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Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 1

Síndrome Coronariana Aguda

• Definição
o É decorrente da instabilização e/ou rompimento de uma placa de ateroma coronariana, causando
obstrução parcial/total do fluxo sanguíneo na coronária acometida, com isquemia e até necrose do miocárdio
o Diferente da DAC, na SCA os sintomas se manifestam em repouso
o Pode ser classificado como:
▪ Angina instável: Infra de ST/inversão de onda T + Troponina negativa (ausência de necrose do miocárdio)
▪ IAM sem supra de ST: Infra de ST/inversão de onda T + Troponina positiva
▪ IAM com supra de ST: Supra de ST → Troponina sempre positiva

• Dor torácica
o Origem cardíaca:
▪ Doença aterosclerótica/síndromes isquêmicas agudas
▪ Pericardite
▪ Angina variante de Prinzmetal (vasoespástica)
▪ Angina microvascular
▪ Anomalias coronarianas
▪ Doenças valvares aórticas
▪ Miocardiopatia hipertrófica

o Origem não cardíaca


▪ Vascular (dissecção de aorta)
▪ Pulmonar (TEP)
▪ Musculoesquelética
▪ Pleural (pneumotórax, derrame pleural)
▪ Esofágica (DRGE)
▪ Biliar/gástrica
▪ Psicogênica

• Classificação da dor torácica


o A: Definitivamente anginosa:
▪ Dor de carácter constritivo (em aperto, peso) ou em queimação
▪ Localização precordial ou subesternal
▪ Irradiação para MMSS e/ou mandíbula (qualquer localização entre mandíbula e umbigo, incluindo dorso)
▪ Geralmente intensa
▪ Com melhora parcial ou total ao nitrato
▪ Sinais de ICV podem estar presentes, dependendo da quantidade de miocárdio isquêmico

o B: Provavelmente anginosa
▪ Algumas características e favor outra contra a dor anginosa

o C: Provavelmente não anginosa


▪ Dor totalmente atípica para angina, porém sem definição diagnóstica.

o D: Definitivamente não anginosa


▪ Dor sugestiva de outras etiologias de dor torácica, sem nenhuma característica anginosa.
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• Angina estável
o É a doença arterial coronariana crônica
o Obstrução da coronária por placa de ateroma geralmente entre 50-90% do lúmen.
o Caracterizada por:
▪ Dor/desconforto precordial, irradiada para MMSS ou mandíbula
▪ Precipitada por estresse físico ou emocional
▪ Rápido alívio ao repouso ou uso de nitratos (5-10 min)

• Angina Instável/IAM sem supra de ST


o Causada por oclusão subtotal da coronária (trombo branco-plaquetas)
o Oclusão >90% do lúmen da coronária
o Definição
▪ Dor/desconforto precordial isquêmico (angina), acompanhado de pelo menos 1 dos seguintes:
• Surgimento em repouso (ou aos mínimos esforços);
• Duração prolongada (> 10-20min);
• Caráter mais intenso (descrito como “dor” propriamente dita);
• Início recente (em geral nas últimas 4-6 semanas);
• Padrão em crescendo (dor progressivamente mais intensa, frequente e duradoura do que antes)
o ECG:
▪ Pode haver evidencias de isquemia miocárdica aguda (infra de ST/inversão de onda T) 30-50% dos casos
▪ Não se observa supra desnivelamento do segmento ST!

o Angina instável
▪ Não ocorre elevação dos MNM (ausência de necrose)
▪ Se evidencia de necrose miocárdica, é chamado da IAM sem supra de ST!!

o IAM sem supra e ST


▪ Ocorre necrose miocárdica (elevação dos MNM)!
▪ Ocorre isquemia subendocárdica e não transmural, devido a oclusão coronariana ser incompleta
▪ Correspondem a 70% dos casos de IAM
▪ A principal etiologia é a aterotrombose, e a justificativa para a formação de um trombo de plaquetas e
não de fibrina parece ser a ocorrência de lesões menos graves na placa de ateroma

• IAM com supra de ST


o Causada por oclusão total da coronária (trombos “vermelhos”, ricos em fibrina)
o Ocorre necrose miocárdica transmural (elevação dos MNM)
o Etiologia
▪ > 95% das vezes: Aterotrombose (formação de um trombo sobre a placa de ateroma que sofreu ruptura)
• Fissuras superficiais se associam mais comumente à formação de trombos “brancos” (plaquetas), gerando
obstrução coronariana parcial (angina instável/IAMSST)
• Rupturas mais profundas (com maior exposição dos conteúdos fibrinogênicos intraplaca) originam os trombos
“vermelhos” (coágulos de fibrina), causadores do IAMST
▪ < 5% dos casos:
• Espasmo coronariano (angina de Prinzmetal).
• Cocaína: trombose e/ou espasmo.
• Embolia coronariana
• Síndromes trombofílicas
• Vasculite coronariana
• Trauma coronariano (incluindo a angioplastia).
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• IM recorrente e reinfarto
o Reinfarto: ocorre nos primeiros 28 dias após o primeiro evento
o IM recorrente: ocorre após 28 dias de um outro IM.

• Síndrome de Takotsubo
o “Síndrome do coração partido”
o Miocardiopatia estresse induzida
o Quando desconfiar:
▪ Mulher pós menopausa + grande estrese emocional
▪ Grande supra de ST, QT prolongado
▪ Aumento discreto de troponina, desproporcional a clínica e extensão do acometimento no ECG
▪ Coronárias normais
▪ Alterações contráteis do VE não são explicadas por um único ramo coronário

• Variante de Prinzmetal (vasoespástica)


o Pacientes jovens, geralmente tabagistas
o Ocorre mais desconforto do que dor torácica, predominantemente a noite e início da manhã
o Supra de ST por +-15-30min. Melhora aguda com nitratos!!
o Ergometria negativa 70-90%
o Tratamento:
▪ BCC não dihidropiridínicos + nitratos
▪ Cigarro deve ser imediatamente abandonado
▪ Beta-bloqueadores são contraindicados

• MINOCA (Myocardial Infarction with Nonobstructive Coronary Artery)


o IAM com obstrução <50% de coronárias principais ao CAT
o Quando o quadro é acompanhado de sintomas e sinais de isquemia miocárdica: MINOCA
o Quando o quadro NÃO é acompanhado de sintomas e sinais de isquemia miocárdica (p.ex.: TEP, miocardite,
sepse, toxicidade de quimioterápicos), aplica-se a denominação TINOCA (“injúria troponina positiva com
coronárias não ocluídas")

• Eletrocardiograma na SCA
Deve ser realizado em até
o Suboclusão
10min da admissão do PS
▪ Inversão simétrica da onda T >1mm
▪ Infra de ST ≥0,5mm em 2 derivações contíguas
o Oclusão total
▪ Supra de ST em 2 derivações contíguas ≥ 1mm
• Exceção: V2 e V3, o ponto de corte é 2,5mm se homem <40 anos, 2mm se homem >40 anos. 1,5mm se mulher
o Sinais indiretos de isquemia miocárdica
▪ Boqueio de ramo novo
▪ Onda Q
▪ Plus/minus de onda T na parede anterior
▪ Supra de aVR e/ou V1 + infra ST difuso (>7 derivações)
▪ Alteração dinâmica
▪ TV
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• Marcador de necrose miocárdica


o Troponina (Tn):
▪ Proteína presente no músculo cardíaco, se elevando quando este sofre algum tipo de injúria
o Injúria miocárdica:
▪ Elevação da troponina > do percentil 99 do limite superior da normalidade
▪ Aguda: elevação e/ou decréscimo (curva) nos valores de Tn (variação >20%)
▪ Crônica: valores seriados permanecem estáveis (variação <20%)
▪ Todo IAM apresenta injúria aguda do miocárdio, mas nem toda injúria é IAM!

o Elevação significativa/aguda de troponina:


▪ Variação dos valores >20%
▪ Elevação > 5x valor do limite superior da normalidade

o Causas de injúria miocárdica de etiologia não isquêmica


▪ Condições cardíacas ▪ Condições sistêmicas
• ICC • Sepse/choque séptico
• Miocardite • DRC
• Crise hipertensiva • AVCi e h
• Cardiomiopatias • TEP
• Síndrome de takotsubo • Doenças infiltrativas
• Choque de desfibrilação/cardioversão • QT
• Procedimentos (CAT, CRM, etc) • Exercício extenuante

• Quadro clínico da SCA


o Assintomáticos/IAM silencioso (25% dos casos)
▪ Típico de idosas, DM, DRC, transplantados cardíaco
▪ Não tem sintomas típicos, e sim equivalentes anginosos
• Dispneia (queda da FE do VE, levando a congestão pulmonar)
• Fadiga/tontura/sensação de desmaio (baixo débito cardíaco)
• Sopro transitório e regurgitação mitral (isquemia de músculos papilares)
• Palpitações (arritmias induzidas pela isquemia)
• Náuseas, vômitos, sudorese e palidez
• Déficit neurológico focal (AVE, AIT)
• Dispepsia (epigastralgia) Dica: dor anginosa não se irradia para
o Pode chegar em PCR músculo trapézio. Dor precordial irradiada
especificamente para essa topografia,
▪ Geralmente por FV ou TV
provavelmente é pericardite aguda!
o Dor anginosa
▪ Dor em região precordial, retroesternal ou epigástrica
▪ Em aperto, queimação, constrição ou desconforto torácico. Não é possível aponta-la
▪ Irradiação para MMSS, epigastro, mandíbula, região cervical, interescapular.
▪ Associada geralmente a esforço físico/emocional, frio intenso e pós refeições copiosas.
▪ Não relacionada com movimentação ou palpação

o Exame físico
▪ Dor torácica característica anginosa
▪ IC aguda
▪ Hipotensão arterial
▪ Presença de B3
▪ Congestão pulmonar (crepitações basais)
▪ Insuficiência mitral nova (sopros)
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• Diagnóstico IAM
o 2 dos 3 critérios positivos:
▪ História clínica característica
▪ Alterações isquêmicas no ECG
▪ Curva de marcadores de necrose miocárdica

• Classificação de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)


o IAM: evidencia de injúria miocárdica aguda detectada pela elevação de troponina na presença de isquemia
o IM tipo 1:
▪ Instabilidade de placa aterosclerótica
▪ Causado por doença coronária aterosclerótica, usualmente precipitada por instabilidade e ruptura ou
erosão de placa, com consequente aterotrombose.

o IM tipo 2:
▪ Causado pelo desbalanço entre a oferta e a demanda de oxigênio para o miocárdio
▪ Não há ruptura ou instabilização de placa aterosclerótica
▪ São incluídos aqui: vasoespasmos, embolia coronária, dissecção aórtica ou coronária
▪ É um diagnóstico secundário, pois deriva de uma causa primária
▪ O tratamento é focado no manejo das causas subjacentes de desequilíbrio oferta/demanda

o IM tipo 3:
▪ Morte súbita. Pacientes vítimas de morte cardiovascular que apresentaram na véspera:
• Sintomas de isquemia miocárdica aguda
• Novas alterações isquemias no ECG ou FV
▪ Foram a óbito antes da coleta de MNM
▪ Se na autópsia de um paciente com suposto IM tipo 3, se identifica trombose coronária relacionada a IM,
este deve ser reclassificado como IM tipo 1

o IM tipo 4:
▪ Injúria aguda cardíaca pós angioplastia
▪ 4A: associado a intervenção coronariana percutânea (PCI)
▪ 4B: associado a trombose do Stent
▪ 4C: associado a estenose pós PCI

o IM tipo 5:
▪ Injúria aguda cardíaca pós angioplastia, com elevação da troponina >10x o percentil 99.
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• Protocolo investigação dor torácica sem supra de ST

o Observação: por no mínimo 6 horas do início da dor (tempo hábil para alteração de troponina convencional)
o Exame físico: 3/3 horas ou se dor
o ECG: 3/3 horas ou se dor
o Troponina qualitativa: 3/3 horas
o Troponina US: realizar junto com ECG, na chegada e após 1 a 3 horas

o Protocolo negativo = descarta IAM, mas não SCA o Protocolo positivo = IAM
▪ Evoluiu sem dor ▪ Exame físico sugestivo de IC aguda
▪ Sem alteração no exame físico ▪ Novas alterações no ECG
▪ ECG seriado sem alterações ▪ Elevação de MNM
▪ MNM negativos

• Estratificação de risco no IAM SST


o HEART score
▪ Baixo risco: 0-3 pontos
• Pode ser dada alta precoce

▪ Risco intermediário: 4-6 pontos


• Manter em observação, considerar a realização
de exames não invasivos x invasivos de forma
individualizada
• Tratamento medicamentoso para SCA

▪ Alto risco: 7-10 pontos


• Estratificação invasiva precoce (CAT)
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o TIMI risk

o Braunwald
▪ Avalia o risco de morte em 7 dias, se baseando no diagnóstico de insuficiência cardíaca aguda.

• Estratificação de risco no IAM com supra ST


o TIMI risck para IAMST
▪ Calcula o risco de morte em 30 dias

o Classificação de Killip
▪ Avalia o risco de morte em 7 dias, se baseando
no diagnóstico de insuficiência cardíaca aguda.
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• Conduta inicial diante de um IAM


o MOV
▪ Monitorização eletrocardiográfica contínua
▪ Oxímetro
▪ Veia (acesso venoso periférico)

o MONABICHE
▪ Morfina: 2-4mg IV, repetir a cada 5-10min (se dor refratária ao nitrato)
▪ Oxigênio 2-4L/min: se SpO2 <90%
▪ Nitrato: Isordil SL 5mg, até 3x a cada 5min / Nitroglicerina 10ug/min IV, aumentar até controle HAS, EAP, ..
▪ AAS: 300mg VO macerados (3cps). Manutenção 100mg/dia
▪ Beta Bloqueador VO: Carvedilol 6,25 12/12hs / Propranolol 10mg 12/12hs / Atenolol 25mg 12/12hs
▪ IECA VO: Captopril 25mg 8/8hs / Enalapril 5-10mg 12/12hs (se PAS >100)
▪ Clopidogrel VO: 300-600mg (4-8cps). Manutenção 75g/dia
▪ Heparina: Enoxaparina bolus 30mg IV + 1mg/Kg SC 12/12h. HNF ataque 60Ui/Kg + manutenção 12ui/Kg
▪ Estatina: Atorvastatina 40-80mg / Rosuvastatina 20-40g.

• Observações importantes sobre o tratamento inicial


o Morfina:
▪ Contra indicado se:
• Infarto de VD
• Hipotensão
• Náuseas ou vômitos

o Nitratos
▪ Contra indicado se:
• PAS <100
• Uso de Sildenafila nas últimas 24hs ou Tadalafila nas últimas 48hs
• Infarto de VD
▪ Dinitrato de Isossorbida (Isordil)
• Comprimido 5mg SL, fazer até 3 doses, com intervalo de 5min entre elas
▪ Nitroglicerina (Tridil)
• 5mg/ml, ampolas de 5 e 10ml
• Iniciar com 10ug/min e ir aumentando até controle dos sintomas e da PA
• Diluir 1 ampola de 50m (10ml) em 240ml SF e iniciar 5ml/h

o Betabloqueadores
▪ Ajustar dose até atingir FC 50-60bpm
▪ Contra indicações:
• FC<60, PAS <100
• PR >240ms, BAV 2° ou 3° grau
• Asma ou DPOC
• Disfunção ventricular grave
• Infarto de VD
▪ Se CI para seu uso, considerar BCC (Diltiazen 30mg 8/8hs, Verapamil 80mg 8/8hs)
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o Heparina
▪ HNF:
• Dose inicial: 100u/Kg IV em bolus (60U/Kg se 2° antiagregantes plaquetário associado)
• Manutenção: de 12u/Kg/h, máximo de 1000u/h durante 24-48hs. Manter KTTP 50-70
▪ Enoxaparina
• <75 anos: 30g bolus IV. Após 15min, 1mg/Kg SC 12/12hs até alta hospitalar
• >75 anos: não fazer bolus. Iniciar 0,75mg/Kg SC 12/12hs
• Se TFG <30: não fazer bolus. Iniciar 1mg/Kg SC 24/24hs

o 2° antiagregantes plaquetário
▪ Se paciente for encaminhado para CAT em <24hs, deixar para fazer após CAT, pois se caso seja necessário
uma CRM após estudo anatômica das coronárias, o paciente não precisará aguardar de 5-7 dias.
▪ IAM com supra de ST faz sempre!
▪ Clopidogrel:
• Dose de ataque: 300mg se tto conservador, 600mg se angioplastia. Manutenção de 75mg/dia
• Se fibrinólise: Dose de ataque 300mg se <75 anos. Sem ataque se >75 anos
• É reservado dentre os antiagregantes plaquetários, para pacientes com maior risco de sangramento
• Se for realizado revascularização cirúrgica, suspender por pelo menos 5 dias
▪ Prasugrel:
• Alternativa ao Clopidogrel. Comprimidos de 5 e 10mg
• Dose de ataque: 60mg. Dose de manutenção: 10mg/dia
• Maior benefício nos pacientes DM e no IAM com supra
• Indicado para paciente com IAM com supra ST que farão angioplastia primária. Administrar apenas
após definição da anatomia coronária no cateterismo
• Mais potente que o clopidogrel, com maior redução de mortalidade
• Contra indicação: maior risco de sangramento
o AVCi prévio, Peso <60Kg ou Idade >75 anos
• Em caso de revascularização cirúrgica, suspender por pelo menos 7 dias antes
▪ Ticagrelor:
• Alternativa ao Clopidogrel
• Dose de ataque: 180mg. Dose de manutenção: 90mg 2x/dia
• Indicado para todos pacientes com IAM com supra ST não submetidos a fibrinólise.
• Pode ser utilizado após fibrinólise.
• Mais potente que o clopidogrel, com maior redução de mortalidade
• Antiplaquetário de efeito reversível (diferente do clopidogrel e prasugrel)
• Contra indicação: maior risco de sangramento!
o AVCh prévio
o Hemorragia ativa
o Plaquetopenia importante
o Hepatopatia moederada/grave
o Pacientes em diálise
• Em caso de revascularização cirúrgica, suspender por pelo menos 5 dias antes
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 10

• Fibrinolíticos
o Estreptoquinase
▪ Dose de 1.500.000UI em 100ml de SF, em 30-60min
▪ Infundir em acesso exclusivo
▪ Se hipotensão: lentificar infusão, Trendelenburg, eventualmente expansão com SF

o Alteplase (t-PA)
▪ 15mg IV em bolus. 0,75mg/Kg IV em 30min. Após, 0,5mg/Kg IV em 60min.
▪ 100mg ao total, em 1h e meia

o Tenecteplase (TNK-tPA)
▪ Dose única em bolus:
• 30mg se <60Kg.
• 35mg se 60-70Kg,
• 40mg se 70-80Kg,
• 45mg se 80-90Kg.
• 50mg se >90
▪ Equivalente a Alteplase, mas com menos sangramentos. Sua facilidade de uso permite uso pré-hospitalar

o Contra indicações absolutas ao trombolítico


▪ Sangramento ativo (exceto menstruação)
▪ Dissecção aguda de aorta
▪ Cirurgia maior 3 meses
▪ Cérebro:
• AVCh prévio
• AVCi últimos 3 meses
• Neoplasia SNC ou malformação artério-venosa cerebral
• TCE
• Trauma de face 3 meses

• Critérios de reperfusão:
o Melhora da dor torácica
o Arritmias de reperfusão: Ritmo Idioventricular Acelerado (RIVA)
▪ Semelhante a TV, porém com FC mais baixa
o Redução de pelo menos 50% no maior supra ST
o Pico precoce dos marcadores
o Desaparecimento súbito da dor

• IAM de VD
o Acompanha IAM de parede inferior (DII, DIII e aVF)
o Pode ser confirmado fazendo derivações direitas (V3R, V4R)
o Clínica sugestiva:
▪ ↓PA + pulmões limpos
▪ ↓FC (coronária D irriga feixe de hiss) + turgência jugular
o Conduta:
▪ A mesma do IAM
▪ Reposição volêmica!
▪ Reperfusão
▪ Nunca utilizar nitrato, BB, morfina (diminuem pré-carga, prejudicando o DC)
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 11

• Tratamento IAM sem supra


o Internação hospitalar
▪ Nunca trombolisar
▪ MONABICHE
▪ Cateterismo com angioplastia
• Muito alto risco = CAT Imediato (< 2h) não utilizar o 2° anti agregante plaquetário (faz na sala Hemod.)
o Instabilidade hemodinâmica (choque, IVE) ou elétrica (TV ou FV)
o Irresponsivo (angina refratária)
o Complicações mecânicas
• Alto risco = CAT Precoce (2-24h)
o TIMI score >5
o GRACE >140
o Troponina elevada
o Infra de ST
o Angina pós IAM
• Intermediário risco = CAT rotina (<72h)
o TIMI score: 3-4
o GRACE: 109-140
o DM, DRC, ICFER
o Angioplastia ou CRM prévia

o Indicações de CRVM na SCA sem supra de ST


▪ Estenose > 50% no tronco da coronária esquerda.
▪ Estenose > 50% em múltiplos vasos + disfunção sistólica do VE (FE < 50%) ou diabetes mellitus.
▪ Qualquer lesão sem possibilidade técnica de abordagem por angioplastia percutânea
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 12

o Exemplo de prescrição:
▪ Caso clínico:
• Paciente masculino, 73 anos, 60Kg, DM2
• Apresentou angina há 5 horas com duração de 1 horas iniciada ao repouso e o término se deu ao repouso tbm.
• Faz uso prévio de AAS e estatina.
• Chega ao OS em Killip I, PA 110x60, FC 90bpm
• ECG revela infra de ST em parede inferior. Troponina de 30 (normal <14), creatinina 1,5
• Cateterismo realizado há 3 anos apresentava artéria coronária D com 60% de lesão em terço médio
• Paciente e alto risco, devendo ser encaminhado para cateterismo em até 24hs

▪ Prescrição
• Dieta VO hipossódica. Jejum de 4hs antes do cateterismo
• Repouso absoluto no leito
• Monitorização eletrocardiográfica contínua
• Cateter de O2 2-4l/min, se saturação <90%
• SF 0,9%. Iniciar 60ml/h (1ml/kg/h) durante 12h antes do cateterismo e manter por pelo menos 12hs após
• Morfina 2mg IV, ACM
• Dinitrato de Isossorbida 5mg SL agora e ACM
• AAS 300mg, VO, macerado agora. Manter 100mg/dia de manutenção após almoço
• Atenolol 25mg VO 12/12hs
• Enalapril 10mg VO 12/12h
• 2° antiagregantes plaquetário: Ticagrelor 180mg.
o (Se CAT levar <24hs, realizar na sala e hemodinâmica. Se levar >24hs, fazer dose de ataque)
o Clopidogrel em pacientes com maior risco de sangramento
o Manutenção: Ticagrelor 90mg VO 12/12h ou Clopidogrel 75mg VO 1x/dia
• Enoxaparina 60mg SC 12/12hs
• Atorvastatina 80mg VO 1x/dia
• Pantoprazol 20mg VO 1x/dia jejum
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 13

• Tratamento IAM com supra


o Internação hospitalar
▪ MONABICHE
▪ Abrir coronária o quanto antes (fibrinólise ou angioplastia)

o Indicações para reperfusão


▪ Evidencia clínica ou eletrocardiográfica de isquemia, mesmo após 12horas do início dos sintomas
▪ Delta T de até 12h
▪ Supra de ST ≥ 2 derivações contíguas ou BRE novo

o Trombolítico ou angioplastia?
▪ Se angioplastia no próprio hospital: angioplastia em até 90min
▪ Não tem angioplastia no hospital:
• Transferência vai levar <2h: angioplastia
o Independente do tempo, se paciente chocado, IC grave ou CI ao trombolítico: angioplastia
• Transferência vai levar >2h ou incapacidade de transferência: trombolisar em até 30min
o Transferir se falha ao trombolítico ou reoclusão

o Exemplo de prescrição 1: Angioplastia


▪ Caso clínico:
• Paciente masculino, 60 anos, 75Kg
• Dislipidemia, HF para DAC precoce
• Chegou ao OS com dor precordial em aperto, irradiada para o MSE, iniciada em repouso há 45min, sem melhora
com dinitrato de isossorbida .
• EF mostrou palidez cutânea e diaforese, PA 130x90, FC 84bpm, auscultas normais
• ECG com supra de ST de V1 a V4
• Hospital dispões de serviço de hemodinâmica 24hs
▪ Conduta na admissão
• AAS 300mg macerado
• Ticagrelor 180mg
• Encaminhado para hemodinâmica
• HNF EV na sala de hemodinâmica
• Realizada angioplastia de artéria DA com stent farmacológico
▪ Prescrição pós CATE
• Dieta VO hipossódica.
• Repouso absoluto no leito
o Após chegada na UTI, se IAM sem complicações e ausência de outras obstruções coronarianas graves,
considerar deambulação precoce
• Monitorização eletrocardiográfica contínua
• Cateter de O2 2-4l/min, se saturação <90%
• Dinitrato de Isossorbida 5mg SL ACM
• AAS 100mg/dia VO após almoço
• Bisoprolol 2,5mg VO 12/12hs
• Enalapril 5mg VO 12/12h
• Ticagrelor 90mg VO 12/12h ou Clopidogrel 75mg VO 1x/dia
• Enoxaparina 40mg SC 1x/dia
• Atorvastatina 80mg VO 1x/dia
• Solicitar ecocardiograma. Se sem alterações, alta precoce em 3-5 dias após o IAM
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 14

o Exemplo de prescrição 2: Trombólise


▪ Caso clínico:
• Paciente feminino, 58 anos, 68Kg, DM2
• Chega ao OS com dor epigástrica associada a sudorese, náuseas e vômito, iniciados há 1 hora
• EF: PA 124x70mmHg, FC 100bpm, MV + SRA, RR 2T BNF SS,
• ECG com supra ST DII, DIII, aVF, V5 e V6. Foram realizados V3R, V4R, V7 e V8, todos evidenciaram Supra ST. (SCA
com supra de ST inferolaterodorsal e VD)
• O hospital não dispõe de serviço de hemodinâmica e a transferência demoraria >2 horas
• Paciente não apresente contra indicação para trombólise, tendo sido optado essa terapia
▪ Prescrição
• Dieta NPO
• Repouso absoluto no leito
• Monitorização eletrocardiográfica contínua
• HGT 6/6hs
• Cateter de O2 2-4l/min, se saturação <90%
• Tenecteplase 35mg, IV, 5-10s
• AAS 300mg, VO, macerado agora.
• Clopidogrel 300mg VO agora
• Enoxaparina 30mg IV bolus. 60mg SC 12/12hs após 15min do bolus
• Insulina regular, SC, conforme glicemia capilar
• Pantoprazol 40mg VO 1x/dia jejum
• Solicitado ecocardiograma
• Programado CATE em 2-24hs
• Se si manter estável, EF normal e sem sinais ou sintomas de IC, iniciar nas primeiras 24hs:
o Atorvastatina 80mg 1x/dia
o Enalapril 10mg 12/12
o Carvedilol 6,25mg 12/12

o Indicações para anticoagulação prolongada (3-6meses) no IAMST


▪ Fibrilação atrial persistente ou paroxística*.
▪ Tromboembolismo (pulmonar ou sistêmico).
▪ Trombo no VE.
▪ Acinesia extensa da parede anterior.
▪ Disfunção sistólica grave do VE, com ou sem clínica de insuficiência cardíaca.

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