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O Coração
ESTRUTURA E ESPECIALIZAÇÕES CARDÍACAS
- o peso do coração varia com o biotipo (média de 250 a 320 – mulheres e 300 a 360 – homens)
- ventrículo direto (VD) apresenta parede de espessura de 0,3 a 0,5 cm, enquanto que o ventrículo
esquerdo (VE) tem uma parede de 1,3 a 1,5 cm de espessura
Miocárdio
- os miócitos do VE são dispostos de modo circunferencial, em uma orientação em espiral, gerando uma
onda coordenada de contração que se estende do ápice à base do coração
- condição progressiva
- ocorre quando o coração é incapaz de bombear o sangue em proporção suficiente para suprir a demanda
dos tecidos, ou é capaz disso apenas na presença de pressão de enchimento elevada
- porem, estresses hemodinâmicos agudos (sobrecarga liquida, disfunção valvar súbita ou infarto do
miocárdio) podem precipitar a ICC súbita
Adaptações miocárdicas
- inclui hipertrofia com ou sem dilatação das câmaras cardíacas
- a ICC tende a ser precedida por hipertrofia cardíaca (resposta compensatória do miocárdio ao maior
trabalho mecânico)
Ativação dos sistemas neuro-humorais
- com o tempo, tais mecanismos podem perder a capacidade de manter o desempenho cardíaco adequado
- a redução na FE pode ocorrer com lesão isquêmica, adaptação inadequada à sobrecarga de pressão ou
volume devido a hipertensão ou doença valvar, ou dilatação ventricular
- a ICC é entendida como o resultado da incapacidade de a câmara cardíaca expandir-se e ser preenchida
de modo suficiente durante a diástole (disfunção diastólica)
- os novos sarcômeros são depositados paralelamente ao eixo longo das celulas, expandindo a área
transversal dos miócitos do ventrículo e causando um aumento concêntrico da espessura da parede
- pacientes com regurgitação aórtica ou cardiomiopatia hipertrófica podem ter coração com o peso de 3 a
4x maior
- a hipertrofia dos miócitos não é acompanhada por um aumento proporcional do número de capilares
- dessa maneira, o suprimento de O2 e nutrientes para esse coração hipertrofiado, particularmente para
aquele que esta com sobrecarga de pressão, é mais tênue do que para o coração normal
- além disso, o coração hipertrofiado consome mais O2 (maior demanda metabólica), devido ao aumento
da massa, FC e força de contração.
- como resultado dessas alterações, o coração hipertrofiado é vulnerável a descompensação relacionada a
isquemia, podendo evoluir para IC
- embora a IC do lado esquerdo ou direito possa ocorrer de modo independente, a insuficiência de um lado
(particularmente o esquerdo), resulta em esforço excessivo do outro, provocando insuficiência global
● Cardiopatia isquêmica.
● Hipertensão.
● Doenças das valvas aórtica e mitral.
● Doenças miocárdicas primárias
- os efeitos clínicos e morfológicos da ICC esquerda são decorrentes da congestão passiva (acumulo de
sangue na circulação pulmonar), estase do sangue nas câmaras esquerdas e perfusão inadequada dos
tecidos (levando a disfunção do órgão)
Morfologia
Coração
- os achados incluem infartos do miocárdio, valvas estenóticas ou regurgitantes, até doença miocárdica
intrínseca
- geralmente o VE está hipertrofiado e dilatado (exceto na IC por estenose da valva mitral)
- a função deficiente do VE geralmente causa dilatação secundaria do AE, aumentando o risco de fibrilação
atrial (FA).
Pulmões
- hemácias e proteínas plasmáticas extravasam para o liquido de edema, nos espaços alveolares, sendo
fagocitadas e digeridas pelos macrófagos, que armazenam o ferro da Hb na forma de hemossiderina.
- esses macrófagos que contém hemossiderina (tbm chamados de células da IC) são sinais indicativos de
episódios anteriores de edema pulmonar
- Os derrames pleurais surgem da pressão elevada dos capilares da pleura e da transudação resultante do
líquido na cavidade pleural.
- os sintomas iniciais de IC esquerda estão relacionados a congestão e ao edema pulmonar, podendo ser
bem sutis
- inicialmente, tosse e dispneia podem ocorrer somente com esforço
- a progressão do edema pode causar ortopneia (dispneia ao deitar-se, aliviada ao sentar-se ou ficar de pé)
ou dispneia paroxística noturna (dispneia que geralmente ocorre à noite, tão grave que induz a sensação
de sufocação). Dispneia em repouso pode ocorrer a seguir
- isso leva a retenção de sal e agua, com expansão dos volumes dos líquidos intersticial e intravascular,
exacerbando o edema pulmonar em desenvolvimento
- na ICC bem avançada, a hipoperfusão cerebral provoca encefalopatia hipóxica, com irritabilidade, perda
de atenção e inquietude podendo evoluir p/ estupor e coma
Insuficiência Sistólica:
- definida pela FE insuficiente, podendo ser causada por qualquer distúrbio que danifica e desorganiza a
função contrátil do VE
Insuficiência Diastólica:
- é mais comumente causada pela IC esquerda, uma vez que qualquer aumento na pressão da circulação
pulmonar, de corrente de UC esquerda, produz uma carga do lado direito do coração
- a IC direita isolada não é frequente e normalmente ocorre em indivíduos com distúrbios que afetam o
pulmão (denominada cor pulmonale)
- o cor pulmonale também pode surgir em doenças que acometem a vasculatura pulmonar (ex: TEP), além
de condições que causam vasoconstrição pulmonar
- o aspecto comum desses distúrbios é a hipertensão pulmonar, que causa hipertrofia e dilatação do lado
direito do coração
- Nos casos extremos, o desvio para esquerda do septo interventricular pode até causar a disfunção do
ventrículo esquerdo
Morfologia
Coração
- raramente estão presentes defeitos estruturais (anormalidades das valvas tricúspide e pulmonar) ou
fibrose endocárdica
- uma vez que a IC direita isolada é mais comumente decorrente de doença pulmonar, a maioria dos casos
exibe apenas hipertrofia e dilatação do AD e VD.
- a congestão dos vasos portais e hepáticos induz alterações patológicas no fígado, TGI e baço.
- o fígado aumenta em tamanho e peso (hepatomegalia congestiva) devido à congestão passiva, maior em
torno das veias centrais
- na IC direita de longa duração, as áreas centrais podem tornar-se fibróticas, culminando em cirrose
cardíaca
- A hipertensão portal também causa o aumento do baço com sequestro plaquetário (esplenomegalia
congestiva), e pode contribuir para congestão e edema crônicos da parede do intestino
Espaços Pleural, Pericárdico e Peritoneal
- A congestão venosa sistêmica pode levar ao acúmulo de líquido nos espaços pleural, pericárdico e
peritoneal (ascite)
- grandes derrames pleurais podem causar atelectasia (pois afeta a distensão do pulmão)
- O edema periférico das porções inferiores do corpo, especialmente do tornozelo (pedioso) e pré-tibial, é
uma característica inconfundível da insuficiência cardíaca direita.
- também pode ocorrer anasarca
- a congestão renal é mais acentuada na IC direita, levando a maior retenção de liquido, edema periférico e
azotemia (acumulo de excretas nitrogenadas no sangue) mais pronunciada
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
- o DSA normalmente aumenta apenas os volumes do fluxo de saída, ventricular e pulmonar direitos. Já o
DSV e PCA aumentam o fluxo sanguíneo e a pressão pulmonar
- dependendo do tamanho e localização, esses shunts provocam nenhum sintoma, até IC fulminante
Defeito do Septo Atrial (DSA)
- aberturas anormais, fixas no septo atrial, devido à formação tecidual incompleta, permitindo a
comunicação entre os AD e AE
- geralmente assintomáticos ate a idade adulta
- essa condição não deve ser confundida com forame oval patente (FOP), que representa a falha no
fechamento de um forame que é parte do desenvolvimento normal
- DSA e FOP decorrem de defeitos na formação do septo interatrial. Segue um breve resumo dos estágios
de desenvolvimento dessa estrutura:
Morfologia
- os DSA são classificados de acordo com sua localização
- DSA do tipo secundum (90% dos casos) resultam na formção deficiente do septo segundo próximo ao
centro do septo atrial
- o tipo primum (5%dos casos) ocorre adjacente às valvas AV e estão associados a anormalidades dessa
valva, ou de um DSV
- o tipo sinus venosus está localizado próximo à entrada da veia cava superior e pode estar associado ao
retorno venoso pulmonar anômalo para o AD
Aspectos Clínicos
- Os DSAs acarretam um shunt da esquerda para a direita, em grande parte porque a resistência vascular
pulmonar é consideravelmente menor do que a resistência vascular sistêmica e porque a complacência
(distensibilidade) do ventrículo direito é muito maior que a do esquerdo
- Um sopro frequentemente está presente em decorrência de um fluxo excessivo através da valva
pulmonar e/ou através do DSA
- os DSA geralmente são bem tolerados e não se tornam sintomáticos antes dos 30 anos
- O fechamento (cirúrgico ou por cateter) de um DSA reverte as anormalidades hemodinâmicas e previne
complicações, incluindo a insuficiência cardíaca
CARDIOPATIAS ISQUÊMICAS
- TRH pós-menopausa não protege as mulheres (pode ser prejudicial em alguns casos)
Patogenia
● Uma placa ateromatosa da artéria coronária sofre uma alteração súbita, que consiste em
hemorragia intraplaca, erosão ou ulceração, ou ruptura ou fissura.
● Quando são expostas ao colágeno subepitelial e ao conteúdo necrosado da placa, as plaquetas dão
início aos processos de aderência, ativação, liberação do conteúdo de seus grânulos, e agregação
para formar o microtrombo.
● O vasospasmo é estimulado por mediadores liberados das plaquetas.
● O fator tecidual ativa a via da coagulação, aumentando o volume do trombo.
● Dentro de minutos, o trombo pode se expandir para ocluir completamente a luz do vaso
Resposta do Miocárdio
- a obstrução da coronária diminui o fluxo sanguíneo para uma região do miocárdio, causando isquemia,
rápida disfunção miocárdica e, por fim, morte de miócitos.
Padrões de Infarto
Infarto transmural
- os IM causados pela oclusão de um vaso epicárdico (na ausência de intervenção terapêutica) são
normalmente transmurais
- a necrose afeta praticamente toda a espessura da parede ventricular na distribuição da artéria coronária
afetada
Infarto subendocárdico (não transmural)
- como a zona subendocárdica é a ultima região perfundida do miocárdio, essa é a área mais vulnerável a
qualquer redução do fluxo coronariano
- pode ocorrer em decorrência da ruptura de uma placa seguida por um trombo coronariano que se torna
lisado, antes de a necrose do miocárdio se estender ao longo de toda a espessura da parede
- esse tipo de infarto também pode resultar da redução grave e prolongada da pressão arterial sistêmica
(como ocorre no choque superposto a estenoses coronarianas crônicas)
- no infarto subendocárdico resultante de hipotensão global, o dano ao miocárdio é geralmente
circunferencial, em vez de estar limitado à região irrigada por uma única coronária
Microinfarto multifocal
- Dentro de 10 dias a 2 semanas, ela é margeada por uma zona hiperêmica de tecido de granulação
altamente vascularizado.
- Nas semanas seguintes, a região lesada evolui para uma cicatriz fibrosa.
- fatores associados ao pior prognóstico: idade avançada, gênero feminino, diabetes melito, e IM prévio
As intervenções terapêuticas para o IM incluem:
Apesar dessas intervenções, muitos pacientes apresentam uma ou mais complicações após o IM agudo:
Disfunção contrátil
- Infarto do ventrículo direito 🡪IC direita 🡪 congestão de sangue na circulação venosa 🡪 hipotensão
sistêmica
Arritmias
● bradicardia sinusal,
● fibrilação atrial,
● bloqueio cardíaco,
● taquicardia,
● contrações ventriculares prematuras,
● taquicardia ventricular e
● fibrilação ventricular
Ruptura do miocárdio
- ocorrem quando há necrose transmural de um ventrículo
- elas incluem:
● Ruptura da parede livre ventricular (mais comum), com hemopericárdio e tamponamento cardíaco.
● Ruptura do septo ventricular (menos comum), que leva a um DSV agudo e a um shunt da esquerda
para a direita.
● Ruptura do músculo papilar (a menos comum), que resulta em início agudo de regurgitação mitral
grave.
Aneurisma ventricular
- são limitados pelo miocárdio cicatrizado
- complicação tardia resultante de infartos transmurais grandes que sofreram expansão precoce
- As complicações dos aneurismas ventriculares incluem:
● trombo mural,
● arritmias e
● insuficiência cardíaca;
Pericardite
- Uma pericardite fibrinosa ou fibrino-hemorrágica geralmente desenvolve-se por volta do 2° ou 3° dia
após um infarto transmural, como resultado da inflamação miocárdica subjacente (síndrome de Dressler)
Expansão da área do infarto
Trombo mural
- a combinação entre uma anormalidade local na contratilidade (que causa estase) e um dano endocárdico
(que produz uma superfície trombogênica) pode estimular a trombose mural e, potencialmente, o
tromboembolismo.
ANGINA PECTORIS:
- É uma dor torácica intermitente causada por isquemia miocárdica transitória e reversível.
- a dor é consequência da liberação de adenosina, bradicinina e outras moléculas que estimulam as vias
aferentes autonômicas
1. Angina estável/típica: dor torácica episódica e previsível associada a certos graus de esforço físico ou a
alguma outra demanda aumentada (taquicardia).
MIOCARDIOPATIAS
- a maioria das doenças que afetam o músculo cadíaco resulta de aterosclerose coronariana, hipertensão
ou da doença cardíaca valvar
- outra forma rara é a não compactação do VE, distúrbio congênito caracterizado pelo aspecto esponjoso,
associado com ICC e arritmias
MIOCARDIOPATIA DILATADA
-os “footprints” do ácido nucleico e dos coxsackievírus B podem ser detectados no miocárdio dos pacientes
em estágio final
Miocardiopatia periparto:
- fatores contribuintes incluem HAS, sobrecarga de volume, deficiência nutricional, distúrbios metabólicos
e respostas imunológicos
- clivagem da prolactina pode causar disfunção miocárdica
Sobrecarga de ferro
Morfologia
- coração aumentado, flácido e todas as câmaras estão dilatadas
- em caso de sobrecarga de ferro o acúmulo de hemossiderina é mostrado pelo azul da Prússia, na lâmina
- a morfologia não interfere na gravidade ou prognóstico
Tratamento
- o transplante é o único tto definitivo
- implante de dispositivos de asistência ventricular e longa duração
- o VD está adelgaçado
- infiltação de gordura e fibrose
MIOCARDIOPATIA HIPERTRÓFICA
Patogenia
- causada por mutações de sentido trocado (missense)
- Histologia: hipertrofia acentuada dos miócitos, o desarranjo aleatório dos miócitos e das miofibras e a
fibrose intersticial
Características Clínicas
- hipertrofia maciça do VE que paradoxalmente fornece volume sistólico acentualmente reduzido, como
consequência do enchimento diastólico deficiente e da redução global do tamanho da câmara
- isquemia do miocárdio causada por hipertrofia maciça com aumento das pressões no VE e artérias
intramurais comprometidas
- a maioria dos pacientes melhora com um tto que estimula o relaxamento do ventrículo; a excisão parcial
cirúrgica ou o infarto do músculo septal induzido pelo álcool também podem aliviar a obstrução da via de
saída
- importante causa de morte súbita cardíaca, sendo maior parte em atletas com menos de 35 anos
MIOCARDIOPATIA RESTRITIVA
- diminuição primária da complacência ventricular, que causa enchimento ventricular deficiente durante a
diástole
- a função contrátil (sistólica) do VE não está afetada
- pode ser idiopática ou relacionada a doenças sistêmicas que também afetam o miocárdio (fibrose por
radiação, amiloidose, sarcoidose, ou produtos de erros inatos do metabolismo)
Morfologia
- os ventrículos tem o tamanho normal ou estão ligeiramente aumentados, as cavidades não estão
dilatadas e o miocárdio está enrijecido
- fibrose intersticial
- na biópsia pode ser revelado distúrbio etiológico específico
Amiloidose
- causada por deposição de proteínas extracelulares com tendência a formar b-pregueadas insolúveis
- pode ser sistêmica ou se limitar apenas ao coração (principalmente em caso de amiloidose cardíaca senil)
- a deposição de formas normais de transtiretina no coração de pacientes idosos causa miocardiopatia
restritiva nos idosos
Endomiocardite de Loeffler
- o tto com inibidores da tirosina cinase pode levar à remissão hematológica e reversão das lesões
endomiocárdicas
MIXOMAS
- podem ser pequenos (<1 cm) ou grandes (até 10 cm), sésseis ou pedunculadas
- são compostos por células mixomatosas estreladas e com frequência multinucleadas (hipercromia),
misturadas a células endoteliais, células musculares lisas e/ou fibroblastos
- malformações cardíacas associadas a shunts da direita para a esquerda distinguem-se pela cianose
precoce
- a cianose é causada porque sangue pouco oxigenado vindo do lado direito entra na circulação arterial
- as consequências clínicas da cianose sistêmica grave são: baqueteamento da ponta dos dedos das mãos e
dos pés (osteoartropatia hipertrófica), policitemia e a embolia paradoxal
Tetralogia de Fallot
- é a causa mais comum de cardiopatia congênita cianótica
1. DSV
2. Obstrução da via de saída do ventrículo direito (estenose subpulmonar)
3. Cavalgamento do DSV pela aorta
4. Hipertrofia do ventrículo direito
Morfologia
Características clínicas
- diminuição do fluxo sanguíneo pulmonar e aumento dos volumes aórticos
- a gravidade clínica depende em grande parte do grau de obstrução do fluxo de saída pulmonar
- a medida que a criança cresce e o coração aumenta de tamanho, o orifício pulmonar não se amplia de
modo proporcional, o que leva a uma piora progressiva da estenose funcional
- a correção cirúrgica completa é possível mas é complicada nos casos em que há atresia pulmonar