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Insuficiência Cardíaca
• Introdução
o Débito cardíaco = Volume sistólico x Frequência cardíaca ou
= PA/Resistencia Vascular Periférica
o Qualquer alteração nos 3 componentes do volume sistólico, pode causar ICC (↓DC)
▪ Referente a pré-carga: coração pode ter sua fração de ejeção preservada, ou seja, todo volume que o
ventrículo recebe ele ejeta com eficiência, no entanto, se o ventrículo não consegue relaxar para receber o
sangue, seja por hipertrofia ou outra miocardiopatia que comprometa sua diástole, teremos uma
disfunção cardíaca com fração de ejeção preservada.
▪ Referente a força de contração: um coração que perdeu força de contração, ou seja, uma fração de
ejeção diminuída, terá uma disfunção cardíaca com uma circulação sistêmica inadequada.
▪ Referente a pós-carga: uma alta pressão arterial compromete o esvaziamento ventricular, pois sua força
se contrapõe à força de ejeção, podendo causar uma hipertrofia concêntrica e disfunção diastólica
• Epidemiologia/etiologias
o 35% das pessoas após descobrirem seu diagnóstico possuem sobrevida de 5 anos.
o Na América do Sul é a maior causa de internação e no Brasil são causa de 21% das internações.
o 50% dos pacientes que são hospitalizados por IC são readmitidos nos hospitais dentro de 90 dias
o As etiologias mais comuns que geram insuficiência cardíaca:
1. Cardiopatia isquêmica
2. Hipertensão Arterial
3. Diabetes Melitos
4. Reumáticos
o Outras etiologias comuns:
▪ Valvopatias, Miocardiopatia alcoolica, miocardite, cardiopatia chagásica, doenças de depósito, idiopática
• Fisiopatologia
o Primariamente temos lesão ao miocárdio, que pode ter ocorrido por:
▪ Um vaso entupido (isquemia),
▪ HAS (pós-carga elevada cronicamente), que faz com que o músculo sofra constante pressão, hipertrofiando além do
seu limite e trocando suas células por tecido fibroso
▪ Disfunção endotelial provocada pela DM que provoca inflamação constante ao endotélio diminuindo produção de
oxido nítrico e bradicinina (substancias vasodilatadores) por esse endotélio.
o Essa diminuição de substancias vasodilatadoras faz com que aumente a pós-carga, e uma pós-carga muito
elevada faz com que eu piore o coração que já não consegue vencer o valor de ejeção.
o Com menos sangue chegando nos principais órgãos vitais, há ativação de sistemas hormonais!
o Ocorre então liberação de catecolaminas, do Sistema RAA e da vasopressina (ADH).
▪ A vasopressina tem além de seu efeito de contração, ela tem um efeito antidiurético, ocasionando em mais retenção
e liquido.
▪ Ao ativar o SRAA, a aldosterona ativa o sistema de remodelamento cardíaco, promovendo a fibrose pela troca de
tecido muscular (que tinha função contrátil) por tecido fibroso, além de gerar apoptose das células cardíacas.
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 2
▪ Classificação:
• ICFEr= Insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida ≤40%
• ICFEp= Insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada >50%
• ICFEi= Insuficiência cardíaca de fração de ejeção levemente reduzida: 41-49%
• Sintomas da IC
o 3ª bulha: É um sinal bem especifico, pois só ocorre quando há retenção de liquido no ventrículo, uma vez que
o coração contrai, mas por estar fraco não consegue se esvaziar corretamente, sobrando mais sangue no
coração que deveria ao final da sístole, e quando a válvula mitral abre na diástole e o sangue que está no
átrio cai dentro do ventrículo onde já existe sangue. É o encontro desses líquidos que escutamos como 3ª
bulha. Característico de ICC com FE reduzida (<40%)
• Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida = Excesso de volume no meu coração
o Quando eu tenho FE reduzida, o meu ventrículo não consegue se esvaziar, então todo o sangue que
chega no átrio começa a se concentrar ali, pois quando a válvula mitral abre já tem sangue no
ventrículo e o átrio não consegue se esvaziar. Com o tempo esse átrio esquerdo vai se adaptando, vai
retendo mais líquido e dilatando, até que não vai conseguir mais acomodar tanto sangue e este vai
acabar voltando pelas veias pulmonares e consequentemente para os pulmões
o Com o aumento da pressão pulmonar, há um vazamento de liquido dos capilares para o alvéolo por
excesso do volume vascular, esse liquido aumenta a espessura das membranas basais entre o
endotélio e o alvéolo, atuando como uma barreira e dificultando a troca de gases, gerando dispneia
o O liquido acumulado nos alvéolos, gera crepitação basal na ausculta.
o A exacerbação do acúmulo de líquido pode gerar edema agudo de pulmão.
o O aumento pressórico chega na artéria pulmonar → ventrículo direito e átrio direito → veias cavas →
congestão sistêmica, justificando a turgência jugular.
• Exames
o Ecocardiograma com doppler
o ECG
o Na, K
o Peptídeo natriurético cerebral (BNP) (Marcador de disfunção do VE e IC: diagnóstico e prognóstico)
o Cr, EQU
o RX de tórax PA + P
o Hemograma
o Glicemia
o Hiponatremia:
▪ É um sinal de descompensação, pois devido ao excesso de liquido o sódio está diluído.
▪ É um sinal de gravidade na IC
• Prevenção
o Tratar a comorbidade que possa evoluir para a IC
• Tratamento
o Objetivos: o Não farmacológico:
▪ Reduzir progressão ▪ Identificar a etiologia (tratar a origem)
▪ Melhorar os sintomas ▪ Eliminação/correção de fatores agravantes
▪ Melhorar qualidade de vida ▪ Modificação do estilo de vida: (IIa/b)
▪ Reduzir a mortalidade • Dieta – restrição Sódio 7g NaCl por dia
▪ Prevenir a morte súbita • Ingestão de álcool
▪ Reduzir o remodelamento cardíaco • Atividade física
• Vacinação: gripe e pneumonia
o Farmacológico:
▪ Reduzem a mortalidade ▪ Tratamento apenas dos sintomas
• IECA/BRA • Diuréticos
• Betabloqueador • Digoxina
• Antagonista da aldosterona (espironolactona) • BCC (diidropiridinicos)
• Hidralazina + nitrato (Entresto)
• Inibidor Neprisilina (Sacubitril)
• Inibidor canais I (Ivabradina)
• Terapia de ressincronização cardíaca
• Cardiodesfibrilador implantável (CDI)
• Inibidores do SGLT2
o OBS: De acordo com os últimos estudos, comprovou-se que apenas na ICFE reduzida, houveram reduções nas
taxas de mortalidade com tratamentos farmacológicos. Não há nenhum estudo que apresente droga ou
tratamento que diminua a taxa de mortalidade em pacientes com ICFR preservada. Sendo assim, nestes casos
são tratados apenas os sintomas.
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 7
o β-Bloqueadores
▪ Existem 4 medicamentos aprovados, que mostraram redução significativa na redução da mortalidade:
• Bisoprolol
• Carvedilol
• Metaprolol succinato
▪ Mecanismo de ação:
• Diminui o tônus simpático
• Redução do consumo de O2
• Aumenta o período de diástole, aumentando a irrigação coronariana
• Protege os miócitos dos e feitos nocivos das catecolaminas
• Diminui a liberação de renina renal, diminuindo a liberação de Aldosterona, prevenindo o
remodelamento cardíaco
• Previne e trata arritmias ventriculares
• Aumenta FE no longo prazo (2-3meses)
▪ Observações:
• No início do tratamento pode ocorrer piora dos sintomas causado pela bradicardia e hipotensão
(tendem a desaparecer em 2-3 semanas).
• Como queremos otimizar o DC, iremos influenciar a FC e o volume sistólico.
• As alterações na diminuição da FC aparecem já no início do tratamento, enquanto a otimização do
volume sistólico leva algumas semanas, por isso o aparecimento dos sintomas no início do tratamento.
• Com o tempo, a contratilidade (força)e o relaxamento (diástole) são otimizados, melhorando o DC
• Iniciar tratamento com dose mínima e ir aumentando a cada 2-3 semanas até chegar na dose alvo
▪ Efeitos colaterais:
• Ao bloquear os receptores Beta2:
o Nos vasos temos 2 tipos de receptores adrenérgicos: Alfa1 e Beta2
o O estímulo Beta2 nos vasos promove vasodilatação
o O estímulo Alfa1 nos vasos promove a vasoconstrição
o Bloqueando um Beta2, as adrenalinas circulantes ativam o Alfa1 tendo uma potente vasoconstrição periférica,
sendo assim, pacientes com doença arterial periférica (tabagistas), quando usavam betabloqueadores não
seletivos tinham uma piora considerável nos sintomas.
o Hoje em dia temos BB seletivos que bloqueiam tanto o Beta2 isolado, quanto o Beta2 e o Alfa1
o Nos brônquios irá causar um bronco espasmo, piorando sintomas de pessoas com DPOC, asma, etc
o Durante muito tempo era contra indicação absoluta BB em pacientes tabagistas com DAP, asmáticos, etc
▪ Carvedilol(COPERNICUS)
• B-bloqueador de 3ª geração. Não seletivo (bloqueia tanto Beta1 quanto Beta2)
• Dentro de sua molécula, temos um Alfa1 bloqueador
• É indicado para pessoas com Doença arterial periférica (DAP), pois se bloqueia o Beta2, mas também
bloqueamos o Alfa1, não ocorrendo o efeito rebote de vasoconstrição
• Diuréticos serão utilizados em qualquer momento da linha de tratamento se o paciente demonstrar sinais
de congestão hídrica, tanto congestão sintomática ou descompensação subclínica (Hiponatremia e
aumento de BNP)