipiente com o
SRO, Deitar a solução que tiver sobrado depois de um dia se não for usada; Peça a mãe para repetir o que
foi explicado e clarificar qualquer dúvida. Explique a mãe como administrar o SRO usando a colher ou
copo, consoante a idade e explique quanto administrar. Explique que o bebé deve continuar a ser
amamentado e que os outros líquidos e comida (ver mais acima os recomendados) podem ser dados à
criança. Explique à mãe quando deve voltar para a reavaliação da criança.
18. FEBRE ENTÉRICA OU TIFÓIDE: A febre tifóide é uma doença infecciosa potencialmente grave,
causada por uma bactéria, a Salmonella typhi. Caracteriza-se por febre prolongada, alterações do trânsito
intestinal, aumento de vísceras como o fígado e o baço e se não tratada, leva a confusão mental
progressiva, podendo levar ao óbito. Quadro Clínico: Período Prodrómico: Corresponde à primeira
semana de doença, manifestando um quadro febril de evolução progressiva, atingindo altas temperaturas
(39º e 40ºc) ao final deste período. Este quadro se acompanha de: Cefaleias; Mal-estar geral; Astenia;
Tosse seca; Anorexia; Mialgia; Prostração; Dor abdominal difusa- pode ser leve; Vómitos. Período de
Estado: Corresponde à segunda e terceira semanas de evolução. Neste período, ocorre intensificação da
sintomatologia anterior e as manifestações digestivas. Este quadro se acompanha de: O paciente
desenvolve um quadro de toxemia; Prostração, Desidratação; Planaltos de febre; Torpor (um estado de
inatividade física ou mental, letargia.); Estado tifóide, a qual é caracterizada por apatia, confusão, e por
vezes psicose; Olhar inexpressivo (olhar tífico); Obstipação intestinal alternada com diarreia líquida
esverdeada, Meteorismo (uma acumulação rápida de gás no intestino); Dor abdominal. Período de
Convalescença ou Declínio: Corresponde à quarta semana de evolução. O quadro febril tende a diminuir
progressivamente, bem como os demais sintomas, e o paciente entra na fase de recuperação clínica. É
importante lembrar que nem sempre a febre tifóide acontece na sua forma clássica ou com a evolução
esperada. Nas lactentes a doença pode ter uma evolução mais rápida em choque. O clínico deve suspeitar
a presença da febre tifóide se uma criança a presentar-se com: Febre elevada, mal-estar geral, anorexia,
fraqueza mais um dos seguintes sintomas: Dores abdominais; Vómito; Obstipação seguida ou antecedida
por diarreia; Cefaleia, sonolência, letargia, desorientação/confusão; Tosse. Outras formas inespecíficas de
apresentação da doença são síndrome febril ictérica aguda e/ou síndrome febril hemorrágica aguda.
TRATAMENTO Medicamentoso: CLORANFENICOL 75 mg/kg/dia EV de 8/8 horas, durante 14 dias.
Em caso de repercussão sistémica significativa ou sinais sugestivos de meningite ou se não tiver resposta
após 48 horas de tratamento com o CLORANFENICOL adicionar a AMPICILINA (200 mg/kg/dia
EV 6/6 horas), até terminarem os 14 dias. No caso em que ocorre a resistência do S.typhi ao
CLORANFENICOL e a AMPICILINA administrar: CEFTRIAXONA EV (80-100 mg/kg/dia uma vez
por dia), durante sete dias. Se existir resistência múltipla há indicação para a administração da
CIPROFLOXACINA EV 4-7mg/kg/dose 12/12horas. Se anemia estiver presente, e dependendo da
gravidade, usar suplementos de Ferro e/ou transfusão de sangue. Em estados graves com septicemia
marcada com choque ou coma, pode-se usar corticosteróides: PREDNISOLONA ou
DEXAMETASONA. A PREDNISOLONA administra-se na dose de 0.5 a 2 mg/kg/dia. Ultrapassada a
emergência suspender a corticoterapia depois de 2-3 dias de uso. Lembrem que também se a crianças esta
recebendo o tratamento adequado a febre pode levar 5-7 dias para desaparecer, mesmo se os sinais gerais
mostrarem melhoria. Tratamento não medicamentoso: Manter o equilíbrio hidro-electrolítico: líquidos
orais (SAIS DE REHIDRATAÇÃO ORAL, água de coco, sumos) ou por via endovenosa nos estados
mais graves: LACTACTO DE RINGER ou SORO FISIOLÓGICO. Controlar a febre (arrefecimento
corporal, antipiréticos – PARACETAMOL.
HELMINTÍASES INTESTINAIS
21. Enterobius vermicularis: ENTEROBÍASE: Trata-se da helmintiase muito comum entre crianças em
todos os países, e atingem um comprimento máximo de 15mm. A transmissão ocorre por via oro-fecal
através da ingestão de água ou alimentos contaminados. O ser humano é o único hospedeiro deste
helminta e a infecção é limitada ao sistema gastrointestinal. Quadro Clínico: O sintoma principal é o
prurido perianal nocturno provocado pela migração da larva fêmea para a deposição dos ovos. Crianças
podem apresentar ocasionalmente também náusea, vómito, dores abdominais. A dor abdominal pode às
vezes ser grave e pode imitar apendicite aguda. TRATAMENTO Medicamentoso: Primeira escolha:
MEBENDAZOL: < 20kg: 50mg (1/2comprimido) de 12/12 horas por 3 dias; > 20kg: 100mg (um
comprimido) de 12/12 horas por 3 dias ou um comprimido de 500mg em dose única. Segunda escolha:
ALBENDAZOL : < 2 anos 200 mg (1/2 comprimido) ou 5ml (suspensão de 400mg/10ml) dose única;
>2 anos 400 mg (1 comprimido) ou 5ml (suspensão de 400mg/10ml) dose única. Importante a limpeza e
a higiene geral, lavar as roupas da criança com água quente e cortar as suas unhas para os ovos não se
fixem nelas.
22. Trichuris trichiura: TRICURÍASE: O T.trichiura é um helminta de transmissão oro-fecal que uma
vez os ovos são ingeridos com água e alimentos contaminados vai se localizar no intestino. Assim como
no caso do E. vermicularis o ser humano é o único hospedeiro deste helminta e a infecção é limitada ao
sistema gastrointestinal. Como para os outros helmintas a infestação é mais frequente nas crianças.
Quadro Clínico: A infecção é assintomática na maioria dos casos. Ocorrem sintomas somente em
pessoas com elevada carga de helminta, as maiorias dos quais são crianças pequenas. Os sintomas que
estes apresentam são: Prolapso rectal; Falência de crescimento; Diarreia; Anemia crónica; Leve distensão
abdominal. TRATAMENTO: o tratamento é o mesmo que no caso do E.vermicularis e baseia-se em
MEBENDAZOL e ALBENDAZOL.
raramente, ser encontrada em outros mamíferos (porco, cães, gorila, símia, gatos, cordeiro, coelho, ratos).
A transmissão ocorre por meio de ingestão de água ou alimento contaminados. A diferença dos helmintos
anteriormente apresentados a A.lumbricóides passa por um ciclo vital mais complexo com uma fase
extra-intestinal, o que explica a presença de sintomas não somente no aparelho gastrointestinal mas
também no aparelho respiratório, renal, ao nível vaginal, nos gânglios e no cérebro. Quadro Clínico:
Anamnese: Febre; Tosse seca; Falta de ar (dispneia); Passagem de lombrigas (de boca, narinas, ânus);
Difusa ou epigástrica dor abdominal; Náuseas, vómitos; "Garganta Formigueiro". TRATAMENTO
Medicamentoso: Primeira escolha: MEBENDAZOL: <20kg: 50mg (1/2comprimido) de 12/12 horas
por 3 dias; > 20kg: 100mg (um comprimido) de 12/12 horas por 3 dias ou um comprimido de 500mg em
dose única. Segunda: ALBENDAZOL: <2 anos 200 mg (1/2 comprimido) ou 5ml (suspensão de
400mg/10ml) dose única; >2 anos 400 mg (1 comprimido) ou 5ml (suspensão de 400mg/10ml) dose
única. Importante a limpeza e a higiene geral, lavar as roupas da criança com água quente e cortar as suas
unhas para os ovos não se fixem nelas.
26. TÉNIA (CESTODE): Há muitas espécies diferentes de Ténia mas somente duas destas podem
infectar o ser humano: a Ténia solium e a Ténia saginata, causando a doença denominada Teníase. A
infestação por Ténia é endémica em África, no Sudoeste da Ásia, na América central e do sul, envolvendo
acerca de 50 milhões de pessoas. O ser humano é o hospedeiro definitivo da Ténia enquanto o hospedeiro
intermédio é o porco para Tenia solium e a vaca para Tenia saginata. A transmissão acontece por ingestão
de carne de porco ou vaca mal cozida contaminada com larvas. A infestação pode ser assintomática ou
quase e frequentemente não é reconhecida nas crianças. A complicação mais grave da ingestão da
T.solium é a disseminação das larvas ao nível extra-intestinal determinando a cisticercose (a T. Saginata
nao determina uma doença por cisticercos no ser humano). Todos os órgãos podem estar envolvidos,
sendo que o cérebro é envolvido em cerca de 60% dos casos. Quadro Clínico: Anamnese: A maioria das
pessoas infestadas são assintomáticas ou queixam-se de sintomas como dor abdominal, diarreia ligeira/
moderada devidos à passagem dos proglótides ao nível intestinal. Lactentes são infectados raramente
(devido a forma de transmissão) mas quando acontece são sintomáticos e apresentam náuseas, vómitos,
diarreia e perda de peso. Nas crianças é mais frequente a alteração do apetite que pode estar aumentada ou
reduzida. Outros sintomas que podem estar presentes são: Cólicas abdominais; Náusea; Obstipação ou
diarreia; Prurido anal; Irritabilidade; Convulsões; Cefaleia; Tal como em outras helmintiases a Ténia
também pode causar obstrução do próprio intestino, apendicite e obstrução do ductos biliares.
CONDUTA: O tratamento farmacológico de primeira escolha em caso de teníase intestinal é o
ALBENDAZOL: 400mg por dia durante três dias. Como segunda escolha usa-se o PRAZIQUANTEL
10mg por kg em dose única (os comprimidos são de 600mg). Na cistercose (tratada no hospital) utiliza-se
o PRAZIQUANTEL 50mg/kg/dia dividido em 3 doses, durante 14 dias ou ALBENDAZOLE 15
mg/kg/dia divididos em 3 tomas durante 1 mês. No início do tratamento administra-se
PREDNISOLONA 1mg/kg de 12/12h, ao fim de limitar a reacção inflamatória que poderia dar edema
cerebral.
27. SCHISTOSSOMIASE INTESTINAL: A Schistossomiase pode ser causada por diferentes formas
do mesmo parasita o Schistossoma. Os mais frequentes são o S.haematobium que tem como primeira
localização o aparelho urinário (a ser abordado na aula 84) e os S.japonicum e o S.mansoni que tem
preferência de localização intestinal e hepática. Estima-se que o Schistossoma infecta acerca de 200
milhões de pessoas no mundo sendo endémico em África, América central e do sul, Ásia oriental.
Moçambique é um dos países mais afectados entre os africanos. Nem todas as formas de Schistossoma
têm a mesma distribuição, por exemplo o S.japonicum existe somente em algumas áreas da Ásia. As
manifestações clínicas ocorrem na maioria dos casos entre os 10-20 anos. Quadro Clínico: Anamnese:
A maioria das pessoas infestadas é assintomática ou apresentam sintomas leves. Cerca de 10% das
pessoas infestadas apresentam manifestações clínicas graves, estas estão associadas a elevada carga de
parasitas. Alguns casos de infestação por S.mansoni apresentam sintomas após algumas semanas da
infecção (infecção aguda): febre elevada, tosse, dores abdominais e diarreia a vezes com forma
disentérica. O conjunto dos sintomas chama-se febre de Katayama. Também apresenta se com perda de
peso e erupção cutânea pruriginosa. Pacientes com Schistosomiase urinária tem disúria e terminal
hematúria. Os sintomas de infecção crónica são mais frequentes que os agudos. São determinados por
reacção inflamatória aos ovos com desenvolvimento de granulomas. Os granulomas ao nível do fígado
provocam obstrução da circulação com desenvolvimento de hipertensão portal. A formaçao de
granulomas a nivel da parede intestinal determina tenesmo, episodios diarroeicas ou disentericas, sub-
occlusao intestinal e fistulas. CONDUTA: Administração de PRAZIQUANTEL 40mg/kg em dose
única (os comprimidos são de 600mg).
28. Entamoeba histolítica: AMEBÍASE: Estima-se que cerca de 10% da população mundial esteja
infectada por Entamoeba histolítica. A prevalência mais elevada encontra-se nos países em vias de
desenvolvimento sendo que a infecção transmite-se por via oro-fecal, portanto as limitações em
saneamento e água potável facilitam a sua transmissão. Quadro Clínico: Anamnese: O espectro clínico
da amebíase varia desde infecção assintomática a colite fulminante e peritonite para amebíase extra-
intestinal, que é mais comumente um abscesso hepático amebiano. Infestação intestinal: Não invasiva:
assintomática ou com sintomas leves; Invasiva (mais comum em adulto do que na criança) apresenta se
com: Do colon Colite Disenteria: não comum em crianças <5 anos; A diarréia é o sintoma mais
comum (diarréia aquosa ou com sangue); Dor abdominal, e perda de peso; Febre é observada em 10% dos
pacientes; Amebíase intestinal pode simular apendicite aguda; Colite amebiana fulminante: é uma
complicação rara da disenteria amebiana (<0,5%). Apresenta-se com um rápido início de diarréia
sanguinolenta intensa, dor abdominal grave e febre alta. Crianças menores de 2 anos estão em maior
risco. A perfuração intestinal é comum. Mortalidade> 40%; Colite crónica: episódios recorrentes de
diarréia sanguinolenta e desconforto abdominal vago; Ameboma: uma forma menos comum de doença
intestinal que resulta da formação de granulação colonic anelar, em resposta à infecção amebae,
resultando em uma grande lesão local do intestino. Apresenta-se como uma massa abdominal no
quadrante inferior direito, o que pode ser confundido com carcinoma, tuberculose, doença de Crohn ou
linfoma. Pode determinar invaginação intestinal ou estenose. Do recto Ulcerações perianais; Apresenta
como lesões dolorosas ao redor do ânus. Infestação extra- intestinal: Abcesso hepático: mais comum em
adolescentes e em adultos; Apresenta-se com febre e uma constante, maçante, dor abdominal (na regão
superior direito ou epigástrio). Envolvimento da superfície diafragmática do fígado pode levar a do lado
direito dor pleurítica ou dor referida no ombro. Sintomas gastrointestinais associados incluem náuseas,
vómitos, distensão abdominal, diarréia e obstipação. Esta forma não é comum em crianças abaixo de 10
anos. Uma complicação do abcesso é a sua ruptura com disseminação da ameba à pleura direita (pleurite),
no peritoneu (peritonite), ao pericárdio (pericardite). São todas complicações raras e presentes quase
somente em adultos. Pericardite amebiana é rara, mas é a complicação mais grave. É geralmente causada
por uma ruptura do abscesso hepático do lobo esquerdo. Apresenta-se com dor no peito e as
características de insuficiência cardíaca congestiva. Amebíase pleuropulmonar: se apresenta com tosse,
dor pleurítica e dispneia. Peritonite Amebiana é geralmente secundária a um abscesso hepático roto. Os
pacientes apresentam febre e distensão abdominal rígida. Amebíase cerebral tem um início abrupto e
evolução rápida ao óbito em 12-72 horas. O paciente apresenta alteração da consciência e sinais
neurológicos focais. CONDUTA: A amebíase intestinal ou extra-intestinal trata-se com
METRONIDAZOL 35mg/kg/dia de 8/8horas por 10 dias. Se não for possivel calcular com base no peso
podemos usar as indicações abaixo de acordo com a idade da criança. Com comprimidos de 250mg: 1-
3anos: ½ comp 8/8 horas; 4-7 anos: de ½ comp até 1 comp 8/8horas; 8- 10 anos: de 1 comp até 2 comp
8/8horas; >11 anos: como adulto 12mg/kg de 8/8 horas: 3 comp 8/8 horas, por 10 dias. O abcesso
hepático responde ao tratamento com METRONIDAZOL, porém se for de grandes dimensões precisa
referir a criança a um nivel superior parao tratamento médico a punção aspirativa de pús presente no
abcesso (com guia ecográfica se possível).
29. Giardia lamblia: GIARDÍASE: A giardia lamblia é um protozoário responsável pela maioria de
infestações intestinais provocadas por protozoários em todo o mundo. A prevalência varia entre 5% nos
países com o clima temperado e até 40% nos países tropicais. A infestação é rara em crianças abaixo de 6
meses de idade e a prevalência é maior em crianças de idade entre 1-5 anos (onde pode estar cerca de
20% nos países tropicais), seguida de criança 6-10 anos, a prevalência reduz-se após os 10 anos. A
Giardia pode determinar infestações assintomáticas, infestações intestinais com sintomas leves ou
moderados que autolimitam-se em poucos dias ou diarreia crónica com má absorção e evolução para a
desnutrição. A presença de imunodepressão e de desnutrição são factores de risco para o desenvolvimento
da infestação sintomática. Quadro Clínico: A adesão dos trofozoítos à mucosa intestinal determina:
Alteração da permeabilidade causa a diarreia aquosa; Redução da actividade das enzimas digestivas,
resulta em mal absorção; Lesões das vilosidades intestinais, resulta em mal absorção. Anamnese: Os
sintomas típicos são: Sintomas agudos: diarreia aquosa e/ou fezes com mau cheiro associada à distensão
abdominal, cólicas abdominais, náusea e flatulência. Vómito e febre são infrequentes. Sintomas
crónicos: diarreia crónica (mais de 14 dias), mal-estar, fraqueza, anorexia, dores abdominais moderado,
náusea, perda de peso. A giardíase apresenta-se em crianças como diarreia crónica com falência de
crescimento. CONDUTA: A giardíase trata-se com METRONIDAZOL 15mg/kg/dia dividido em 8/8
horas por 10 dias. Como alternativa pode-se administrar em doses divididas durante 3 dias: nas crianças
de 1-3 anos, 500 mg/dia; nas crianças de 4-7 anos, 500-750 mg/dia; em crianças de 8-10 anos,
1000mg/dia.
31. ESTENOSE PILÓRICA: A estenose hipertrófica do piloro é uma condição clínica que cursa com
vómitos persitentes nos primeiros meses de vida. Quadro clínico: Anamnese: O sintoma principal é o
vómito em jacto (forçados, o vómito é projectado, não cai para o lado da boca) e não-biliosos. O vómito
ocorre entre uma hora após a ingestão do leite e a seguir o bebé está novamente com fome. Um bebé que
chega logo após os primeiros episódios é reactivo, esfomeado e ainda não tem sinais de desidratação. Se
não se intervir o lactente contínua apresentando vómito após cada alimentação e desenvolve desidratação
e falência de crescimento. CONDUTA: Iniciar a hidratação intravenosa do bebé: corrigir a desidratação
se estiver presente como indicado na aula 85 desta disciplina. Continuar com o líquido de manutenção
(metade da quantidade sendo SORO FISIOLÓGICO e metade DEXTROSE 5%). Considere que um
bebé deve receber as seguintes quantidades: Peso até 10kg:100ml/kg por dia (bebé de 6 kg: 6 x 100ml =
600ml por dia 600ml / 24 horas = 25ml por hora 25ml / 60min = 0,4ml por minuto Lembre-se de
que 1ml são 20 gotas Gotas por minuto = 0,4 x 20 = 8 gotas por minuto). Peso até 20kg: 100ml para
os primeiros 10kg + 50ml/kg para os kg seguintes (criança de 14kg = (100ml x10kg) + (50ml x 4kg) =
1200 ml por dia. Se a criança apresentar letargia, febre: AMPICILLINA 50mg/kg, de 6/6 horas, EV.
32. APENDICITE: Define-se apendicite a inflamação do apêndice presente ao nível do ceco (primeira
parte do colon). A inflamação é causada pela obstrução da luz do próprio apêndice, que pode ser
determinada pela presença de fecalitos, hiperplasia linfóide ou parasitas gastrintestinais. Quadro clínico:
A obstrução do apêndice produz o acúmulo de secreções na luz deste devido a inflamação, e o aumento
das bactérias nelas contidas. Isso determina a pressão nos vasos da mucosa intestinal com redução da
circulação ao nível do próprio apêndice. Se a inflamação continuar esta leva a ruptura do apêndice com
saída dos líquidos para a cavidade peritoneal e desenvolvimento da peritonite. Anamnese: A
apresentação clínica da apendicite é gradual, a dor torna-se mais localizada e mais severa com passar do
tempo a náusea torna-se em vómito. No início a criança pode se apresentar com dor periumbilical e
náusea. A seguir a dor localiza-se mais claramente ao nível do apêndice no quadrante inferior direito, é
mais severa e acompanhado por vómito e febre ligeira. É importante avaliar o início lento da doença.
Pode ser que a criança seja levada a observação na Unidade Sanitária quando a situação estiver num
estado avançado, mesmo assim os pais ou a própria criança pode descrever a evolução e a mudança da
dor. A evolução da doença ocorre em 24-48 horas. Em caso de perfuração do apêndice a dor se acalma
por um período breve para a seguir tornar-se geral ao nível do abdómen, severa, a febre aumenta e o
estado geral da criança piora. Diarreia pode estar presente mas não é comum, nas fases avançadas a
criança pode apresentar evacuação frequente de poucas fezes, devida a reacção a inflamação.
CONDUTA: Hidratação intravenosa: calcule o necessário assim como o apresentado anteriormente
nesta aula: Peso até 10kg: 100ml/kg por dia; Peso até 20kg: 100ml por os primeiros 10kg + 50ml/kg para
os kg seguintes, Peso> 20 kg: 1500ml + 25 ml/kg para cada kg adicional à 20. (Criança de 26 kg =
1500ml + (6 x 25) = 1650ml por dia). Antibióticos: AMPICILINA (50mg/kg de 6/6 horas, IM ou EV) +
GENTAMICINA (7,5mg/kg, IM, de 24 em 24 horas) + Metronidazol (7,5 mg/kg, de 8/8 horas, EV).
33. HEMORRÓIDAS: Hemorróidas são dilatações e prolapso de veias presentes no canal anal. Podem
ser internas ou externas segundo a sua originam, se acima ou abaixo da linha dentada. A maioria dos
sintomas aparecem por causa das hemorróidas internas ampliadas. Quadro Clínico: as manifestações
dependem se a hemorróida é interna ou externa. As internas causam sangramento à passagem das fezes.
Normalmente não causam dor a não ser o prolapso esteja abaixo da linha dentada. As externas causam dor
durante a evacuação e prurido durante e depois. Consoante a presença e gravidade do prolapso existem 4
graus de hemorróidas internas: Hemorróidas internas sem prolapso. Prolapso das hemorróidas interna
durante a evacuação seguida de redução espontânea. Prolapso das hemorróidas internas durante a
evacuação que precisam de redução manual. Hemorróidas internas com prolapso não reduzível.
TRATAMENTO tópico para reduzir a dor e a inflamação: creme anti-hemorroidário, aplicado 2 vezes
por dia para o caso de hemorróidas externas e em supositório no caso de hemorróidas internas. Uso de
laxantes orais para amolecer as fezes e facilitar o trânsito: PARAFINA LÍQUIDA (10-30ml à noite);
BISACODIL: 1 comprimido de 5 mg à noite, usar nas crianças> 4 anos. Mudança dos hábitos
alimentares com aumento de fibras e água.
34. OBSTIPAÇÃO: Obstipação é definida como dificuldade ou atraso na evacuação por mais de 2
semanas. Sendo que não existe uma regra comum sobre a frequência das evacuações a definição é um
pouco geral. Consoante uma definição a criança teria que evacuar pelo menos 3 vezes por semana, porém
há crianças que evacuam 2 vezes por semana sem ter dores ou ficarem perturbados com isso. Em geral na
avaliação da obstipação é importante avaliar a frequência das evacuações, a consistência das fezes e a
associação destas com dores, náuseas e outros sintomas. Quadro Clínico: a anamnese é na maioria dos
casos suficiente para o diagnóstico. Os pais podem também referir que a criança tem obstipação mas ao
mesmo tempo costumam a sujar a roupa sobretudo a interior (cuecas/calcinhas) com fezes. Isso é devido a
presença de encoprese (ver ponto 4.2) ou que as fezes contêm sangue vermelho. CONDUTA: o manejo
da obstipação baseia-se nos passos seguintes: Tratamento das eventuais fissuras ou hemorróidas
presentes; Tratamento com amolecedor das fezes: como já ilustrado estão indicados o uso dos agentes
amolecedores. Sendo que a duração do tratamento pode ser de semanas os mais indicados são:
PARAFINA LÍQUIDA: 10-30ml à noite; LACTULOSE duas vezes por dia: 2,5 ml nas crianças<1 ano;
5 ml para crianças 1-5 anos; 10 ml para crianças 6-12 anos; 15-30 ml >12 anos.
Disúria; Hematúria: muitas vezes terminal, no início há micro-hematúria que a seguir evolui em macro-
hematúria por causa das ulcerações; Dor na região suprapúbico. A schistosomíase pode causar, atraso de
crescimento, anemia e uma reduzida capacidade de aprender, embora os efeitos sejam geralmente
reversíveis com tratamento. O S.haematobium raramente pode também colonizar o útero, as trombas e a
vagina. Complicações possíveis são infecções urinárias bacterianas recorrentes, anemia, atraso do
desenvolvimento sexual nas meninas, na vida adulta podem levar a infertilidade, gravidez ectópica e
fístula vesico-vaginal. CONDUTA: Administração de PRAZIQUANTEL 40mg/kg em dose única (os
comprimidos são de 600mg).
37. SÍNDROME NEFRÓTICA: A síndrome nefrótica é caracterizada pela tríade proteinúria (3+ ou 4+),
hipoalbuminémia, edema; a hiperlipidémia (em particular a hipercolesterolémia) è frequente. O edema
representa o sinal que mostra que pode se estar perante uma Síndrome nefrótica. Quadro clínico:
Anamnese: O sintoma característico é o edema, este é inicialmente moderado, na face nos membros
inferiores mas que piora ao evoluir da doença com desenvolvimento de ascite, edema visível, no escroto
nos rapazes e nos casos mais severos desenvolvimento de anasarca com derrame pleural e/ou pericárdico;
Outros sintomas usualmente presentes são: anorexia, diarreia, dores abdominais; Sempre deve-se
perguntar se as crianças tiveram anteriormente sintomas parecidos pois a doença pode ser reincidente. Foi
referido que a síndrome nefrótica pode ser secundária a infecções portanto deve-se explorar se a criança
teve malária recentemente, hepatites (podem ter tido também hepatites leves - moderadas e não
diagnosticadas, portanto perguntar sobre a presença de icterícia) ou outras infecções. Também deve-se
descartar a infecção pelo HIV. CONDUTA: O tratamento é determinado pelo médico e inclui:
Tratamento de suporte: Restrição de líquidos, Dieta hiposódica e normoproteíca (e.g.: consumo de ovo
cozido). Diuréticos: FUROSEMIDA oral 1-2 mg/kg 1-3 vezes por dia. Em caso de edema extenso e
incluem ascite e/ou derrame pleural dar transfusão de plasma 15-20 ml/kg seguida de 3-5 mg de
FUROSEMIDA ao fim da transfusão. Esta terapia pode ser repetida por 3-4 dias seguidos. Tratamento
com esteroides na forma primária: a PREDNISOLONA (2mg/kg/dia) é administrada todos os dias
durante 4-6 semanas, em dias alternados nas 4 semanas sucessivas e a dosagem é lentamente reduzida nas
4-8 semanas a seguir até acabar. Na presença de recaídas a criança volta a fazer o tratamento com
PREDNISOLONA.
meses, Dosagem: 20 mg/kg de SMX de 12/12 h por 5 dias. 2-5 meses: 1/4 comp, de 12/12 h. 6 meses-5
anos: 1/2 comp, de 12/12 h. 6-12 anos: 1 comp, de 12/12 h. OU AMOXICILINA: 50 mg/kg/dia, de 8
em 8 horas, por 5 dias, OU ÀCIDO NALIDIXICO: administra-se nas crianças >3 meses, Dosagem: 50
mg/kg/dia de 6 em 6 horas por 5 dias (reduzir a dose para 30 mg/kg/dia nos tratamentos prolongados).
Infecções do tracto urinário superior (Pielonefrite): AMPICILINA (100 mg/kg/dia, IV, 6/6horas) ou
CEFTRIAXONA (50-100 mg/kg/dia, de 12/12horas ou em cada 24 horas) por 14 dia em combinação
com: GENTAMICINA (7,5 mg/kg/IM, uma vez por dia).
39. HÉRNIA INGUINAL: Hérnia é a protrusão de um órgão ou parte dele através de um orifício natural
ou adquirido. Sob uma hérnia inguinal refere-se à passagem das vísceras abdominais através do canal
inguinal acima do ligamento inguinal. As hérnias inguinais são hérnias que ocorrem na região da virilha
e correspondem a 75% de todas as hérnias abdominais. Quadro clínico: As crianças apresentam uma
tumefacção na região inguinal que se pode estender até ao escroto ou aos lábios maiores. Pode ser que a
massa não seja visível durante a consulta e que os pais relatem que a viram enquanto a criança estava
chorando ou fazendo esforço abdominal (durante a evacuação ou ao tossir). Na avaliação de criança mais
velhas pode-se pedir para fazer a manobra de Valsalva (pressione-a no espaço da barriga ou tossir) que
aumentado a pressão intra-abdominal aumentando a visibilidade da hérnia. Durante a avaliação duma
criança com hérnia é importante palpar e identificar o testículo para não confundir a hérnia com o
testículo móvel De maneira suave e delicada durante a examinação pode se reduzir a hérnia e perceber o
anel inguinal externo. No início a massa se reduz espontaneamente, depois pode-se tornar maior e
constante. CONDUTA: Inicie antibiótico: AMPICILINA (50 mg/kg, EV de 6-6 horas)
+GENTAMICINA (5 mg/kg, EV, de 12 em 12 horas) + METRONIDAZOL (7,5 mg/kg,EV, de 8/8
horas).
40. VULVITE E VULVOVAGINITE: Define-se vulvite a inflamação, na maioria das vezes infecciosas,
da vulva e vaginite a inflamação da vagina. A vulvovaginite resulta frequentemente da descida da
infecção da vagina à vulva. Quadro Clinico: Vulvite: Prurigo na área perineal; Eritema; Sensação de
queimadura. Vaginite: descarga vaginal amarela com mau cheiro, com ou sem sangue; Deve-se
questionar aos pais sobre a higiene, história de diarreia (infecções podem passar do recto a vulva), de
traumas. Uma das causas de vaginite particularmente se tiver sangramento pode ser também a presença de
corpo estranho vaginal, particularmente nas crianças menores que até podem não se lembrar ou não
reportar terem inserido algo. Ao exame físico deve-se avaliar a presença e características das secreções
vaginais assim como a presença de outras lesões. O TRATAMENTO inclui: Tratamento antibiótico
direccionado às bactérias responsáveis pela patologia. Caso não seja possível executar a avaliação ao
microscópio e que a secreção não tinha características particulares e não estejam presentes outras lesões
administrar: AMOXICILINA: 50 mg/kg por dia (máximo 500mg por dose), de 8/8horas por 7 dias;
METRONIDAZOL 15 mg/kg por dia e 8 em 8 horas, por 7 dias.
FIM