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Objetivos:
- COMPREENDER as causas e consequências da HAS descompassada (alterações
vasculares, cardíacas, cerebrais e renais);
- ENTENDER o processo de hipertrofia cardíaca (excêntrica e concêntrica);
- DESCREVER os fatores e as doenças pregressas que contribuem para HAS
secundária.
Alterações cardíacas
- O aumento da carga de pressão sobre o coração na HAS descompensada resulta em
hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo, caracterizada pelo aumento da
espessura da parede ventricular sem dilatação da cavidade. Isso é mediado por fatores
de crescimento como o fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1) e o
fator de crescimento transformador beta (TGF-β).
Alterações cerebrais
- A HAS descompensada é um fator de risco importante para o desenvolvimento de
doenças cerebrovasculares, incluindo acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e
hemorrágico.
- As alterações vasculares referidas anteriormente também podem ocorrer nos vasos
cerebrais, levando a obstrução e/ou ruptura dos vasos.
Alterações renais
- A HAS descompensada age através de mecanismos hemodinâmicos e não
hemodinâmicos.
- Mecanismos hemodinâmicos incluem hipertrofia e hiperfiltração glomerular,
enquanto mecanismos não hemodinâmicos envolvem a ativação do sistema renina-
angiotensina-aldosterona (SRAA) e inflamação renal.
Consequências
Alterações vasculares
- Um dos resultados das alterações vasculares é a aterosclerose, onde as artérias se
tornam rígidas e estreitas, aumentando a resistência vascular periférica.
- A aterosclerose ainda pode levar à doença arterial periférica.
Alterações cardíacas
- A hipertrofia ventricular leva a uma redução na complacência ventricular e aumento
da rigidez diastólica, predispondo à disfunção diastólica e, eventualmente, à
insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.
- Além disso, a HAS descompensada aumenta o risco de doença arterial coronariana
devido à sobrecarga crônica do miocárdio e ao desequilíbrio entre a oferta e demanda
de oxigênio no coração.
- A elevação da PA também pode levar a fibrilação atrial e cardiopatias valvares.
Alteração cerebrais
- Algumas das consequências da HAS descompassada no sistema nervoso são os
acidentes vasculares encefálicos (AVE) isquêmico e hemorrágico. No AVE
isquêmico, a obstrução de um vaso sanguíneo cerebral reduz o fluxo sanguíneo para
uma determinada região do cérebro, resultando em necrose tecidual. Já no AVE
hemorrágico, o rompimento de um vaso sanguíneo cerebral leva ao extravasamento de
sangue no tecido cerebral, causando lesões.
- A HAS descompensada também está associada à angiopatia amilóide cerebral, uma
condição em que depósitos de proteína amilóide se acumulam nos vasos sanguíneos
cerebrais, aumentando o risco de hemorragia intracerebral.
- Além disso, a HAS pode resultar em demência e doença de Alzheimer.
Alterações renais
- A HAS descompensada contribui para a progressão da doença renal crônica (DRC).
- A pressão arterial elevada causa danos nos glomérulos renais, levando à proteinúria e
diminuição da taxa de filtração glomerular (TFG). O dano renal progressivo pode
levar à insuficiência renal terminal.
Hipertrofia concêntrica
Com a sobrecarga de pressão resultante do aumento da carga de trabalho do coração,
a força de contração aumenta e, consequentemente, a tensão das paredes cardíacas. Para
suportar a tensão (lei de Laplace), os miócitos iniciam o processo de hipertrofia, alterando
somente a sua espessura, mas não o comprimento, e os sarcômeros são dispostos em paralelo.
Isso resulta em um espessamento da parede cardíaca sem aumento da câmara, bastante
comum na hipertensão.
Hipertrofia excêntrica
Se as mudanças acima não surtirem efeito após algum tempo, os miócitos podem se
hipertrofiar de uma outra forma. Eles aumentam o seu comprimento e os sarcômeros são
dispostos em série. Dessa forma, ocorre uma dilatação do ventrículo para receber o volume
de sangue que não é ejetado.
Fatores e causas
Hipertensão renal
Com o papel dominante assumido pelo rim na regulação da pressão arterial, não
surpreende que a maior causa isolada de hipertensão secundária seja a doença renal.
A hipertensão renovascular se refere à hipertensão causada pela redução do fluxo
sanguíneo renal e pela ativação do mecanismo da renina-angiotensina-aldosterona. É a causa
mais comum de hipertensão secundária, sendo responsável por 1 a 2% de todos os casos de
hipertensão.
Como consequência da diminuição do fluxo sanguíneo renal observada com a doença
renovascular, o rim afetado libera quantidades excessivas de renina, aumentando os níveis
circulantes de angiotensina II. A angiotensina II, por sua vez, atua como um vasoconstritor
para o aumento da RVP, e como um estímulo para o aumento dos níveis de aldosterona e da
retenção de sódio pelo rim. Um ou ambos os rins podem estar afetados.
Com o envolvimento da artéria renal de um dos rins, o rim não afetado fica sujeito aos
efeitos deletérios da elevação da pressão arterial.
Diminuição na formação de urina, retenção de sal e água, além de hipertensão,
incluem as complicações comuns dos distúrbios renais agudos, como glomerulonefrite aguda,
insuficiência renal aguda e obstrução aguda do trato urinário.
A hipertensão também ocorre comumente com pielonefrite crônica, doença renal
policística, nefropatia diabética e doença renal em estágio terminal. Em idosos, um início
súbito de hipertensão secundária com frequência está associado à doença aterosclerótica dos
vasos sanguíneos renais.
Feocromocitoma
O feocromocitoma é um tumor do tecido cromafínico, o qual contém células nervosas
simpáticas que são coradas com sais de cromo e liberam catecolaminas. O tumor está mais
comumente localizado na medula da suprarrenal, mas pode surgir em outros locais, como os
gânglios simpáticos, onde existe tecido cromafínico. Embora seja rara, a presença de um
feocromocitoma pode causar crises hipertensivas sérias.
Coarctação da aorta
A coarctação da aorta é uma condição congênita envolvendo um estreitamento na área
do arco aórtico. O estreitamento aórtico aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo e isso eleva
a pressão no ventrículo esquerdo, em uma tentativa de superar a resistência.
Como as artérias subclávias tipicamente têm origem acima do ponto de estreitamento,
o resultado é o desenvolvimento de hipertensão nos membros superiores e uma pressão
arterial normal ou baixa nos membros inferiores.
Anticoncepcionais orais
O uso de anticoncepcionais orais é uma causa comum de hipertensão secundária em
mulheres jovens. A causa do aumento da pressão arterial não está muito clara, embora haja
indícios de que a causa provável seja a expansão do volume, uma vez que tanto os
estrogênios quanto as progesteronas sintéticas contidas nas pílulas anticoncepcionais orais
causam retenção de sódio.