Você está na página 1de 10

CRISTINA SAEMY ICERI

EDINETE HOLANDA SILVA SILVANO


MARCOS HENRIQUE GONÇALVES
MARIA DO CARMO GOMES DE OLIVEIRA
TAIANARA DE OLIVEIRA
WALDENIR JOSÉ DE BARROS

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA – HAS

DEFINIÇÃO

Doença crônica determinada por elevados e sustentados níveis de pressão


sanguínea nas artérias, o que faz com que o coração tenha que exercer um esforço
maior do que o normal para fazer circular o sangue através dos vasos sanguíneos.
É considerada alta quando a pressão sistólica (em momento de contração) for
maior ou igual a 140 mmHg (milímetros de Mercúrio), e pressão diastólica (de
dilatação) maior ou igual a 90 mmHg. Ou seja, 14 x 9 é considerada pressão alta.
Pode ser definida como HAS primária ou secundária, de acordo com sua etiologia.

ETIOLOGIA

Hipertensão arterial essencial (primária) - sem causa definida


(idiopática) - 95% dos pacientes.

Embora não se saiba sua causa exata, sabe-se que pode ser causada por
múltiplos fatores genéticos e de hábitos de vida.
O aumento da absorção de sal pelos rins, uma resposta exacerbada dos
vasos sanguíneos a estímulos nervosos mediados por neurotransmissores, como a
adrenalina, e uma perda de elasticidade das artérias que as deixam mais rígidas,
são alguns dos mecanismos responsáveis pelo aumento da pressão arterial na
hipertensão primária.
A hipertensão essencial geralmente aparece de forma gradual, piorando com
o passar dos anos. Ainda não se sabe por que estas alterações surgem em
determinadas pessoas, mas já é possível identificar alguns fatores de risco para a
hipertensão essencial:
Afrodescendência: negros têm maior incidência de HAS, iniciando mais
cedo na vida e com complicações mais numerosas e mais graves ao longo dos
anos;
Genética: história familiar - quanto mais parentes portadores de pressão alta
você tiver, maiores são suas chances de também desenvolver a doença;
Consumo de sal - cloreto de sódio: mais de seis gramas de sal por dia - O
sal aumenta a pressão arterial por induzir duas alterações nos vasos sanguíneos: 1)
aumenta o volume de líquidos dentro dos vasos; 2) o sódio age diretamente nas
paredes das artérias, causando uma constrição das mesmas (diminuição do
diâmetro), levando a um aumento da resistência (pressão) à passagem do sangue e
uma menor capacidade de vasodilatação;
Obesidade: IMC = peso/altura ao quadrado > ou = a 30 - até seis vezes mais
chances de apresentarem HAS. A circunferência abdominal, medida na linha do
umbigo, também é fator de risco; quanto maior, maior o risco;
Consumo de álcool: consumo diário de duas ou mais doses de álcool por dia
- dois copos de vinho ou de cerveja - aumenta em duas vezes o risco de HAS.
Quanto maior o volume ingerido, maior o risco;
Idade: ao longo dos anos, os vasos sanguíneos vão passando por um
processo chamado arteriosclerose, em que a parede das artérias vai endurecendo,
fazendo com que as mesmas percam elasticidade e capacidade de se acomodar
com as variações da pressão arterial. A hipertensão do idoso é tipicamente sistólica,
isto é, a pressão máxima (pressão sistólica) fica alta e a pressão mínima (pressão
diastólica) fica baixa;
Colesterol elevado: aumenta a deposição de gordura nas artérias, um
processo chamado de aterosclerose, que leva à HAS;
Sedentarismo: A prática regular de exercícios diminui os níveis circulantes de
adrenalina, que causa constrição das artérias, e aumenta a liberação de endorfinas
e óxido nítrico, que causam vasodilatação, o que é excelente na prevenção da
doença. O sedentarismo também contribui para o sobrepeso e aumento do
colesterol;
Tabagismo: O cigarro provoca um aumento imediato da pressão arterial pela
ação vasoconstritora da nicotina, além de acelerar o mecanismo da arteriosclerose,
tornando os vasos duros e rígidos. O fumo passivo também é fator de risco para
hipertensão arterial;
Anticoncepcionais orais (ACO): A pílula anticoncepcional geralmente
aumenta discretamente a pressão arterial, porém, há mulheres, principalmente
fumantes com mais de 25 anos, que os ACO podem causar hipertensão.

Hipertensão arterial secundária (5% dos pacientes):

Diferentemente da hipertensão essencial, em que há fatores de risco


identificados, mas sem uma causa claramente estabelecida, a hipertensão
secundária tem uma causa bem definida. Neste caso, a pessoa tem uma doença
que leva à hipertensão. Algumas doenças que podem causar hipertensão
secundária:
Insuficiência renal crônica: uma das principais causas de hipertensão
secundária. Quando os rins começam a falhar, o corpo começa a ter dificuldade em
excretar o excesso de sal e líquidos consumidos, o que provoca um aumento da
pressão arterial. Cerca de 85% dos pacientes com insuficiência renal crônica têm
hipertensão. É importante lembrar que o oposto também pode ocorrer, isto é, a HAS
(por outra causa) levar à insuficiência renal.
Glomerulonefrite: os glomérulos possuem os filtros que "limpam" o sangue.
Glomerulonefrite é o grupo de doenças que causam inflamação dos glomérulos. Há
várias doenças que provocam glomerulonefrite e quase todas apresentam
hipertensão como parte dos sintomas.
Rins policísticos: os cistos expandidos aumentam a liberação do hormônio
renina, que causa uma maior absorção de sódio nos túbulos renais e aumenta, por
consequência, o risco de hipertensão. Indivíduos com rins policísticos podem ter
hipertensão mesmo quando não apresentam ainda transformações detectáveis da
função renal.
Estenose da artéria renal: Estenose é um estreitamento de uma artéria. A
estenose da artéria renal reduz o aporte sanguíneo para o rim. Como a pressão
sanguínea que chega ao rim está muito baixa, o rim reage como se a pressão
estivesse baixa em todo corpo e começa a reter mais sal e líquidos para compensar
essa falsa hipotensão.
Feocromocitoma: É um tumor maligno da glândula suprarrenal, que produz
adrenalina. A hipertensão pode ser causada por este excesso de adrenalina;
Aldosteronismo primário: Normalmente é causado por um tumor benigno da
suprarrenal ou por um crescimento anormal da glândula. Leva à hipertensão devido
ao aumento da produção do hormônio aldosterona, que atua no rim aumentando a
absorção de sódio nos túbulos renais;
Síndrome de Cushing: Doença causada por corticoides em excesso no
organismo, tanto por aumento da sua produção pela glândula suprarrenal como por
ingestão de corticoides sintéticos em excesso para tratamento de algumas doenças;
Apneia obstrutiva do sono: Ocorre sobretudo em obesos caracteriza-se por
períodos de apneia (interrupção da respiração) durante o sono. Metade dos
pacientes apresenta hipertensão que costuma estar mais elevada no período da
manhã, ao contrário do que ocorre em outras causas de hipertensão.
Causas renovasculares: aterosclerose, hiperplasia fibromuscular, poliarterite
nodosa;
Causas neurológicas: aumento de pressão intracraniana, quadriplegia,
porfiria aguda, disautonomia familiar;
Outras causas endócrinas: acromegalia, hipotireoidismo, hipertireoidismo,
hiperparatireoidismo, uso de hormônios exógenos;
Exógenas: abuso de álcool, nicotina, drogas imunossupressoras, intoxicação
por metais pesados;
Estresse agudo: cirurgias, hipoglicemia, queimaduras, abstinência alcoólica,
pós-parada cardíaca, perioperatório;
Hipertensão gestacional:
Outras causas: insuficiência aórtica, fístula arteriovenosa, tireotoxicose,
doença Paget e beribéri (hipertensão sistólica).

SINAIS/SINTOMAS

A hipertensão ou também conhecida como “pressão alta” merece cuidados,


pois a doença pode levar a outras consequências mais graves.
A pressão arterial é responsável por empurrar o sangue bombeado pelo
coração pelas artérias, levando o suprimento necessário aos demais órgãos.
Quando a pressão está alta, o coração faz mais força para bombear o sangue e com
isso pode causar alguns sinais e sintomas como, por exemplo: dor na região da
nuca, visão embaçada, cansaço, tonturas, sangramento no nariz, náusea, vômitos,
retenção de líquido (inchaço). Embora seja uma doença silenciosa esses sinais e
sintomas são um alerta de que algo não anda bem.
Em situações mais graves, num grau mais avançado, surgem algumas
doenças como o AVC (acidente vascular cerebral), a insuficiência cardíaca (coração
grande) e a insuficiência renal que pode evoluir para a paralisação dos rins.
O AVC acontece quando o suprimento do sangue que vai para o cérebro é
interrompido ou muito reduzido, dificultando o oxigênio para as células ou quando o
vaso sanguíneo se rompe, causando uma hemorragia cerebral que está ligada a
hipertensão arterial pela dificuldade do fluxo sanguíneo nas artérias do cérebro ou a
falta de circulação vascular nessa região.
A insuficiência renal também está relacionada à pressão alta, onde os rins
são afetados e podem ser também culpados pelo aumento dessa pressão. Com a
pressão alta aumentada o coração faz um esforço ou uma força maior para bombear
o sangue e com isso resulta em lesões nas paredes das artérias, isso também vale
para os rins pois essa pressão afeta as artérias renais que passa a perder sua
função de excreção. Por excretar pouco, aumenta o volume de líquido e com isso
colabora com o aumento da pressão arterial, em casos mais graves leva a
paralisação desse órgão e consequentemente danos muito mais graves ao
organismo como um todo.

Retinopatia por hipertensão

A retinopatia por hipertensão arterial chega silenciosamente. Infelizmente, as


fases iniciais podem ser assintomáticas, não apresentando sinais nem sintomas
específicos. Mas o exame de fundo de olho é fundamental para identificar a doença
e um possível tratamento preventivo das complicações mais graves relacionadas às
fases mais avançadas da doença. Um caminho para evitar a retinopatia é prevenir a
hipertensão.

Hipertensão e catarata

A hipertensão arterial também é responsável pelo aumento nos casos de


outras doenças oculares, como por exemplo, a catarata. No que se cons titui na
perda de transparência da lente natural do olho (cristalino), onde dificulta a entrada
de luz nos olhos e, assim, diminui a visão caracterizando a catarata. Essas
alterações no funcionamento da visão podem ocasionar pequenas modificações
visuais que não tratadas pode evoluir a um esta do de hipermaturação, podendo
alterar a pressão intraocular levando a uma atrofia glaucomatosa total do nervo
óptico. Mas a ocorrência da catarata não está associada apenas à hipertensão.
“Apesar de ter uma incidência muito maior acima dos 60 anos, antes disso uma
pessoa pode ter catarata, por uso de medicamentos ou até mesmo a diabetes.

ALTERAÇÕES VISUOCULARES

A hipertensão arterial é responsável por causar alterações na vascularização


de algumas regiões do globo ocular, incluindo a retina. Estas podem ser
classificadas em angiopatia (doenças do aparelho vascular), retinopatia e
neuroretinopatia. Casos leves podem não apresentar manifestações no exame
visual, pode apenas apresentar discreta estenose das artérias retinianas
(estreitamento das artérias). Porém, com a persistência do processo, poderá ocorrer
isquemia ou até necrose vascular e dilatação com extravasamento de plasma. Já
nos casos mais avançados, as oclusões vasculares, hemorragias e regiões de
infarto retiniano. Daí a importância dos exames oftalmológicos de rotina.

Alterações visuoculares da hipertensão

• Os vasos sanguíneos que irrigam a retina são afetados, ficam mais


finos e mais rígidos, isso impede a chegada de sangue, nutrientes e oxigênio à retina
e pode causar hemorragias na região.
• Além da perda importante da visão há ainda um aumento do risco de
complicações, como o descolamento de retina.
• Sensibilidade à luz
• Dores de cabeça devido o esforço maior para enxergar
• Manchas algodonosas exsudatos moles (pontos brancos) e
exsudatos duros (pontos amarelos)
• Modificações vasculares
• Edema de disco óptico (papiledema)
• Hemorragias retinianas
• Micro-aneurismas – oclusão capilar (pontos vermelhos)
• Cruzamento arteriovenoso
• Tortuosidade
• Artérias em fio de prata e fio de cobre
• Sinal de Gunn (afinamento próximo da veia)
• Sinal de Sallus (mudança de trajeto)

Compressão arteriovenosa

Edema de papila, exsudatos duros e moles e hemorragias

Estreitamento arteriolar difuso grave (artérias em fio de prata)


Conduta do Optometrista nos casos de HIPERTENSÃO ARTERIAL

O Comitê Norte-Americano para detecção, avaliação e tratamento da pressão


arterial elevada, propõe uma classificação para adultos a partir de 18 anos de idade
(tabela 1), assim como estabelece valores para o limite superior de normalidade para
crianças e adolescentes (tabela 2).

Tabela 1

Classificação Sistólica Diastólica


Normal < 130 < 85
Limítrofe 130 a 139 85 a 89
Hipertensão
Estágio 1 (leve) 140 a 159 90 a 99
Estágio 2 (moderada) 160 a 179 100 a 109
Estágio 3 (grave) 180 a 209 110 a 119
Estágio 4 (gravíssima) > 210 > 120

Tabela 2

Grupo Etário Sistólica Diastólica


Até 2 anos 112 74
3 a 5 anos 116 76
6 a 9 anos 122 78
10 a 12 anos 126 82
13 a 15 anos 136 86
16 a 18 anos 142 92

O conhecimento destas tabelas pelo optometrista, ajuda a identificar possíveis


casos de hipertensão arterial e saber em qual estágio o paciente se encontra.
Outro fator de conhecimento importante são os achados fundoscópico das
alterações hipertensivas que são a vasoconstrição – que pode ser difusa ou
localizada – e a exsudação. A vasoconstrição generalizada, eventualmente a mais
difícil de ser observada, é responsável, ao longo do tempo, por uma alteração na
relação do calibre arteríola-vênula, que é normalmente de 2/3. Manchas
algodonosas podem aparecer devido a obstrução pré-capilar. O aumento da
permeabilidade vascular, por sua vez, ocasiona o aparecimento de hemorragias,
edema de retina e exsudatos ditos duros. Tais exsudatos, quando depositados em
torno da fóvea, podem adquirir a forma de uma estrela – maculopatia em estrela. O
extravasamento da papila óptica é bastante sugestivo de hipertensão maligna.

Classificação do Quadro Fundoscópico na Hipertensão Arterial

Podemos citar duas importantes classificações:


1ª – Keith-Wagner-Barker – que é dividida em 4 grupos:
I – Constrição mínima das arteríolas retinianas, com alguma tortuosidade,
geralmente associado a quadros de hipertensão arterial leve;
II – As alterações do grupo I, acrescidas de estreitamento vascular mais
definido;
III - Inclui as alterações dos grupos I e II, aparecendo já hemorragias e
exsudatos, além de áreas de vasoconstrição mais acentuada e manchas
algodonosas. Aqui já pode encontrar quadros de envolvimento cardíaco, cerebral ou
renal.
IV – Todas as anteriores associadas a papiledema. As alterações sistêmicas
são as mais graves.

Outra classificação, talvez mais frequentemente utilizada na prática, é a de


Sheie, que separa as alterações de hipertensão e as de arteriosclerose:
Estágio 0 - O paciente já tem diagnosticada a hipertensão arterial sistêmica,
mas nenhuma alteração fundoscópica.
Estágio I - Estreitamento arteriolar difuso, sem alterações focais.
Estágio II - Estreitamento arteriolar difuso mais acentuado, já com
aparecimento de algumas áreas de estreitamento focal.
Estágio III - Estreitamento arteriolar mais acentuado ainda, tanto difusa
quanto focalmente. Já podem aparecer hemorragias retinianas.
Estágio IV - Todas as alterações anteriores, acrescidas de edema de retina,
exsudatos duros e papiledema.
As alterações arterioscleróticas seriam, por sua vez, classificadas nos
seguintes estágios:
Estágio 0 - Normal
Estágio I - Alargamento do reflexo arteriolar, com mínima ou nenhuma
compressão arteriolar.
Estágio II - Alterações do estágio I, porém mais proeminentes.
Estágio III - As arteríolas adquirem um aspecto de fio de cobre e a
compressão arteriolovenular é maior.
Estágio IV - As arteríolas adquirem um aspecto de fio de prata e a
compressão arteriolovenular é ainda maior.

O optometrista tendo os conhecimentos práticos destas informações, ao


deparar com algumas destas situações, terá a tranquilidade de saber tomar as
decisões corretas e fazer as anotações necessárias numa anamnese. Também
saberá a qual especialista deverá ser encaminhado o paciente que apresentar estes
quadros.

REFERÊNCIAS

CAUSAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. Fonte: medicoresponde.com.br.


Disponível em: <https://medicoresponde.com.br/quais-as-causas-da-hipertensao-
arterial/>. Acesso em: 29/03/2019.

FUNDO DE OLHO. Fonte: www.medicinanet.com.br. Disponível em:


<http://www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/3231/4_exames_de_fundo_de_olh
o.htm>. Acesso em: 28/02/2019.

HIPERTENSÃO ARTERIAL. Fonte: www.pfizer.com.br. Disponível em:


<https://www.pfizer.com.br/sua-saude/hipertensao-arterial>. Acesso em: 29/03/2019.

JACOMINI, CZ; HANNOUCHE, RZ. Retinopatia Hipertensiva. Disponível em:


<http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/8-3/retinopatia.pdf>. Acesso em
28/02/2019.

KANSKI, Jack J. Oftalmologia Clínica - 6ª Edição 2008 – Elsevier

KARA-JOSÉ, Newton; ALMEIDA, Geraldo Vicente de. Senilidade Ocular – São


Paulo/SP: Roca, 2001, CBO, pp 10 e 11.

Você também pode gostar