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BATIMENTOS CARDÍACOS
ANATOMIA
O coração é composto por 3 tipos de músculos: músculo atrial,
músculo ventricular e fibras excitatórias e condutoras.
Os músculos atrial e ventricular se contraem semelhante ao
músculo esquelético, mas com duração muito maior. Já as fibras se
contraem fracamente, por conterem poucas fibras contráteis. Elas
possuem descargas elétricas rítmicas – ou potenciais de ação – que
controlam o ritmo do batimento cardíaco.
Contração do músculo esquelético/cardíaco
Sarcômero: filamentos finos e grossos que se sobrepõem
parcialmente.
A contração deve-se ao deslizamento dos filamentos uns sobre os
outros.
A ATP liga-se à ATPase das cabeças de miosina. Ca2+ combina-se
com a unidade TnC da troponina, o que muda a configuração
espacial das 3 subunidades de troponina e empurra a molécula de
tropomiosina mais para dentro do sulco da hélice de actina. A
miosina e a actina interagem. ATP libera ADP, Pi (fosfato) e energia.
Ocorre, então, deformação da cabeça e de parte do bastão da
miosina. O movimento da cabeça da miosina empurra o filamento
de actina, promovendo seu deslizamento sobre o filamento de
miosina. A miosina, por sua vez, só retorna ao seu formato primitivo
após se ligar novamente com ATP.
Histologia do músculo cardíaco
Endocárdio: envolve todo o coração;
Miocárdio: tecido muscular estriado cardíaco. Contém miofibrilas
com filamentos de actina e miosina. As células são alongadas e
ramificadas e entre elas há junções: os discos intercalares;
Epicárdio: Tecido adiposo. Visto principalmente na base do
coração.
O saco é formado por pericárdio fibroso e seroso.
As células do miocárdio têm caráter sincicial (a conexão dessas
células permite que haja influxo de íons de uma célula a outra, de
forma que o impulso seja passado durante a polarização e
despolarização), ou seja, são células individuais, mas que são
conectadas entre si pelos discos intercalares. Nesses discos, há
junções gap que permitem a passagem de potenciais de ação pela
difusão de íons.
Valvas: Ambas funcionam mantendo o fluxo cardíaco
unidirecional;
o Valvas atrioventriculares (tricúspide e mitral): evitam o refluxo
de sangue dos ventrículos para os átrios. Se abrem e se
fecham passivamente de acordo com o gradiente de pressão;
o Valvas semilulares (aórticas e pulmonares): evitam o refluxo
de sangue das artérias para os ventrículos.
Sistema Cardiovascular
Tem como função regular a pressão sanguínea arterial, regulação
da temperatura corporal, etc.
Artérias: função de levar o sangue originado para os órgãos e
periferias. Possuem parede espessa, tecido elástico e bem
desenvolvido. Suportam altas pressões (volume “estressado”);
Arteríolas: São os menores ramos das artérias;
Veias: São vasos que possuem alta capacitância, ou seja,
capacidade de armazenar sangue em grande quantidade em
baixas pressões (volume não estressado);
Vênulas: Assim como os capilares, possuem a parede fina.
Potencial de Ação do músculo cardíaco
Trata-se de uma ativação elétrica para que o ventrículo seja uma
bomba, ou seja, para haver contração (despolarização).
Essa ativação elétrica normalmente é originada no Nodo Sinoatrial
(NSA), que após o início da PA, irá seguir uma sequência
cronometrada por todo o músculo cardíaco. Essa sequência é de
extrema importância, pois é necessário que os átrios sejam
contraídos antes (1/6 segundo antes) que os ventrículos.
Sequência de passagem do PA:
o NSA: serve como um “marcapasso” natural, que dá o início da
ativação elétrica. As fibras desse nodo possuem capacidade
de autoexcitação devido ao vazamento de íons Na + para
dentro das células;
o Nodo atrioventricular: apresenta uma condução mais lenta
que em outros tecidos, por isso assegura tempo necessário
para que os ventrículos se encham antes de serem
contraídos;
o Feixe de His (comum);
o Feixe de His (ramos direito e esquerdo);
o Fibras de Purkinje.
Fases do PA:
o Fase 0 - curso ascendente: é a fase de despolarização rápida,
que é causada pelo aumento de íons Na+ para dentro da
célula;
o Fase 1 – repolarização inicial: fechamento das comportas de
Na+ e aumento da saída de K+ para fora da célula;
o Fase 2 – platô: ocorrência de um longo período de potencial
de membrana despolarizado e estável nas fibras ventriculares
e de Purkinje. Para que isso ocorra, é necessário que as
correntes de efluxo e influxo de Na+ e K+ sejam iguais. E para
isso, há aumento na condutância de Ca2+ (corrente lenta de
influxo). Portanto, há abertura dos canais de Ca2+;
o Fase 3 – repolarização rápida: correntes maiores de efluxo de
K+ do que as de influxo. Há diminuição de Ca2+e aumento de
K+;
o Fase 4 - potencial de membrana em repouso: estabilidade de
influxo e efluxo.
Ciclo Cardíaco
É o conjunto de eventos cardíacos que ocorre do início até o fim de
um batimento cardíaco. Inicia-se pela PA no NSA.
Os átrios são considerados bomba de escorva, pois de contraem
antes e bombeiam sangue para os ventrículos antes da contração
ventricular;
Sístole: período de contração e de esvaziamento;
Diástole: período de relaxamento e enchimento.
A duração do ciclo cardíaco é inversamente proporcional à
frequência cardíaca (FC). Quando há aumento da FC, há
diminuição do ciclo cardíaco, além de diminuição da duração da
PA e do período de sístole (contração). Ou seja, quando o coração
está com a frequência muito alta, ele não permanece relaxado
tempo suficiente para que todas as câmaras encham por completo
antes da próxima contração.
Frequência Cardíaca
O sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) atuam
no ajuste da FC para a manutenção da homeostase;
A variabilidade da FC é condicionada por vários fatores: idade,
sexo, capacidade funcional, enfermidades.
O que é preciso avaliar:
o Frequência do pulso – número de batimentos por minuto
(BPM);
o Volume (intensidade de pressão) – forte e cheio/fraco e fino;
o Ritmo (regularidade do intervalo): regular ou irregular;
o Valores normais: 60 a 100 BPM.
Terminologia:
o Bradicardia: FC abaixo do valor normal (60BPM);
o Taquicardia: FC acima do valor normal (100BPM);
o Taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico;
o Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico.
CORAÇÃO DE ATLETA: HIPERTROFIA CARDÍACA
Hipertrofia cardíaca
Constitui-se num mecanismo adaptativo do coração em resposta a
um aumento de sua atividade ou de sobrecarga funcional. Pode-se
dizer que esta adaptação pode se dar em resposta a:
o Aumento da necessidade metabólica que impõe um
aumento do débito cardíaco (DC) (volume de sangue ejetado
por minuto, é a intensidade com que o sangue é bombeado
pelos ventrículos). Condição observada devido a exercícios
físicos e/ou induções hormonais (tiroxina, isoproterenol);
o Aumento de carga pressórica ou de volume, condição
observada como resposta adaptativa a condições
patológicas, como a hipertensão arterial, estenose
(estreitamento da valva aorta) e etc;
o Mecanismos intrínsecos de natureza genética.
O resultado desse aumento de trabalho do coração traduz-se num
aumento de massa cardíaca devido ao crescimento dos miócitos
(célular que constituem o músculo).
Tipos de hipertrofia
o Hipertrofias concêntricas: aumento da massa ventricular
devido ao aumento da espessura da parede e redução dos
diâmetros cavitários (ventrículo desenvolve-se em alta
pressão). Ocorre com o aumento de resistência à ejeção ou à
sobrecarga de pressão;
Crescimento dos miócitos pela adição de sarcômeros em
paralelo (aumento da seção transversa);
Força proporcional;
Velocidade inversamente proporcional;
Uso da força (judô, levantamento de peso).
O ELETROCARDIOGRAMA NORMAL
Quando o impulso cardíaco passa através do coração, uma
corrente elétrica também se propaga do coração para os tecidos
adjacentes que o circundam. Pequena parte da corrente se
propaga até a superfície do corpo. Se eletródios forem colocados
sobre a pele, em lados opostos do coração, será possível registrar
os potenciais elétricos gerados por essa corrente: esse registro é
conhecido como eletrocardiograma (ECG).
Características do eletrocardiograma normal
• Composição: onda P, complexo QRS e onda T.
• Onda P: produzida pelos potenciais elétricos gerados
quando os átrios se despolarizam, antes de a contração atrial
começar.
Complexo QRS: produzido pelos potenciais gerados
quando os ventrículos se despolarizam, antes de sua
contração.
Onda T: produzida pelos potenciais gerados enquanto os
ventrículos se restabelecem do estado de despolarização, ou
seja, onda de repolarização.
CÉLULAS DO SANGUE
Sangue
• Movimento regular e unidirecional;
• Compartimento fechado: sistema circulatório;
• Constitui 7% do peso corporal de um indivíduo (aprox.. 5L);
• Mistura heterogênea;
• Formado por glóbulos sanguíneos + plasma;
• Os glóbulos sanguíneos são os eritrócitos ou hemácias, as
plaquetas (fragmentos do citoplasma dos megacariócitos da
medula óssea) e diversos tipos de leucócitos ou glóbulos
brancos;
• Eritrócitos = 35% a 50% do volume sanguíneo; leucócitos =
1%;
• Função: transporte, além de papel regulador;
• Diapedese: saída ativa de leucócitos do sistema circulatório
por movimentos ameboides;
Composição do plasma
• Plasma é uma solução aquosa contendo proteínas
plasmáticas, sais inorgânicos, aminoácidos, vitaminas,
hormônios e glicose;
• Principais proteínas: albuminas (manutenção da pressão
osmótica, logo sua deficiência causa edema generalizada);
alfa, beta e gamaglobulinas (anticorpos, também chamadas
de imunoglobulinas); lipoproteínas; proteínas envolvidas na
coagulação do sangue (ex.: protrombina, fibrinogênio...);
Eritrócitos
• Anucleados;
• Contêm grande quantidade de hemoglobinas, ou seja,
proteínas transportadoras de O2 e CO2;
• A forma bicôncava facilita as trocas de gases; Proteínas
envolvidas: espectrina, anquirina, actina, proteína 4.1 e
banda 3;
• Não saem do sistema circulatório;
• São acidófilos: coram-se pela eosina;
• Formados na medula óssea vermelha;
• Reticulócitos: eritrócitos imaturos;
• A hemoglobina (proteína conjugada com ferro) é formada
por 4 subunidades, cada uma contendo um grupo heme
(derivado porfirínico que contém Fe) ligado a um
polipeptídio. Existem hemoglobinas A1, A2 e F, devido a
variações nas cadeias peptídicas;
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 4 a 5,4mm3 em
mulheres; 4,6 a 6mm3 em homens.
Leucócitos
• Função: proteger o organismo contra infecções;
• Produzidos na medula óssea ou em tecidos linfoides e
permanecem temporariamente no sangue;
• Classificados em dois grupos:
o Granulócitos: apresenta núcleo irregular e grânulos
específicos envoltos por membrana. São divididos em:
neutrófilos, eosinófilos e basófilos;
o Agranulócitos: núcleo regular e não forma grânulos.
São divididos em: linfócitos/// e monócitos.
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 4500mm3 a
11500mm3;
• Quando os indivíduos são invadidos por micro-organismos,
os leucócitos são atraídos por quimiotaxia, isto é, por
substâncias originadas dos tecidos, do plasma sanguíneo, de
outros leucócitos e dos micro-organismos que provocam nos
leucócitos uma resposta migratória, dirigindo-se estas células
para os locais onde existe maior concentração dos agentes
quimiotáticos.
Neutrófilos
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 2300 a
8100mm3;
• Célula em estado final de diferenciação;
• Função: fagocitose de bactérias e fungos;
• Possui núcleos formados por 2 a 5 lóbulos;
• Grânulos azurófilos (lisossomos) contém proteínas e
peptídeos destinados à digestão e morte de micro-
organismos;
• Os grânulos específicos, além de apresentar enzimas
importantes no combate a micro-organismos, também
tem componentes para reposição de membrana e auxiliam
na proteção da célula contra agentes oxidantes;
• Grânulos atípicos ou vacúolos no citoplasma podem
sugerir condições patológicas, como infecções
bacterianas e inflamações sistêmicas.
Eosinófilos
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 0 a 400ml;
• Núcleo bilobulado;
• Granulações ovoides que se coram pela eosina;
• Função: defesa contra helmintos parasitos, modulação do
processo inflamatório, participação em reações alérgicas e
ação antiviral;
• Digerem complexos antígeno-anticorpo que aparecem
em casos de alergia.
Basófilos
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 0 a 100ml;
• Função: liberação de histamina e outros mediadores da
inflamação, participação em reações alérgicas,
imunomodulação de linfócitos T;
• Núcleo, em geral, com aspecto de letra S;
• Seus grânulos contêm histamina e heparina, além de
receptores para a imunoglobulina E (IgE);
• Secretam citocinas (IL-4, IL-3, entre outras) e leucotrienos
(mediadores inflamatórios);
• Ação imunomoduladora;
• Basofilia: aumento persistente de basófilos no sangue.
Pode estar associado a leucemia mieloide crônica,
hipotireoidismo ou doença renal.
Linfócitos
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 800 a 4800ml;
• Função: Defesa imunológica do organismo = B (diferenciação
em plasmócitos, células produtoras de anticorpos), T
(destruição de células infectadas, modulação da atividade de
outros leucócitos), NK (destruição de células tumorais e de
células infectadas por vírus);
• Os linfócitos voltam do tecido para o sangue, recirculando
continuamente;
• Linfocitose: aumento de linfócitos no sangue. Geralmente
está associado a infecções virais;
• Linfopenia ou linfocitopenia: número reduzido de linfócitos.
Associado a terapia farmacológica prolongada ou
imunodeficiência.
Monócitos
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 90 a 1300ml;
• Há muitas mitocôndrias pequenas e o complexo de golgi
é grande;
• Monocitose: aumento do número de monócitos
circulantes. Pode sinalizar uma doença hematológica,
infecção causada por alguns tipos de bactérias e parasitos
ou doença autoimune;
• Macrófago: estágio avançado do monócito. A
transformação ocorre após a entrada em órgãos.
• Função: diferenciação em macrófagos teciduais, que
fagocitam, matam e digerem protozoários, certas
bactérias, vírus e células senescentes;
Plaquetas
• Também chamadas de trombócitos;
• Quantidade normal em um indivíduo adulto: 150.000 a
450.000ml;
• Anucleados;
• Função: promovem a coagulação do sangue e auxiliam na
manutenção das paredes dos vasos sanguíneos, evitando a
perda de sangue;
• Aglutinação: grupo de plaquetas;
• Possuem um sistema de canais que facilitam a liberação de
moléculas ativas que são armazenadas nas plaquetas;
• Os grânulos alfa contêm fibrinogênio e fator de crescimento
plaquetário, que estimulam as mitoses no músculo liso dos
vasos sanguíneos e a cicatrização das feridas; os grânulos
densos armazenam ADP e ATP; os grânulos delta contêm
serotonina;
• Proteínas encontras: actina, miosina, trombostenina, fator
estabilizador de fibrina, fator de crescimento;
• Possui grande reserva de íons cálcio;
• Possuem sistemas enzimáticos que sintetizam
prostaglandinas;
• A membrana possui glicoproteínas que impedem a adesão
da plaqueta na parede endotelial e auxilia na adesão quando
há lesão; além disso, possui fosfolipídios que ativam estágios
do processo de coagulação do sangue.
• Hemofilia:
o Ocorre quase que exclusivamente em homens;
o 85% dos casos: anormalidade ou deficiência do Fator
VIII (hemofilia clássica ou hemofilia A); Caracteriza-se
por equimoses fáceis e hemorragias maciças após
traumatismos ou procedimentos cirúrgicos; O
tratamento acontece a partir da infusão de Fator VIII;
o 15% dos casos: deficiência do Fator IX (hemofilia B);
Clinicamente idêntico à hemofilia A;
o Fatores VIII e IX = transmitidos pelo cromossomo
feminino;
o Doença de von Willebrand: ausência do componente
maior do Fator VIII; Facilita a adesão das plaquetas às
paredes vasculares danificadas; Caracteriza-se por
sangramento espontâneo das membranas mucosas,
sangramento excessivo de feridas e menorragia;
• Trombocitopenia:
o Presença de concentrações muito baixas de plaquetas
no sangue circulante;
o Ocorre em geral em muitas vênulas diminutas ou em
capilares em vez de ocorrer nos grandes vasos, como
na hemofilia;
o Púrpura trombocitopênica: pele da pessoa fica com
várias manchas arroxeadas;
o Por motivos desconhecidos são formados anticorpos
específicos
que destroem as plaquetas;
o Esplenectomia é útil, pois o baço remove grandes
quantidades de plaquetas do sangue.
Anemia Falciforme
HEMOGLOBINA
• Principal proteína das hemácias;
• Função: transporte de O2 e CO2;
• Formada por 4 subunidades, iguais 2 a 2. Cada subunidade é
composta de duas partes: a globina, cadeia polipeptídica
que varia muito geneticamente, e a heme, grupo prostético
que consiste em um átomo de Fe situado no centro de um
anel de porfirina, sendo semelhante em todas as formas
geneticamente diferentes de hemoglobina.
• Fórmula: α2β2;
• A Hb F predomina no oitavo mês de vida fetal (em torno de
90%), diminuindo seu conteúdo para 50% a 80% ao
nascimento, após o qual continua a baixar, até atingir cerca
de 1% aos seis meses de vida pós natal. A Hb A atinge
concentrações próximas a 10% ao nascimento, passando a
aumentar, até que, no 6º mês de vida, constitui mais de 95%
do conteúdo total de hemoglobina de um indivíduo. A Hb A2
aumenta lentamente até esse mesmo mês, até atingir cerca
de 2 a 3%, que corresponde ao total no adulto;
HEMOGLOBINA S
Rinossinusite crônica:
• Os sintomas são os mesmos, porém variam muito de
intensidade. A dor nos seios da face e a febre podem estar
ausentes. A tosse costuma ser o sintoma preponderante. É
geralmente noturna e aumenta de intensidade quando a
pessoa se deita porque a secreção escorre pela parte
posterior das fossas nasais e irrita as vias aéreas disparando
o mecanismo de tosse. Acessos de tosse são particularmente
frequentes pela manhã, ao levantar, e diminuem de
intensidade, chegando mesmo a desaparecer, no decorrer
do dia.
• Fatores pré-disponentes: alteração do transporte muco
ciliar; alergia; asma; refluxo gástrico; imunodeficiência;
microrganismos; fatores ambientais; pós-cirurgia
nasossinunal; fatores genéticos;
• Mecanismos inflamatórios:
A avaliação do osso etmoidal na RSC mostra alterações
histopatológicas, como o remodelamento ósseo. Sugere-se
que o processo inflamatório da mucosa nasossinusal esteja
envolvido na estimulação da atividade osteoblástica e
osteoclástica.
A comparação de células inflamatórias e deposição de
colágeno na mucosa nasossinusal de adultos e crianças com
RSC mostram que o número de linfócitos T, eosinófilos,
basófilos e deposição de colágeno subepitelial está
aumentado em ambos os grupos, quando comparado com a
mucosa normal.
A interleucina-8 (IL-8) possui atividade potente na
quimiotaxia e ativação dos neutrófilos e a expressão do seu
RNA mensageiro está aumentada na RSC, achado que
sugere a contribuição do neutrófilo na patogênese da RSC.
Observou-se aumento da IL-3 na RSC e da IL-8 na mucosa da
RSA. A IL-3 é responsável pela defesa local e reparo da
mucosa cronicamente inflamada, pois regula várias
populações celulares e, indiretamente, contribui para fibrose
e espessamento da mucosa.
PROCESSO INFLAMATÓRIO
Características da inflamação: Vasodilatação dos vasos
sanguíneos locais, com o consequente aumento do fluxo
sanguíneo local; aumento da permeabilidade dos capilares,
permitindo a saída de grande quantidade de líquido nos espaços
intersticiais; coagulação do líquido nos espaços intersticiais, devido
à grande quantidade aumentada de fibrinogênio e outras proteínas
que saíram dos capilares; migração de grande quantidade de
granulócitos e monócitos para os tecidos e dilatação das células
teciduais.
Produtos teciduais: histamina, bradicinina, serotonina,
prostaglandinas, produtos da reação do sistema de complemento,
produtos da reação do sistema da coagulação sanguínea,
linfocinas (liberadas pelas células T).
Emparedamento da área lesada: os espaços teciduais e os vasos
linfáticos, na área inflamada, são bloqueados por coágulos de
fibrinogênio de modo que, após algum tempo, líquido quase não
consegue fluir por esses espaços. Esse processo de isolamento
retarda a disseminação de bactérias ou de produtos tóxicos.
Linhas de defesa:
1º Macrófagos: Quando ativados pelos produtos da infecção e da
inflamação, o primeiro efeito é o rápido aumento do tamanho de
cada um dos macrófagos. A seguir, muitos deles previamente
sésseis se soltam de suas ligações e passam a ser móveis, formando
a 1ª linha de defesa contra as infecções durante a primeira hora.
2º Neutrófilos: As citocinas inflamatórias (ex. TNF, IL-1) causam o
aumento da expressão de moléculas de aderência (seletinas,
ICAM-1) nas superfícies das células endoteliais dos capilares e
vênulas. Essas moléculas interagem com as integrinas presentes
nos neutrófilos, o que faz com que eles fixem nas paredes
endoteliais. Além disso, essas citocinas permitem que os
neutrófilos rastejem por diapedese diretamente do sangue para os
espaços teciduais. Funcionam como mecanismo de quimiotaxia.
Ademais, os produtos da inflamação caem na corrente sanguínea
e porventura chegam na medula óssea, a qual vai liberar mais
neutrófilos para a corrente sanguínea (neutrofilia).
3º Macrófagos: Juntamente com os neutrófilos, os monócitos
chegam na área inflamada e se transformam em macrófagos. É um
processo muito mais lento do que os neutrófilos (pode levar horas
a dias), porém conseguem fagocitar quantidades maiores de
bactérias e partículas maiores, além de ter papel importante no
desenvolvimento de anticorpos.
4º Monócitos na medula óssea: ocorre o aumento da produção e
granulócitos e de monócitos na medula óssea. É lento (dias).
Fatores estimulantes: GM-CSF, G-CSF e M-CSF.
Principais fatores: Fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-1
(IL-1), fator estimulante de colônias de granulócitos (GM-CSF) e
fator estimulante de colônias de monócitos (M-CSF) – formados
principalmente por macrófagos ativados.
Formação de pus: Quando os neutrófilos e o macrófagos
engolfam grande número de bactérias e de tecido necrótico, em
essência, todos os neutrófilos e muitos se não a maioria dos
macrófagos eventualmente morrem. Após vários dias, com
frequência, uma cavidade é escavada nos tecidos inflamados. Essa
cavidade contém variáveis de tecido necrótico, neutrófilos mortos,
macrófagos mortos e líquido tecidual.
HIPERSENSIBILIDADE
TIPOS DE REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
Tipos de Mecanismos Mecanismos de
hipersensibilidade imunopatológicos lesão tecidual e da
doença
Imediata: Tipo I Anticorpo IgE e Mastócitos,
Células TH2 eosinófilos e seus
mediadores (aminas
vasoativas,
mediadores
lipídicos, citocinas).
Mediada por Anticorpos IgM, IgG Opsonização e
anticorpo: Tipo II contra antígenos de fagocitose das
superfície celular ou células;
da matriz Recrutamento de
extracelular. ativação de
leucócitos
(neutrófilos,
macrófagos)
mediados pelo
receptor de Fc e
pelo complemento;
Anormalidade nas
funções celulares,
por exemplo,
sinalização do
receptor de
hormônio, bloqueio
do receptor de
neurotransmissores.
Mediada por Imunocomplexos de Recrutamento e
imunocomplexo: antígenos ativação de
Tipo III circulantes e leucócitos
anticorpos IgM ou mediados pelo
IgG. receptor de Fc e
pelo complemento.
Mediado por célula 1. Células T CD4+ 1. Inflamação
T: Tipo IV (células TH1 e mediada por
TH17) citocina;
2.
Células T CD8+ 2. Morte direta
da célula alvo,
inflamação
mediada por
citocina.
Laceração
A cicatrização das lacerações de mucosa da laringe pode ocorrer
às custas de aderências e fibroses. Quando se instalam na
comissura anterior da glote promovem grande prejuízo da voz, por
comprometerem a porção fonatória. Já os processos cicatriciais
que envolvem a porção posterior da glote podem determinar
estreitamento da luz glótica, gerando sintomas como dispnéia e
voz débil e fraca. Há situações em que os músculos aritenóideos
são lesados e a fibrose que se forma nesse local impede a completa
abdução das pregas vocais, as quais se mantém na região mediana,
simulando quadro de paralisia laríngea. O exame endoscópico
permite esclarecer o diagnóstico para a programação do
tratamento adequado em cada um desses casos. As lacerações que
atingem as camadas mais profundas da lâmina própria e o
ligamento vocal prejudicam principalmente o movimento
ondulatório do muco, alterando a qualidade vocal e impedindo a
modulação da voz. Os anéis traqueais podem também ser
lacerados pela extremidade distal da cânula de intubação.
Traumatismo Muscular (Paresia e Paralisia Muscular)
Quando a lesão consequente à intubação traqueal se estende aos
músculos intrínsecos da laringe, pode desencadear paresias ou
paralisias das pregas vocais, temporárias ou definitivas. As
paralisias unilaterais prejudicam bastante a emissão vocal, pois a
prega vocal paralisada posiciona-se mais lateralmente que a sadia
impedindo o perfeito contato entre elas durante a fonação. Nessas
condições, a voz torna-se fraca e débil, resultando em cansaço e
esforço muscular exaustivo durante a fonação. Nas paralisias
bilaterais predominam os sintomas respiratórios de dispneia uma
vez que ambas as pregas vocais estão impedidas de se abduzirem.
Nesses casos, a voz é pouco comprometida. As paralisias laríngeas
traumáticas tendem a evoluir espontaneamente, entretanto, caso
isso não ocorra, o tratamento cirúrgico pode ser necessário.
Traumatismo Cartilaginoso
As cartilagens aritenóideas são mais vulneráveis aos traumas de
intubação por estarem posicionadas na região posterior da glote.
Essas sub-luxações acarretam assimetrias das pregas vocais e de
seus movimentos. Pelo desenvolvimento de mecanismos
musculares compensatórios da prega vocal saudável consegue-se
obter, na grande maioria das vezes, fechamento glótico satisfatório
e recuperação parcial ou total da qualidade vocal. Alguns pacientes
com assimetrias laríngeas desenvolvem lesões secundárias, como
os nódulos vocais, devido às constantes compensações musculares
durante a fonação.
Granuloma
Após intubação traqueal os granulomas desenvolvem-se, em geral,
nas apófises vocais, no nível da glote posterior, onde a cânula
mantém íntimo contato com a mucosa da laringe. Podem ser uni ou
bilaterais, com superfície lisa e pediculados, sendo nesses casos
móveis. Os sintomas vocais surgem após 15 a 20 dias da remoção
do tubo traqueal, porém quando pequenos eles podem não causar
sintomas. Quando se implantam na porção glótica fonatória
anterior acarretam prejuízo à emissão vocal. Pode também se
associar à estenose glótica. Pontes e col. 24, estudando os
granulomas laríngeos, observaram entre as principais etiologias, o
abuso vocal (33,3%), o refluxo gastroesofágico (30,3%), a intubação
traqueal (22,7%) e a origem idiopática (9%). O exame endoscópico
permite determinar exatamente o local de implantação dos
granulomas para a correta programação cirúrgica.
Estenose Laríngea
Importante causa de rouquidão após a extubação, pelas
dificuldades no tratamento devido ao risco de estenose, é uma das
mais temíveis. Todos os fatores abordados podem contribuir para
o seu surgimento. Além do grave comprometimento vocal, o
paciente apresenta intensa dispneia. Brichet e col. 16 ressaltaram
que, em muitos casos, o quadro inicial se confunde com bronco-
espasmo, embolia pulmonar ou infarto agudo do miocárdio, uma
vez que o paciente comparece à consulta com intenso desconforto
respiratório, sudorese, taquicardia, tiragem e cianose. Para a
maioria dos autores, a incidência de estenose após intubação é de
5% a 8%. Com o desenvolvimento de novos tipos de cânulas
traqueais nos últimos anos e com maior conscientização da
importância das medidas preventivas, tem-se registrado uma
incidência menor. Walner e col. 14 realizando estudo retrospectivo
em 544 recém-nascidos admitidos nas unidades de terapia
intensiva constataram que 281 deles haviam sido mantidos sob
intubação traqueal por período médio de 11 dias, não
evidenciando nenhum caso de estenose sub-glótica. Deve-se
considerar também que as cânulas traqueais infantis são
desprovidas de balonete, sendo, portanto, menos traumáticas que
as utilizadas em adultos. O paciente com estenose laríngea evolui,
na maioria dos casos, para traqueotomia e a correção definitiva é
conseguida pela laringotraqueoplastia. No tratamento dos casos
mais leves, em que o anel cicatricial é pouco espesso e menor que
1 cm pode-se tentar a incisão radial com laser ou as dilatações
endoscópicas. A abordagem laringotraqueal por via externa é
reservada aos casos mais graves.
FISIOLOGIA DAS CORDAS VOCAIS
A laringe é a extremidade superior do tubo traqueal, onde este
último se abre na parte posterior da garganta (faringe). Ela (a
laringe) é o principal órgão da voz, contudo essa é uma função
secundária, pois a principal é “a de permitir a obturação da
traqueia”.
É na laringe que se situam as pregas vocais, responsáveis pela
produção da voz. Ainda frequentemente chamadas de “cordas
vocais”, as pregas vocais apresentam-se como dois lábios
horizontais posicionados na extremidade superior da traqueia,
formando saliências na parede interior da laringe, um à direita e
outro à esquerda.
Unidas na parte anterior, as pregas vocais podem afastar-se e
aproximar-se uma da outra na parte posterior, e ao aproximarem-
se, podem vibrar (como lábios propriamente ditos) graças à ação
do sopro pulmonar. Elas (as pregas vocais) são compostas por um
músculo denominado tireoaritenóideo e diferentes tecidos que as
revestem, formando camadas. Existem dois grupos musculares
com inserções na laringe: os músculos intrínsecos e os extrínsecos.
A musculatura intrínseca está diretamente relacionada ao controle
de vibração das pregas vocais, enquanto que a musculatura
extrínseca relaciona-se à elevação e abaixamento da laringe.
Os músculos intrínsecos são os seguintes: tireoaritenóideo,
responsável pelo encurtamento e enrijecimento das pregas vocais
(sons graves); cricotireóideo responsável pelo alongamento e
consequente tensionamento das pregas vocais (sons agudos);
cricoaritenóideo lateral, responsável pela adução ou fechamento
das pregas vocais juntamente com os aritenóideos:
cricoaritenóideo posterior responsável pela abdução ou abertura
das pregas vocais.
Os suspensores anteriores ligam a laringe ao maxilar inferior
(músculos supra-hióideos).
Os suspensores inferiores ligam a laringe ao bordo superior do
esterno, isto é, ao tórax (músculos infra-hióideos).
Os suspensores superiores ligam a laringe à base do crânio
exatamente abaixo do conduto auditivo (músculo estilo-hióideo e
digástrico).
As modificações nos ajustes das pregas vocais (comprimento e
tensão) necessárias para produzir um aumento na frequência são
mediadas pela interação de três músculos intrínsecos da laringe: o
cricotireóideo, o tireoaritenóideo e, em menor grau, o
cricoaritenóideo posterior. O músculo cricotireóideo emerge do
arco ântero-lateral da cartilagem cricóide e insere-se na cartilagem
tireóide, como feixe reto e com direção oblíqua. A contração do
feixe reto ocasiona rotação em torno da articulação cricotireóidea,
que diminui a distância entre as cartilagens cricóide e tireóide
anteriormente. O músculo tireoaritenóideo, agindo sem oposição
simplesmente diminui a distância entre as cartilagens aritenóides,
e a cartilagem tireóide para produzir um encurtamento (e
relaxamento) das pregas vocais. Os aumentos de frequência,
portanto, são ocasionados pela ação antagonista dos músculos
cricotireóideo e tireoaritenóideo (tensores das pregas vocais) com
uma ajuda do músculo cricoaritenóideo posterior, que ancora as
cartilagens aritenóides.
Tonsilite/Amigdalite
A etiologia de maior parte dos episódios de faringite ou angina é
viral, em torno de 75%, seja em paciente com número restrito de
eventos ou na condição de recorrência. Os agentes virais são
largamente preponderantes nos dois ou três primeiros anos de
vida e menos frequentes após a puberdade. Vírus podem
ocasionar faringotonsilites, sendo o adenovírus o mais frequente,
podendo estar presente em paciente com febre e com exsudato na
faringe e tonsilas.
5. Aclimatação celular
As mitocôndrias e os sistemas enzimáticos são ligeiramente
mais abundantes do que em habitantes de regiões ao nível do
mar.
Aclimatação natural dos nativos de altas altitudes
• Tamanho do tórax aumentado;
• Tamanho do corpo menor (aumenta a proporção de
capacidade ventilatória à massa corporal);
• Aumento do DC;
• Difusão de O2 pelo sangue aos tecidos também é facilitada.
Doença aguda das montanhas e edema pulmonar das altas
altitudes
1. Edema cerebral agudo: hipóxia dilata os vasos sanguíneos
cerebrais, o que aumenta o fluxo sanguíneo nos capilares,
também aumentando a pressão capilar, levando ao
extravasamento de líquido.
2. Edema pulmonar agudo: a hipóxia causa constrição das
arteríolas pulmonares, o que aumenta a pressão capilar,
causando edema local. A extensão para outras áreas leva ao
edema pulmonar.
A SALIVA
Glândulas salivares
Existem 3 pares de glândulas: parótidas, submandibulares e
sublinguais.
O parênquima é composto por milhares de unidades secretoras
(células epiteliais) e é envolvido e sustentado por um estroma
(septos + TC) de TC.
Porções de cada glândula: lobos (TC denso não modelado) →
lóbulos (TC com poucas fibras de matriz extracelular).
Unidade secretora origina ducto intercalar (epitélio cúbico simples
+ células mioepiteliais e lâmina basal + núcleo esférico periférico e
escassa quantidade de TC);
O ducto intercalar + ducto intercalar = ductos intralobulares
(ductos estriados devido a mitocôndrias alongadas. Células mais
longas e mais altas; citoplasma corado em rosa; núcleos esféricos
centralizados). Os ductos intralobulares se agrupam e formam
ductos extralobulares ou interlobulares, que por sua vez se
agrupam e formam os ductos excretores principais (epitélio
simples colunar → pseudoestratificado colunar → estratificado
cúbico) que se abrem na cavidade oral.
Células mioepiteliais: rodeiam as porções secretoras e os ductos
intercalares. São células contráteis que se situam entre a lâmina
basal e a membrana plasmática das células secretoras ou ductais, e
apresentam vários prolongamentos que abraçam as células. A
contração de seus prolongamentos contribui para expulsar a
secreção das porções secretoras e conduzi-la pelo ducto
intercalado.
Glândulas parótidas
• Serosa (ácinos serosos);
• Núcleo esférico situado na região basal da célula;
• Citoplasma corado em rosa (HE);
• Grânulos de secreção acumulados na porção apical da célula;
• Lúmen dos ácinos muito estreito e de observação não muito
frequente;
• RE + complexo de Golgi;
• Secreção fluida, que contém principalmente glicoproteínas
(ptialina);
• Secreção de IgA.
Glândulas Submandibulares
• Células mucosas: constituem a maioria das células secretoras.
Organizam-se em túbulos mucosos semelhantes aos
descritos para a glândula sublingual;
• Células serosas: formam ácinos individualizados ou então
pequenos grupos na extremidade dos túbulos mucosos;
• São mistas: seromucosas;
• Lisozima e lactoferrina.
Glândulas Sublinguais
• Glândulas mucosas, constituídas por túbulos mucosos;
• Unidades secretoras compostas de túbulos de tamanho e
forma irregulares e frequentemente ramificados;
• Limites celulares bem evidentes;
• Células piramidais com citoplasma corado em azul-claro (HE),
de aspecto rendilhado;
• Núcleos de cromatina densa achatados contra a superfície
basal das células;
• Secreção menos fluida, que contém mucinas.
• Lisozima.
Composição da saliva e suas principais funções
• Mantém a integridade e a saúde das várias estruturas
presentes na cavidade oral, especialmente os dentes
(promove a limpeza);
• Inicia a preparação do bolo alimentar e sua digestão:
umedece os alimentos, facilitando sua mastigação; contém
enzimas que atuam na hidrólise inicial de alguns alimentos;
mistura os alimentos em um bolo alimentar; tem atividade
bacteriostática (mucinas), além de contribuírem para uma
adequada consistência alimentar;
• Possui aquaporinas para o transporte de água, que constitui
90% da saliva;
• Contém macromoléculas: a-amilase (hidrolisa
polissacarídeos, originando maltose e glicose); lisozima
(ataca paredes bacterianas) e lactoferrina (bactericida ao
sequestrar Fe e inibir o metabolismo de bactérias);
• IgA: protege as mucosas do organismo e é excretada na
saliva, por plasmócitos situados no TC; A peça secretora
facilita o transporte do conjunto através das células secretoras
das glândulas para o lúmen e inibe sua degradação;
• Ductos estriados: grande atividade de transporte de íons
(modificam a composição iônica da saliva a ser secretada).
Reabsorção de Na+ e retirada desse íon pela saliva; Cl ajuda
a regular o pH; acrescenta à saliva bicarbonato e K+;
• O controle da secreção é feito pelo sistema nervoso
parassimpático e, em menor grau, pelo simpático.
O ESTÔMAGO
• Alargamento do canal alimentar em formato de J diretamente
ao diafragma no abdome;
• Liga o esôfago ao duodeno;
• Função: câmara de mistura e reservatório de retenção;
• É a parte mais distensível do canal alimentar;
• A digestão de amigo e triglicerídeos continua, a digestão das
proteínas começa, o bolo alimentar semissólido é convertido
em um líquido e determinadas substâncias são absorvidas;
• Mesentério: membrana delgada revestida por mesotélio nos
dois lados (ligação do trato digestivo à parede abdominal);
• Quando o estômago está vazio, a túnica mucosa forma
grandes rugas, as pregas gástricas, que podem ser vistas a
olho nu;
• Anatomia: Cárdia, fundo gástrico, corpo gástrico, antro
pilórico, canal pilórico, piloro, curvaturas maior e menor.
Camadas do canal alimentar (geral)
A parede do canal alimentar desde a parte inferior do esôfago até
o canal anal tem o mesmo arranjo básico de 4 camadas de tecido
(túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular, túnica
serosa/adventícia).
Túnica mucosa
• Epitélio
Boca, faringe, esôfago e canal anal: epitélio escamoso
estratificado não queratinizado;
Estômago e intestinos: epitélio colunar simples.
• Zônulas de oclusão: restringem os extravasamentos
intercelulares.
• Taxa de renovação: a cada 5 a 7 dias;
• Localizados entre as células epiteliais estão as células
exócrinas que secretam muco e líquidos para o lúmen ao
canal alimentar, e vários tipos de células endócrinas,
chamadas coletivamente de células enteroendócrinas, que
secretam hormônios;
• Lâmina própria: TC areolar contendo muitos vasos
sanguíneos e linfáticos (vias dos nutrientes); Apoia o epitélio
e liga-o à lâmina muscular da mucosa; Defesa (macrófagos e
linfócitos com produção de IgA – vírus, bactérias, nódulos
linfáticos); Contém a maior parte das células do tecido
linfoide associado a mucosa (MALT);
• Lâmina muscular da mucosa: Produz múltiplas pequenas
pregas na túnica mucosa do estômago e intestino delgado,
que aumentam a área de superfície para a digestão e
absorção. Os movimentos asseguram que todas as células
absortivas sejam totalmente expostas ao conteúdo do canal
alimentar.
Tela mucosa
• TC areolar que liga à túnica mucosa à túnica muscular;
• Contém muitos vasos sanguíneos e linfáticos;
• Plexo submucoso.
Túnica muscular
• Boca, faringe e partes superior e média do esôfago: músculo
esquelético (deglutição voluntária);
• Músculo esfíncter externo do ânus: esquelético;
• Restante do canal alimentar: músculo liso (camada interna:
fibras circulares; camada externa: fibras longitudinais);
• Contrações involuntárias: ajudam a fragmentar os alimentos,
misturá-los às secreções digestórias e leva-los ao longo do
canal alimentar.
Túnica serosa
• Presente nas partes do canal alimentar que estão suspensas
na cavidade abdominal;
• TC areolar + epitélio pavimentoso simples (mesentélio);
• Também chamada peritônio visceral;
• O esôfago não possui túnica serosa.
Estômago
Superfície da túnica mucosa: células epiteliais simples (células
mucosas da superfície). Contém a lâmina própria e a lâmina
muscular da mucosa.
As células epiteliais se estendem até a lâmina própria, onde
formam colunas de células secretoras chamadas glândulas
gástricas. Várias glândulas gástricas se abrem na base de canais
estreitos chamados criptas gástricas.
Secreções de várias glândulas fluem para cada cripta gástrica e, em
seguida, para dentro do lúmen do estômago.
Funções do estômago
• Mistura a saliva, os alimentos e o suco gástrico para formar o
quimo;
• Serve como reservatório para o alimento antes da liberação
para o intestino delgado;
• Secreta suco gástrico, que contém HCl (mata bactérias e
desnatura proteínas), pepsina (começa a digestão de
proteínas), fator intrínseco (auxilia na absorção de vitamina
B12) e lipase gástrica (auxilia na digestão de triglicerídeos).
2000 a 3000mL por dia.
• Secreta gastrina no sangue.
As glândulas gástricas contêm 3 tipos de células glandulares
exócrinas que secretam seus produtos para o lúmen do estômago:
1. Células mucosas do estômago: secretam muco, assim como
as células mucosas superficiais;
2. Células parietais: produzem fator intrínseco e ácido
clorídrico;
3. Células principais gástricas: secretam pepsinogênio e lipase
gástrica;
As glândulas gástricas incluem um tipo de célula
enteroendócrina, a célula secretora de gastrina, que está
localizada principalmente no antro pilórico e secreta
hormônio gastrina na circulação sanguínea.
3 camadas adicionais encontram-se profundamente à túnica
mucosa:
• Tela submucosa: TC areolar;
• Túnica muscular: camada longitudinal (externa), camada
circular (média) e camada oblíqua (interna);
• Túnica serosa (TC areolar + mesotélio): parte do peritônio
visceral:
Omento maior: curvatura maior, reveste os intestinos;
prende-se à curvatura maior do estomago ao colo
transverso;
Omento menor: curvatura menor, se estende até o fígado.
Digestão mecânica e química no estômago
Minutos depois de o bolo alimentar entrar no estômago:
• Ondas de peristaltismo passam pelo estômago a cada 15 a
25s: começa no corpo gástrico e se intensifica à medida que
alcança o antro pilórico (PROPULSÃO);
• Retropropulsão: as partículas de alimento são forçadas para
trás quando chegam ao óstio pilórico e não conseguem
ultrapassá-los;
• Propulsão e retropropulsão continuam acontecendo, com o
intuito de misturar o alimento com o suco gástrico, até formar
o quimo (líquido com consistência de sopa);
• Esvaziamento gástrico: as partículas passam através do óstio
pilórico (3mL de quimo por vez);
• Enquanto os alimentos não são misturados ao suco gástrico,
a digestão pela amilase salivar continua;
• Com a formação do quimo, a amilase salivar é inativada e
ativa a lipase lingual, que começa a digerir os triglicerídeos
em ácidos graxos e diglicerídeos;
• Bomba de prótons: alimentada pela H+/K+ATPse,
transportam ativamente o H+ para o lúmen enquanto trazem
K+ para dentro da célula. Ao mesmo tempo, Cl- e K+ se
difundem para o lúmen através dos canais desses íons da
membrana apical;
• Anidrase carbônica: catalisa a formação de ácido carbônico:
fonte de H+. Conforme o HCO3- se acumula no citosol, ele sai
da célula parietal na troca por Cl- via antitransportadores Cl-
HCO3- na membrana basolateral (aumenta ligeiramente o
pH).
• Estimulantes de HCl: acetilcolina (parassimpático), gastrina
(substância parácrina). A histamina melhora os efeitos da
acetilcolina e gastrina (receptores H2).
O HCl desnatura parcialmente as proteínas dos alimentos e
estimula a secreção de hormônios que promovem o fluxo de
bile e do suco pancreático.
Pepsina: células principais gástricas. Efetiva em pH ácido.
O pepsinogênio não é convertido em pepsina até que tenha
entrado em contato com o HCl secretado pelas células parietais
ou moléculas de pepsina ativas. As células epiteliais do
estômago são protegidas por uma camada de muco gástrico
alcalino.
Lipase gástrica: cliva triglicerídeos em ácidos graxos e
monoglicerídeos. Opera melhor em pH 5-6.
As células mucosas do estômago absorvem um pouco de água,
íons e ácidos graxos de cadeia curta, bem como determinados
fármacos (especialmente acetilsalicílico) e álcool.
Fenilcetinúria (PKU)
É uma doença autossômica fenilalanina já nos primeiros
recessiva. Afeta o cromossomo 12; momentos de vida;
Abertura de vias alternativas, com
superprodução de metabólitos Muitas pacientes do sexo feminino
tóxicos; com PKU que recebem tratamento
dietético de início precoce na vida
Local: fígado;
conseguem atingir a idade
Prevalência no Brasil: 1/25000 reprodutiva e são clinicamente
crianças; normais. A maioria delas apresenta
hiperfenilalaninemia acentuada,
pois o tratamento dietético é
Proteína anormal: enzima
descontinuado quando se tornam
fenilalanina hidroxilase (PAH);
adultas. Entre 75% e 90% das
Os homozigotos com este distúrbio crianças que nascem destas
autossômico recessivo mulheres possuem retardo mental e
classicamente apresentam grave microencefalia, e 15% apresentam
ausência de PAH, levando à doença cardíaca congênita, apesar
hiperfenilalaninemia e à PKU. Os de as próprias crianças serem
bebês acometidos apresentam-se heterozigotas. Esta síndrome,
normais ao nascimento, contudo, chamada PKU materna, origina-se a
dentro de poucas semanas, passam partir dos efeitos teratogênicos da
a exibir níveis crescentes de fenilalanina ou de seus metabólitos,
fenilalanina plasmática, que atravessam a placenta,
comprometendo assim o afetando múltiplos órgãos fetais
desenvolvimento cerebral; específicos durante o
desenvolvimento. A presença e a
gravidade das anomalias fetais
Cerca de 1/3 dessas crianças são
relacionam-se diretamente com os
incapazes de andar e 2/3 são
níveis de fenilalanina maternos;
incapazes de falar; O retardo mental
portanto, é fundamental que a
pode ser acompanhado de
restrição dietética de fenilalanina
convulsões e outras anomalias
materna seja iniciada antes da
neurológicas, além de redução na
concepção e continuada por toda a
pigmentação capilar e cutânea e
gravidez.
eczema;
Incapacidade de converter
A hiperfenilalaninemia e o retardo fenilalanina em tirosina: Parte da
mental podem ser evitados por fenilalanina consumida na dieta é
meio da restrição da ingestão de utilizada para síntese de proteínas.
O restante atua na formação de
tirosina, por meio da fenilalanina
hidroxilase. Por meio da tirosina há
formação de melanina.
Aminoácidos essenciais
São aqueles que o organismo Aminoácidos não essenciais
humano não consegue sintetizar.
São aqueles que o organismo
Desse modo, devem ser
humano consegue sintetizar a partir
obrigatoriamente ingeridos através
dos alimentos ingeridos. São eles:
de alimentos, pois caso contrário,
alanina, arginina, ácido aspártico,
ocorre a desnutrição. São eles:
asparagina, ácido glutâmico, cistina,
leucina, isoleucina, valina,
cisteína, glicina, glutamina, hidroxi-
triptofano, metionina, fenilalanina,
prolina, prolina, serina e tirosina.
treonina e lisina (a histidina é
essencial na infância).
Tratamentos
A dieta deve fornecer fenilalanina degradar a fenilalanina nas
em quantidade apenas suficiente proteínas ingeridas em uma dieta
para atender às necessidades para a menos rígida. Ela degrada a
síntese proteica. O consumo de fenilalanina, produzindo o
alimentos ricos em proteínas deve metabólito não tóxico ácido trans-
ser reduzido. Proteínas naturais, cinâmico e amônia; as pequenas
como a caseína do leite, devem ser quantidades de amônia geradas
primeiramente hidrolisadas e boa não chegam a ser tóxicas.
parte da fenilalanina deve ser
Já o tratamento para o caso da
removida para que o paciente
fenilcetonúria causada pelo defeito
receba uma dieta adequada, pelo
na enzima que catalisa a
menos durante toda a sua infância.
regeneração da tetra-
Uma vez que o adoçante artificial
hidrobiopterina é mais complexo: A
aspartame é um dipeptídeo
tetra-hidrobiopterina também é
contendo aspartato e um metil-éster
necessária para a formação de l-3,4-
da fenilalanina, alimentos adoçados
di-hidroxifenilalanina (l-dopa),
com aspartame contêm avisos
precursor dos neurotransmissores
dirigidos a pessoas recebendo
dopamina e noradrenalina, e de 5-
dietas em que o conteúdo de
hidroxitriptofano, precursor do neu-
fenilalanina deve ser controlado.
rotransmissor serotonina. Na
Um novo tratamento está sendo fenilcetonúria desse tipo, esses
desenvolvido, no qual a enzima precursores devem ser supridos na
fenilalanina-amônia-liase é adminis- dieta, juntamente com tetra-
trada oralmente ou injetada hidrobiopterina.
subcutaneamente, a fim de
Dieta:
No recém-nascido, fórmula é determinada pelos níveis
tradicionalmente, no tratamento da sanguíneos de fenilalanina e varia
PKU suspende-se o aleitamento para cada indivíduo, de acordo com
materno (AM) e a fenilalanina a tolerância à ingestão deste
necessária é fornecida pelo uso de aminoácido.
fórmula láctea comercial, cuja
concentração do aminoácido é
conhecida. A quantidade de
Diagnóstico
A PKU é diagnosticada na triagem triagem neonatal é referenciada
neonatal por meio do Teste do como sinônimo de Teste do
Pezinho. A triagem neonatal Pezinho. Este teste constitui uma
envolve uma série de testes, como ação de pediatria preventiva e é a
dos olhos, da orelha, do coração e maior iniciativa do sistema público
do Pezinho, que têm por finalidade de saúde na área de genética.
a detecção precoce de doenças no
O Teste do Pezinho é um exame de
recém-nascido. Erroneamente, a
triagem, portanto, um resultado
positivo não significa que o bebê
tenha a doença, sendo necessária a
coleta de uma segunda amostra
para excluir (falso-positivo) ou
confirmar (positivo) o diagnóstico.
Vesícula biliar e suas complicações hepáticas
FÍGADO
2º maior órgão do corpo e a maior glândula;
Pesa cerca de 1,5kg;
É uma interface entre o sistema digestório e o sangue;
Tipos celulares:
• Células de Kupffer: fagócitos importantes para a função
imune. Suas principais funções são: metabolizar hemácias
velhas, digerir hemoglobina, secretar proteínas relacionadas
com processos imunológicos e destruir bactérias que
eventualmente penetram o sangue portal a partir do intestino
grosso.
• Células de Ito: células armazenadoras de lipídeos. Contêm
inclusões lipídicas ricas em vitamina A. Funções: captação,
armazenamento e liberação de retinoides, síntese e secreção
de várias proteínas da matriz extracelular e proteoglicanos,
secreção de fatores de crescimento e citocinas, e regulação
do diâmetro do lúmen sinusoidal em resposta a diferentes
fatores reguladores [´
• (prostaglandinas, tromboxano A2, etc.)
• Hepatócitos: transformam os nutrientes da dieta em
combustíveis e precursores necessários para outros tecidos e
os exportam pelo sangue. Possui número elevado de
mitocôndrias (2mil). Citoplasma eosinófilo. Sempre que dois
hepatócitos se encontram, eles delimitam um espaço tubular
entre si, conhecido como canalículo biliar (constitui a
primeira porção do sistema de ductos biliares). Os canalículos
biliares formam uma rede complexa que se anastomosa
progressivamente ao longo das placas do lóbulo hepático,
terminando na região do espaço porta. Sendo assim, a bile
flui progressivamente na direção contrária do sangue, do
centro do lóbulo para a sua periferia, onde a bile adentra os
ductos biliares (canais de Hering). Após uma curta distância,
esses canais terminam nos ductos biliares localizados no
espaço porta. Ductos biliares são formados por epitélio
cuboide ou colunar e contêm uma bainha distinta de tecido
conjuntivo. Esses ductos gradualmente aumentam e se
fundem, formando o ducto hepático, que, em seguida, deixa
o fígado.
O hepatócito possui um ou dois núcleos arredondados,
contendo um ou dois nucléolos. Contém abundante RE. O RE
rugoso forma agregados que se dispersam no citoplasma
(corpos basofílicos) e seus polirribossomos sintetizam várias
proteínas, como albumina, fibrinogênio. Já o RE liso é
responsável pelos processos de oxidação, metilação e
conjugação requeridos para a inativação ou destoxificação
de várias substâncias antes de sua excreção pelo organismo.
O hepatócito frequentemente contém glicogênio.
Os lisossomos do hepatócito são importantes na
degradação e renovação das organelas intracelulares.
Algumas funções dos peroxissomos: oxidação de ácidos
graxos em excesso; quebra do peróxido de hidrogênio
gerado por essa oxidação (por meio da atividade da enzima
catalase); quebra de purinas em excesso (monofosfato de
adenosina [AMP], monofosfato de guanosina [GMP]), com
consequente formação de ácido úrico e participação na
síntese de colesterol; ácidos biliares e alguns lipídios
utilizados para a síntese de mielina.
O complexo de Golgi forma lisossomos, secreta proteínas,
lipoproteínas e glicoproteínas.
As enzimas hepáticas apresentam taxa de renovação alta.
Face visceral:
Funções básicas: filtração e armazenamento de sangue;
metabolismo de carboidratos, lipídeos, proteínas, hormônios e
xenobióticos; formação e excreção de bile; armazenamento de
vitaminas e ferro; formação de fatores de coagulação.
Histologia
• Revestido por uma cápsula delgada de tecido conjuntivo;
• Hilo: espessamento do TC, por onde a veia porta e a artéria
hepática penetram o fígado e por onde saem os ductos
hepáticos direito e esquerdo, bem como os linfáticos;
• Lóbulos hepáticos: são placas interconectadas de
hepatócitos. Em algumas regiões (espaços porta) da periferia
dos lóbulos, existe TC contendo ductos biliares, vasos
linfáticos, nervos e vasos sanguíneos. O fígado humano
contém de 3 a 6 espaços porta por lóbulo, cada um contendo
um ramo da veia porta, um ramo da artéria hepática, um
ducto (parte do sistema de ductos biliares) e vasos linfáticos.
Sistema vascular
• Fluxo sanguíneo alto (1350ml/min, sendo 1050ml/min da veia
porta para o fígado e 300ml/min da artéria hepática para o
fígado); 27% do DC;
• O sangue flui da periferia para o centro do lóbulo hepático;
• Veia porta: via direta dos órgãos digestórios para o fígado
(1º órgão a receber os nutrientes); contém sangue
proveniente do sistema digestório, do pâncreas e do baço.
Ela ramifica-se repetidamente envia pequenas vênulas
portais (interlobulares) aos espaços porta. Estas, por sua vez,
ramificam-se em vênulas distribuidoras, as quais
desembocam nos capilares sinusoides, os quais convergem
para formar a veia central, que se funde com a veia
sublobular. As veias sublobulares convergem e se fundem
formando as veias hepáticas, que desembocam na VCI.
• Sistema portal venoso: contém sangue proveniente do
pâncreas, do baço e do intestino.
• Artéria hepática: contém sangue proveniente do tronco
celíaco da aorta abdominal; ramifica-se intensamente e forma
as arteríolas interlobulares, localizadas nos espaços porta.
Algumas dessas arteríolas irrigam as estruturas do espaço
porta, e outras formam arteríolas que desembocam
diretamente nos sinusoides, provendo uma mistura de
sangue arterial e venoso portal nesses capilares. A principal
função do sistema arterial é suprir os hepatócitos com uma
quantidade adequada de oxigênio.
• Os lipídeos complexos (quilomícrons) chegam ao fígado pela
artéria hepática, diferentemente dos outros nutrientes que
chegam pela veia porta;
• Resistência vascular baixa (9mmHg): seu aumento pode
produzir um aumento da pressão capilar ao longo da
circulação esplênica, causando perda significativa de líquido
dos capilares do trato intestinal, ascite e possível morte;
Sistema linfático
Os poros dos sinusoides hepáticos (são vasos irregularmente
dilatados compostos por uma camada descontínua de células
endoteliais fenestradas) são muito permeáveis, permitindo a
passagem de grandes quantidades de proteína e líquido para os
espaços de Disse (espações teciduais estreitos entre as células
hepáticas e endoteliais, que contêm microvilos) e o sistema
linfático, que drena esses espaços.
Quase metade de toda a linfa formada no organismo em condições
normais vem do fígado;
A quantidade excessiva de linfa formada pode transudar através da
superfície externa do fígado diretamente na cavidade abdominal,
resultando em ascite.
O ducto transporta bile sintetizada pelos hepatócitos, a qual
desemboca no ducto hepático.
Funções metabólicas
Metabolismo de carboidratos: armazena glicogênio; converte
galactose e frutose em glicose (glicose-6-fosfato); local da
gliconeogênese (conversão de aminoácidos e glicerol em glicose);
produz produtos intermediários do metabolismo dos carboidratos;
mantém a concentração sanguínea de glicose normal (função
tampão de glicose);
O transportador de glicose dos hepatócitos (GLUT2) permite
difusão passiva e rápida da glicose, de forma que a concentração
desse açúcar no hepatócito é essencialmente a mesma que a do
sangue. Essa glicose é fosforilada (glicose-6-fosfato).
Metabolismo de lipídeos: betaoxidação rápida de lipídeos em
acetil-CoA; síntese de colesterol (80% é convertido em sais
biliares), fosfolipídios e a maioria das lipoproteínas (transportam os
fosfolipídios no sangue); síntese de gordura a partir de
carboidratos e proteínas (enviada ao tecido adiposo para
armazenagem);
Metabolismo de proteínas: desaminação dos aminoácidos
(necessária antes que eles possam ser usados como energia ou
convertidos em carboidratos e lipídeos); formação de ureia
(remove amônia dos líquidos corporais); formação de proteínas
plasmáticas; interconversão de vários aminoácidos e síntese de
compostos metabólicos os aminoácidos.
A taxa de renovação das proteínas no fígado é alta.
Metabolismo de xenobióticos: habilidade de desintoxicar e
excretar muitos medicamentos e hormônios, como estrogênio,
cortisona e aldosterona;
Fatores de coagulação: Formação de fibrinogênio, protrombina,
globulina aceleradora e fator VII.
Armazenamento de vitaminas e ferro: Ele armazena uma
quantidade suficiente de vitamina D para prevenir deficiência de
vitamina D por cerca de 4 meses, vitamina A suficiente para
prevenir a deficiência de vitamina A por aproximadamente 10
meses e vitamina B12 suficiente para prevenir deficiência de
vitamina B12 por 1 ano.
Quando o ferro está disponível em quantidades adicionais nos
líquidos do organismo, ele se combina com a proteína apoferritina
para formar ferritina e é armazenado dessa forma nas células
hepáticas.
Bile
Funções: digestão e absorção de gordura (os sais biliares auxiliam
a emulsificação de grandes partículas de gordura transformando-
as em partículas minúsculas que podem ser atacadas pela enzima
lipase secretada no suco pancreático. Ademais, auxilia no
transporte e absorção de produtos finais da digestão através da
membrana mucosa do intestino). Além disso, a bile auxilia na
remoção de vários produtos residuais do sangue, especialmente a
bilirrubina (um produto final da destruição da hemoglobina), e o
excesso de colesterol sintetizado pelas células hepáticas.
Secreção: Realizada em duas etapas:
• A porção inicial da bile, que é secretada pelos hepatócitos,
contém uma grande quantidade de ácidos biliares, colesterol
e outros constituintes orgânicos. Ela é secretada para o
interior de canalículos biliares minúsculos que se situam entre
as placas hepáticas.
• Uma solução aquosa de íons de sódio e de bicarbonato é
adicionada à bile, à medida que ela flui através dos ductos
biliares. Essa segunda secreção é estimulada pela secretina,
causando aumento das quantidades de íons de bicarbonato
que suplementam as secreções pancreáticas para neutralizar
o ácido gástrico.
A bile produzida pelos hepatócitos flui através de canalículos
biliares, ductos biliares (canais de Hering) e ductos biliares. Essas
estruturas se fundem gradualmente, formando uma rede que
converge para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo, os
quais se fundem para formar o ducto hepático. Este, após receber
o ducto cístico proveniente da vesícula biliar, continua até o
duodeno como ducto colédoco ou ducto biliar comum.
Os ductos hepático, cístico e biliar comum são revestidos por uma
camada mucosa com epitélio colunar simples. A lâmina própria é
delgada e circundada por uma camada discreta de músculo liso.
Essa camada muscular se torna mais espessa próximo ao duodeno
e, finalmente, na porção intramural, forma um esfíncter que regula
o fluxo de bile (esfíncter de Oddi).
Vesícula biliar: A bile está altamente concentrada (5x) na vesícula
biliar, devido ao transporte ativo de Na+, seguido de absorção
secundária de Cl-, água e outros constituintes solúveis. Outrossim,
a vesícula apresenta contrações rítmicas e relaxamento do esfíncter
de Oddi (protege a saída do ducto biliar comum ao duodeno)
ocasionadas pela colecistocinina – liberada pelas células I do
duodeno.
Bilirrubina
Produto final tóxico do metabolismo de hemoglobina que é
excretado na bile.
poção heme
Biliverdina Bilirrubina
metabolizada
VESÍCULA BILIAR
É um órgão oco, com formato de pera, aderido à superfície inferior
do fígado.
Pode armazenar de 30 a 50 ml de bile.
A parede da vesícula consiste em uma camada mucosa composta
de epitélio colunar simples e lâmina própria, uma camada de
músculo liso, uma camada de tecido conjuntivo perimuscular e uma
membrana serosa. A camada mucosa contém pregas abundantes
que são particularmente evidentes quando a vesícula está vazia. As
células epiteliais são ricas em mitocôndrias e têm núcleo localizado
no terço basal. Todas essas células são capazes de secretar
pequenas quantidades de muco. Glândulas mucosas
tubuloacinosas situam-se próximo ao ducto cístico e são
responsáveis pela secreção da maior parte do muco existente na
bile.
Função: Armazenar a bile, concentrá-la por meio da absorção de
água secretá-la no sistema digestório quando necessário
(transporte ativo de Na+).
Proporções anormais de ácidos biliares podem levar à formação de
cálculos na vesícula, que podem bloquear o fluxo de bile e
provocar icterícia, devido à ruptura das junções oclusivas ao redor
dos canalículos biliares.
Quando se retira a vesícula, o ducto biliar aumenta seu diâmetro,
conseguindo acumular mais líquido, como uma tentativa de suprir
a função da vesícula.
Intestino Delgado
• Sítio terminal de digestão dos alimentos, absorção de
nutrientes e secreção endócrina;
• Os nutrientes são absorvidos pelas células epiteliais de
revestimento;
• Comprimento aproximado de 5m (importante para aumento
da superfície de contato do bolo alimentar);
• Segmentos: duodeno, jejuno e íleo;
Camada mucosa
Lâmina própria
• TC frouxo + vasos sanguíneos e linfáticos + fibras nervosas e
fibras musculares lisas;
• Preenche o centro das vilosidades intestinais;
• Contém nódulos linfoides (GALT).
Muscular da mucosa
É semelhante à lâmina muscular do trato digestivo. Porém, é
importante ressaltar que as camadas musculares são mais
desenvolvidas no intestino.
Submucosa
Contém as glândulas duodenais, cujas células secretam muco
alcalino, que protege a mucosa duodenal contra os efeitos da
acidez do suco gástrico e neutraliza o pH do quimo, aproximando-
o do pH ótimo das enzimas pancreáticas. Além disso, contém
nódulos linfoides (GALT).
Placa de Peyer
Recebem esse nome no íleo, mas são os agregados de nódulos
linfoides (GALT). Seu epitélio de revestimento consiste em células
M.
Vasos
Os vasos sanguíneos penetram a camada muscular e formam um
plexo na submucosa. Da submucosa, ramos se estendem
atravessando a muscular da mucosa, a lâmina própria e penetram
as vilosidades.
Na extremidade das vilosidades, uma ou mais vênulas surgem dos
capilares e percorrem a direção oposta, alcançando as veias do
plexo submucoso.
Os vasos linfáticos (lacteais) do intestino surgem como capilares
de fundo cego no centro das vilosidades. Eles correm em direção
à lâmina própria acima da muscular da mucosa, onde formam um
plexo. De lá, direcionam-se para a submucosa, onde circundam
nódulos linfoides. São especialmente importantes para a absorção
de lipídios, porque a circulação sanguínea não aceita facilmente as
lipoproteínas produzidas pelas células colunares absortivas
durante esse processo. A contração rítmica das vilosidades
intestinais auxilia a propulsão da linfa contida no interior dos
capilares linfáticos para os vasos linfáticos mesentéricos.
Nervos
Apresentam um componente intrínseco (plexo nervoso
mioentérico ou de Auerbach) e um extrínseco (plexo nervoso
submucoso ou de Meissner).
A inervação intrínseca formada por esses plexos é responsável
pelas contrações intestinais que ocorrem de modo independente
da inervação extrínseca. A inervação extrínseca pertence ao
sistema nervoso autônomo e é formada por fibras nervosas
colinérgicas parassimpáticas que estimulam a atividade da
musculatura lisa intestinal e por fibras nervosas adrenérgicas
simpáticas que deprimem a atividade da musculatura lisa
intestinal.
Absorção no intestino delgado
Água
É transportada através da membrana intestinal por osmose e é
absorvida quando o quimo é diluído. Normalmente, o conteúdo
intestinal é isotônico com o líquido extracelular.
Íons
O Na+ é ativamente transportado através do epitélio da mucosa
para os espaços intercelulares, diminuindo a concentração desse
íon no espaço intracelular, o que gera um gradiente eletroquímico,
favorecendo o transporte de sódio do quimo para o interior da
célula epitelial. Além disso, os espaços intercelulares criam um
gradiente osmótico no sentido das células epiteliais para a
circulação sanguínea da vilosidade.
o Aldosterona: sua secreção é estimulada, nas glândulas
adrenais, pela desidratação, o que intensifica a absorção de
sódio pelas células epiteliais. Secundariamente à absorção de
Na+, há também de Cl-, água e outras substâncias.
o Cólera: As toxinas da cólera e algumas outras bactérias
diarreicas podem estimular a secreção de cloreto de sódio e
água em níveis tão elevados que 5 a 10 litros de água e sal
podem ser perdidos por dia como diarreia.
Cálcio
É absorvido de acordo com as necessidades do organismo e é
regulado pelo paratormônio (PTH) e vitamina D.
Além disso, ferro, potássio, magnésio, fosfato e outros íons
também são absorvidos pelo intestino delgado.
Carboidratos
Todos são absorvidos na forma de monossacarídeos, sendo o mais
abundante a glicose, cotransportada com o Na+. O sódio se
combina com uma proteína transportadora chamada SGLUT-1, que
necessita de outra substância, como a glicose, para ligação
simultânea. Quando a glicose intestinal se combina com a SGLUT-
1, o sódio e a glicose são transportados para o interior da célula ao
mesmo tempo.
A galactose também é transportada da mesma forma, porém, a
frutose é transportada por difusão facilitada. Ademais, grande
quantidade de frutose é transformada em glicose.
Proteínas
A maioria das proteínas é absorvida através das membranas
luminais das células do epitélio intestinal na forma de dipeptídios,
tripeptídios e aminoácidos livres.
A energia da maior parte desse transporte é fornecida pelos
mecanismos de cotransporte do sódio da mesma maneira como
acontece durante o cotransporte do sódio de glicose e galactose.
Alguns aminoácidos são transportados por proteínas
transportadoras especiais da membrana do mesmo modo que a
frutose é transportada (difusão facilitada). São necessárias mais de
10 diferentes proteínas de transporte para a absorção de
aminoácidos.
Gorduras
o Monoglicerídios e os ácidos graxos: se difundem
passivamente através da membrana celular dos enterócitos
para o interior do enterócito. Após penetrarem no enterócito,
eles são recombinados para formarem novos triglicerídios.
Uns poucos monoglicerídios são digeridos adicionalmente
em glicerol e ácidos graxos por uma lipase intracelular. Os
triglicerídios, por si só, não podem passar através da
membrana do enterócito.
o Triglicerídios: reconstituídos se agregam dentro do
complexo de Golgi em glóbulos que contêm colesterol e
fosfolipídios. Os fosfolipídios se distribuem com as partes de
gordura no centro e com as partes polares na superfície,
criando uma superfície eletricamente carregada que torna os
glóbulos miscíveis com a água. Os glóbulos são liberados do
complexo de Golgi e secretados por exocitose nos espaços
basolaterais. A partir daí, eles passam para a linfa dos vasos
quilíferos centrais das vilosidades. Esses glóbulos são então
chamados quilomícrons.
o Quilomícrons: são transportados na linfa. A partir das
superfícies basolaterais dos enterócitos, os quilomícrons
seguem seu trajeto em direção aos vasos quilíferos centrais
das vilosidades e são então impulsionados, juntamente com
a linfa, em direção superior através do ducto torácico para
serem esvaziados nas grandes veias do pescoço.
Pâncreas
• É uma glândula mista exócrina (ácinos; constitui 99% do
pâncreas) e endócrina (ilhotas pancreáticas ou ilhotas de
Langerhans).
• Produz enzimas digestivas e hormônios.
• Ácinos: secretam enzimas; Ilhotas: secretam hormônios.
• Porção exócrina: glândula acinosa composta. O ácino
pancreático exócrino é constituído por várias células serosas
que circundam um lúmen, as quais são polarizadas, com um
núcleo esférico, sendo típicas células secretoras de proteínas.
A quantidade de grânulos de secreção (grânulos de
zimogênio) existentes em cada célula varia de acordo com a
fase digestiva, sendo máxima em animais em jejum.
• Porção endócrina: células alfa (glucagon); beta (insulina);
dela (somatostatina = inibe a secreção da insulina e do
glucagon); célula F (inibe secreção de somatostatina, da
contração da musculatura e secreção do suco gástrico).
• Uma cápsula delgada de tecido conjuntivo reveste o
pâncreas e envia septos para o seu interior, separando-o em
lóbulos.
• Os ácinos são circundados por uma lâmina basal, que é
sustentada por uma bainha delicada de fibras reticulares.
• Além de água e íons, o pâncreas exócrino humano secreta
diversas proteinases (tripsinogênios 1, 2 e 3,
quimiotripsinogênio, pré-elastases 1 e 2, proteinase E,
calicreinogênio, pré-carboxipeptidases A1, A2, B1 e B2),
amilase, lipases (lipase de triglicerídios, colipase e hidrolase
carboxil-éster), fosfolipase A2 e nucleases (ribonuclease,
desoxirribonuclease).
• A secreção pancreática exócrina é controlada principalmente
por meio de dois hormônios – secretina e colecistoquinina –
que são produzidos por células enteroendócrinas da mucosa
intestinal (duodeno e jejuno). O estímulo do nervo vago
(parassimpático) também aumenta a secreção pancreática.
• A existência de ácido no lúmen intestinal estimula a secreção
de secretina, hormônio que promove uma secreção fluida
abundante, pobre em atividade enzimática e rica em
bicarbonato. Essa secreção alcalina é produzida pelas
células dos ductos intercalares e serve para neutralizar a
acidez do quimo (alimento parcialmente digerido), para que
as enzimas pancreáticas possam funcionar em sua faixa ótima
de pH (neutro).
• A liberação de colecistoquinina é estimulada por ácidos
graxos de cadeia longa, ácido gástrico e alguns aminoácidos
essenciais no lúmen intestinal. A colecistoquinina promove
uma secreção pouco abundante e rica em enzimas, atuando
principalmente na extrusão dos grânulos de zimogênio. A
ação integrada da secretina e da colecistoquinina provê a
secreção abundante de suco pancreático alcalino, rico em
enzimas.
Secreção pancreática
quimo ácido
pró-secretina secretina
(duodeno)
pâncreas libera
neutralização
líquido
do quimo
[bicarbonato]
Doença Celíaca
• Também conhecida como enteropatia sensível ao glúten
(principal proteína de armazenamento do trigo e grãos
semelhantes);
• Enteropatia imunomediada desencadeada pela ingestão de
cereais que contêm glúten, como trigo, centeio ou cevada,
em pessoas geneticamente pré-dispostas;
• O glúten é digerido, por enzimas luminais e da borda em
escova, em aminoácidos e peptídeos, incluindo um peptídeo
gliadina de 33 aminoácidos que é resistente à degradação
por proteases gástricas, pancreáticas e do intestino delgado
Fisiopatologia
A gliadina é apresentada ao T CD4+ na lâmina própria, o qual
produz citocinas que contribuem para o dano tecidual. Em resposta
a isso, anticorpos são produzidos, como antitransglutaminase
tecidual e antigliadina. Acredita-se que os peptídeos gliadina
deaminados induzam as células epiteliais a produzir a citocina IL-
I5, que por sua vez desencadeia a ativação e a proliferação
de linfócitos intraepiteliais CD8+ que podem se tornar citotóxicos
e matar enterócitos que foram induzidos por diversos estressores a
expressar MIC-A na superfície.
Morfologia
O quadro histopatológico é caracterizado pelo aumento do
número de linfócitos T com linfocitose intraepitelial, hiperplasia
das criptas e atrofia das vilosidades. Essa perda de área de
superfície da mucosa e de borda em escova provavelmente explica
a má absorção. Além disso, as taxas aumentadas de renovação
epitelial, refletidas no aumento da atividade mitótica da cripta,
podem limitar a capacidade dos enterócitos absortivos de se
diferenciar completamente e expressar proteínas necessárias para
a digestão terminal e transporte transepitelial. Outras
características da doença celíaca incluem aumento do número de
plasmócitos, mastócitos e eosinófilos, especialmente dentro da
parte superior da lâmina própria.
Manifestação clínica
A doença celíaca pediátrica afeta as crianças do sexo masculino e
feminino igualmente, pode se manifestar por meio de sintomas
clássicos, geralmente entre 6 e 24 meses de idade (após a
introdução de glúten na dieta) com sinais de irritabilidade,
distensão abdominal, anorexia, diarreia, falha no crescimento,
perda de peso ou perda muscular. As crianças com sintomas não
clássicos tendem a apresentar a doenças em idade maior, e
apresentam queixas de dor abdominal, náuseas, vômitos, inchaço
ou constipação. Uma lesão cutânea bolhosa pruriginosa
característica, dermatite herpetiforme, também está presente em
até 10% dos pacientes, e a incidência de gastrite linfocítica e colite
linfocítica também está aumentada.
Nos adultos, a doença celíaca manifesta-se mais comumente entre
as idades de 30 e 60 anos. No entanto, muitos casos escapam da
atenção clínica por longos períodos devido a apresentações
atípicas. Alguns pacientes apresentam doença celíaca silenciosa,
definida como sorologia positiva e atrofia das vilosidades, sem
sintomas, ou doença celíaca latente, na qual a sorologia positiva
não é acompanhada por atrofia das vilosidades. A doença celíaca
sintomática do adulto frequentemente está associada à anemia
(devido à deficiência de ferro e, menos comumente, deficiência de
B12 e folato), diarreia, distensão abdominal e fadiga.
Absorção no intestino delgado
Água
É transportada através da membrana intestinal por osmose e é
absorvida quando o quimo é diluído. Normalmente, o conteúdo
intestinal é isotônico com o líquido extracelular.
Íons
O Na+ é ativamente transportado através do epitélio da mucosa
para os espaços intercelulares, diminuindo a concentração desse
íon no espaço intracelular, o que gera um gradiente eletroquímico,
favorecendo o transporte de sódio do quimo para o interior da
célula epitelial. Além disso, os espaços intercelulares criam um
gradiente osmótico no sentido das células epiteliais para a
circulação sanguínea da vilosidade.
o Aldosterona: sua secreção é estimulada, nas glândulas
adrenais, pela desidratação, o que intensifica a absorção de
sódio pelas células epiteliais. Secundariamente à absorção de
Na+, há também de Cl-, água e outras substâncias.
o Cólera: As toxinas da cólera e algumas outras bactérias
diarreicas podem estimular a secreção de cloreto de sódio e
água em níveis tão elevados que 5 a 10 litros de água e sal
podem ser perdidos por dia como diarreia.
Cálcio
É absorvido de acordo com as necessidades do organismo e é
regulado pelo paratormônio (PTH) e vitamina D.
Além disso, ferro, potássio, magnésio, fosfato e outros íons
também são absorvidos pelo intestino delgado.
Carboidratos
Todos são absorvidos na forma de monossacarídeos, sendo o mais
abundante a glicose, cotransportada com o Na+. O sódio se
combina com uma proteína transportadora chamada SGLUT-1, que
necessita de outra substância, como a glicose, para ligação
simultânea. Quando a glicose intestinal se combina com a SGLUT-
1, o sódio e a glicose são transportados para o interior da célula ao
mesmo tempo.
A galactose também é transportada da mesma forma, porém, a
frutose é transportada por difusão facilitada. Ademais, grande
quantidade de frutose é transformada em glicose.
Proteínas
A maioria das proteínas é absorvida através das membranas
luminais das células do epitélio intestinal na forma de dipeptídios,
tripeptídios e aminoácidos livres.
A energia da maior parte desse transporte é fornecida pelos
mecanismos de cotransporte do sódio da mesma maneira como
acontece durante o cotransporte do sódio de glicose e galactose.
Alguns aminoácidos são transportados por proteínas
transportadoras especiais da membrana do mesmo modo que a
frutose é transportada (difusão facilitada). São necessárias mais de
10 diferentes proteínas de transporte para a absorção de
aminoácidos.
Gorduras
o Monoglicerídios e os ácidos graxos: Os sais biliares no
quimo intestinal os circundam, formando pequenas esferas
chamadas micelas. Uma vez formadas, as micelas se movem
do interior do lúmen do intestino delgado para a borda em
escova das células absortivas. Nesse momento, os ácidos
graxos de cadeia curta grandes, os ácidos graxos de cadeia
longa e os monoglicerídios se difundem para fora das micelas
em direção às células absortivas, deixando para trás as
micelas no quimo. Então, difundem passivamente através da
membrana celular dos enterócitos para o interior do
enterócito. Após penetrarem no enterócito, eles são
recombinados para formarem novos triglicerídios. Uns
poucos monoglicerídios são digeridos adicionalmente em
glicerol e ácidos graxos por uma lipase intracelular. Os
triglicerídios, por si só, não podem passar através da
membrana do enterócito.
o Triglicerídios: reconstituídos se agregam dentro do
complexo de Golgi em glóbulos que contêm colesterol e
fosfolipídios. Os fosfolipídios se distribuem com as partes de
gordura no centro e com as partes polares na superfície,
criando uma superfície eletricamente carregada que torna os
glóbulos miscíveis com a água. Os glóbulos são liberados do
complexo de Golgi e secretados por exocitose nos espaços
basolaterais. A partir daí, eles passam para a linfa dos vasos
quilíferos centrais das vilosidades. Esses glóbulos são então
chamados quilomícrons.
o Quilomícrons: são transportados na linfa. A partir das
superfícies basolaterais dos enterócitos, os quilomícrons
seguem seu trajeto em direção aos vasos quilíferos centrais
das vilosidades e são então impulsionados, juntamente com
a linfa, em direção superior através do ducto torácico para
serem esvaziados nas grandes veias do pescoço.
Placas de Peyer
Recebem esse nome no íleo, mas são os agregados de nódulos
linfoides (GALT). Seu epitélio de revestimento consiste em células
M.
O tecido linfoide ligado ao intestino (GALT) é dividido em duas
estruturas funcionais, a Placa de Peyer (PP), local de contato luminal
do antígeno com o sistema imune e por linfócitos
intraepiteliais/lâmina própria que estão distribuídos
aleatoriamente. A PP é revestida por células M responsáveis pela
captura e transporte do lúmen e por células T que acionam os
linfócitos B imaturo IgM a trocar o isótopo por IgA.
A resposta imune inicial começa nas PP ou nos linfonodos
mesentéricos e as bactérias são encontradas nas placas pelas
células dendríticas.
O GALT apresenta células M, que cobrem as placas de Peyer e
realizam o transporte de bactérias e antígenos do lúmen intestinal
para o tecido linfoide. Antígenos no lúmen podem ser absorvidos
por células epiteliais intestinais, células interdigitais da lâmina
própria e células M. Após reconhecimento e ativação do
mecanismo de defesa, a imunoglobulina IgA secretada neutraliza
as bactérias impedindo que se aderem à parede da mucosa
intestinal, segue então a ação dos macrófagos e neutrófilos que as
fagocitam. Os anticorpos são coadjuvantes na destruição das
bactérias e em determinados momentos ligam-se a toxinas por elas
produzidas, para neutralizar os efeitos desses produtos.
Microbiota intestinal
• Simbiose.
O termo microbiota intestinal refere-se a uma variedade de
microrganismos vivos principalmente bactérias anaeróbias, que
colonizam o intestino após o nascimento. É constituído por
microbiota nativa e de transição temporária.
Primeira fonte de microrganismos: parto.
Principais bactérias: benéficas (probióticas: Bacteroides spp.,
Bifidobacterium spp., Lactobacillus spp.) e nocivas
(Enterobacteriaaceae e Clostridium spp.). Além disso, também são
encontradas Eubacterium spp., Fusonbacterium spp.,
Peptostreptococcus spp, Ruminococcus.
A microbiota do TGI sintetiza vitamina K e vitamina do complexo
B que são úteis e importantes para o metabolismo do indivíduo.
Essas vitaminas são produzidas pelas bactérias Propionibacterium,
Fusobacterium, Bifi dobacterium, Lactobacilos, Clostridium,
Enterobacterium, Veillonella, Enterococcus e Estreptococcus e são
sintetizadas no cólon intestinal.
Probióticos são descritos como micro-organismos vivos que, ao
serem administrados em quantidades adequadas, oferecem
vantagens para a saúde do hospedeiro e a ação desses produtos
deve ser demonstrada para cada cepa. Entre seus efeitos,
destacam-se normalização da microbiota, diminuição da
permeabilidade intestinal, proteção contra invasores patogênicos,
auxílio nos reestabelecimentos pós antibicoterápicos e estimulação
do sistema imunológico.
Pré-bióticos são ingredientes alimentares utilizados no
crescimento dos micro-organismos no intestino, não são digeridos
no intestino delgado, mas são metabolizados no intestino grosso.
Tem capacidade para modificar a composição da microbiota
colônica, de forma que as bactérias benéficas se tornam a maioria
predominante.
No período neonatal, a instalação da microbiota está associada
com o tecido linfoide intestinal. O estabelecimento desse sistema
imunológico local com ação conjunta ao estímulo da microbiota
ativa o sistema imune. O tecido linfoide reconhece as espécies e
antígenos que são benéficas ao hospedeiro, procedendo, assim,
uma resposta de tolerância imunológica. Cerca de 80% de todas as
células imunológicas ativas do corpo humano estão localizadas no
TGI.
A microbiota natural do TGI realiza o papel de barreira fisiológica,
que é composta pelo epitélio da mucosa do intestino, localizado
entre a luz intestinal e o espaço peritoneal. As partes integrantes da
barreira correspondem ao epitélio mucoso, o sistema imune local,
Placa Peyer, lâmina própria, barreira linfoepitelial e a circulação
hematolinfática.
Um dos fatores que tem importante contribuição para o
desequilíbrio da microbiota intestinal é a má digestão, em que o
estômago produz ácido suficiente para extinguir as bactérias
patogênicas ingeridas na maioria das vezes com alimentos. Além
disso, outros fatores que também têm importância clínica são o
abuso do laxante, o consumo excessivo de alimentos crus,
exposição com frequência a toxinas ambientais, disponibilidade de
material fermentável e o estado imunológico do hospedeiro.
ORLISTAT – XENICAL
Orlistat é o principal ativo do medicamento Xenical;
Camada serosa.
FEZES
Composição: ¾ de água e ¼ de matéria sólida (30% de bactérias
mortas, 10% a 20% de gordura, 10% a 20% de matéria inorgânica,
2% a 3% de proteínas e 30% de restos indigeridos).
Constipação
É o movimento lento das fezes pelo intestino grosso.
METABOLISMO DE PROTEÍNAS
Oxidação de aminoácidos:
• Síntese e degradação de proteínas celulares;
• Dieta rica em proteína;
• Jejum ou diabetes não controlado.
Digestão de proteínas:
• Células parietais → HCl → desnaturação;
• Células principais → pepsinogênio → proteína inativa;
• Mucosa gástrica → gastrina;
• Pâncreas → grânulos de zimogênio → proteases
(endopeptidases: clivam ligações peptídicas mais internas;
exopeptidases: clivam ligações peptídicas mais externas).
Aminoácidos → capilares sanguíneos → fígado
Após chegar ao fígado: TRANSAMINAÇÃO DE AMINOÁCIDOS
α-cetoglutarato + aminoácido transaminases (vitamina B6)
glutamato + α-cetoácido (CITOSOL)
O α-cetoglutarato é um aceptor de grupos amino;
O glutamato conduz grupo amino para ser utilizado por vias de
biossíntese ou para excreção.
O GLUTAMATO VAI PARA A MITOCÔNDRIA
1. Desaminação oxidativa
glutamato + H2O glutamato desidrogenase α-cetoglutarato +
NH4
NADP+ → NADPH + H+
α-cetoglutarato vai para o ciclo de Krebs
NH4 entra no ciclo da ureia
2. Transaminação
Glutamato + oxaloacetato aspartato aminotransferase
aspartato + α-cetoglutarato
Degradação oxidativa:
FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA
Local: mitocôndria
Todos os passos oxidativos na degradação de carboidratos,
gorduras e aminoácidos convergem para este estágio final da
respiração celular, onde a energia da oxidação governa a síntese
de ATP.
Envolve a redução de O2 a H2O, com e- doados por NADH e FADH2.
Complexo I: NADH à Ubiquinona
• 2e- e um H+ do NADH para a ubiquinona (Q)
• 4H+ são bombeados da matriz mitocondrial para o espaço
intermembrana.
Equação geral: NADH + 5H+N + Q → NAD+ + QH2 + 4HP+.
Inibidor: inseticida, barbitúricos
Complexo II: Succinato-desidrogenase
• e- → FAD → Fe-S → Q
Inibidor: malonato
Complexo III: citocromo e—oxidorredutase
• Q transfere e- para complexo III;
• Bombeamento de 4H+ para o espaço intermembrana.
Inibidor: antimicina A.
Complexo IV: citrocromo-oxidase
• Citocromo c transfere e- para O2;
• Bombeamento de 2H+
Inibidor: cianeto, monóxido de carbono, azida sódica, H 2S.
METABOLISMO DE LIPÍDEOS
A oxidação acontece em 3 etapas: β-oxidação, ciclo de Krebs e
cadeia transportadora mitocondrial
Vantagens: mais energético, menos hidratados, lentamente
metabolizados.
Fontes: alimentação, ômega-3 e ômega 6, adipócitos.
Processamento: vesícula biliar sais biliares micelas mistas →
intestino delgado lipases intestinais degradação de trigliceróis →
triacilgliceróis + colesterol + apolipoproteínas → quilomícrons → corrente
linfática e sanguínea lipase lipoproteica (apoC-II) triacilgliceróis em ácidos
graxos e glicerol → ácidos graxos entram nas células → oxidação ou
armazenamento.
Regulação hormonal: glucagon (jejum prolongado), adrenalina (exercício
físico longo).
β-oxidação
Local: matriz mitocondrial
Palmitoil-CoA acil-CoA-desidrogenase trans-∆2-enoil-CoA
(oxidação)
FAD → FADH2
trans-∆2-enoil-CoA enoil-CoA-desidrogenase L-β-hidroxiacil-CoA
(hidratação)
L-β-hidroxiacil-CoA β-hidroxiacil-CoA-desidrogenase β-cetoacil-
CoA (oxidação)
β-cetoacil-CoA acil-CoA-acetiltransferase (tiolase) Acil-Coa + Acetil-
CoA (clivagem)
Corpos cetônicos
O excesso de Acetil-CoA formado na oxidação de AG durante o
jejum ou diabetes não tratada forma acetona, acetoacetato e β-
hidroxibutirato. É importante para o fornecimento de energia,
principalmente para o cérebro. Porém, o excesso desses corpos
cetônicos é prejudicial ao corpo. Os corpos cetônicos, ao contrário
dos ácidos graxos, podem atravessar a barreira hematencefálica,
fornecendo ao cérebro uma fonte de acetil-CoA para oxidação,
com o objetivo de gerar energia. Os corpos cetônicos podem
suprir uma fração significativa da energia em alguns tecidos extra-
hepáticos – até um terço no coração e em torno de 60 a 70% no
cérebro durante jejum prolongado.
HIPERTROFIA
Atividades repetidas e regulares como corrida e dança aeróbica
aumentam o suprimento de sangue rico em oxigênio
disponibilizado aos músculos esqueléticos para a respiração
aeróbica. Em contraste, atividades como levantamento de peso
dependem mais da produção anaeróbica de ATP por meio da
glicólise. Essas atividades de treino anaeróbico estimulam a síntese
de proteínas musculares e resultam, ao longo do tempo, em
aumento do tamanho muscular (hipertrofia muscular). Atletas que
realizam treinamento anaeróbico devem ter uma dieta que inclua a
quantidade adequada de proteínas.
O crescimento muscular que acontece depois do nascimento
ocorre pelo aumento das fibras musculares existentes, o que é
chamado hipertrofia muscular. A hipertrofia muscular é decorrente
da produção mais intensa de miofibrilas, mitocôndrias, retículo
sarcoplasmático e outras organelas em resposta à atividade
muscular repetitiva e bastante forçada como o treinamento de
força. Uma vez que músculos hipertrofiados contêm mais
miofibrilas, eles são capazes de contrações mais vigorosas. Durante
a infância, o hormônio do crescimento humano e outros hormônios
estimulam o crescimento do tamanho das fibras musculares
esqueléticas. O hormônio testosterona promove o crescimento
ainda maior das fibras musculares.
Jejum Intermitente
O jejum intermitente é uma modalidade de intervenção nutricional
caracterizada pela diminuição da frequência alimentar que
começou a ser estudado em muçulmanos, durante o período do
Ramadã, sendo obrigatória a permanência em jejum durante o dia
e alimentando-se apenas do pôr do sol ao amanhecer, por 30 dias
consecutivos. Ao final do período, observou-se modificação do
perfil metabólico como melhoras no perfil lipídico, diminuição da
frequência cardíaca e da massa gorda, levando à hipótese de que
poderia trazer benefícios à saúde, incluindo melhora da
sensibilidade à insulina, efeito cardioprotetor, e maior utilização de
lipídios como combustível metabólico.
Demonstraram que a detecção hepática garante a disponibilidade
de energia deslocando a fonte de energia dos carboidratos para a
gordura no jejum prolongado.
HÉRNIA UMBILICAL
Desenvolvimento do Sistema
Digestório
Introdução
O intestino primitivo começa a se formar na 4ª semana de gestação
quando a cabeça, a eminência caudal e as pregas laterais
incorporam a parte dorsal do saco vitelino.
Fechamento do intestino primitivo:
o Extremidade cranial: membrana faríngea;
o Extremidade caudal: membrana cloacal.
Endoderma: maior parte do intestino, epiderme e glândulas.
Epitélio das extremidades cranial e caudal do trato alimentar:
o Cranial: ectoderma do estomodeu;
o Caudal: ectoderma da fosseta anal (proctodeu).
Mesênquima esplâncnico do intestino primitivo dá origem às
outras camadas do sistema digestório.
O intestino é dividido em 3 partes: anterior, médio e posterior. Essa
divisão se dá em função dos genes SHH e IHH.
Intestino Anterior
Derivados: faringe primitiva e seus derivados, sistema respiratório
inferior, esôfago, estômago, duodeno, fígado, sistema biliar e
pâncreas.
A maior parte desses derivados (exceto faringe, sistema
respiratório inferior e maior parte do esôfago) é suprida pelo
tronco celíaco.
Esôfago
Desenvolve-se imediatamente caudal à faringe;
Alcança seu comprimento final na 7ª semana;
Epitélio e glândulas: endoderma;
O epitélio cresce e oblitera temporariamente o lúmen do esôfago.
Sua recanalização ocorre no final da 8ª semana;
Músculo estriado: mesênquima do 4º e 6º arcos faríngeos;
Atresia esofágica: É a obstrução do lúmen do esôfago. Ocorre em
decorrência do desvio do septo traqueoesofágico para uma
direção posterior; como resultado, a separação do esôfago do
tubo laringotraqueal fica incompleta. O feto é incapaz de deglutir
o líquido amniótico, resultando em poli-hidrâmnio (acúmulo de
quantidade excessiva de líquido amniótico).
Estenose esofágica: Resulta da recanalização incompleta.
Geralmente ocorre no terço distal do tubo esofágico.
Estômago
Início: 4ª semana;
Primeiramente, aparece como uma dilatação do intestino primitivo.
Posteriormente, sua margem dorsal cresce mais rapidamente do
que a ventral, demarcando a grande curvatura do estômago;
O estômago sofre uma rotação (90º no sentido longitudinal) até
chegar a sua posição final.
Suprimento: nervo vago.
Estenose pilórica hipertrófica: Espessamento muscular do piloro
do estômago, a região do esfíncter distal do estômago. O
estômago fica muito distendido e seu conteúdo é expelido com
força considerável (vômito em jato). Tratamento cirúrgico.
Mesentérios do estômago: o estômago fica suspenso pelo
mesogástrio dorsal primitivo, o qual é levado para a esquerda
durante a rotação, enquanto o mesogástrio ventral primitivo se
junta ao estômago, duodeno, fígado e parede abdominal ventral.
Bolsa omental: Se forma a partir do mesogástrio dorsal, que, por
sua vez, se forma a partir do mesênquima.
Duodeno
Se desenvolve a partir da parte caudal do intestino anterior e da
parte cranial do intestino médio.
Forma uma alça em forma de C, sofrendo influência da rotação do
estômago, posicionando-se retroperitonealmente;
Suprimento: ramos das artérias celíaca e mesentérica superior;
Seu lúmen também é obstruído, sendo recanalizado na 8ª semana.
Estenose duodenal: Recanalização incompleta do duodeno. O
conteúdo do estômago, frequentemente contendo bile, é expelido
em vômitos.
Atresia duodenal: Oclusão completa do duodeno. Os episódios
de vômito (geralmente com bile) começam poucas horas até o
nascimento. Essa atrésia impede a absorção normal de líquido
amniótico – poli-hidrâmnio. Comum na síndrome de Down e em
prematuros. Sinal da bolha dupla indicado na ultrassonografia.
Pâncreas
Baço
Ceco e apêndice
Forma-se o divertículo do ceco, a partir de uma dilatação do
intestino médio. Inicialmente o apêndice é um pequeno divertículo
do ceco e posteriormente, ele se alonga rapidamente.
O apêndice pode sofrer variações:
o Apêndice retrocólico: posteriormente ao cólon;
o Apêndice retrocecal: posteriormente ao ceco;
As principais malformações congênitas relacionadas ao vídeo são
gastrosquise e onfalocele. A onfalocele consiste na “herniação do
conteúdo abdominal na parte proximal do cordão umbilical”
(MOORE, 2016). Essa doença está associada a síndromes de
aneuploidia cromossômica, como a síndrome de Patau e a
síndrome de Down. Em geral, durante a sexta semana de gestação,
o intestino e o fígado crescem em grande velocidade, porém a
cavidade abdominal ainda é muito pequena, o que provoca uma
herniação desses órgãos através do cordão umbilical. Com a
presença da onfalocele, esses órgãos não conseguem retornar
para a cavidade abdominal no tempo certo, mantendo, então, essa
herniação.
Intestino Posterior
Derivados: metade do cólon transverso, cólon sigmoide, reto e
parte superior do canal anal.
Suprimento: artéria mesentérica inferior.
Cloaca
É a porção terminal expandida do intestino posterior antes da
divisão em reto, bexiga e primórdios dos genitais.
Dividida nas partes dorsal e ventral pelo mesênquima – septo
urorretal. Esse septo vai crescendo e formando pregas, que se
fusionam, dividindo a cloaca em 3: reto, canal anal e seio
urogenital.
Proliferações mesenquimais produzem elevações da superfície do
ectoderma em torno do tampão anal epitelial. A recanalização do
canal anorretal ocorre por morte celular apoptótica das células
epiteliais do tampão anal, que forma a fosseta anal.
Canal anal: se forma a partir do intestino posterior e da fosseta
anal.
Linha pectínea: indica a junção do epitélio derivado do ectoderma
da fosseta anal e do endoderma do intestino posterior. Localiza-se
inferiormente às válvulas anais.
Suprimento: artérias retais.
Megacólon congênito: uma parte do cólon está dilatada em
decorrência da ausência de células ganglionares autônomas no
plexo mioentérico distal ao segmento dilatado do cólon. O cólon
aumentado – megacólon – tem o número normal de células
ganglionares. A dilatação resulta da falha do peristaltismo no
segmento aganglionar, que impede o movimento do conteúdo
intestinal, resultando em dilatação. Resulta da falha das células da
crista neural em migrar para dentro da parede do cólon durante a
quinta a sétima semanas de desenvolvimento.
Hérnia Umbilical
Quando os intestinos retornam à cavidade abdominal durante a 10ª
semana e posteriormente se herniam novamente através de um
umbigo fechado de maneira imperfeita, forma-se uma hérnia
umbilical. Esse tipo comum de hérnia difere de uma onfalocele. Em
hérnias umbilicais, a massa protrusa (que geralmente consiste em
uma parte do grande omento e do intestino delgado) é coberta por
tecido subcutâneo e pele.
Geralmente, a hérnia não atinge o seu tamanho máximo até o final
do período neonatal (28 dias). Em geral, varia de 1 a 5 cm de
diâmetro. O defeito por meio do qual a hérnia ocorre está na linha
alba (uma banda fibrosa na linha média da parede abdominal
anterior entre os músculos retos). A hérnia se protrai durante o
choro, esforço ou tosse e pode ser facilmente reduzida através do
anel fibroso do umbigo. Normalmente, a cirurgia não é realizada, a
menos que a hérnia persista até os 3 a 5 anos de idade.