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FISIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA - RESUMO II

O coração é constituído de quatro câmaras, dois átrios que estão na parte superior e dois
ventrículos que se encontram na parte inferior. Existe uma ligação direta entre cada átrio e
ventrículo, tanto do lado direito quando do lado esquerdo que são separados pelo septo
interventricular. Essa ligação, por onde o sangue passa possui as chamadas válvulas
atrioventriculares, que entre o átrio e o ventrículo direito é denominada válvula tricúspide e do
lado esquerdo do coração, a válvula mitral ou bicúspide. Tanto a válvula tricúspide quando a
mitral, possuem um fluxo unidirecional que impede o movimento retrogrado do sangue (do
ventrículo para o átrio).
As características próprias do coração são:
SINCÍCIO FUNCIONAL: O miocárdio possui estruturas cruzando e interligando suas fibras,
os chamados discos intercalares que formam o sincício funcional. A função deste sincício é fazer
com que o impulso elétrico que chegue a uma única fibra seja transmitido a todas as demais.
Dessa forma, a contração de uma única fibra cardíaca é acompanhada pela contração simultânea
de todas as demais. Isto quer dizer que no trabalho cardíaco ocorrer sempre a contração de
todas as fibras. Este é um comportamento diferente do músculo esquelético, onde mais ou
menos fibras se contraem para gerar mais ou menos força, conforme a necessidade.
POSICIONAMENTO HELICOIDAL: As fibras musculares do coração e dos vasos possuem
um posicionamento em forma de hélice, parecido com uma mola cujo efeito é impulsionar o
sangue para o corpo de forma que ele se desloque em movimentos circulares, com isso o sangue,
ao se deslocar possui maior capacidade de vencer a resistência, levando a uma ejeção do sangue
mais veloz pelo corpo.
AUTONOMIA DE CONTRAÇÃO DO CORAÇÃO: Diferentemente do músculo esquelético, o
coração tem a propriedade de se contrair por conta própria (independentemente da estimulação
das fibras do sistema nervoso). Isto ocorre porque do lado superior direito do coração existe um
aglomerado de células especializadas que conseguem gerar ondas de despolarização: o nodo
sinoatrial ou nodo AS, também conhecido como marcapasso do coração. O nodo sinoatrial é
uma pequena faixa de músculos, achata e elipsoide. A membrana deste conjunto de células
apresenta permeabilidade par ao Na2+. Por isso, despolariza-se autonomamente.
O Ciclo cardíaco ocorre mediante um impulso gerado no nodo sinoatrial (SA) o qual é o
mesmo que vai promover a contração dos ventrículos, porém com um retardo de 0,16 segundo,
possibilitando com que os ventrículos se contraiam (sístole) quando os átrios já estão relaxando
(diástole). Ou seja, os átrios se contraem, enviando sangue aos ventrículos que devido a
diferença que recebem o impulso estarão relaxados, possibilitando a entrada de sangue. Por
isso, a sístole atrial ocorre durante a diástole ventricular e vice versa. Após o recebimento do
sangue os ventrículos realizam sístole, liberando o sangue na circulação, até que o sangue
chegue novamente aos átrios e esse processo seja recomeçado.
Parassimpático = Maioria das fibras vão para o SA e AV. Poucas para a massa muscular
Simpático = Nodos e massa muscular, proporcionalmente, especialmente ventrículos.
Pequena Circulação = Coração - Pulmão | Grande Circulação = Coração - Corpo
Frequência Cardíaca = A quantidade de vezes, em um minuto, que esse ciclo cardíaco ocorre.
Eletrocardiograma (ECG) = monitoramento da frequência cardíaca, representado por ondas em
um gráfico onde o eixo vertical é a voltagem e o eixo horizontal é o tempo.
• Onda P = a despolarização (contração/sístole) atrial;
• Complexo QRS: a despolarização (contração/sístole) ventricular, começa depois da onda P;
• Onda T: representa a repolarização ventricular, relaxamento das fibras musculares;
• Onda U: pode aparecer depois da onda T, e não há consenso sobre o que ela representa.
Obs: A onda da diástole atrial fica encoberta pelo complexo QRS devido os ventrículos serem
maiores que os átrios.
Por isso, o ECG consegue informar o ritmo cardíaco, se está bradicardia: FC mais baixa
do que seria normalmente em repouso, porém o tamanho do intervalo entre as ondas R é o
mesmo, arritmia: intervalo entre as ondas R é irregular, tamanho dos intervalos é diferente e a
taquicardia: quando a FC mais alta do que seria normalmente em repouso, mas com mesmo
tamanho do intervalo entre as ondas R é o mesmo.
O Sistema Nervoso Simpático atua de forma a aumentar a velocidade da condução
elétrica através do nodo SA. A estimulação simpática leva à liberação dos hormônios adrenalina
e noradrenalina (as catecolaminas) que gera o aumento da permeabilidade das fibras aos íons
sódio e cálcio na membrana do nodo AS e do próprio músculo cardíaco (no caso do cálcio),
gerando o aumento da frequência cardíaca que pode atingir até 250 bpm.
O Sistema Nervoso Parassimpático atua sobre o coração através do nervo vago. Em
repouso sua atividade predomina, numa condição denominada tônus vagal. Suas fibras se
originam de neurônios do centro de controle cardiovascular localizado no bulbo. No coração,
inerva o nodo AS, os átrios e tem pouca inervação nos ventrículos. Por isso, a estimulação
parassimpática reduz essa força de contração, porém de maneira bem discreta. Libera
acetilcolina que diminui a permeabilidade da membrana do nodo SA aos íons sódio e cálcio e
aumenta muito a permeabilidade dos íons potássio, levando a uma hiperpolarização, que torna
os tecidos muito menos excitáveis. Resulta na redução da frequência cardíaca. Essa redução
pode chegar até 20 - 30 bpm em atletas de Endurance.
A prática de exercício físico faz com que o corpo sofra alterações em seu estado de
equilíbrio que podem ocorrer no momento do exercício, logo em seguida, e até mesmo advindas
de muito tempo da prática (crônica).
O fluxo sanguíneo altera-se com o exercício físico visto que qualquer pequeno aumento
do diâmetro do vaso (vasodilatação), promova grande aumento do fluxo sanguíneo para um
órgão. Por outro lado, qualquer pequena redução do diâmetro (vasoconstrição), promove
grande redução do fluxo sanguíneo para o órgão. Hiperatividade simpática provoca POTENTE e
IMEDIATA VASOCONSTRIÇÃO, ou seja, quanto maior a atividade simpática, menor o fluxo
sanguíneo, quanto maior a atividade parassimpática, maior a vasodilatação e maior será o fluxo
sanguíneo, o qual sofre alterações significativas quando o diâmetro do vaso é alterado, visto que
o mesmo é elevado a 4 , sendo assim, a viscosidade do sangue, o comprimento do vaso e a
pressão, não irão alterar tanto o fluxo.

FS = P x D4 / C x V
A FC sofre uma resposta aguda no início do exercício, ao aumentar em proporção direta
à intensidade de esforço, ocorrendo até à exaustão. Ao chegar nesse estado a FC começa a se
estabilizar, indicando que se chegou ao máximo do que a mesma poderá atingir. Isto é a FC Máx.,
o valor mais elevado num esforço máximo que pode ser estimada, através de diversas fórmulas,
sendo a mais utilizada FC Máx. = 220 – Idade, visto que a partir de 10-15 anos, durante toda a
vida, à medida que o indivíduo fica mais velho, esse valor máximo é diminuído, afirmativa está
que possui grande margem de erro, visto que conforme Robert e Landwehr (2002) esta equação
não é fruto de nenhuma pesquisa cientifica. Após o exercício físico, a FC não retorna
imediatamente ao seu valor de repouso, ela permanece elevada por algum tempo, e vai
retornando aos seus valores normais lentamente, onde este período é chamado de período de
recuperação da frequência cardíaca. Indivíduos treinados, durante o exercício, atingem valores
bem maiores, quando comparados a indivíduos destreinados.
Como resposta crônica, a FCR pode diminuir acentuadamente, visto que o coração se
torna mais eficiente mediante o treinamento e ao necessitar de maiores demandas de trabalho,
estudiosos apontam que o treinamento pode diminuir a atividade simpática do coração e
aumentar a atividade parassimpática, além de levar a um aumento da câmara ventricular, assim,
o coração demora mais a ejetar sangue dos ventrículos para a circulação e o ciclo cardíaco leva
mais tempo para acontecer, levando a uma diminuição crônica da frequência cardíaca. Um
coração condicionado trabalha menos que um coração não-condicionado, onde aponta-se que
existe a diminuição de aproximadamente 1bpm, na primeira semana de treino, existindo relatos
de estes valores diminuírem cerca de 20-40 bpm, após semanas de treinamento.
O volume de ejeção do coração também é percebido alterações, tanto agudas quanto
crônicas, de forma aguda o VE se altera para permitir ao coração melhores condições para um
trabalho eficiente. Em taxas de trabalho máximas e submáximas, o VE é um fator determinante
para melhor resistência cardiorrespiratória. Sua alteração ocorre para valores acima dos de
repouso, de maneira linear ao aumento da intensidade, porém até certo momento, assim como
a FC.
Onde seu aumento é visto até intensidades próximas a 40-60% da capacidade máxima,
a partir estima-se que ocorra uma estabilização do VE.
Obs: Essas alterações agudas diferenciam entre treinados e destreinados. Em um indivíduo
destreinado, durante o exercício, o VE aumenta para 100 a 120 ml, já em atletas de Endurance,
seus valores atingem 160 a 200 ml.
Como resultado do treinamento constante, o VE de repouso é substancialmente maior,
pois o treinamento influencia no enchimento ventricular durante a diástole, o tornado mais
completo. O volume plasmático aumenta com o treinamento, tendo assim, mais sangue
disponível para entrar no ventrículo. A espessura das paredes ventriculares também é
aumentada com o exercício, o que produz uma maior contratilidade.
Se um maior volume de sangue entrar na câmara, quando o ventrículo está enchendo,
ou seja, na diástole, as paredes ventriculares serão mais distendidas. Para ejetar essa maior
quantidade de sangue, o ventrículo se contrai gerando mais força e aumentando o volume de
ejeção. Esse mecanismo é chamado de mecanismo de Frank-Starling.
FREQUÊNCIA CARDÍACA X VOLUME DE EJEÇÃO
Durante o exercício, a FC se combina com o VE para uma melhor resposta às
necessidades que o exercício requer, quando a FC aumenta bastante, o tempo para que a diástole
ocorra é reduzido, o que representa um tempo pequeno para os ventrículos se encherem,
resultando em um menor VE, o mesmo aplica-se caso a FC diminua, visto que os ventrículos
terão mais tempo para se encherem, e ocorrerá o contrário, o VE aumentará.
PRESSÃO ARTERIAL
Sofre resposta aguda durante o exercício que faz com que a pressão arterial sistólica
(PAS) aumente à medida que ocorre o aumento da intensidade, podendo ultrapassar os 200
mmHg ou até 240 mmHg em atletas, por ser resultado de um aumento do Débito Cardíaco (DC)
que acompanha um aumento da taxa de trabalho.
Por sua vez, tem-se uma resposta diferenciada da pressão arterial diastólica (PAD), está
quase não se altera durante o exercício, pois ela reflete a pressão nas artérias quando o coração
se encontra em repouso, mesmo em exercícios submáximos, a PAD permanece constante, por
outro a PAS aumenta linearmente, mas em alguns casos, ela pode começar a diminuir. Isso ocorre
devido ao aumento da dilatação arteriolar dos músculos ativos que diminui a resistência
periférica.
Resposta subaguda, ocorrem após um período de treinamento, normalmente, a
resposta da pressão arterial é sua diminuição dos valores de repouso. Essa diminuição é
acentuada em pré-hipertensos e moderadamente em hipertensos. Apesar de a PAD quase não
se modificar durante o exercício, ela, assim como a PAS, também é diminuída como resposta ao
exercício, esse fenômeno é chamado de hipotensão pós-exercício ou HPE.
Em média há uma redução de 10 mmHg para a PAS e 8 mmHg para a PAD. Devido a
diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica pela vasodilatação dos
músculos esqueléticos, diminuição da atividade nervosa simpática do coração, além da
influência de fatores neuro-humorais e endoteliais, atrelado a isso, exercícios com intensidades
moderadas provocam redução do tônus simpático, que leva a diminuição do debito cardíaco e
da pressão arterial, porém, esse efeito sobre a pressão arterial depende de mecanismos
hemodinâmicos, autonômicos e reflexos que regulam o sistema cardiovascular.
Imediatamente após a prática de exercício, é possível perceber uma redução da pressão
arterial por pelo menos 90 minutos, para valores abaixo dos valores basais. Além disso, o
exercício com intensidades de 50 a 70% do VO2MÁX pode diminuir também a PA durante o sono
e até mesmo diminuição de seus valores de repouso, porém com períodos de treinamento de
pelo menos trinta semanas. Para se obter reduções na PA, deve-se praticar pelo menos 30
minutos de exercícios, 5 vezes por semana. No que se trata de exercício aeróbio, já se tem
resultado que quanto maior a intensidade, maiores reduções são percebidas. Por sua vez, a
musculação, apesar de ter comprovação de resultados positivos, necessita de um controle da
intensidade, pois quanto maior a mesma, maior é o aumento da pressão arterial durante os
exercícios e isso pode acarretar prejuízos à saúde do praticante hipertenso.
Sendo assim, devem-se tomar precauções para que o praticante hipertenso não execute
uma manobra muito conhecida nesta modalidade, chamada de Manobra de Valsalva,
bloqueando a respiração durante uma repetição, consequentemente, elevando a pressão
arterial, o que pode ser um risco para hipertensos.
As reduções da PAS e da PAD ocorrem pelo fato que todas as respostas subagudas do
período pós-exercício se tornarem potencialmente rotineiras, quando se tem uma prática
regular de exercício, sendo assim, tanto a PAS quanto a PAD podem permanecer reduzidas, com
o treinamento a partir de quatro a oito semanas, além disso, em indivíduos hipertensos essa
redução é mais acentuada. Esses efeitos são tão significantes que o exercício pode ser utilizado
como tratamento não-farmacológico para pessoas com hipertensão.
DÉBITO CARDIACO
É quantidade de sangue bombeado pelo coração durante um minuto que depende da
velocidade do bombeamento (frequência cardíaca) e a quantidade de sangue ejetado (volume
de ejeção), assim o seu cálculo é: DC = FC x VS, onde para se obter o determinado valor do
rendimento do coração, ou seja, seu débito cardíaco, existem dois métodos possíveis, além da
forma mais direta e real, que seria abrindo os vasos e coletando e medindo o volume do liquido
ejetado.
Devido a viabilidade, os dois métodos mais usados para essa determinação são: O
método direto de Fick, o qual depende da diferença entre o conteúdo de oxigênio no sangue
arterial e misto (diferença a-VO2) e o consumo de oxigênio durante um minuto (VO2).
Esse método consiste em determinar a quantidade de sangue que circula durante um
minuto através da seguinte equação: VO2 = FC x VE x dif. a – VO2. Por sua vez, o segundo método
consiste da reinalação do CO2, possuindo como sua maior dificuldade a exigência de o indivíduo
se manter em um ritmo estável do metabolismo aeróbio e por isso não pode ser realizado em
sessões de exercício máximo e submáximo e nem na transição do repouso para o exercício.
O Débito Cardíaco durante o repouso apresenta variações consideráveis por influência
de fatores como condições emocionais, enquanto durante o exercício, o ocasional aumento seria
por um acréscimo direto da intensidade do exercício. Esse aumento é rápido durante a transição
do repouso para o exercício estável. A partir daí, seu aumento é gradual até que seja atingido
um platô (máximo). Como efeito crônico pode aumentar em atletas e cardiopatas, por conta de
melhorias na microcirculação, mitocôndrias e enzimas oxidativas.
A Pressão Arterial responde aos diferentes tipos de exercício físico de forma diferente,
podendo variar de uma modalidade para outra, de um exercício para outro, em diferentes
intensidades e durações. Quando se trata do tipo de exercício, o que pode influenciar a resposta
pressórica é a massa muscular envolvida na prática. Quando o exercício envolve grandes massas
musculares, como nos esportes coletivos, pode gerar maior concentração de íons e metabólitos
e esse efeito pode estar ligado a redução da pressão arterial.

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